Luz Dos Olhos escrita por Mi Freire


Capítulo 19
Brigas & intrigas




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Nicolas não podia acreditar no que Melina acabara de fazer. Nunca imaginou que ela seria capaz. Apesar de assustado com a reação de sua amiga, por dentro, ele festejava, por finalmente Melina ter dado a Marcela o que ela realmente merecia.

— Crianças? O que fazem aqui? – Renato ficou surpreso, ao ver o filho e a amiga entrarem pela porta principal. Ele assistia ao jogo de futebol em sua televisão nova na sala de estar. — Melina, o que aconteceu com você?

Melina, desde seu ato, estava perplexa, paralisada e chocada consigo mesma. Não conseguia se perdoar pelo que fez. No momento da fúria parecia a coisa certa a fazer, mas agora, depois do calor da emoção ela percebia que não, foi errada e por mais que Marcela fosse desagradável, ela não merecia a tapa que levou.

— Tio Renato – esse fora o apelido carinhoso que Melina deu ao pai de Nicolas, tamanha a aproximação entre eles. — posso dormir aqui essa noite?

— Claro! Claro! – Renato não poderia negar. Melina não vinha sendo só uma boa amiga ao seu filho, mas tinha dado a ele uma chance de se apaixonar outra vez, pela doutora Juliana. — Vou pegar um colchão e colocar no quarto de Nicolas.

Nicolas levou Melina até seu quarto, deu a ela uma nova escova de dente e uma velha camiseta sua para que pudesse vestir para dormir melhor, mais leve. Ela agradeceu e no banheiro se trocou, sem tirar o shorts de malha que ela usara o dia inteiro.

O colchão foi posto ao lado da cama de Nicolas, no centro do seu organizado quarto. Melina aceitou o copo de água que Renato havia lhe oferecido e logo em seguida deitou-se no colchão. Parecia o melhor a se fazer agora. Sentia-se tão culpada. Nunca antes tinha batido em alguém, nem mesmo quando pequena.

Nicolas pediu permissão para apagar as luzes e também se deitou, apesar de não estar sentindo sono.

Melina também não conseguia dormir com a falta de sono, estava com suas emoções afloradas. Pôs a pensar no dia conturbado e chorou baixinho, torcendo para que Nicolas não percebesse.

O quarto estava mesmo muito escuro. Era possível ouvir o barulho da televisão no andar de baixo. Nicolas tentava a todo custo poder ver Melina em meio à escuridão. Queria saber se ela estava bem, se já estava dormindo ou se também não sentia sono como ele. Era a primeira vez que ela dormia ali, com ele, em sua casa. Preocupado, imaginava se ela precisava de algo.

— Será que a Dani está bem? – ela perguntou, com a voz mansa e baixa, quase inaudível. — E a Tina, será que apareceu?

— Você está preocupada, não é mesmo? – Nicolas acendeu ao abajur na cabeceira de sua cama, que facilitou em enxergar melhor as coisas em sua volta. — Dia difícil...

— Realmente. Não comecei o feriado com o pé direito – em meio ao sofrimento ela conseguiu sorrir. Logo em seguida, fungou, tentando secar as lágrimas.

— Você não está chorando, está? – Nicolas sentou-se sobre a cama. Preocupado. Teve a leve impressão de que Melina tentava esconder seu sofrimento.

— Não, não estou. – ela mentiu também se sentando no colchão e encostado suas costas na cama dele. — Apenas sem sono.

— Também estou sem sono – ele admitiu, sentando-se ao lado dela, abandonando sua cama e sentando-se no colchão. — Mas tem algo de bom nesse dia tão conturbado.

— Ah é? – ela olhou para ele. Sentindo seu braço roçando no dele, de repente, sentiu que as coisas poderiam ficar melhores. Desde que ele não saísse do seu lado. — E o que é?

— Você. Está aqui, na minha casa, essa noite. Veio pra dormir e isso nunca me aconteceu antes – ele confessou. — Nunca tive amigos que dormisse na minha casa...

— Você está brincando? – ela riu. — Eu duvido!

— É sério! Eu mesmo já lhe disse algumas vezes que eu nunca fui de ter muito amigos. Então...

— Então, temos que fazer diferente. Quando os amigos vêm dormir um nas casas uns dos ouros. Eles fazem coisas divertidas. Por exemplo, jogar vídeo game, assistir a tevê até tarde, contar piadas – ela levantou-se, decidida. — Vamos deixar a tristeza de lado por um momento e transformar essa noite, em uma noite só para amigos.

