Um Destino A Dois escrita por Laura Marie


Capítulo 6
Um ladrão na noite




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Apesar de ainda ser outono, fazia muito frio naquele dia de quinta-feira. Vampira, que estava afastada do trabalho, procurava fazer outra coisa para ocupar o seu tempo. E lá estava ela sozinha em uma mesa, debruçada sobre a janela ao lado, observando as folhas caírem das árvores. E nem é preciso dizer sobre o que ela estava pensando. Mas ela estava se sentindo bem, apesar de que ainda eram recentes os acontecimentos que a marcaram.

- Ei Vampira! – Disse Logan, que tinha acabado de chegar.

- Oi Logan!

- Então, como você está hoje?

- Eu estou um pouco melhor, e me desculpe por ter sido grossa com você aquele dia...

- Não, está tudo bem. Bem, você gostaria de dar uma volta pelo instituto?

 Vampira não tinha entendido o porquê daquele convite. Mas já que não tinha nada para fazer, ela aceitou.

- Éeeh... claro! Mas pode me esperar um pouco? Está mais frio lá fora, então vou ao meu quarto para pegar um gorro e já volto!

Então Logan a esperou, e não demorou muito para que ela voltasse já com o seu gorro na cabeça. Eles caminharam até as proximidades da casa do lago. Era um lugar bem bonito. Além do lago, também havia belas árvores, e uma trilha tranqüila para se fazer uma boa caminhada. Vampira não tinha muitos assuntos para dizer a Logan. Já ele contava as histórias de sua última viagem, até que tais histórias chegaram ao fim e um silêncio predominou durante a caminhada. Mas contar as suas aventuras, não era o propósito de Logan naquele passeio.

- Fazia um bom tempo que eu não vinha aqui – Logan tentava puxar alguma conversa.

- Eu também. Tinha até me esquecido o quanto que é bonito este lugar.

Vampira parecia alegre e tranqüila, o que deixava Logan indeciso se ele deveria falar agora o que tinha a dizer.

- Vampira, eu preciso te falar uma coisa.

Ela não respondeu, apenas o olhou de volta.

- Eu não quero me intrometer, muito menos interferir a sua privacidade, mas preciso lhe perguntar uma coisa.

- Tudo bem. O que foi? - Vampira começou a ficar um pouco apreensiva, mas decidiu aceitar.

- Eu sei que é chato voltar ao assunto do fim de semana passado, mas no domingo, eu senti que você estava diferente, e houve mais uma coisa em você que me chamou a atenção.

- E o que é?

Logan, de repente, parou de caminhar e a encarou.

- Eu senti o cheiro de outra pessoa em você.

Vampira sentiu o seu estômago gelar e seus olhos arregalaram. Certamente ele estava falando de Gambit. Mas ela não queria levantar suspeitas, então permaneceu discreta.

- Mas o que mais me intriga é que este cheiro não me é estranho. Parece que ele é de uma pessoa conhecida...

Vampira começou a ficar confusa. “Gambit e Wolverine se conhecem?”, ela pensou. “Mas se eles se conhecem, por que Logan nunca falou sobre Gambit?”

- Vampira? – Disse Logan, ao ver que Vampira tinha ficado pensativa.

- Bem... eu realmente não sei do que você está falando, Logan! – Vampira voltou a caminhar, tentando fugir do assunto – Eu encontrei um amigo, pode ter sido isso.

- Amigo? De fora do instituto?  Quem? – Logan não parecia acreditar muito nas palavras de Vampira.

- Sim... eu o tinha visto outras vezes no passado. Deve ser por isso que você reconheceu o cheiro dele agora – Vampira começou a se sentir mal por estar mentindo. Aliás, ela odiava mentiras.

Logan tinha um olhar desconfiado.

- E isto tem alguma coisa a ver com o seu mal estar naquele dia?

- Logan, por favor! Isto já foi resolvido e não quero mais falar sobre isso – Vampira realmente não queria voltar a este assunto. Então, para encerrar a conversa, ela simplesmente decidiu voltar para a mansão.

Logan ainda não havia entendido o que tinha acontecido com Vampira naquele dia. Tempestade não quis lhe contar a conversa que tivera com ela. Certamente era um assunto íntimo, então preferiu não se meter mais. Mas, obviamente, iria intervir se fosse preciso.

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Enquanto isto, Gambit estava inconformado por ter perdido Vampira de vista no dia anterior. Ela era mais difícil do que ele imaginava, e certamente estava sendo o maior desafio já aceito por ele. Mas ainda continuava confuso com si mesmo. Nunca, em sua vida, tinha corrido desesperado atrás de uma mulher. Afinal, o que tinha dado nele? Também continuava na dúvida se isso realmente valeria à pena, já que esta estranha garota estava mexendo com ele. Será que pela primeira vez ele desistiria de um desafio?

