POV Merida

Ainda bem que não fizemos o tal jogo. Jack implicou comigo o tempo inteiro e eu preferia estar lutando com Astrid e Ian que pareciam se dar muito bem. Os outros conversavam também, mas aparentemente Violeta não era muito de falar e Soluço ficava olhando para os lados, provavelmente procurando seu dragão e deixando Rapunzel um pouco desanimada as vezes.

Como o dia já estava acabando e no Polo Norte as noites eram mais longas que os dias, fomos para nossos quartos. As meninas acenaram para os meninos quando cada turma foi para um lado, chegando aos quartos em pouco tempo me deitei em baixo das cobertas e senti meu corpo ficando quente novamente. Adormeci depois de conseguir esquentar meus pés que ficavam gelados muito rápido.

Na manhã seguinte todas nós acordamos na mesma hora. Punzie era a primeira a usar o banheiro e como de costume, fui uma das ultimas, saindo e encarando Violeta colocando uma roupa de frio que havíamos comprado no shopping, e Rapunzel estava em duvida se seria melhor usar um cachecol ou o próprio cabelo em volta do pescoço.

Dessa vez, botamos roupas apropriadas para o frio, afinal, iríamos aproveitar o último de férias. Jack sugeriu brincarmos na neve na noite passada, então concordamos. Porque será que não ficamos surpresos com essa proposta!?

Chegamos e nos sentamos para tomarmos um belo café da manhã preparado pelos Yetis que nos observavam, orgulhosos do que haviam feito. Quando estávamos na mesa do café, Jack começou com a maldita implicância dele:

– Ei pessoal, vamos brincar na neve, isso é, se a foguinho ali não derreter tudo. – Ele começou se dirigindo a mim. Parei a mão levantada, antes de encostar o meu copo na boca para beber meu suco.

– Meio difícil derreter esse “mundo” de neve, não acha Picolé? – Perguntei irônica. – Mas se quiser, posso te derreter rapidinho – Peguei meu arco e apontei para a cabeça de Jack, mas a Violeta me parou.

– Calma Merida, deixe suas energias para quando as meninas vencerem na guerra de neve. – Ela falou, e me surpreendi com o sorriso malicioso dela, de Astrid, e até mesmo de Punzie.

– Que isso Vivi, quem disse que vocês irão vencer? Os meninos já ganharam essa! Quem sabe em uma próxima vocês tenham chance contra os especialistas. – Wilbur falou irônico.

– Ei gente, que tal irmos logo lá para fora e divertirmos? Antes que destruamos a oficina do North. – Rapunzel falou pacificamente, então levantamos da mesa, e fomos correndo para um lugar que desse para nos divertimos.

Fora da fabrica era mais frio do que eu podia imaginar, mas as roupas que estava usando deixava as coisas um pouco suportáveis. Paramos em frente a uma das portas secretas da oficina de North. Quando chegamos, os meninos foram para um lado e nós para outro. Jack nos acompanhou, afinal, ele teria que fazer o “muro de batalha”.

Ele mexeu seu cajado e uma parede de gelo surgiu na nossa frente, depois Jack voou por cima dela e foi para o lado dos meninos. Fez a parede para eles, e todos nos reunimos no meio para saber como seria a “guerra”. Os bichos de estimação também estavam lá. Punzie olhou para o céu e observou os pássaros que voavam bem no alto, de repente falou:

– Não seria ótimo se todos nós voássemos como eles? – Ela apontou para cima, e todos olhamos espantados para ela. – Assim, sentir o vento no rosto, não é fantástico Jack? Soluço? Poder voar livremente?

– Sim, é ótimo – Jack respondeu, e Soluço concordou. De alguma forma todos nós ficamos calados por algum tempo, então Astrid quebrou o silêncio.

– Hey meninos, porque vocês não as levam para voar? – Ela disse, olhando para as meninas e depois para os meninos. - Eu e Ian temos que ver quem é melhor no machado. – Ela sorriu desafiadoramente para o meu melhor amigo, engraçado, porque até o momento só via ele retribuir daquele jeito

– Astrid, mas... – Soluço tentou dizer algo, mas foi cortado pela namorada.

– Nada de “mas” Soluço. Wilbur pegue a sua tal coisa chamada nave e leve Violeta. – Vi quase soltou um grito de surpresa quando ouviu seu nome. - Soluço leva Rapunzel, já que ela gostou tanto do Banguela. – Punzie deu pequenos pulinhos, correndo para perto do Dragão com cuidado para não irrita-lo. - E Jack com Merida, vocês sobraram mesmo!

– Quem disse que eu quero ir com ela/ele? – Perguntamos eu, Jack, Violeta e Wilbur, fazendo Astrid suspirar irritada.

– Vamos meninas! Colaborem, essa é uma chance única de voarem! – Ela estava certa. - Eu estou dizendo! Qual é! Vocês não vão morrer se fizerem isso, vão? – Astrid perguntou sorrindo, depois usou um tom sério para finalizar a frase.

– Por mim tudo bem. – Wilbur disse e logo foi buscar a nave correndo, e Violeta parecia estar vermelha.

– Mas você vai mesmo deixar seu namorado assim? – perguntou Rapunzel perplexa, fazendo um afago no pescoço de Banguela.

– Eu confio em vocês. Não vão me decepcionar. – Eles sorriram satisfeitos, sabiam que era verdade. Eu e Jack estávamos calados até o momento, bem, Jack estava, eu e Ian conversávamos qualquer coisa para nos distrairmos.

