Luz Dos Olhos escrita por Mi Freire


Capítulo 23
A garota misteriosa da turma


Notas iniciais do capítulo

Estou postando novos capítulos praticamente todos os dias. A grande verdade é que estou muito feliz com os poucos comentários que venho recebendo. Agradeço a todas! Não imaginam o quanto isso me motiva a continuar escrevendo. Cada detalhe e gesto de carinho são muitos significativos para mim! ♥



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— Não saia daí – Melina pede a Tina antes de sair para a faculdade. — Fique a vontade. Coma se tiver fome. Ligue a tevê, se preferir. Meu computador fica no quarto, se quiser, pegue-o. Mas não saia daqui, por favor. Quando eu chegar resolveremos o seu caso.

Melina não consegue prestar atenção nas aulas. Pois só pensa em Tina. Seria melhor ela ligar para Thomaz e avisar do aparecimento da garota? Ou informar a Monica, a mãe, que estava tudo bem? Tina nunca mais confiaria nela, se ela fizesse algo contra suas vontades. O melhor era conversarem e decidirem juntas o melhor a se fazer.

— Você leu o bilhete de ontem? – Nicolas perguntou. Melina disse que não, pegando o papel dobrado dentro do jeans. — Quer me contar alguma coisa?

Nicolas percebeu em seu olhar que as coisas não estavam boas para o lado dela. Teria discutindo outra vez com o namorado? Ou seria algo muito mais grave?

Melina, sem escolhas, contou tudo a ele. Desde a noite romântica e perfeita com Thomaz até o reaparecimento de Tina, em sua casa.

— Tudo bem se eu chegar mais tarde na loja? Posso recompensar meu atraso outro dia. Mas preciso falar com ela, depois de sair daqui.

— Tudo bem. Fique fora o tempo que precisar – ele segurou sua mão, sorria. — Primeiro, resolva essa situação.

Agradecida, ela beijou o rosto de Nick.

Agora, deixaria essas questões de lado e daria atenção total ao descobrindo da garota anônima dos bilhetes.


Nicolas,

Fico te olhando o tempo todo. Quase não consigo evitar. É como se tivéssemos uma conexão que só eu sou capaz de enxergar.

Não me ache uma estranha, mas gosto do seu jeitinho, gosto de ficar a te observar, tentando de alguma forma decifrar seus enigmas.

Admiradora secreta.


— Essa garota é louca! Eu tenho medo dela – Nicolas quase não conseguia imaginar sendo observando, todo o tempo. Logo ele, um garoto tímido, desastrado e sem jeito.

Com esses pensamentos ele se desiquilíbrio do banco do laboratório e quase virou para trás. Quase o mesmo desastre do seu primeiro dia de aula na faculdade. Alguns alunos, que vira o quase tombo, soltaram risinhos.

— Tenha calma! – Melina o segurou. — Eu tive uma grande ideia!

No termino da aula, Melina esperou que todos saíssem. Nicolas ficou a sua espera.

— Não vai para o intervalo? – ele arqueou uma de suas sobrancelhas ruiva.

— Sim, mas depois. Antes vou fazer uma coisinha – Melina se levantou e foi até o fundo da sala.

Mesmo achando que aquela ideia era fora do normal, até um tanto falta de respeito com os alunos, por invadir a privacidade e o espaço deles. Melina resolveu arriscar. Seria a única forma de descobri de quem pertencia aquele formato de caligrafia. Aproveitaria que eram duas aulas seguidas de laboratório e os alunos não levaram seus materiais para o intervalo deixando-os ali mesmo.

Ela começou abrindo os cabelos e fichários dos alunos do fundo, um por um, até mesmo os meninos.

— O que você pensa que tá fazendo? – Nicolas se apavorou, indo fechar a porta da sala.

— Procurando – ela continuou a abrir um por um dos tantos cadernos sobre as bancadas. — Vamos lá, me ajude.

