A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 23
A Ligação - £


Notas iniciais do capítulo

Oi leitores lindos e bonitos, desculpem pela demora, mas as aulas começaram, e tudo o que eu queria fazer era entrar em depressão ahahaha
Espero que gostem, apesar deste capítulo não ser o meu melhor... kkk
Beijooooos,
Ju!



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Ouvi alguns passos ecoando pelo quarto. O barulho de saltos no piso de madeira fazia minha cabeça latejar. E de fato, essa dor que se fazia presente era uma das razões pelas quais eu sabia que tinha alguma coisa errada comigo. Eu não tinha uma enxaqueca assim há tempos.

– Bom dia, raio de Sol! – a voz de Claire soou ao meu lado, perto demais.

Abri um dos olhos somente para vê-la se afastar e caminhar até a janela sorrateiramente, abrindo as cortinas num rompante.

Fechei os olhos contra a claridade que banhava o quarto e o mergulhava em um tom branco amarelado, saudando com suas cores alegres. Quase um convite para começar o dia de bom humor.

Quase.

Meu humor não era um dos mais agradáveis naquele momento. Escondi o rosto embaixo dos cobertores e travesseiros, tentando impedir que a luminosidade chegasse aos meus olhos e que me acordassem de vez.

Gemi quando senti a mão de Claire cutucando minhas pernas.

– Vá embora! – resmunguei com o rosto contra um dos travesseiros, puxando-o mais para perto.

Eu já sentia aquela moleza característica de quando estamos prestes à dormir novamente, anunciando que não demoraria muito para eu cair no sono.

– Levante! – ela retrucou alto demais para meus ouvidos, puxando os cobertores brutalmente de meu corpo.

Me agarrei ao travesseiro que ainda era pressionado em meu rosto, e torci para que ela também não tentasse arrancá-lo de mim.

Antes mesmo que eu tivesse forças para completar este pensamento, ele fora arrancado de meu rosto, com a mesma rapidez quanto os cobertores de meu corpo. Sufoquei um palavrão no topo da garganta quando senti o impacto doloroso da mão de Claire em minha bunda.

– Mas que droga foi essa? – gritei irritada, quando ela, não satisfeita, repetiu o movimento.

Bufei alto de irritação, e pude ouvir sua risada baixa. Meus olhos se abriram, e demoraram um pouco para se ajustarem à claridade excessiva.

Ela estava tão ferrada!

Claire simplesmente deu de ombros, e cruzou os braços em cima do peito.

– O que você quer, Claire? – perguntei tentando me controlar para não pular em seu pescoço.

– Que você levante.

Revirei os olhos.

Um traço de confusão se passou por seus olhos, e eu sentei na cama, me espreguiçando, sentindo o pijama de flanela roçar em minha pele.

– Me diz uma coisa, o carinha que te trouxe era pelo menos gato? – ela perguntou descruzando os braços, e se sentando à minha frente.

– Como?

– O cara que te trouxe para casa. – ela disse de novo, parecendo falar com uma criança.

– Edward? – chutei.

Ela riu.

– Não. Edward quase matou dois caçadores que falaram que você tinha sumido da vista deles.

– Por quê? – perguntei horrorizada.

Claire riu novamente, balançando a cabeça.

– Não. Você estava tão bêbada que ficava trançando as pernas, e tudo mais. Quando Edward foi buscar uma água para você, você desapareceu.

Um arrepio subiu por minha coluna.

– E para onde eu fui?

Claire ajeitou o cabelo castanho-avermelhado atrás da orelha, e mordeu os lábios em sinal de nervosismo.

– Bem, eu vi você saindo com um homem alto parecendo conhecê-lo, então não me preocupei. – ela soltou.

Levantei da cama, exasperada.

– Não acredito que você me deixou ir para casa sozinha! Ou melhor, com um homem que eu não conhecia! – gritei.

Ela abaixou a cabeça, culpada.

– Vocês pareciam se conhecer.

– Não interessa, Claire! Você deveria ter falado para Edward!

Ela me olhou irritada.

– E você acha que eu não falei? Foi a primeira coisa que eu fiz, e ele saiu em disparada para procurar você. Quando Edward chegou em casa, você estava dormindo.

