Um Destino A Dois escrita por Laura Marie


Capítulo 12
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Os dias se passavam cada vez mais rápido. Vampira já havia voltado ao seu trabalho, e também fazia um mês em que ela estava namorando Gambit. Enquanto estava afastada, ela tinha até se esquecido do quanto que é trabalhoso ser professora. E, além disso, Vampira teve que aprender a conciliar o seu trabalho com o namoro. Ela não tinha mais tempo para encontrá-lo todo dia, agora apenas nos fins de semana. Gambit também passou a se dedicar mais em seu “trabalho”.

O trabalho, de certa forma, não os atrapalhava. A vontade de ver um ao outro aumentava cada dia. E quando chegava o fim de semana, o momento parecia ser único.

No entanto, Vampira notou uma diferença em Gambit. Ela não sabia exatamente como explicar, mas sentia que os seus encontros não estavam sendo tão “calorosos” quanto os primeiros. Tal mudança não estava relacionada ao retorno de seu trabalho, mas sim a certo problema anterior.  Gambit a respeitava fortemente, e ela reconhecia isso. Vampira confiava cada vez mais em Gambit, assim como se apaixonava por ele.

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Ainda era quarta-feira. Enquanto Vampira passava a lição no quadro negro, os seus pensamentos se concentravam em Gambit. Ela sentia falta dele, e não agüentava mais contar os minutos para revê-lo no fim de semana. Assim que acabou a aula, ela partiu em direção ao seu quarto. Como de costume, ela sempre ficava exausta após lecionar. No entanto, naquele dia, ela tinha que corrigir alguns testes até tarde. Sendo assim, ela jogou toda a papelada em cima da cama, junto com o seu laptop, e começou o trabalho.

A cabeça de Vampira doía e ela mal conseguia manter os seus olhos abertos. E sem perceber, ela caiu em um sono profundo.

Enquanto isso, Logan conversava com Ororo em seu escritório. Por mais que tentasse esconder, ele realmente estava preocupado com o novo relacionamento de Vampira.

- Eu não sei... Eu não confio naquele cara – Disse Logan, que se apoiava na janela do escritório.

- Logan, isso apenas cabe à Vampira decidir se deve ou não confiar nele – Tempestade tentava ao máximo a não se intrometer nos assuntos privados de Vampira, por mais que também se preocupava por ela.

- Ele é imune aos poderes de Vampira. Eu tenho medo que ele se aproveite dela por causa disso.

- Eu não acho que o Gambit faria algo assim. Ele tem sido tão bom para ela até agora – Disse Tempestade, enquanto se levantava de sua cadeira.

- Vampira é uma garota pura e sensível. Ela se apaixonaria facilmente por alguém que possa tocá-la – Logan tinha um olhar preocupado – E quanto àquele cara, de longe dá para perceber o tipo dele...

- O que você está querendo dizer com isso, Logan? – Tempestade também começou a se preocupar com as suposições de Logan.

- Eu tenho medo que Gambit faça alguma besteira. Vampira não merece passar por mais aborrecimentos.

- Não se preocupe, Logan – Ororo se aproximou e o tocou em seu ombro – Eles já estão a um mês juntos. Se Gambit quisesse realmente fazer alguma idiotice, ele já teria feito. Dê uma chance a ele!

- Está bem...! – Disse Logan não muito satisfeito com a idéia – Mas eu repito o que já disse: se acontecer alguma coisa, este Cajun irá conhecer o meu lado ruim!

- Garanto que ele já conheceu esse seu lado! – Ororo começou a rir quando se lembrou de Vampira lhe contando como Gambit e Wolverine se conheceram.

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Já era noite quando Vampira finalmente acordou de seu cochilo.

“Ai meu Deus! Eu dormi demais!”, disse ela consigo mesma. Vampira acordou assustada ao perceber que já tinha anoitecido, mas ainda permaneceu sonolenta. Ela havia dormido em cima dos papeis dos testes, que estavam espalhados por toda a sua cama.