Ela pensou em desistir. Eles nunca achariam. Seria muita sorte que ela estivesse ali, na mesma sala que eles, sem que nem tivessem suspeitado.

— Acho que encontrei – Nicolas estava na primeira bancada. Melina correu até ele. — O que você acha?

Ela observou aquele caderno com atenção, até fez uma comparação com o bilhete.

— Encontramos! É ela! – Melina pulou nos braços de Nicolas. — Finalmente! Só pode ser ela.

Eles conferiram mais uma vez.

Não tinha como não ser. A letra era igualzinha a do bilhete, o mesmo contorno, a mesma leveza, o desenhado.

— Quem é ela? – Melina perguntou a Nicolas. Mas ele também não sabia, olhou o nome da contracapa do caderno rosa com bichinhos.

— Não pode ser – ele ficou boquiaberto. — É Analu, a garota mais inteligente da turma!

O par perfeito.

— Agora que descobrimos... O que faremos?

— Primeiro preciso saber se ela é uma boa garota para você!

— Ei, espere. Ela gosta de mim, mas não quer dizer que eu goste dela também.


~*~


Analu é uma garota magra, quase esquelética, com rosto de traços delicados, pele pálida, usa óculos de grau estilo retro de armação preta quadrada, os cabelos são castanhos curtíssimos cortados naquele típico corte “Joãozinho” e olhos azulados.

Ela é a garota mais inteligente da turma, antes mesmo de Nicolas, que também não fica muito atrás. Analu é calada, tímida e tem duas ou três amigas, não mais do que isso. A jovem está sempre isolada, na biblioteca estudando ou recoberta de livros de contos.

— Ela é estranha! – Nicolas admite ao ver a jovem passar. Ele e Melina estão escondidos, observando-a durante todo o intervalo. Cada passo da garota distraída com um de seus livros nas mãos. — Um tanto infantil, você não acha?

— Acho – Melina concorda com um meio sorriso. — Ela se veste estranho, tem manias de uma criança. Mas fora isso, ela é ideal. Inteligente, reservada, bonita e parece uma boa garota.

— Talvez seja. Tenho minhas duvidas. – ele também sorri. — Mas nós dois somos tímidos demais. Acho que não daria certo. Também não sei se seria uma boa ideia estar ao lado de uma garota que anda de um lado para o outro com seu achocolatado infantil.

— Não seja bobo e nem preconceituoso. Dê uma chance a ela – Melina brinca com Nicolas, esfregando lhe a ponta do nariz. — Aparências só são importante no primeiro momento.

Os cabelos alaranjados de Nicolas ficam ainda mais claros quando se expõe ao sol.

Ao termino do intervalo os dois voltam ao laboratório, sentam-se em sua bancada e observam os outros alunos entrarem.

Analu é uma das ultimas, ainda está com os olhos vidrados em seu livro, ela caminhava de maneira desengonçada, como se tropeçasse a cada passo. Ao sentar em seu lugar, ela nem nota que Melina e Nicolas ainda estavam de olho nela.

— Digamos que ela não faça meu tipo de garota – ele volta-se para Melina.

— Você é exigente demais! – ela ri. — Nem a conhece ainda e está julgando precipitadamente.

Ao chegar em casa Melina deparou-se com Tina assinto a tevê na sala, junto de Ariela. As duas pareciam ter se tornando boas amigas.

Melina chamou pela cunhada e a acompanhou até o quarto, onde iriam conversar.

— Tina, eu preciso falar com seus pais. Dizer para eles que você está aqui em casa comigo. Eles estão preocupados com você, há uma semana que você não aparece em casa... Sua mãe vai enlouquecer. Se ponha no lugar dela, e imagine o desespero de uma mãe não saber onde estar a própria filha.

— Meli, eu não quero. Não quero voltar para casa. Meu pai e minha mãe não gostam de mim. Eles sempre preferiram Thomaz do que a mim. Sempre expuseram isso a todos.

Melina podia compreender.

Tina tentava não ter que chorar.

