Agarrei o braço de Mary assim que eu tive a certeza que Alec já não esta mais em nosso andar junto com a vadia que descaradamente se esfregava nele, e a levei para um canto qualquer. Eu me senti estranha quando eu vi a mocreia no braço dele, meu estomago se revirou, mas não do jeito bom (sabe, aquela tal coisa de borboletas), mas sim, de um jeito ruim. Isso só me faz pensar que... eu devo ter comido algo estragado.

– O que diabos foi aquilo? – perguntei a ela em um canto qualquer em frente a academia.

– Queria saber se ele estava interessado em você... – ela disse triste, ate sentia... pena?

Ok. Eu queria mata-la, mas a curiosidade falou mais alto.

– E...?

– E-Eu... – ela respirou fundo, me olhou nos olhos tristemente, ela parecia que iria chorar. – Eu não tenho a menor chance.

O QUÊ! A infeliz estava tentando roubar ele de mim?

Em primeiro lugar, disse uma voz irritante bem lá no fundo da minha cabeça. Ele não é seu para ser roubado.

Cala a boca!

Em segundo lugar, ela continuou fingindo que não me ouviu. Você pode culpa-la?

Não, infelizmente eu choraminguei internamente.

Eu apenas fiquei encarando ela por um tempo ate que...

– Espera aí... – eu disse. Nossa, como eu sou lerda as vezes. – O que te faz pensar que você não tem a menor chance?

De tristeza, ela mudou sua feição para cupido.

– Ele esta caidinho por você. – Mary disse já com um genuíno sorriso de vadia (sabe, aquele sorriso que sua amiga te dá quando ela quer te fazer transar). – Eu não sei quem é aquela vadia que estava com ele, só sei que ele não tirava os olhos de seu traseiro.

Eu sempre fui cara de pau e tudo mais, mas no momento em que ela disse isso, eu fiquei que nem tomate. Eu vou ser sincera, eu nuca corei por causa de homem algum, mas tem algo em Alec que me atrai de uma forma nada decente. Porque sempre que eu penso nele, só penso em coisas que uma pessoa como eu, virgem, não deveria nem saber. E agora estou aqui, imaginando o que ele estava pensado em fazer com o meu lindo traseiro. Maldita imaginação.

– Ele ate pode estar a fim de mim. – eu disse frustrada. – Mas, não vai rolar nada.

– Por que? – acredita que ela me perguntou isso de uma forma que fez parecer que eu sou alguma retardada?

– Você acha mesmo que eu vou ficar com um cara comprometido? – eu perguntei. Mas bem lá no fundo, tudo o que eu queria é que aquela vadia fosse atropelada por um ônibus e batesse as botas. Eu sei, eu sou uma vadia com V maiúsculo mas, você pode me culpar por querer aquele fruto proibido? Desculpe mas eu não sou de ferro não.

E tem outra coisa, mesmo que já fui traída duas vezes (sim, foram duas vezes, uma foi no colegial, uma outra hora eu conto a história), eu não seria de fazer isso com alguém. Eu sei como doí. Puxa, isso foi profundo, acho que encontrei meu senso de ética perdido.

– É mesmo, esqueci que você já foi chifrada duas vezes. – as vezes eu desejo arrancar a língua dessa perua. Ela disse isso normalmente. Vadia.

– Puxa, obrigada por me lembrar. – eu disse amargamente.

– Disponha. – ela riu. Não tem como, eu amo essa cadela.

Eu me joguei em seus braços rindo. Ela sabe o que aconteceu no colegial em primeira mão, a infeliz de vez de ficar com pena de mim ou algo assim, caiu na gargalhada quando eu terminei de contar o que houve na época. Não posso dizer que foi de total ruim, afinal, aquele foi o melhor... Esquece, outra hora eu conto.

Depois de rir, nós duas fomos para a academia. Guardei minha bolsa no armário, mas não antes de pegar meu Ipod e os fones de ouvido. Compro uma garrafa de água e vou ate a esteira, e ao som de Link Park e seus maiores sucessos (sim, sou super fã deles), corri por uma hora. Pra falar a verdade, eu viajei na maionese legal.

Depois de correr quase uma hora, eu comecei a me sentir incomodada, violada. Um formigamento em minha nuca me dizia que eu estava sendo observada. Por alguma estranha razão, me senti sendo secada. Sabe como é, quando você vê um pedaço de mal caminho e o come com os olhos, neste caso, eu sou o pedaço de mal caminho, e nesse caso, só faz o meu alter ego se acorrentar no pedestal e jogar a chave fora só pra não descer.

Com esse senso de estar sendo observada, comecei a tomar conhecimento do local. Virei minha cabeça para a direita, sem parar de correr, e vi uma vadia de pernas enormes, seios siliconados, olhos castanhos claros e cabelos preto usando roupas de exercícios e correndo na esteira ao lado. A mesma vadia que estava agarrada nos braços do meu Alec. Não me olhe assim, eu simplesmente desisto. Não consigo parar de pensar naquele deus grego.

Ao sentir que estava sendo observada, ela vira o rosto pra mim e dá um sorriso postiço dos infernos de Miss Simpatia. Mocreia siliconada.