— Acho ótima ideia! – ele acendeu a luz do quarto inteiro. — Que tal começarmos pelos games? – Nicolas se aproximou das prateleiras de seus jogos favoritos. — Eu tenho muitos. É só escolher...

Melina não pensou que seria possível ter uma boa ideia em meio ao seu sofrimento e ainda melhor, nunca pensou que, poderia ser feliz mesmo com o mundo desabando lá fora. Tudo para poder retribuir o mínimo do carinho que Nicolas dava a ela diariamente desde que se conheceram na faculdade.

Como ele nunca havia tido uma noite de amigos que dormem uma na casa dos outros, ela fez de tudo para tornar aquela noite real.

Ficaram jogando até uma e meia da manhã, depois, quando Renato já estava dormindo, os dois desceram de fininho até a cozinha e fizeram sanduíches e levaram até o quarto, para ver um filme que passava na tevê a cabo. Depois do filme, sentaram-se no colchão e contaram piadas, conversaram sobre diversas outras coisas que não fosse os acontecimentos daquele dia e por fim, acabaram embalados pelo pesado sono por conta do cansaço.

Nicolas foi o primeiro a acordar no outro dia. Olhou para o relógio de pulso e conferiu que eram onze da manhã. Por sorte, era sábado. Não tinha que se preocupar com o trabalho e nem com a faculdade.

Ao seu lado, quase caindo no chão, Melina dormia tranquilamente, como um anjo adormecido. Nicolas ficou observando seu peito subir e descer vagarosamente e os primeiros raios solares entrarem pela janela e refletirem nos cabelos delas, soltos, espalhados sobre o colchão.

Ela é linda!

Ele ousou acarinha o rosto dela, suavemente, sem que ela acordasse. Pois ele já tinha o mínimo de noção do que ela teria que enfrentar lá fora depois de abrir os olhos.

— Bom dia ruivinho – ela o surpreendeu, abrindo um olho de cada vez.

— Oi – ele se afastou intimidado. — Bom dia! Dormiu bem?

— Como se estivesse no céu – ela sorriu.

Depois que um por vez fez sua higiene pessoal, desceram até a cozinha para o café da manhã. E surpreenderam-se com a companhia do doutor Renato: a doutora Juliana. Radiante, sentada ao lado dele, tomando uma xícara de café.

— Doutora Juliana? Que surpresa em vê-la por aqui – Melina a cumprimentou com um beijo no rosto.

— Me chame só de Juliana, Melina. – a doutora pediu. — Bom dia! Eu quem fico surpresa em vê-la por aqui.

Eles sentaram-se a mesa.

— Eu me esqueci de comentar que, desde que meu pai e ela se conheceram, naquele jantar, não se desgrudam um só quer minuto.

Melina ficou surpresa.

— Maravilha! Então quer dizer que...

— Juliana é namorada do papai.


~*~


Melina pensou em muitas maneiras de evitar o momento em que teria que voltar para casa e encarar a situação de frente. Quando ela pisou os pés dentro do apartamento deparou-se com o silêncio, como se ninguém estivesse ali além dela e a sua cachorrinha. No ar do ambiente ela já podia sentir o peso da situação.

— Melina, é você? – Daniele reapareceu do banheiro, depois de tomar uma ducha. Ao ver Melina entrando, foi direto abraça-la.

— Como estão as coisas por aqui? – Melina arriscou perguntar. — Onde está Marcela? Ariela? Gostaria de poder me desculpar...

— Não tenha presa Melina. Tudo no seu tempo – Daniele parecia muito melhor aquela manhã. — Marcela está muito aborrecida e depois da discussão de ontem ela foi para a casa do namorado. Ariela, resolveu não se meter, apenas conversamos e ela disse que ficaria tudo bem e que não teria problemas eu estar grávida... Ela é sempre tão maravilhosa! – Daniele agarrou a mão de Melina. — E obrigada por me defender ontem. Você é a melhor amiga que eu poderia ter.

As duas se abraçaram outra vez.

— Que tal se déssemos uma saidinha hoje a tarde? Um programa entre amigas. – Daniele sugeriu. Melina tirou a conclusão de que ela estava realmente muito melhor agora.

