Seguimos em direção à selva densa, estava começando a anoitecer, e comecei a ter dificuldades para enxergar. Só sabia a direção porque sentia a presença da alma dele.

    Todos seguíamos para o sul. Ninguém reclamava ou fazia barulho, depois de mais ou menos 1 hora andando em uma única direção eu parei e me virei para Soul, e disse para ele se transformar. Chrona logo seguiu o exemplo e logo estava com a Espada Amaldiçoada Ragnarök. Observei por um tempo o nosso inimigo, tentando avaliar suas fraquezas. O que eu concluí foi o seguinte.

     1. Ele era perito em velocidade, portanto teríamos que atacar a longa distância, 2. Seus ataques não eram fortes, mas vinham em grande quantidade e velocidade, 3. Ele parecia ser inteligente e do tipo que pensa em várias saídas para só um problema.

      Ele era um oponente forte e aparentemente inteligente, portanto teríamos que redobrar os nossos esforços e cuidados, se falharmos seria prejudicial à todos da Shibusen, caso informações  sigilosas fossem descobertas

      Ele parecia distraído, brincando com algumas das almas, antes de comê-las. Isso me dava repulsa. Chrona parecia estar sem saber o que fazer (como sempre), mês era bom contar com Chrona e Ragnarök, e Soul estava lá também, o que me deixava mais calma. Antes que percebesse, soltei um suspiro um tanto quanto alto, e acho que ele ouviu, porque se virou na nossa direção e começou a lamber (literalmente) o ar a nossa volta, como uma cobra. Segurei o Soul com mais força e me concentrei em seus movimentos.

       Ele logo falou:

       - Não se preocupe pequena artesã, não irei te machucar. Pelo menos por enquanto... Huahuahahaha!

       Sua risada horrível me causou um pouco de mal-estar. Eu não tinha saída, ele sabia o local que nós estávamos, se tentássemos fugir ele saberia para onde iríamos, e se tentássemos atacar teríamos desvantagem...

        Depois de um tempo pensando, eu saí do nosso esconderijo e fiz sinal para que Chrona ficasse abaixada. Ela fez que sim com a cabeça e ficou lá, imóvel. Dei um passo à frente e disse:

        - Vim fazer você pagar por seus crimes, então, prepare-se!

        - He. O Shibusen mandou uma garotinha pra me vencer? Ele deve ta é desesperado mesmo, viu? Mas sabe de uma coisa? Eu até que gostei de você... Vou ficar com você só pra mim...

        Depois disso ele soltou uma gargalhada horrível, ele era repugnante! Tinha que derrotá-lo! Mas antes de eu dizer alguma coisa Soul gritou, irritado:

         - Seu idiota! Pensa melhor antes de dizer alguma coisa pra ela! Você é um monte de lixo que não faz nada dessa vida! A Maka merece alguém melhor do que você! Então cala essa sua boca que ela nunca vai ser sua!

          Não sei se fico envergonhada ou feliz com o que Soul disse...

        - E você? Você acha que é melhor pra ela? Um pivete que nem você não tem o direito de falar nada! Eu vou roubar ela de você pra não sair mais lixo da sua boca, seu pirralho maldito! E vou fazer isso bem na sua frente! Mas sabe? Vai ser mais divertido brincar com ela desse jeito...

        Ele era mais que repugnante, eu precisava acabar com ele logo senão ia passar mal por causa das coisas que ele dizia. Precisava atacar, e rápido!

        - Soul! É agora, vamos atacar!

        - Certo, eu quero mesmo acabar com esse otário!

        Corremos na direção dele, mas quando estávamos prestes a atingi-lo ele sumiu! Então senti a presença dele por cima, ele ia atacar! Não podia deixar o Soul se machucar então joguei ele (foice) para longe.

         Assim que Soul saiu do campo de ataque eu recebi vários golpes que parecia que alguma coisa dentro de mim queria sair e estava arrancando pedaços de mim por dentro! Gritei até meus pulmões não agüentarem mais e senti o sangue escorrer por todo o meu corpo. Era horrível.

          Assim que os golpes acabaram eu cambaleei e caí de joelhos. Não conseguia me mexer, a última coisa que vi foi o Soul gritando meu nome e correndo em minha direção. Depois Kyōfu me levantou e saiu correndo, mas ainda deu tempo de meus dedos sujos de sangue tocarem os dedos dele. Depois ficou tudo preto.