E como a grande atriz que eu sou, eu dou um sorriso pra lá de cínico e volto a correr. Alguns segundos depois, e eu ainda sinto minha nuca sendo perfurada, e eu tenho certeza que um certo alguém me esta observando. Resumindo, minha corrida acabou.

Desligo a esteira, pego minha garrafa de água e a abro e desço já levando a garrafa para a minha boca, quando me viro, eu congelo e me perco em dois pares de olhos azuis no outro lado da academia. Minha boca enche de água com a visão que eu tenho. Ele esta vestido com um short e uma camisa regata (roupas de malhação), me dando uma perfeita visão de seus músculos.

Alec esta sentado em um banco me devorando com os olhos. Mas não posso falar nada, estou fazendo a mesma coisa com ele.

E quando menos espero, Mary esta ao meu lado fazendo um barulho com a garganta e me dando um susto de parar o coração. Então, o que aconteceu em seguida, não foi culpa minha, certo?

Foi culpa da Mary que chegou ao meu lado enquanto eu praticamente fazia sexo somente com um olhar com um deus grego.

Não tenho culpa se eu gritei como se eu tivesse visto um fantasma, e jogado a garrafa para o alto, que infelizmente atingiu a cabeça da mocreia siliconada que ainda corria na esteira, e a mesma caísse e batesse a cara na esteira (que provavelmente quebrou o nariz), e ao mesmo tempo ter seu cabelo puxado e arrancado um bom tufo pela esteira antes da água dar curto circuito no aparelho e ele parrasse de funcionar.

E é claro, causar uma blecaute no hotel todo por uns segundos antes dos geradores funcionarem.

A culpa foi da Mary, mas isso não me impediu de sentir culpada (superficialmente, porque bem lá no fundo, eu tenho vergonha, mas me senti feliz).

Corri ate ela e não parei de dizer Me desculpe. E por incrível que pareça, meus olhos estavam cheios de lagrimas.

Alec veio correndo ver como a sua... tá legal, vou dar um desconto para ela, ele veio correndo socorrer a sua companhia.

Depois de uns 20 minutos. Eu estava nos braços de alguém, não vi quem era, mas tenho certeza que era a Mary, e a companhia de Alec foi levada em uma maca toda imobilizada por paramédicos.

Minha vista estava toda embaçada de lagrimas que não aguentei mais e passe os pulsos para secar. Estranho e bizarro. Acho que posso ser lésbica. Por alguma estranha razão, me senti bem nos braços de Mary. Me senti protegida e... desejada?

Finalmente conseguiu voltar a ver direito. Engraçado, no outro lado tem uma mulher bem parecida com a Mary. Mesmo cabelo, mesma altura, mesmo olhos, mesmo rosto... Pera aí! Mesmo rosto?

Olhei direito para a figura descarada que me olhava com um sorriso malicioso no rosto. Aquela era a Mary.

Enrijeci na hora. Se aquela era a Mary, então, quem que esta atrás de mim com os braços protetoramente em volta de mim?

Engoli seco ao sentir uma respiração pesada em meu pescoço acima de meu ombro.

– Você esta bem? – a voz mais sexy e sedutoramente do mundo me perguntou.

OH. MY. GOD.

ALEC. EU ESTOU NOS BRAÇOS DE ALEC. Morri um fui pro céu.

De repente, meu coração acelerou. Meu corpo inteiro esquentou. Tive que reunir cada grama de auto controle para responder.

– S-sim... – mas não adiantou, a idiota aqui teve que gaguejar.

– Fico feliz... – o demônio sussurrou em meu ouvido.

Eu tenho quase certeza que ele sabe o efeito que ele tem em mim. Tive que reunir cada grama de bom senso (e olhe que não foi muito), parar sair dos braços dele. O olhei nos olhos. Grande erro.

– O-Obrigada... – pare de gaguejar maldita. – Obrigada por se preocupar. Nos vemos por aí... – disse me virando.

Só tive um deslumbre de Mary quase perdendo a pose para poder gargalhar de mim. Alec pegou o meu braço e me virou pra ele me fazendo se chocar contra seu peitoral delicioso e... meu cérebro já derreteu.

Ele tocou em meu queixo e elevou meu rosto pra cima, nossos olhos se encontraram e... minha respiração pesou. Ele se aproximou sem parar de olhar nos meus olhos, e tocou seus lábios aos meus. No começo, o beijo foi doce e sensível, mas de uma pra outra, nossas línguas travavam guerra. Em outras palavras, estávamos nos beijando que nem dois esfomeados. Meu estomago embrulhou todo. Vi estrelas e fogos de artifícios e toda essa porcaria que dizem nos romances.

Nos separamos, pois faltou oxigênio. Quem precisa de oxigênio em uma hora dessas?

– Doce... – ele disse roucamente (o que mandou um arrepio nos países baixo).

Ele encostou a testa na minha e disse em um tom sexy e autoritário:

– Te espero ao meio dia no restaurante. – e saiu sem me dar a chance de responder.

Se bem que na hora, eu não estava em condições alguma de processar algo.