– Pronto, vamos? – perguntou Wilbur em uma nave, descendo para ajudar a Violeta a subir.

– Jack, se você não levar a Merida, considere as meninas vencedoras dessa batalha! – Astrid desafiou. Eu recuei ficando atrás de Ian, ele não seria louco de me levar!

– Tudo bem, desafio aceito! – Jack riu, levantando as mãos para cima e se dando por vencido. - Vamos Foguinho! – Nem houve tempo de raciocinar, de repente eu já estava voando abraçada novamente com aquele Picolé cara-de-pau!

Os outros nos seguiram, e meio que começaram uma corrida nos céus, enquanto Ian e Astrid ficavam na terra lutando com machados enormes que haviam encontrado na oficina.

O mais estranho de tudo? As outras meninas estavam seguras. Banguela não deixaria a Punzie cair, ela estava com as mãos para cima, tocando as nuvens geladas, mas não cairia. Nem a nave do Wilbur se abriria e deixaria Violeta despencar. Mas eu precisava apenas que Jack largasse minha cintura para fazer qualquer coisa, e estaria morta!

– Com medo Tochinha? – Ele perguntou sorrindo irônico. Eu não estava com medo, gostei de voar e a sensação era ótima, mas abraçada com alguém não!

– Eu nunca tenho medo Iceberg! – Sorri de volta.

– Então veremos isso agora. – Vi que Wilbur e Soluço voavam bem a frente de nós e após essa frase, Jack me apertou com mais força e voou super-rápido.

Ok, voar é mesmo fantástico, mas não em uma corrida, abraçada com um garoto que tem namorada, e principalmente, que vive me provocando! Argh, a namorada dele deveria aparecer e fazer ele me levar para o chão, mas o que ela pensaria de mim? Sei lá, sou inocente. Parei de pensar e aproveitei aquele vento frio no rosto, a sensação de deslizar pelo ar e os cabelos voando.

– Segura firme Tocha, vamos descer – Jack avisou de repente, mas antes que eu respondesse precisei abraçar ele mais forte. Estávamos caindo, mas não como se fossemos morrer. Precisávamos chegar rápido a algum lugar.

E ai está a surpresa; quando chegamos na terra, os outros pareciam encurralados. Jack me soltou na mesma hora que pousamos e avisou:

– Merida, prepare seu arco, e fique atrás de mim. – Merida? Nossa, devia ser sério, já que ele nunca me chamou assim. No instante que olhei para o lado, entendi o motivo.

Cavalos feitos de areia como a do Sand e com caras de assassinos estavam por toda parte e eram negros, exalavam alguma coisa ruim. Chegavam por cima impedindo Soluço e Wilbur de voarem, e Astrid ou Ian de correrem.

Astrid jogou o machado em um dos cavalos, mas vimos a arma atravessar a areia negra e não fazer nenhum dano na criatura. Foi quando Coelhão chegou por trás dos cavalos, e os acertou com um boomerang, o que funcionou e desmanchou alguns cavalos. Não demorou muito para ele abrir um buraco no chão logo a baixo de Ian e Astrid, fazendo-os cair e fechar o portal em seguida.

Ficamos Wilbur e Violeta na nave, Soluço e Rapunzel montados em Banguela, Jack e eu para trás. Noth apareceu ao lado deles, e com uns bichos voadores puxando-o, abriu caminho entre os cavalos para Soluço e Wilbur passarem com as meninas. Jack começou a lançar rajadas de gelo nos cavalos, para estes poderem liberar a passagem para North e os outros. Eles saíram rapidamente, e como Jack lançou o gelo, atraiu a atenção para nós dois que sobramos.

Sem pensar, peguei meu arco e atirei flechas nos cavalos, mas eles se desfaziam, e reapareciam novamente. Do nada, percebi que Jack já não estava mais ao meu lado ou em minha frente. Estava distante, e atirava gelo para todos os lados. Enquanto fazia isso foi falando:

– Sand, Fada, ou os outros não poderão nos ajudar. Quando esses cavalos atacam, geralmente é a todos nós, e devemos proteger especialmente Sand.– Depois disso ele não falo mais nada, ou eu não ouvi. Estava mais preocupada em me proteger daqueles cavalos de olhos amarelos que avançavam em minha direção.

– Mas o que são esses cavalos? – Perguntei de repente para Jack, enquanto desviava de um coice.

– Pesadelos. Não se deixe ser tocada por eles, ou eles farão você cair em seu pior pesadelo. – Entendi. Então tá, né? Só não contava que entraria em desespero quando as minhas flechas acabaram.

– JACK! – Gritei desesperada, sem poder tocar neles. Não pude fazer nada, e os cavalos estavam tomando formas humanas estranhas, me cercando. Batia com meu arco neles, mas este acabou se quebrando. Ouvi Jack dizer “eu” no meio de um ataque de gelo que lançou. - Me ajuda! As flechas acabaram e meu arco quebrou! – Corri na direção que Jack estava, mas meus pés afundavam na neve. Respirar era difícil com aquele vento gelado batendo contra meu rosto. E ele estava muito longe – SOCOR-

Não completei a frase. Tudo o que vi foi um humano de areia negra me segurar, e o outro botar a mão em minha cabeça. Vi o meu pior pesadelo se formando em uma cena sinistra: Mord’u voltando e transformando toda a minha família em ursos selvagens.

Só que dessa vez eu não conseguia tira-los da maldição a tempo.