Vampira ainda se sentia cansada, então decidiu ir tomar um banho quente para ajudá-la a dormir melhor. Assim que terminou o banho, Vampira vestiu a sua camisola preta, passou um creme em seu corpo, e foi se preparar para voltar a dormir. Quando ela começou a recolher os papeis de cima de sua cama, um barulho na varanda lhe chamou a atenção. Vampira não sabia exatamente o que foi este barulho, então decidiu ir até lá para verificar.

Ela abriu as portas de vidro e foi até a sacada da varanda. Vampira olhou para os dois lados e não viu nada de estranho no jardim frontal do instituto. No entanto, após achar que aquele barulho foi apenas uma impressão, de repente, ela teve uma surpresa: ao se virar para entrar de volta ao quarto, ela se deparou com Gambit. Sem querer, ao se assustar, Vampira soltou um grito.

- Por favor, chérie, não grite! – Disse ele enquanto abafava o grito com a mão.

- O que você está fazendo aqui? – Vampira tirou a mão dele que tampava a sua boca, parecendo irritada com o susto.

- Pardon, chérie. Eu não quis assustá-la – Gambit dizia com um leve um sorriso em seu rosto. De certa forma, ele se divertiu com o susto.

- Entre antes que alguém o veja aqui! – Vampira o segurou pela mão e o trouxe para dentro do quarto – Você por acaso é maluco?

Mas antes que Gambit pudesse responder, eles ouviram alguns passos apressados pelo corredor, indo em direção à porta do quarto.

- Essa não! – Vampira ficou preocupada. Então ela agarrou Gambit pelo braço enquanto pensava em algum lugar para escondê-lo.

- Mas chérie...

- Agora não, Remy! – Vampira o empurrou para dentro de seu guarda-roupa – Fique quieto aí!

Segundos após isso, Logan imediatamente abriu a porta, se deparando com Vampira em pé no meio do quarto.

- O que aconteceu?

- Ééeh... nada! Eu só me assustei com uma aranha... Está tudo bem agora! – A história de Vampira não caiu muito bem.

Logan entrou no quarto, com as suas garras preparadas para atacar, indo em direção à varanda.

- Tem certeza que só foi isso que aconteceu aqui?

- Sim... Está tudo bem, Logan!

De repente, quando Logan voltou da varanda, ele parou em meio ao quarto, e começou a encarar o guarda-roupa. Vampira sentiu o seu corpo gelar ao ver que a qualquer momento Logan estaria descobrindo o seu namorando escondido. No entanto, após passar alguns segundos olhando em direção ao armário, Logan decidiu ir embora.

- Eu realmente espero que só tenha sido uma aranha, Vampira! – Logan ia em direção à porta, mas ainda estava desconfiado.

- Não se preocupe, Logan! Boa Noite! – Assim que Vampira viu que Logan tinha ido embora, ela correu para o guarda-roupa, tirando Gambit de lá.

- O que está havendo aqui, chérie?

- Sou quem pergunta o que está havendo! Você ficou louco? Ele sabia que você estava aqui! – Vampira começou a ficar desesperada.

- E qual é o problema nisso, chérie?

- Qual é o problema? – Vampira começava a ficar zangada cada vez mais – Remy, eu sou uma professora e os meus alunos estão por aí. É uma questão de respeito!

- Eu entendo... pardon, chérie. Não quis te colocar em problemas.

- Tudo bem... – Vampira cruzou os braços, estando ainda um pouco zangada. Mas de repente, ela viu que Gambit começou a rir.

- Do que você está rindo?

- Você fica ainda mais linda quando está zangada, chérie! – Gambit se aproximava dela.

- Remy, por favor!

- Mas é sério, chérie – Disse ele enquanto a envolvia em seus braços – Também foi engraçado você me jogando para dentro daquele guarda-roupa.

- É verdade! – Vampira também começou a rir – Não vai me dizer que isso nunca aconteceu antes?

- Mais ou menos...

Eles ficaram rindo por um breve tempo, até que pararam, e, enfim, se beijaram.

- Eu estava com saudades, chérie. Por isso eu vim aqui.

- Eu também senti a sua falta. Mas podia pelo menos ter me avisado!