Andei de um lado para o outro, e pensei: E se ele me roubou? E se ele foi a pessoa que me trocou? Oh, Deus, ele me viu pelada?

Várias perguntas inundavam minha mente, e tudo o que eu podia fazer naquele momento era sentar e torcer para que o cara que havia me trazido para casa, não tivesse dado uma espiada na cor de minha calcinha.

O que eu fiz ontem?, perguntei à mim mesma, forçando a cabeça para pensar na noite anterior, mas tendo como resposta uma dor de cabeça latejante.

Toda a algazarra que eu estava armando fazia minha cabeça pulsar.

– O colar. – me peguei dizendo em voz alta.

O olhar de Claire foi para meu peito.

– Você não está com nenhum colar. – ela murmurou irritada pelo meu tom de voz anteriormente.

– Exato.

Fui até minha gaveta, e praticamente joguei-a no chão, com um só pensamento.

Por favor, esteja no mesmo lugar. Por favor!

Tirei o fundo falso, e tateei pela gaveta. Cada esbarrada que eu dava somente no fundo dela, sem nada encontrar, mais meus olhos se enchiam de água.

– Que droga! – berrei, jogando todo o conteúdo da gaveta no chão à minha frente, ouvindo o tintilar familiar do colar em algum lugar.

Procurei por entres as calcinhas – muitas delas que eu nem ao menos lembrava que estavam lá – e encontrei-o no chão, no meio de uma calcinha de renda verde e outra de algodão.

Coloquei-o no peito, tentando acalmar meus batimentos cardíacos.

– Credo. – Claire sussurrou.

– Por que “credo”?

– Você praticamente revirou o armário inteiro, somente para achar um colar, Helena. – ela disse tediosamente.

Joguei todas as calcinhas para dentro da gaveta novamente, e por via das dúvidas, prendi o colar no pescoço e me virei para olhar pra Claire que encarava suas cutículas como se fossem a coisa mais interessante do mundo.

– Você não entende. – sussurrei.

Ela revirou os olhos.

– Que horas são? – perguntei indo até a janela, e abrindo-a, deixando o ar fresco entrar.

– Três horas da tarde.

Parei no meio do quarto, e lhe lancei um olhar mortal.

– Como?

Ela deu de ombros.

– Três horas da tarde. – repetiu.

Eu estava mais do que atrasada para meu trabalho.

– Meu Deus, estamos atrasadas para o trabalho! – gritei prendendo o cabelo em um coque malfeito, correndo para buscar uma calça jeans e uma camiseta larga rosa escura com as mangas 3/4 .

Fui revirando tudo procurando pelo par de sapatos que eu tinha certeza de ter deixado em algum lugar pelo quarto, e rastejei para praticamente debaixo da cama. Algumas fotos e caixas se encontravam embaixo dela, e pude ter certeza de que não, meus sapatos não estariam ali.

– Helena... – Claire tentou falar.

Tirei a roupa a caminho do banheiro, e fui colocando a calça jeans que ficava folgada em meu corpo.

Dane-se, não tenho tempo para ficar escolhendo roupa.

Fui escovando os dentes ao mesmo tempo que tentava pentear o ninho de passarinho que meu cabelo havia virado, e tentei limpar o grande borrão que minha maquiagem fizera em meu rosto, me fazendo parecer ter vinte anos à mais.

Quando estava pronta, calcei um par de rasteirinhas que estavam na porta do banheiro, e peguei a bolsa presa na cadeira do quarto. Quando ia sair do quarto lembrei que não fazia ideia de onde estava meu celular. E muito menos minha arma.

Meus olhos se arregalaram quando ouvi um toque vir de algum lugar do meio do emaranhado de cobertas que se encontravam no chão. Tateei cegamente esperando achar o aparelho fino e pequeno que continuava a tocar incansavelmente.

Quando finalmente o achei, pressionei a tela para atender o telefone e quase caí de alívio quando vi que a pessoa do outro lado ainda não havia desistido de falar comigo.

– Alô? – perguntei desesperada, lançando a Claire um olhar mortal, já que a mesma apertava a barriga rindo de minha desgraça.

– Helena Jameson? – uma voz feminina disse.

Pude sentir os pelos de meus braços ficarem arrepiados.

– S-Sim. – gaguejei.