Ele preferiu pensar sobre isso em outra hora, pois tinha planos mais urgentes naquele dia. Estava em seu apartamento quando decidiu ligar para uma pessoa.

- “Alô! Remy?” – dizia a voz no celular.

- Sim, sou eu... estive pensando no que você falou, então decidi seguir os seus conselhos.

- “Magnifique, Remy ! – A voz do outro lado da linha parecia muito feliz com a notícia.

- Mas isto não será agora ! Mas posso lhe garantir que será em breve. Eu tenho um trabalho hoje ainda.

Como quiser, Remy. No entanto que volte para cá mesmo’’

- Não se preocupe, eu voltarei.

Remy não sabia se tinha feito a escolha certa. Ele só queria voltar a ser o homem de antes, e talvez voltando para a sua casa, ele poderia conseguir esquecer a Vampira.

Assim que desligou o telefone, ele já foi se arrumar para o trabalho” que tinha mais tarde naquele dia.

Vampira não agüentava mais ficar em casa sem fazer nada. O tédio começou a ficar insuportável. Ela tinha pedido à Ororo para voltar ao trabalho, garantindo que já estava bem. Mas a diretora preferiu que ela descansasse mais alguns dias.

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Já havia anoitecido e ela não tinha feito quase nada naquele dia. Agora, ela estava sentada no sofá da sala de estar, passando todos os canais da TV com o controle remoto, tentando encontrar algo que prendesse a sua atenção, o que era razoavelmente difícil. Além disso, os alunos, que estavam próximos da sala, começaram a irritar por meio de suas altas gargalhadas, correrias e tagarelices. Vampira também não queria voltar ao seu quarto, pois também não o suportava mais. Então, a única saída era sair de casa.

Vampira se agasalhou, também recolocando a sua boina, e lembrou-se de estrear o seu lenço novo, o colocando em volta do pescoço como um cachecol. Quando já estava de partida, ela foi abordada por Peter.

- Saindo em plena quinta-feira à noite?

- Pois é, decidir dar uma volta. Acho que vou enlouquecer se continuar aqui.

- O Logan já consertou a sua moto?

- Não, ainda não. Mas eu também prefiro fazer uma caminhada, não devo ir muito longe.

- Ah sim. Então, bom passeio!

- Obrigada, Peter! – Vampira se despediu de seu amigo russo e saiu da mansão.

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A noite estava muito bonita e calma, e Vampira adorava esta tranqüilidade pelas ruas. Ela até podia ouvir o uivo dos ventos gelados que varriam as folhas secas do chão das calçadas. Ela caminhou até chegar bem próximo ao centro da cidade.

De repente, ela parou em frente a uma vitrine de joalheria. Um colar de esmeraldas tinha lhe chamado a atenção. Vampira sorriu quando o viu, pois realmente havia lhe encantado.

- Nem se eu trabalhasse por 100 anos eu conseguiria comprar isto – disse ela consigo mesma.

Mas, de repente, Vampira viu um vulto dentro da loja. Ela ficou em alerta, e poderia jurar que realmente tinha visto algo. Ela esperou por mais um pouco, mas vulto não surgiu novamente. Não poderia ter sido alguém da loja, pois o expediente já tinha sido encerrado há muito tempo. Também não poderia ter sido um segurança, pois ele não andaria escondido lá dentro. Sendo assim, Vampira chegou à conclusão de que ela estava presenciando um roubo.

Como era uma X-Men, ela sentiu que tinha que fazer alguma coisa. Ela não tinha medo, mas poderia ficar encrencada se algo errado acontecesse. Mas ela já tinha feito a sua escolha.

Com a ajuda da escada de incêndio do prédio ao lado da joalheria, ela conseguiu chegar ao telhado da loja. Não havia ninguém por lá, o que a deixou mais segura, concluindo que só havia um ladrão lá dentro. No telhado, havia uma porta embutida no chão, que dava diretamente para dentro da joalharia. E conforme ela esperava, a porta estava aberta. Para não correr o risco de ser reconhecida (principalmente se algo der errado), ela pegou o seu lenço e enrolou em volta de seu rosto, usando-o como máscara. Também pegou todo o seu cabelo e o colocou para dentro do gorro, certificando se as mechas brancas estavam bem escondidas (pois o cabelo branco poderia ajudar muito em sua identificação). Após se sentir pronta, ela se atirou para dentro da loja.

Assim que entrou, ela percebeu que os alarmes tinham sido desativados. “Deve ser um ladrão muito profissional”, ela pensou. Cuidadosamente, ela começou a andar pela loja, à procura do criminoso. Estava muito escuro lá dentro, Vampira mal conseguia enxergar e também não sentia a presença de ninguém por perto.