- Só queria fazer uma surpresa, chérie. Não queria te colocar em apuros com o Logan.

- Tudo bem. Amanhã eu só vou ter que encarar uma conversa do tipo “de pai para filha” com ele – Apesar do problema, Vampira continuou sorrindo – E por quanto tempo você estava ali fora?

- Desde quando você saiu do banheiro – Gambit se afastou um pouco, e começou a repará-la – E por falar nisso, chérie, eu nunca a tinha visto assim.

- Assim como?

- Assim, de camisola – Os olhos de Gambit viajavam pelo seu corpo – Ela fica muito bem em você.

Vampira apenas sorriu e até se esqueceu de que tinha ficado zangada com ele. Ela o levou até a sua cama, e lá eles ficaram deitados, abraçados um ao outro.

De repente, em meio às trocas de carícias, Vampira pressentiu que havia algo estranho em Gambit. Ela não sabia exatamente o que era, mas ele parecia preocupado.

- Aconteceu alguma? – Disse ela, após levantar a cabeça para olhá-lo.

- Não – Gambit desviava o olhar – Está tudo bem, chérie.

- Tem certeza? Você parece um pouco preocupado... – Vampira se sentou em cima da cama, olhando frontalmente para ele, enquanto acariciava o seu rosto.

- São apenas assuntos de família, chérie. Nada de mais...

Vampira começava a desconfiar ainda mais. Ela segurou o rosto dele com as suas mãos, e o encarou seriamente.

- Remy, há alguma coisa que você queira me contar?

Gambit não conseguia mais fugir de sua própria verdade. Talvez aquele fosse o momento propício para revelar o seu passado na íntegra, e também sobre o que estava acontecendo no momento (já que o seu passado havia uma participação nisso). No entanto, mais uma vez, as palavras congelaram em sua garganta.

- Vampira, está tudo bem.

- Remy, eu quero que nós sejamos sinceros um ao outro neste relacionamento – Vampira ainda não estava convencida. Aliás, ela esperava que estivesse enganada. O que ela mais odiava eram mentiras, pois já tinha sofrido muito com isso ao longo de sua vida.

Gambit sabia que ela tinha razão. Se ele a ama verdadeiramente, ele deve contar toda a verdade. No entanto, quem irá garantir que Vampira não se afastará dele quando souber de tudo?

- Eu sei, chérie... Mas eu não tenho nada a dizer... Não agora... – Ele retirou as mãos de Vampira de seu rosto.

- O que você quer dizer com isso? Há algo que eu devo saber?

- Eu apenas não sei se esse é o momento certo – Gambit se levantou, se sentando na beirada da cama, e desviou o olhar.

- Como assim? Remy, eu não lhe compreendo! – Vampira começou a ficar preocupada com o que ele queria dizer – Por favor, seja sincero comigo e me diga o que está acontecendo!

Gambit começou a se sentir encurralado. Parecia que não havia mais escolhas, até que se lembrou de algo.

- Qual é o seu nome, chérie?

- O quê? – Vampira engoliu seco. Ela não entendeu o porquê daquela pergunta agora, mas ela também não queria revelar o seu nome.

- Desde quando nós nos conhecemos, eu apenas te conheço como Vampira.

- E por que você está me perguntando isto agora? Você nunca se importou com isso...

- Mas você não acabou de me dizer que nós devemos ser verdadeiros um ao outro? – Gambit passou a ficar mais sério.

- Sim, mas... O meu nome é um passado que não existe mais. Eu me transformei em uma Vampira. A garota que eu era antes de descobrir a mutação não existe mais – Vampira sempre se entristecia quando se lembrava de seu passado.

- O homem que eu era antigamente também não existe mais. Mas mesmo assim, eu lhe contei o meu verdadeiro nome e até mesmo sobre quem eu sou. Você acha que eu saio por aí contando sobre o clã dos ladrões? – Gambit parecia um pouco impaciente com aquela discussão.

- Então você está me dizendo que eu posso ser uma ameaça por saber sobre a máfia de sua família?

- Não! Por favor, não tire conclusões precipitadas, chérie – Gambit se levantou da cama – Estou tentando te dizer que eu confio muito você, mas você ainda não confia em mim.