As duas foram ao cinema, no shopping. O único filme disponível para o horário em que chegaram lá, por volta de uma hora, era um filme de criança, em desenho.

A sala escurava estava repleta de crianças acompanhadas de seus pais. Mesmo com o filme rodando, algumas dessas crianças não paravam de tagarelar, outras riam sem parar, umas corriam pela sala escura e os menores choravam.

— Como você acha que vai ser o meu pequeno? – Daniele perguntou no final do filme, quando as duas já saiam da sala do cinema.

Ela trajava um longo vestido floral com sandálias rasteiras. Seus cabelos loiros curtos estavam amarrados em um pequeno rabo de cabelo no alto da cabeça.

Melina optou por um short jeans branco não muito curto, uma camisa azul de seda com botões e sandálias simples, daquelas que amarram no tornozelo. Seus cabelos longos estavam soltos e ela havia passando um pouco de maquiagem no rosto.

— Eu não sei o que pensar exatamente. Eu penso em muitas possibilidades. Você e o Rafael são lindos, certamente o bebê também será. Mas não consigo imaginar qual das belezas ele herdará.

— Ah, já eu imagino que seja um menininho. Forte, saudável e sorridente. Que corra de um lado para o outro e que seja tão esperto como um dia eu fui.

As duas conversaram durante o resto do tempo.

— Mamãe? – Melina se surpreendeu ao ver sua mãe sentada em uma das mesas da praça de alimentação junto de um rapaz jovem e bonito que certamente era o tal de Jonathan, o noivo.

— Melina! – Verônica levantou-se para abraçá-la. Depois cumprimentou Daniele e lhes apresentou o noivo. — Sentem-se conosco. Estávamos aqui pensando no que poderia pedir para comer... Algo que seja saudável e menos gorduroso.

Daniele gostou de conhecer Verônica. Uma mulher elegante, bem vestida, conversadeira, sorridente e bem-humorada. Verônica também gostou muito de conhecer uma das amigas da filha, para ter a certeza de que ela andava com boas pessoas.

— É você que está grávida? – Verônica observou Daniele com mais atenção. A garota ficou envergonhada.

— Sim, sou eu – não tinha como esconder e porque esconder, cada dia ficaria mais difícil disfarçar a gestação.

— Eu logo percebi! – Verônica sorriu. — Você é jovem, e está sendo mamãe cedo demais. Mas verá como é bom ser mãe. Tem lá seus altos e baixos, mas é um presente de Deus – Verônica acarinhou o ventre da jovem. — Se precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, me procure Daniele. Eu ficarei grata em poder ajudar.

Daniele não tinha palavras para agradecer, estava muito emocionada por todos estarem dispostos a ajudar quando ela mais precisava.

O celular de Melina tocou em meio à conversa, ela desejou que fosse Thomaz para poder resolver a situação da noite anterior.

Estava todos entrosados, até mesmo Jonathan que ficava mais calado entre a conversa das meninas, um tanto constrangido com assuntos que não lhe eram de sua particularidade. Melina pediu licença e levantou-se para falar o namorado com mais privacidade.

— Alô? Thomaz? Oh, que bom que você ligou querido, eu estava mesmo louca para falar com você.

— Não Melina, aqui não é o seu namoradinho babaca. Sou eu, Henrique. Liguei pra saber se você está melhor.

— Ah. Oi Henrique – Melina se envergonhou. — Ah sim, estou melhor agora. E você, como está?

— Não muito bem – ele admitiu. — Me sinto um tanto culpado pela situação de ontem: seu namorado ter entrado em um momento errado e visto coisas que ele talvez não tenha gostado. Gostaria de poder me encontrar com você agora, em outro lugar, para conversamos.

— Desculpe Henrique. Mas não vai dá. Não agora. Estou aqui no shopping, com a minha amiga e minha mãe. – Melina olhou em volta, a praça de alimentação estava mesmo muito agitada aquele sábado.

Na mesa onde esteve há poucos minutos atrás, sua mãe ainda tagarelava com Daniele, deixando a jovem um tanto acanhada. Mas Melina compreendia que esse era o jeito de Verônica, ela já deveria ter se acostumado.

— Espere! – Henrique pediu. Melina não entendeu se ele falava ainda com ela, ou com alguém que estivesse próximo a ele. Seja lá onde ele estivesse naquele momento. — Fique exatamente onde está.

