Um Destino A Dois escrita por Laura Marie


Capítulo 2
Verdades à tona




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E lá estava Vampira, novamente com as suas luvas. Lá estava ela, de cabeça baixa e triste, sentada ao lado da cama onde estava o seu namorado em coma desde a noite passada. Obviamente, não era uma situação fácil para Vampira. Fazia um bom tempo que ela não absorvia ninguém, e até já tinha se esquecido do quão torturante era isso.

Já fazia 10 horas que ele estava inconsciente quando começou a acordar. Assim que abriu os olhos, ele se deparou com dois olhos verdes carregados de lágrimas e dor. Ele não se lembrava exatamente o que aconteceu, mas pelo estado em que se encontrava, já fazia uma boa idéia do que aconteceu com ele e Vampira.

- Vampira...

- Bobby, por favor, não diga nada! – Vampira o interrompeu, e continuou de cabeça baixa – Eu sei que não é bom momento para conversarmos, mas acho que eu preciso falar agora.

- Vampira, eu realmente sinto muito por você. Não é sua culpa – Bobby se mostrou compreensivo, mas ele reparou que a sua compreensão ainda não era o suficiente.

- Não. Sou eu quem sente muito. Desculpe-me, Bobby. Eu realmente não sabia que a cura não era permanente, eu não pude prever isso.

- Está tudo bem, e como eu disse, você não tem culpa nenhuma! – Bobby segurou em uma das mãos enluvadas de Vampira, mas imediatamente, ela se retraiu.

- Não é só sobre isso que eu quero falar com você...

- O que foi?

- Como você sabe, eu não apenas absorvo os poderes, mas também os pensamentos, as lembranças... então agora eu sei o que aconteceu entre você e a Kitty.

Bobby tinha esquecido este detalhe. Seus olhos se arregalaram, e ele ficou frustrado consigo mesmo.

- Vampira, eu posso explicar!

- Não. Você não tem que explicar nada! Eu vejo tudo, Bobby. Eu sinto tudo o que você sentiu!

- Vampira, eu realmente lamento sobre o que aconteceu. O que aconteceu com a Kitty foi...

- Não minta, por favor! Toda vez que fecho os olhos, as suas lembranças com a Kitty surgem em minha cabeça. Não imagina o quanto isso é torturante! – As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Vampira.

- Eu não queria que você soubesse por esta forma, eu...

- Então como? Você planejava me contar que tinha me traído com a minha melhor amiga?  - Vampira tentava não se descontrolar. Além do mais, ela não sentia rancor, mas sim uma profunda tristeza, e sabia que Bobby não tinha condições para discutir agora.

- Eu, eu, eu não sei... – Bobby abaixou a cabeça decepcionado consigo mesmo.

- Não precisa dizer nada, Bobby. Os meus poderes só confirmaram o que eu já desconfiava. Eu tinha decidido não falar nada, pois pensei que tinha feito a escolha certa. A culpa é minha, fui eu quem preferiu insistir nisso.

- Vampira, por favor, me ouça! Se você absorveu meus pensamentos, então sabe que eu te amo! – Bobby parecia desesperado, segurando a mão de Vampira novamente.

- Eu sinto muito, Bobby, mas eu não posso continuar com você, não posso te dar outra chance, pois eu estaria sendo injusta comigo mesma.

- Você não me ama?

- Eu sempre gostei muito de você, Bobby, desde o primeiro dia que estive aqui no instituto. E é por isso que eu quero que você seja feliz e desimpedido. Eu não te odeio, você só não me tem mais, assim como a minha confiança.

- Vampira... Bobby já não sabia mais o que falar. Além disso, ele não tinha defesa, já que sua vida estava inserida na mente de Vampira.

- Tchau, Bobby!  Eu espero que você fique bem logo. E mais uma vez, me desculpe pelo ocorrido! – Vampira se levantou e saiu do quarto. Bobby não disse nenhuma palavra, nem ao menos para se despedir, apenas continuou em sua cama, de cabeça baixa.

De certa forma, Vampira estava aliviada por ter colocado um fim nesta história. Mas ela se sentia infeliz, principalmente com as memórias de Bobby vindo e indo à sua cabeça toda hora. Ela não sabia o que realmente sentia por Bobby, mas foi compreensiva e calma com ele até demais. Já que tinha todas as provas da traição em mãos, ela poderia odiá-lo, mas não conseguia. Aliás, eles estavam juntos há três anos, e Bobby sempre foi um bom amigo, ao invés de bom namorado. De qualquer forma, ela já estava conformada e preparada para quando a verdade surgisse.

