A Garota De Roupas Excêntricas. escrita por Soquinho


Capítulo 4
Boliche.


Notas iniciais do capítulo

Reviews? Sorry a demora.



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O porteiro é amigado com aquele trio, digamos que são da mesma laia. Obviamente consentiu nossa passagem livre, graças a eles que disseram que estávamos com eles. Por serem, evidentemente, excluídos dessa escola e quase que da sociedade, eles não parecem se intimidar e se isolar. Eles manifestam uma felicidade só de estarem juntos. Nada mais importa pelo jeito. Isso é legal.

- O sinal já tocou! – Anunciou Cameron guardando cuidadosamente seu skate na mochila. Nós já havíamos feito o mesmo.

- Qual aula é a de vocês?

- Somos todos da mesma turma ainda. – Falei.

- Então teremos Física agora. – Bufei e sepultei meus dedos nos meus cabelos pretos e meio roxos, bagunçados e desfiados.

Emily me encarava profundamente com seus castanhos agora bem escurecidos. Eu também revidei o olhar, e juro que enxerguei desenhos. Uma montanha em miniatura e eu mergulhando mais e mais naquela escuridão castanha.

- Aí povo! – Mattie pareceu ter feito isso propositalmente. Ele riu a me ver dar um pequeno pulo. – Tá na hora de ir pra sala!

- Ah é, claro. – Recompus-me e fui acompanhando os passos de todos eles, a fim de querer saber o porquê de ela ter me olhado tão intrinsecamente, a ponto de eu me sentir exposto ou transparente.

Ainda tinha um montinho para entrar. Subimos nossos capuzes e abaixamos a cabeça para não levantar nenhuma suspeita.

- Eu te vi fazendo um Smith Grind. Foi perfeito. – Arrepiei-me no primeiro segundo que sua voz entrou suavemente em meus tímpanos.

- Valeu. Qualquer dia desses quero te ver manobrando também! – Ela riu verdadeiramente o que me deixou com um pouco de paz.

Passamos pelos diversos corpos, esbarrando em alguns, pedindo desculpa disfarçadamente. Por fim, alcançamos nossa sala e entramos. Eles adentraram despreocupados e nós desejávamos estar com roupas que desse para nos camuflar. Abri o zíper do meu moletom e ao chegar quase no fim da sala onde estavam as nossas cadeiras, eu abaixei sossegado e cuidadoso o capuz. Afundei com toda, suspirando. Geralmente tenho suspirado muito por esses dias.

- Não se esqueça do boliche. – Greer reavisou. Honestamente, isso já tinha virado uma poeira na minha cabeça, mas foi soprada de volta novamente e se reconstituiu.

Ignorei, com meus olhos exclusivamente pegados na criatura sentada na segunda fileira e na segunda carteira. Aham, isso já se transformou em uma ideia fixa. Uma obsessão em estar observando-a e tentando decifrar o porquê dela ser assim e daquele seu olhar tão penetrante e charmoso. Até porque, olhando por alguns ângulos, provavelmente isso iria me aparecer qualquer dia em qualquer segundo e do jeito que o mundo anda cheio de pérolas, isso poderia ser previsível. Ou talvez não.

Só me deixe observar.

#

- Há-há! Strike! – Celebrei motejando da derrota do Jerry. Ele nos acompanhou nesta noite de boliche com Merida. Simplesmente amou o fato de termos conquistado uma “amiga” antenada nas novidades do mundo juvenil e alienado.

- Seu merdinha! Você é bom em muitas coisas, mas com certeza perde pra mim no basquete!  - Se amuou.

- Claro, eu odeio basquete.

- Você também faz natação não é? – Merida chegou por trás e ciciou sensualmente. Estremeci.

- É. E também pratico... – Impulsivamente quase que esvaia da minha boca o segredo de hoje termos andado novamente de skate. – Lançamento de taco.

- Hãm? – Ela estreitou o olhar juntamente com o produtor.

- Taco de nacho sabe?

- Aham. Comida mexicana é boa, mas prefiro japonesa. – Deu um sorriso alegre.

- Oh man, eu sou um fracasso no boliche! – Lamentou George, sentando-se em uma cadeira. Meteu o garfo em sua batatinha frita com um desgosto.

- Se contente. Você detona no teclado! – Falei para consolá-lo e assentei do seu lado. Dei uma tapa em suas costas, e ele riu mesmo contra a vontade. Os outros acompanharam.