– Aqui é do Hospital Mount Sinai de Manhattan, e estamos ligando porque seu irmão deu entrada conosco hoje de manhã. Estávamos tentando ligar para senhorita fazia algumas horas, e só conseguimos contato agora...

Minhas pernas começaram a tremer de leve, e minha respiração ficou presa na garganta.

– Jason está bem? – perguntei interrompendo-a bruscamente.

– Olhe... – a voz disse.

– Por favor, diga que ele está bem... – sussurrei sentindo as lágrimas beirarem os olhos.

– Sim, ele está bem, mas tem alguns problemas que necessitam de algum parente próximo, e você é a única depois dos pais adotivos que está na lista de contatos.

Meu coração se apertou.

Meus pais adotivos estavam abrindo mão de Jason? Eles não seriam capazes de fazer isso com uma criança.

– Mas ele está bem, certo? – perguntei novamente.

Ouvi a mulher na linha suspirar.

– Sim, agora ele está.

– Como assim? – insisti em saber ainda mais.

Podia sentir que a mulher não estava muito disposta à me dar as informações que eu achava vital para saber o estado de meu irmão.

– A senhorita verá quando chegar aqui. Isso é, se estiver disposta à vir. – ela completou baixo.

Revirei os olhos e levantei do chão, jogando as cobertas de qualquer maneira na cama, e indo para a porta, com chaves na bolsa e o telefone pressionado ainda na orelha.

– Sim, obviamente! – disse fazendo sinal para Claire me seguir.

Saímos do quarto, e vi Edward desmaiado no sofá, usando a mesma roupa de ontem, com um braço caindo do mesmo.

– Preciso levar algum documento para identificação que sou irmã dele? – perguntei.

– Somente algum documento com foto e nome dos pais.

Nome dos pais.

– Pode ser somente com foto? Não tenho documentos com nome dos meus pais. – murmurei.

Pude sentir que a mulher sorria do outro lado da linha já que sua voz ficara mais suave, e quase carinhosa.

– Não tem problema... Quando chegar, procure por Marie, ok? Estamos lhe esperando. – ela disse desligando.

Desliguei o telefone e o enfiei no bolso da calça, passando a mãos no cabelo de Edward para arrumar os fios que grudavam na testa.

– Edward? – sussurrei me aproximando ainda mais, agachando do lado do sofá.

Ele abriu os olhos devagar, e me encarou. Os olhos ônix denunciando seu cansaço excessivo.

– Helena? – ele perguntou cansado.

– Desculpe ter lhe deixado preocupado. Meu amigo passou para me buscar... – tentei inventar.

– Não precisa se desculpar. – ele me cortou, sentando todo desengonçado no sofá. – Eu não deveria ter te deixado sozinha.

Assenti levantando do chão. Ele estalou as costas e pescoço, percebendo a presença de Claire no canto da sala.

– E aí? – ele perguntou jogando um sorriso de lado, bocejando.

Um rubor leve surgiu no rosto de Claire, e eu sorri com sua vergonha.

– São três da tarde, vá tomar um banho e pode alugar algum filme na TV se quiser. – disse indo a cozinha, pegando um copo de água.

Ouvi Edward resmungar e desabar no sofá novamente.

– Ou pode mofar aí no sofá, não me importo. – murmurei tomando um gole de água, me dirigindo para a sala.

Revirei os olhos e agarrei o braço de Claire, arrastando-a para a porta, abrindo-a sem nem ao menos me virar para olhar para Edward que já voltava a babar no estofado do sofá.

– Estou indo até Manhattan. – gritei por cima do ombro, e fechei a porta.

Estava me dirigindo para a garagem, quando ouço a porta de casa abrir ruidosamente.

– Fazer o que lá? – a voz de Edward se projetou até nós, alta.

Ri e vi seu corpo aparecer na porta de casa. Seu semblante não era muito bom, e ele parecia nervoso com algo.

– Resolver algumas coisas. – dei de ombros, não deixando que ele visse meu nervosismo por estar mentindo descaradamente.

– Ok, mas volte logo. Tenho que conversar com você. – ele sussurrou, voltando para a casa.

Suspirei e me concentrei em entrar no carro e me dirigir até Manhattan.


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Notas finais do capítulo

Continua?