RAPUNZEL CORONA

Não era fácil ter que esperar sua mãe em casa sem fazer nada. Não era fácil ficar em casa sem fazer nada. Na verdade, Rapunzel estava cansada de ficar em casa sem fazer nada. Não tinha livros novos para ler, não tinha mais tela para pintar, não tinha mais ingredientes para fazer cookies.

A menina subiu as escadas para o segundo andar. Deu alguns passos e adentrou ao seu quarto. Pensou em mudar a decoração, mas já tinha a ideia na cabeça e precisaria comprar certos materiais.

Sentou-se na cama e olhou pela janela. Adorava fazer isso. Dava para ver tudo da janela do seu quarto. A frente da casa do vizinho da direita, o quintal da casa do vizinho dos fundos. Sorriu quando viu o filho mais novo dele sair e brincar com seu cachorro.

Ficou por um tempo ali parada, sem fazer nada até ouvir o grito de sua mãe. Sorriu animada e saiu da janela do seu quarto. Desceu as escadas numa velocidade a mil. Deu um beijo na sua mãe e saiu porta afora.

Como era bom pisar na rua e sair andando. Deu alguns passos até ver um caminhão de mudanças parado do outro lado da rua. Caminhou até lá, vendo Soluço parado olhando para dentro do caminhão e sorrindo.

Soluço era seu melhor amigo. Iam para a escola juntos, passeavam juntos, faziam tudo juntos. Rapunzel colocou o cabelo de lado e apoiou seu ombro em Soluço, que se assustou assim que a viu, fazendo a menina rir.

— Quantas vezes eu vou ter que mandar você para de me assustar? – Soluço perguntou saindo da posição em que estava e olhando para a menina.

— Muitas. – Rapunzel falou ainda rindo. – Mas o que é isto?

— Ah! – Soluço falou se voltando para dentro do caminhão. – Mudanças.

— Nossa, nem percebi. – Rapunzel respondeu de uma forma irônica e irritada, o que fez Soluço rir.

— Mudanças de um amigo. – Soluço falou olhando de uma forma meio preocupada para dentro do caminhão. Depois, voltou a olhar Rapunzel. – O pai dele deixou ele se mudar para cá.

— Hum... – Rapunzel olhou para dentro do caminhão tentando ver esse amigo. Rapunzel sabia que Soluço tinha um amigo muito especial, mas não sabia como era, nem quem era.

— Morreu ai dentro Jack? – Soluço perguntou tentando ver alguma coisa. Uma figura se mexeu atrás do que supostamente poderia ser um armário. Vinha com uma caixa na frente de seu rosto, impedindo Rapunzel de vê-lo. O menino deu a caixa a Soluço e desceu do caminhão, ficando de frente para Rapunzel. Olhos azuis de um tom tocante, cabelos descoloridos da forma mais branca possível. O menino esticou a mão para Rapunzel, que a apertou. – Rapunzel, este daqui é o Jack Frost. Jack, Rapunzel.

Jack deu um sorriso travesso enquanto analisava a menina de cima para baixo. Rapunzel se sentiu desconfortável com a situação e soltou sua mão da do rapaz.

— Quando você me disse que tinha uma amiga bonita, imaginei bonita, não gostosa. – Jack falou sorrindo de uma forma maliciosa.

— Ô Soluço. – Rapunzel falou de uma forma irritada. – Poderia informar a seu amigo, que eu já estou comprometida?

— Claro. – Soluço falou sorrindo. – Querido Jack, eu disse que tinha uma amiga, mas que ela não estava solteira.

— Bom. – Jack falou com certa indignação no rosto. – Mas ele nem precisa ficar sabendo. – O menino pegou na cintura de Rapunzel e a puxou para perto de si. Rapunzel deu um tapa no rosto do menino, se livrando em seguida.

— Muito abusado seu amigo. – Rapunzel falou se voltando para Soluço, que ria com a situação. Jack deu um meio sorriso. Um conversível veio andando na rua, e parou em frente à casa de Soluço, buzinando. Rapunzel virou e sorriu. – Não se esquece de hoje, ok?

— Sim senhorita. – Soluço falou sorrindo e acenando para o namorado de Rapunzel que acenava de volta.

— E leve Astrid! – Rapunzel lembrou enquanto ia em direção ao carro.

— Pode deixar!

— O que vai ter hoje à noite? – Jack perguntou olhando de uma forma curiosa para o garoto que estava dentro do carro.

— Uma coisa na qual você não foi convidado. – Rapunzel respondeu enquanto entrava no carro. Fechou a porta e acenou para os garotos.

— Quem era aquele garoto? – Flynn perguntou para Rapunzel.

— Um amigo de Soluço, que se mudou para cá. – Rapunzel falou enquanto tentava prender o cabelo em um rabo de cavalo.

— Ele parece ser gente boa. – Flynn comentou enquanto virava a esquina e ligava o radio.

— Só parece. – Rapunzel murmurou para si.