POV Ally

- Como foi seu Domingo? - Perguntei ao Dez enquanto o buscava em sua casa Segunda de manhã.

- Deprimente. Tive que fazer trilhões de trabalhos depois que você foi para casa Ally.

- Eu também tive que acabá-los.

- Pelo menos você tinha começado a fazer, eu nem começar tinha começado.

- Mas acabou?

- Dei o jeito Dez.

- Dá para tirar um "B"?

- "C" no máximo.

- Pelo menos você conseguirá se formar.

- Óbvio que sim. E os seus? "A+" como sempre?

- Talvez.

- Às vezes eu tenho vontade de fazer um transplante para poder ficar com seu lindo cérebro.

- Nossa, obrigada.

- Não foi um elogio, foi uma argumentação.

- Mas eu posso fingir que foi um elogio já que isso quer dizer que eu sou inteligente. - Consegui ver de cantinho, já que estava dirigindo, ele revirar os olhos para mim.

- Ah, esqueci-me de dizer, o loiro ligou. - Quase atropelei um pedestre quando ele disse isso. - Vai lá Ally, mate as pessoas, assim poderemos ter bolsas de sangue em seu para-brisa para vender. Já pensou em ser enfermeira? Um bom hospital de doação pode ser aberto, só que no caso seria uma doação forçada.

- Hoje eu não estou com paciência para você.

- Acordou de TPM? Pense pelo lado positivo, isso quer dizer que você não engravidou do Austin. - O Dez estava com um sorriso irônico no rosto. Será que se eu bater o carro, eu morro junto? Provável...

- O que o Moon falou?

- Ele disse que não tinha o seu número de celular e me pediu.

- Para quê?

- Espera, deixa-me pensar, não seria pelo simples fato dele querer ligar para você?

- HA-HA-HA, engraçadinho. Mas ontem eu deixei meu celular desligado o dia inteiro.

- Mesmo que ele não tenha conseguido falar com você, certamente terá uma surpresa hoje senhorita Dawson.

- Como assim?

- Nada. - Apenas o encarei rapidamente (não pensem que eu sou uma má motorista). Estava com a cabeça tão cheia por causa dos trabalhos que tive de terminar, que nem me importei com seu ar irônico.

- Hoje você trouxe o seu calção para educação física?

- Meu Deus! Aquele troço horrível? Sim. Não gosto que as pessoas olhem para minhas pernas, parecem que elas ficam encarando, é estranho.

- Depois você me pergunta por que as mulheres não gostam de usar vestidos ou saias o tempo inteiro.

- É diferente, você são mulheres.

- Tudo bem então. – Não dei muita bola para o seu mini discurso e acelerei o passo. Queria logo chegar naquele lugar em que todos chamam de inferno... Opa quis dizer escola.

......

- Ally. – Senti uma respiração quente em minha nuca, e sorri ao descobrir de quem era a voz.

- Dallas! – Me virei tão rapidamente que quase o beijei na boca, mas por sorte isto não aconteceu. Eu o abracei e fiquei feliz por não ter começado a aula ainda, por que senão olhares de nossos colegas cairiam sobre nós, mais do que já estavam caindo.

Outro motivo para eu ter ficado feliz era pelo fato de que eu iria ficar sozinha (não literalmente, mas sem uma companhia amigável) já que o Dez e suas seguidoras (a Mari, a Nati e a Karina, que agora estão adorando andar com ele) tinham aula no ginásio com o nosso “querido” técnico, ou como o ruivo gosta de dizer “o monstro que nos guia nos exercícios para podermos ter massa muscular suficiente para morrermos e sejamos servidos de massa para torta”. Acho que ele está vendo muito aquele filme “Edward mãos de Tesoura”.

- Ainda bem que temos esta aula juntos, queria conversar com você. – O Dallas sentou-se atrás de mim, e eu virei para poder encará-lo.

- Fale.

- Eu me senti mal por termos desmarcado o nosso encontro na Sexta e queria te convidar para outro.

- Nem se preocupe, desde que você tenha ganhado eu estou bem. Vocês ganharam não?

- Por isso queria te convidar para sair, para podermos comemorar.

- Parabéns! – Sim, eu estava tentando evitar ao máximo o convite do Dallas, mas pensando bem, que mal podia fazer?