Ela continuou caminhando pela escuridão até que finalmente encontrou o que procurava. Lá estava ele, na sala dos diamantes, de costas para ela, tentando abrir delicadamente uma espécie de cofre de vidro que protegia os diamantes. Vampira não fazia idéia de quem era, mas isto não importava.

Cuidadosamente, ela foi indo até ele, planejando o pegar por de trás. Mas quando ela estava prestes a atacar, o ladrão agiu primeiro, lhe dando uma rasteira. Vampira se levantou rapidamente. O ladrão estava em sua frente, mas ainda não conseguia ver quem é.

O ladrão, obviamente, era Gambit. E mal sabia que estava prestes a lutar contra a sua mulher misteriosa.  Ele também não a reconheceu. Além de enxergar pouco naquela escuridão, ela também usava máscara. Remy ficou irritado, ele sempre odiava quando algo ou alguém atrapalhava o seu trabalho, e desta vez, ele pensou que aquela pessoa poderia ser outro ladrão. Gambit não queria usar os seus poderes, pois não tinha desativado todos os alarmes da loja. Então, optou por uma luta corporal.

Ele foi para cima de Vampira, mas ela conseguiu se desviar de seus ataques, o retribuindo com um soco no estômago e outro no rosto. Gambit ficou desorientado, mas não caiu.

“Eu acho que este cara será durão!”, pensou ele. Novamente, ele voltou para o ataque, mas Vampira se desviava de seus golpes facilmente. Gambit era muito bom nas artes marciais, mas Vampira era ainda muito melhor. Ao passar dos anos, ela treinou cada vez mais, até ser considerada como a segunda melhor lutadora no instituto, ficando apenas atrás de seu professor, Logan.

Vampira também estava evitando usar os seus poderes. Ela ainda não estava preparada para voltar a usá-los. Mas Gambit começou a pegar mais pesado com ela. A luta começou a ficar mais equilibrada, e também mais difícil para Vampira se esquivar. Gambit começou a perder a paciência, e também ter mais certeza de que estava lidando com um ladrão também profissional.

A luta estava demorando tempo demais, aliás, a escuridão também não ajudava. Ambos estavam preocupados em alguém os ver. Vampira estava ainda mais preocupada, pois aquele homem também era muito forte. De repente, Vampira chegou à conclusão de que para colocar um fim nisso, seria preciso usar os seus poderes. Rapidamente, ela retirou uma de suas luvas, e na primeira oportunidade em que se aproximou do ladrão, ela o tocou em seu rosto. Mas nada aconteceu.

Vampira se assustou, e antes de poder fazer alguma coisa, Gambit, imediatamente, tirou a mão de seu rosto, torcendo o braço de Vampira. Enquanto se segurava o para não gritar de dor, ela foi atingida por um soco no rosto. Ela se afastou cambaleando até cair.

Quando Gambit finalmente achou que tinha vencido a luta, Vampira começou a se levantar novamente, o fazendo chegar ao ápice de sua raiva.

- Você se meteu com o cara errado, mon ami! – Disse Gambit enquanto tirava uma carta de seu bolso. Assim como Vampira, ele também achou que só os seus poderes seriam capazes de colocar um fim naquela luta.

Imediatamente, Vampira o reconheceu. Os olhos dele começaram a brilhar, assim como a carta em sua mão. Agora ela também entendeu porque os seus poderes não funcionaram. Mas antes de dizer ou fazer qualquer coisa, Gambit atirou a carta energizada, e Vampira foi atingida no peito. Ela soltou um gritou e voou até se chocar de costas contra uma parede, fazendo-a cair inconsciente. Os alarmes, que Gambit não tinha desativado, começaram a soar. Mas ele não pôde fugir.

Pelo grito de Vampira, ele descobriu que tinha lutado contra uma mulher.

- É uma femme! – Disse ele assustado, correndo em direção ao corpo caído.

Gambit se ajoelhou e a segurou. Imediatamente, ele retirou a máscara e teve a surpresa. Seus olhos vermelhos não acreditavam no que estava vendo. Ele tinha acabado de nocautear a mulher que tanto pensara.

- Vampira! – Ele sentiu um frio em sua barriga. Jamais ele lutaria contra aquela mulher.

Em seguida, ele retirou o seu gorro, fazendo com que as mechas brancas caíssem sobre o rosto de Vampira.

- Não pode ser...! – Gambit estava pasmo enquanto a segurava e a observava em seus braços. Ele tentou acorda - lá, mas não conseguiu.

Os alarmes continuavam soando, e Remy já conseguia ouvir as sirenes da polícia. Então, ele se levantou, carregando Vampira, e fugindo dali rapidamente. 


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