— Mas é que, você não pode ficar aqui. Eles vão acabar descobrindo e a policia está atrás de você, Tina.

— Então eu vou embora! – Tina levantou-se da cama, mas Melina não permitiu. — Vou me encontrar com Carlos, nós resolvemos isto juntos. Ele está me esperando.

— Não! Você não vai – Melina pediu. Estava paciente. — Por favor, vamos até a sua casa. Podemos conversar com seus pais e entrar em um acordo, que tal?

— Melina, eles nunca, nunca, iriam concordar com nada do que eu queira. Há dezessete anos é assim.

Melina suspirou fundo.

— Podemos pelo menos tentar?

Tina saiu batendo os pés e se isolou pelo resto da tarde na varanda, pendurada em seu telefone celular falando com Carlos, o tal do namoradinho. Melina tinha medo que ela cometesse mais uma loucura, mas mesmo assim teve de ir trabalhar, pedindo a Ariela que ficasse de olho na cunhada, não permitindo que ela saísse de casa.

— Ela não quer me escutar! É teimosa. – Melina disse a Nicolas, que só pensava em Analu e na possibilidade deles um dia darem certo.


~*~


Alberto estava no final do sua carga horário do dia. Em sua sala, ainda no hospital, ele tirava seu jaleco e guardava no local de costume, dentro do seu armário, do lado de sua mesa.

Antes de sair, ligou para sua filha.

— Papai? Oi pai. Como vai? Que saudades! Me conta, como anda as coisas por ai?

— Tudo nos eixos, filha. Liguei só para dizer que, também estou com saudades. Em breve nos veremos. Agora, estou de saída. Marquei com Leila de sairmos para dá uma volta. O que você acha?

— Acho ótimo! – ela podia acreditar. — Quem teve a iniciava, ela ou você? Aposto que foi ela – Melina riu. Já podia imaginar a resposta.

— Bom, digamos que ela deu a entender que queria ficar comigo por um tempo, depois do trabalho. E eu a convidei. Não estou tão velho assim para não perceber essas coisas – ele riu também. — Saímos para jantar na noite passada, você ficou sabendo por Nicolas? Foi muito bom! Renato nos levou a uma pizzaria muito movimentada no centro, comemos, nos divertimos, demos muita risada.

— Fico feliz papai. Eu fiquei sabendo sim, Nick comentou. Na verdade, ele sugeriu ao tio Renato que convidasse você e Leila. Para dá uma forcinha. Quem sabe vocês se empolgavam, assim como o tio Renato com a doutora Juliana.

— Acho difícil me empolgar tanto. Eles já estão pensando em casamento. Não quero ir tão rápido com Leila. Por enquanto somos apenas amigas. Quem sabe... Um dia.

— Tudo bem. Tudo no seu tempo. – Melina estava convencida, que o ritmo lento tinha mais haver com seu pai. — Mas é sério? Eles já estão falando em se casar?

— Não exatamente. Mas já planejam o futuro juntos – Alberto confessou. — Estão bem entrosados. Formam um belo casal.

A conversa durou mais sete minutos e Alberto desligou, para não se atrasar em seu encontro com Leila, que estaria a espera na recepção do hospital.

De longe ele pôde ver que ela trajava um longo vestido rosa bebê com um cinto fino emoldurando sua cintura.

— Vamos? – ele estendeu o braço para ela segurar. Como um verdadeiro cavalheiro. — A proposito, você está linda!

— Obrigada – ela corou. Mas manteve-se firme. — Aonde vamos?

— Pensei em algo mais informal. Que tal se fôssemos ao cinema? Assistir um filme comendo pipoca.

— Acho uma ótima ideia – ela abriu um sorriso encantador. Seu cabelo preto e curto balançou ao vento do entardecer assim que eles cruzaram a porta de saída do hospital.

Alberto a ajudou a colocar o casaco jeans.

— Como está Enzo?


~*~


— Oh Jonathan – Verônica deitou com a cabeça no peito nu do noivo. Estavam em um quarto de Motel.