- E ai, vai querer?

- Claro! Para onde?

- Eu estava pensando no festival que iria ter esta noite lá no centro da cidade. Que tal?

- Perfeito. - Não totalmente por que eu não costumo sair dia de semana, mas tudo bem, essa pode passar. - Você me pega ou nos encontramos lá?

- Eu posso te pegar sem problemas com o meu carro.

- Ok. Combinado então. – Sorri para ele e me virei para frente no exato momento em que o sinal tocou e a professora entrou. Acho que uma noite com um amigo não faria mal a ninguém, certo?

......

- Dez!

- O que foi Ally? – Ele estava com aquele seu sorriso sarcástico no rosto.

- Por que não me disse que iríamos sair hoje à noite com a Trish e o Austin? – Eu estava indignada, andando de um lado a outro na em sua enorme e perfeita casa. Como ele não me conta uma coisa dessas? O pior de tudo isto é que iremos ao mesmo festival em que o Dallas me chamou e tenho certeza que isto não vai ser muito bom...

Ah, e se você quiser saber, a aula foi um borrão total. Simplesmente fiquei pensando no loiro a aula inteira e no meu encontro com o Dallas hoje. Por que eu estava pensando no Moon? Boa pergunta...

- Era uma surpresa, não sabia que você ia ficar toda nervosinha como está agora.

- Eu não estou nervosa, estou chateada e muito zangada.

- Por quê?

- Eu marquei de sair com o Dallas mais tarde.

- O QUÊ? E você não ia me contar está bomba? Que tipo de amiga é você? Uma melhor amiga que fica guardando segredos? Que coisa feia!

- Fala a pessoa que queria me fazer uma “surpresinha”.

- É que eu já tinha escolhido sua roupa e queria te falar só quando você a visse.

- Minha roupa?

- Vem cá. – Ele pegou minha mão e subiu as escadas até seu quarto. – Olha só. – Em sua cama estava uma blusa vermelha caída em um ombro que era simplesmente incrível, e uma saia preta lisa perfeita! Eu tinha visto aquele conjunto em algum lugar...

- Não acredito!

- Sim, é a roupa daquela loja que você tanto ama.

- Como isso?

- Eu estava devendo um presente de aniversário a você e como ontem resolvi dar uma passadinha no shopping, comprei para você. - Quem é o melhor amigo do mundo? Sim, o Dez!

- Obrigada! – O abracei tão forte que com certeza o coitado ficou sem ar.

- Tá bom... Ally... Sua... Demonstração de afeto... Está quase... Matando-me. – Ele falou tudo meio entrecortado, mas eu entendi direito e o soltei. – Olha só, eu vou lhe levar para sua casa, você se arruma lá e depois espera o Dallas.

- E o Austin?

- Eu tenho um plano. – Por que simplesmente este plano do Dez está me cheirando à confusão?

- E o meu carro?

- Você vai me emprestar ele por que simplesmente eu não vou ficar dependendo da minha namorada para me carregar por ai.

- Namorada? – Ele ficou ruborizado, o que eu achei totalmente engraçado, já que nunca vi o ruivo corado ou algo do tipo. Quer dizer, só quando íamos à praia, mas dai os vermelhos em sua pele eram por causa do sol.

- Sim... Talvez. Ela que vai decidir.

- Como assim?

- Eu comprei um colar e um anel para ela quando sai e vou pedi-la em namoro, mas não sei se ela vai aceitar.

- Não sabe? Ela com certeza vai dizer sim! Não fique nervoso.

- Eu não estou. Só suando frio, mas é outra coisa completamente diferente.

- Claro, claro que é.

- Cala boca e pega sua roupa, vou te levar logo embora daqui.

- Tudo bem senhor “eu tenho medo de tomar um fora”.

- Não me venha com as suas palhaçadas Ally.

- Eu? – Fiz a melhor carinha de cachorrinho que podia interpretar. – Sou tão inocente quanto você.

- Vamos logo. – Ele já estava descendo as escadas com as minhas chaves do carro na mão (não sei como ele pegou já que estavam na minha bolsa) e eu fui logo atrás.

Estou decidindo se minha noite será divertida, catastrófica ou engraçada. Espero que a primeira e a terceira opção.