— Henrique, não estou entendendo. – Melina estava confusa. — Você está falando comigo?

Alguém te tocou o ombro e ela virou-se para trás tombando com esse mesmo alguém.

O celular caiu no chão.

— Olha só! Que coincidência de te encontrar por aqui – ele sorria lindamente. — Eu te reconheceria a quilômetros de distancia.

Henrique abaixou para pegar-lhe o celular que ela derrubara com o susto que levara dele. Ela agradeceu, pegando-o.

— O que faz aqui? – ela finalmente perguntou. — Como me encontrou?

— Eu não estava te procurando – ele riu. — Eu estava andando por ai, me distraindo, falando com você por celular ao mesmo tempo, quando vejo você e te encontro aqui, por acaso, ou não.

Os dois sorriem.

— Melina, faça companhia a sua amiga e a Jonathan – Verônica se aproximou. — Estou indo ao toalhete. — de repente ela percebe que Melina está acompanhada. — Ah. Olá. Quem é você? Sou mãe de Melina, Verônica.

— Muito prazer, dona Verônica. Eu sou Henrique. Um amigo de Melina dos tempos do colégio. – eles se cumprimentam com um aperto de mãos. — A senhora está linda!

— Oh, muito obrigada Henrique. Você é um cavalheiro e tanto! Como nunca te conheci antes? – eles riram. — Bom, eu vou ao toalhete. Até mais, Henrique. Ah! E antes que eu me esqueça: se Melina ainda não te convidou, eu te convido pessoalmente para a festa do meu noivado.

E ela se foi.

— Sua mãe é uma querida – ele comentou, enquanto juntos viam Verônica se afastar, chamando atenção de todos. — Porque não me disse antes que ela iria casar?

— Certas coisas eu faço questão de esquecer – Melina suspirou, balançando negativamente a cabeça. — Mas veja que legal, ela mesmo já te convidou. Sinta lisonjeado.

— Nossa! Você está afiada hoje – ele riu, com humor. — Vejo que está ocupada – ele olhou em direção a mesa. — Não quero atrapalhar! Assim, nos veremos outro dia, quem sabe, pra conversar.

Henrique se despediu e se foi, perdendo-se no meio da agitada multidão do shopping Center. Melina voltou à mesa e fez companhia a Jonathan e a amiga, tentando puxar assunto especialmente com ele. Na tentativa de poder conhecê-lo melhor, longe de sua mãe.

— Ele me parece um ótimo rapaz, Meli. Não tem porque se preocupar. Sua mãe e ele formam um belo casal. Tem tudo pra dá certo!

— Você não conhece minha mãe – Melina riu, virando a primeira esquina próxima ao prédio onde reside.

Na recepção do antigo prédio encontraram-se Rafael, o pai do filho de Daniele, mas ele passou por entre elas sem ao menos dizer um simples “Oi!”. Parecia mal-humorado e infeliz.

Melina apertou forte a mão de Daniele.

Marcela estava na cozinha, de costas, preparando algo para comer. Daniele ofereceu ajuda, como sempre, preocupada com todos. Mas Marcela resmungou e não aceitou sua ajuda. Daniele atirou-se no sofá para poder assistir algo.

Melina tentou se aproximar da morena, ainda de costas, acreditando que aquele seria o melhor momento para conversar.

— Queria te pedir desculpas por ontem. Eu não deveria ter te batido ou te agredido verbalmente. Não foi certo da minha parte.

— Tá. – foi tudo que ela disse, sem nem olhar para Melina. Apenas atenta às verduras que picava sobre o pia, próximo ao fogão.

Melina percebeu que ela não estava pra conversa.

— Então tá. Eu sinto muito. – ela decidiu se afastar, arrastando-se até o seu quarto.

— Melina? – Ariela entrou segundos depois. — Sua avó ligou. Ela pediu para que você fosse jantar hoje à noite na casa dela.

— Ah sim, obrigada por avisar. – Melina pegou seu livro sobre a cômoda e jogou-se sobre sua cama.

Não estava com fome, esses foi um dos motivos por não ter aceitado ao chamado de Ariela para almoçar. Outro motivo a se considerar era estar no mesmo ambiente de Marcela, isso não seria legal. Ela preferiu ficar no quarto e ler seu livro. Assim o tempo passaria mais depressa.

Ao chegar da noite, ela trocou-se e colocou seu suéter antes de sair para a casa de sua avó. Lá fora, apesar do céu está lindo, repleto de estrelas, a brisa estava gélida.