- Mas como eu posso confiar totalmente se você não quer me contar o que está acontecendo? – Vampira também se levantou, e nem se lembrava que aquela discussão poderia acordar os outros moradores da mansão.

- Você não entenderia...

- O que eu não entenderia? É algo relacionado com a sua família?

- Ouí... Mas não é tão fácil quanto parece! – Gambit se mostrava abatido – Eu quero lhe contar, chérie. Eu quero muito mesmo. Mas ainda não está na hora.

Vampira notou a brusca mudança no temperamento de Gambit. Então, ela se aproximou mais e voltou a acariciar o seu rosto.

- Remy, por favor, confie em mim!

- Me desculpe, chérie. Mas você ainda não está pronta. Sou eu quem deve lhe pedir confiança.

De certa forma, Gambit estava certo. Vampira confiava nele, mas não o suficiente para revelar a sua verdadeira identidade, e até mesmo para se entregar totalmente a ele. Mas Vampira tinha os seus motivos. Ela não queria lhe contar um nome que a fazia se lembrar de um triste passado. Vampira já sofrera muitas decepções, e ela não sabia se estava preparada para uma próxima.

- Aliás, nós já estamos juntos há um bom tempo, e até hoje...

- Não transamos!? É isso o que você ia dizer? – Vampira o interrompeu, se afastando dele nervosamente.

- Não! Eu ia dizer que até hoje eu não sei o nome da garota com quem eu me apaixonei. E se o seu nome traz tanta tristeza, eu sempre vou estar aqui com você para superarmos isso juntos! – Gambit a segurou pelos braços. Apesar de estar sendo verdadeiro, ele também parecia nervoso – Aliás, por que você sempre tem que voltar neste outro assunto?

- Porque eu sei que você se incomoda e sente falta disso... E não use o meu nome para fugir do assunto! – Vampira soltou os seus braços, e desviava o olhar.

- O quê!?  Eu nunca lhe cobrei nada, exceto confiar em mim. Você ainda tem uma imagem errada de mim. Acha que eu não me importo com os seus sentimentos?

Vampira ficou em silêncio. Ela sabia que estava sendo um pouco injusta com ele. Remy realmente se importava com ela. Aliás, se não fosse por isso, ele não teria entrado escondido no instituto, estando ali com ela agora.

- Remy, por favor, se você quer que eu confie em você, me diga o que há de errado... Sabe, eu gosto muito de você...

- Você apenas “gosta muito” de mim? – Remy esperava ouvir algo mais. No entanto, até hoje ele também não havia revelado que a amava.

- Remy, eu...

- Eu já entendi tudo, chérie. Desculpe-me pela pressa. Eu vejo que você realmente merece ganhar mais tempo para isso também – Gambit abaixou a cabeça, se sentindo um pouco decepcionado.

Vampira não sabia o que dizer. Ela também o amava, mas ele nunca revelou este mesmo sentimento a ela. Por fim, ela estava esperando ele a se entregar primeiro.

- Acho melhor eu ir agora... – Disse ele enquanto se virava em direção à varanda.

- Mas, Remy...! – Vampira se aproximou novamente. Ela pensou em impedi-lo de ir. Mas ela recuou, sem ao menos saber o porquê.

- Está ficando tarde e você tem aula amanhã – Gambit ficou de costas a ela – Depois nós nos falamos. Bonne nuit, chérie!

Após se despedir, Gambit foi embora, pulando da varanda, sem ao menos olhar para Vampira. Ela foi atrás dele até a varanda, mas ele simplesmente havia desaparecido. Vampira não acreditava que eles tinham tido outra discussão. Ela não queria ter provocado aquela frieza nele, mas sim entender e poder confiar plenamente no homem que ama, para que pudesse, finalmente, revelar os seus sentimentos verdadeiros por ele.

Assim que entrou de volta ao quarto, Vampira se atirou na cama decepcionada. Ela deitou e fechou os seus olhos, rezando para que aquilo tudo não se passasse de um terrível pesadelo para quando acordasse.


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