- Por falar em teclados. – Jerry já iniciando aquelas baboseiras anunciado pelos produtores.

Disfarcei meu incomodo colando meus olhos nele para ele crer no meu interesse.

- Agendei para vocês um show no 7th St. Entry. – Estranhamente, a notícia foi bem recebida pelo meu ânimo. No entanto, forcei um sorriso contente.

- É pra quando? – Greer indagou. Notei também que ele estava esforçando um sorriso. É algo que compartilhamos juntos.

- Para o mês que vem ainda, esse mês está muito lotado! – Agradeci mentalmente.

- Estarei lá! – Merida manifestou-se, toda pomposa.

- Vamos mais uma partida? – Mattie dirigiu sua pergunta ao George que ainda se confortava massacrando as pobres batatas.

- Você quer me crucificar, né? – Fez manha.

- Besta! Ele aproveita e te ensina seu puto! – Empurrei grosseiramente o seu braço e ele deixou cair o garfo em cima da última batata e a espetou.

- Bundão! – Levantou e passou por mim, assim para seguir o outro.

Jerry, Mattie e Greer também saíram, sobrando somente eu e a Merida. Ela sorriu para mim, ternamente e eu revidei.

- Gostou da escola? – Indagou.

- Bem, eu havia perdido o costume. Mas não acho que levarei muito tempo para me adaptar novamente!

- Claro! Você é uma nova celebridade, muitos irão te babar. – Colocou uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

Ri pelo nariz. Então nasce aquele momento detestado por muitas pessoas: o silêncio atordoante e o branco em sua cabeça que não te deixa elaborar um bom comentário para dar continuação à conversa.

- Mas tem algumas pessoas lá que são bem diferentes. – Para quem não entendeu isso sou eu querendo puxar a conversa para um lado mais atrativo. E alguém com boa mente sacarão logo.

- Sim é.

- Bem diferentes. – Enfatizei.

- Hunhum, saquei. – Ela me olhou estranhamente, mas logo desmanchou esse olhar. – Lembrei dos retardados roqueiros.

Isso meio que doeu até em mim. Só que era até esse ponto que eu queria chegar.

- Retardados? – Agi com indiferença.

- Aquela menina lá que se diz punk, o grunge e a que mais me dá nojo de ver é aquela que tem uma mania chata de tingir o cabelo de tudo quanto é cor e não combina as peças de roupa! – Disse ela, tendo um chilique típico de meninas patricinhas. Do jeito que ela exprimiu sua aversão ao rock, deu até uma vontade de rir.

- Você já tentou descobrir porque ela se veste assim?

- Sei lá. Só deve ser no pensamento dela que aquilo é última moda em Paris!

- Com certeza ela não pensa isso. – Lambuzei uma batata no catchup e relembrei do olhar penetrante e invulgar dela dirigido a mim. Um calafrio corre pela minha espinha.

- É bem esquisito eu estar aqui com um dos meus ídolos, apesar de tê-lo conhecido hoje de manhã no colégio! – Declarou parecendo estar falando algo fictício.

- Está aqui porque foi legal conosco. – Sorri amigavelmente. O par de olhos esmeralda dela reluziu com o comentário.

- Já estavam inventando boatos de que a fama já havia subido a cabeça de vocês e estavam sendo antipáticos com as fãs. Por isso fui meio tímida falar com você hoje de manhã! – Seus olhos acanharam-se. Ela desviou o olhar e passou a mirá-lo nos garotos jogando boliche.  George tinha um tique nervoso. Talvez levando strikes seguidamente.

- Não, que é isso. Isso é quem não tem uma orientação direita ou a pressão é muito grande, ou só porque é arrogante por natureza!

- Você e os meninos são legais. Espero que continue assim pra sempre!

Por falar neles.

Mattie sentou-se ao meu lado já se aprontando para me falar algo no ouvido.

- Amanhã tem campeonato de skate na pista Fearlees. Não vai perder, vai?

Sorri só em figurar na minha cabeça a imagem de skatistas realizando suas melhores manobras. Só que eu desfiz o sorriso repentinamente.

- Temos uma entrevista amanhã à noite. – Cochichei o mais baixo que pude, até porque não poderia levantar a suspeita de uma garota que mal conseguia desgrudar os olhos de mim.

- Isso é comigo.

Quando o Mattie vem com essa, é porque ele irá acionar seus aliados.

Continua...


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