O que mais te entristecia não eram o fim do namoro ou a traição. E sim o retorno de seus poderes. Ela estava confiante de que poderia tocar e amar alguém, vivendo uma vida normal para o resto da eternidade. Esta surpresa terrível foi como uma onda que destruiu os seus castelos de areia repletos de sonhos. Ela jamais poderia amar ou ser amada, ela achava que este era o seu verdadeiro destino.

Enquanto caminhava rumo à saída da ala médica, Vampira, perdida em seus pensamentos, se deparou com a Ororo.

- Oi, Vampira! Eu sei que não é uma boa hora, mas podemos conversar agora?

- Sim, pode ser...

Logo, Vampira estava no escritório da Ororo, juntamente com Logan e Hank. Vampira ficou sentada, assim como Ororo e Hank. Logan ficou em pé ao seu lado.

- Vampira, nós realmente sentimos muito pelo o que aconteceu ontem, e queremos que saiba que você não tem culpa – Tempestade sempre era boa em consolações. Vampira já se sentia um pouco conformada.

- Eu sei...

- Na verdade, acho que nós fomos os culpados disto.

De repente, Vampira começou a ficar assustada e sem entender a situação.

- Como assim? Do que você está falando?

- Vampira... nós sabíamos que a cura era temporária – Hank preferiu ser mais direto.

- O QUE? – Vampira, indignada ao ouvir estas palavras, se levantou imediatamente.

- Por favor, Vampira, fique calma e espere para ouvir o que eles têm a dizer – disse Logan, que a segurou pelos ombros.

- Assim que o governo lançou a cura, eu comecei analisá-la. E após duas semanas de estudo, cheguei à conclusão de que ela possuía um determinado prazo, e que este prazo não era preciso, podendo variar em cada organismo.

A explicação de Hank não foi o suficiente para acalmar Vampira. Ela começou a chorar, pois eles, assim como Bobby, também mentiram para ela.

- Por que vocês não me contaram? Por que vocês me deixaram viver nesta ilusão?

- Isto nunca foi a nossa intenção, Vampira! O que a gente mais deseja é que você seja feliz – disse Ororo que se levantou e foi ficar ao lado de Vampira.

- Eu tinha esperanças de que os meus estudos poderiam estar errados. Confesso que eu achava que a cura poderia durar até o fim de sua vida. Ao contrário de outros casos, ela estava reagindo perfeitamente em seu corpo.

- Mas isto ainda não justifica nada! Vocês me deixaram acreditar em uma ilusão! E até você sabia disto, Logan? – Vampira imediatamente se levantou o encarando.

- Vampira, eu não sabia o que era certo. Eu não queria que você sofresse ainda mais! O que eu mais quero é que você fique bem, e você sabe disto!

Vampira confiava em Logan. Aliás, ele era a pessoa em que ela mais confiava. Após ouvir as palavras dele, ela se acalmou e se sentou de novo, esperando acordar deste pesadelo.

- Há outra coisa que nós queremos falar com você – Disse Ororo.

- O que foi desta vez?

- Nós achamos melhor você se afastar de seu trabalho.

- O quê? – Vampira ficou mais surpresa com esta notícia do que com a anterior – Com os meus poderes de volta vocês acham que eu sou uma ameaça aos alunos, é isso!?

- Não! Claro que não, Vampira! – Tempestade tentava a acalmar – O que quero dizer é que você está passando por muito estresse, então achamos melhor você ter um tempo livre para descansar e colocar as coisas no lugar.

- Mas o que mais me alivia são as aulas!

- Sim, eu sei! Mas você vai voltar logo, prometo! Por favor, considere esta proposta. Aproveite para sair um pouco, se distrair de uma forma diferente.

- Como eu posso sair por aí sabendo que posso matar uma pessoa sem querer! – Vampira, de certo modo, estava certa.

- Não diga isso, Vampira! Você é jovem e bonita. Você precisa aproveitar a sua vida! – Ororo parece ter conseguido fazer Vampira a aceitar  sua proposta.

- Está bem...

Vampira apenas concordou e foi para o seu quarto. Ela não sabia o que sentia agora. Não sabia se era raiva ou tristeza, ou as duas coisas juntas. Parecia que tudo estava desabando. Mas naquele momento de desespero, Vampira decidiu seguir o conselho de Ororo, mas de uma forma mais arriscada.

Já era noite quando Vampira se arrumou para sair. Pegou a sua motocicleta e partiu rumo à periferia da cidade.


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