Alexandra havia preparado uma refeição extraordinária para o jantar. Um dos pratos preferidos de Melina: uma receita de família, receita italiana. Segredinho da vovó.

Alexandra havia aproveitado aquela noite que Alberto não teria que ir ao hospital trabalhar, para convidar sua neta para se unir a eles ao jantar e quebrar a rotina, de certa forma, para manter pai e filha juntos.

Melina, muito esperta, aproveitou a ocasião para fazer milhares de perguntas a Alberto. Sobre sua amizade com o pai de Nicolas e também sobre como estava indo as coisas entre ele e a enfermeira Leila.

— Renato é um ótimo amigo. Estamos sempre saindo juntos quando possível. Ele é sempre divertido e faz a alegria onde quer que estejamos. Já Leila e eu, conversamos nas horas vagas, vez em outra. Mas não é sempre, já que somos muitos ocupados com o trabalho.

— Ah – Melina tentou esconder seu aborrecimento. — Soube que tio Renato está namorando Juliana?

— Ah sim. Eu soube por ele. E soube também desde o começo, eles estão sempre juntos, se dão bem.

— E você pai? Nunca pensou em dar um próximo passo com Leila? Parece o certo a fazer.

— Não filha, ainda não. Somos amigos, apenas amigos. Não creio que ela queira um relacionamento agora...

— Ela não quer? Ou você não quer um relacionamento agora? – Melina foi mais direta. — Pai, você já parou para observar o quanto o tio Renato está feliz desde que encontrou Juliana? Ele não fala em outra coisa pai. Nicolas está muito feliz por eles.

Alexandra observava tudo.

— Pai, eu só queria me sentir um pouquinho como o Nicolas, sabe? Ficar feliz por você ter finalmente encontrado alguém. Mas você não facilita papai. Você sabia que a mamãe está a todo vapor com os preparativos da festa de noivado dela? Não se fala em outra coisa. Ela está apaixonada pelo tal de Jonathan.

Melina suspirou. Alberto não conseguia encara-la.

— Até quando pai? Você vai ficar ai, remoendo suas lembranças de um casamento que não deu certo? Eu prometi lhe ajudar. Mas você não está se ajudando! A mamãe não ama você, pai. A mamãe ama apenas a si mesma. Está mais que na hora de você também encontrar seu amor próprio. Que tal?

Alberto engoliu em seco.

Alexandra tentou quebrar o clima pesado, servindo o jantar. Melina estava inconformada. Ela sabe que o maior problema de seu pai é que ele ainda ama sua mãe e talvez nunca deixe de ama-la, por mais que ela não o ame. Melina se aborrece ao pensar nisso. Alberto não merece passar por isso. Ela bem que tenta ajudar, mas ele nunca está totalmente disponível a receber sua ajuda.


~*~


Leila coloca seu filho, Enzo, para dormir. Ele é tudo que ela mais ama no mundo.

Ao fechar a porta do quarto dele, ela segue até a sala e volta a se sentar no sofá, na sala escura, de frente para a televisão.

Ela tem pensando muito em Alberto nos últimos tempos, desde aquele jantar. Eles têm conversado muitas vezes nas horas vagas no hospital. Ela sabe que ele é um homem ocupado, o mais admirado dos doutores. E ela também tem suas obrigações. Mas ela gostaria de ter mais tempo com ele. Inveja sua amiga, Juliana, por está se dando bem com o outro doutor, o veterinário.

Leila nunca se sentiu tão a vontade diante de um homem desde que a morte do seu marido.

Alberto tem tudo que ela admire em um homem. Ela conhece a historia do casamento dele que não deu certo e sabe que ele ainda enfrente muitas dificuldades para superar. Mas tirando tudo isso, ele é um homem maravilhoso. Que prefere a família, que tem responsabilidades com o trabalho, é elegante, charmoso, tímido e sabe como cativa-la com uma simples conversa.

Leila espera que ele ligue para ela aquela noite. Ele liga algumas poucas vezes antes de dormir. Aos passar das horas, ela pensa em desistir e ir deitar-se. Mas no final, prefere esperar. Quem sabe ele não ligue assim que estiver desocupado e queira conversar.

A esperança de Leila é a ultima que morre.

Acho que estou me apaixonando por ele.


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Notas finais do capítulo

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