Ela vestia um robe longo de dormir na cor vinho e por baixo usava um conjunto de lingerie preto com renda.

Os cabelos curtos e sedosos de Verônica cheiravam a perfume de flores. Seu corpo estava sempre encoberto dos cremes mais caros que poderiam existir. Prevenindo-a das marcas da velhice.

Jonathan é um jovem sexual de vinte e cinco anos, de pele morena, dentes eretos, cabelos negros, olhos intensos e maxilar bem desenhado. Há pouco tempo terminou a faculdade de contabilidade e trabalha com o pai em uma empresa de negócios.

Ele está muito esperançoso com a ideia de se casar. Mesmo que conheça Verônica há pouco tempo. Ela é uma mulher madura, cheia de vida, charmosa, admirada por todos e faz com que ele se sinta único e especial, coisa que seus pais nunca valorizaram nele como filho.

— Estou tão apaixonada! – ela suspira. — Logo estaremos casados. Isso não é ótimo?

— É excelente! – ele se vira, ficando sobre ela. Beijando seus lábios vagarosamente. — Eu amo você.

Os dois voltam a fazer amor.

Verônica está perdidamente apaixonada por Jonathan. Ele é mais jovem do que ela, porém cheio de experiência tanto quanto. Sabe como levar um relacionamento a sério. Ela o ama. Gosta do ardor com que ele beija seus lábios e toca cada centímetro do seu corpo.


~*~


— Melina? – Tina a chama. Elas estão jantando, todas muito caladas. Tina quebra o silêncio.

— O que foi? – Melina ergue os olhos em direção a cunhada. Que tem os cabelos loiros naturais presos em um alto cabo de cavalo.

— Estive pensando, – Tina pensou no que dizer a tarde inteira. Elaborou as palavras e refletiu sobre elas. — será que poderíamos ir para a casa dos meus pais ainda hoje? Poderíamos tentar conversar com eles e resolver essa terrível situação.

— Ah – Marcela revirou os olhos. — Perdi a fome. – ela levantou-se, pegando o prato ainda cheio e levando até a pia. — Vocês patricinhas são tão enjoativas.

Todas ignoraram tal comentário.

— Vamos sim, hoje mesmo – Melina pensou que nunca ouviria aquele pedido. — assim que terminarmos de jantar.

Na casa de Thomaz, todos foram surpreendidos com a volta de Tina. A mãe, Monica, quase teve um desmaio. Vitor, o pai, manteve a calma. Thomaz se enfureceu.

— Agora que você aparece? – ele disparou. — Você sabe o inferno que esteve essa casa enquanto você curtia alguns dias fora com seus amigos e seu namoradinho?

Tina começou a chorar, arrependendo-se de ter voltado. Ela já deveria ter se acostumado às ignorâncias do irmão mais velho, mas nunca estaria preparada para ser mal tratada por quem mais amava.

— Só quero conversar. – ela encolheu os ombros. — Pai? Mãe? Me perdoem? Eu só queria que vocês me notassem.

Monica se derreteu em lágrimas, abraçando apertado sua filha. Vitor, comovido, abraçou as também.

Melina, por sua vez, levou Thomaz até seu quarto e o manteve afastado, tentando acalma-lo, enquanto pais e filha tentavam conversar.

No final daquela noite, Melina voltou para casa aliviada, por terem finalmente resolvido àquela questão. Tina voltou para casa e conversou com os pais. Thomaz ainda não estava preparado para conversas, mas Melina acreditava que no fundo, ele estava tão aliviado quanto ela, por a irmã ter voltado sã e salva para casa.



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Notas finais do capítulo

Continuem comentando! Quando mais comentários, mais rápidas serão as postagens. E quem ainda não comentou e mesmo assim acompanha a história, agradeço você também. Mas seria muito melhor se você deixasse pelo menos um comentário! Eu ficaria muito mais feliz. Fico na espera.



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