            Quando acordei estava em um lugar luxuoso, com candelabros e tudo. Era muito bonito, e estava cheio de bonecas. Eu tentei me levantar, mas não conseguia me mexer. Tentei gritar, mas nada além de um gemido saiu da minha boca. Meu corpo estava todo arranhado e o meu uniforme estava rasgado. O que será que tinha acontecido? Que lugar é esse? Como eu vim parar aqui?

             Mas o mais importante, onde estava Soul? Logo depois a porta se abriu “Soul? É você?” pensei. Mas vi Kyōfu entrar pela porta, ele usava um terno e trazia um belo vestido consigo. Eu precisava sair dali, e rápido! Tentei me mexer, mas não consegui. “O que aquele maldito fez comigo? Onde está o Soul?”.

               Assim que me viu ele falou:

               - Olá minha bonequinha, vejo que está acordada. Desculpe-me pelos arranhões e machucados, mas era necessário. Você deve estar se perguntando por que não consegue se mexer, então irei explicar: minha lamina tem veneno na ponta, então quando aqueles golpes atingiram você eu troquei o veneno original, que mata, por um que só paralisa a pessoa atingida. Por quê? Porque eu gosto muito de garotas colegiais, gosto mesmo. E você, além de parecer uma boneca, tem atitude. E eu gosto muito disso, então decidi pegar você. Além do mais aquele pirralho que vira foice me dá nos nervos!

               Isso era muito irritante, mas ele continuou:

               - Então, minha bonequinha, que tal brincarmos um pouco? Pra começar, que tal eu lhe vestir adequadamente?

              Ele soltou uma risada estridente e foi andando na minha direção. Então começou a desabotoar meu casaco. Aquilo era grotesco e repugnante! Eu só queria sair dali e acabar com ele!

               Quando ele estava tirando meu suéter amarelo rasgado eu senti a presença da alma do Soul. Ele estava vindo na minha direção! Quando senti a presença da alma dele eu aumentei a minha pulsação da alma. Logo se ouviu um grito que ecoou pelo quarto todo, era Soul gritando meu nome! “Soul, eu estou aqui!” pensei.

               Quando Kyōfu estava terminando de desabotoar minha camisa ele parou e se virou para a janela, onde, logo em seguida foi quebrada por Soul, Chrona e Ragnarök, que vinham correndo. “Isso!” pensei.

               Assim que chegou Soul falou:

               - Afaste-se da Maka! Seu monte de lixo, eu te avisei pra não mexer com ela! Agora você vai se ver comigo...

              - Há! Um pivete me ameaçando! Escuta aqui seu moleque, vê se cresce antes de falar alguma coisa! E o que eu faço ou não com ela não tem nada a ver contigo!

              Ele me pegou pelo braço, me puxando até seu corpo. Onde ele arrancou a manga da minha blusa e começou a cortar o meu braço com uma lâmina afiada. Saiu bastante sangue e lagrimas do meu olho, mas eu não conseguia me mexer. “Soul, ta doendo, me tira daqui, por favor...”.

               - Solta a Maka agora!!

               - Ah é? Porque eu faria isso? Hein pivete?

               - Por isso.

               Quando ele disse isso Chrona apareceu e atingiu as costas de Kyōfu o impacto fez ele cair para frente e me fazendo rolar para o outro lado. Soul me pegou no colo e me colocou no canto do quarto, falando que ficaria tudo bem.

                Depois de ele quase não se agüentar em pé, por causa dos ataques de Chrona, Soul se aproximou e disse:

                - Lixo que nem você não é digno de piedade ou pena. Morra de uma vez seu inútil!

                E cortou ele ao meio com seu braço-lâmina. O corpo de Kyōfu sumiu e um ovo de kishin apareceu, flutuando no meio do quarto. Eu me sentia cansada, só queria ir pra casa cuidar dos meus ferimentos e descansar um pouco. O Doktor tinha razão, esse foi um oponente bem difícil de lidar...

                Soul veio em minha direção e me pegou no colo. Apertou-me com força e disse:

                - É cada um que me aparece! Vem vamos pra casa cuidar desses cortes.

                Ele sorriu pra mim e eu corei um pouco. Então fomos embora.

                Na manha seguinte, quando acordei, já conseguia me mexer, mas por causa dos cortes, doía muito. Acordei no meu quarto com a Tsubaki e a Liz sorrindo, uma de cada lado da cama, e sorri. Tudo estava de volta ao normal!