Mutant World escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 31
Escuridão


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês! Euuuuu sei, eu enrolei enrolei e o beijo Clato ficou pro próximo capítulo. Não me matem! Mas pensem pelo lado bom, no próximo capítulo vai rolar mais do que Clato, Romione também hein... Podem ficar felizes ♥

Queria muito a agradecer a Gi, que recomendou a história. Fiquei muito feliz! Continuem recomendando hein..



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Os vários olhares direcionados à Gina estavam começando a deixar a garota irritada. Em consequência disso, a mutante estava nervosa. O vento que entrecortava o balanço das folhas nas árvores aumentava em sua velocidade notoriamente, e Hermione já não estava achando uma boa ideia expor a amiga daquele jeito. Apesar de que ainda estava em choque por saber que Gina agora era uma vampira.

– Você quer que uma vampira fique entre nós? - A voz de Lilá quebrou o silêncio formado entre o grupo, depois de ser explicado por Harry detalhadamente o que aconteceu com Gina dentro do laboratório. A ruiva se quer dera uma palavra.

– Ela é nossa amiga. - Hermione se indignou com o tom de voz de garota. O vento forte fazia seu cabelo cor de mel se desgrenhar.

– Ela é uma vampira. - Rebateu Lilá, enfrentando o olhar de Hermione. A mutante alada arqueou as sobrancelhas e deu um passo à frente, ficando próxima de Lilá. Os lábios entreabertos de Hermione acompanhavam uma expressão facial irritada. - Ela não é mais amiga de vocês.

– Quem é você pra falar isso? - As palavras de Hermione foram cuspidas de sua boca. Rony e Harry se entreolharam, o mutante da linhagem Potter estava completamente nervoso com a reação dos amigos.

– Eu sou a garota que viveu presa aqui nessa ilha por anos. - Lilá também deu um passo a frente, fez questão de ficar próxima o suficiente do rosto de Hermione, confrontando-a. - Vocês não sabem nada do que acontece aqui comparado a mim. Eu sei como cada mutante age aqui. O mutante pesadelo.. - Falou, referindo-se ao mutante que atacou Clove e Cato na praia. Os dois se olharam por cima do ombro, os cabelos de Clove voavam sem controle contra o vento. - Os vampiros.. Principalmente os vampiros. Eles não são amigos. Eles só querem te matar. Só isso.

– Você pode estar falando das aberrações que vivem aqui. - Argumentou Hermione, prontamente. - Mas não tem o menor direito de falar isso de Gina. Ela é nossa amiga, e ela vai ficar com a gente.

– Eu não vou ficar perto de uma vampira. - Lilá rangiu os dentes, furiosa.

– Ninguém tá pedindo pra você ficar. - Hermione elevou o tom de sua voz.

– Escuta aqui Hermione, você acabou de chegar aqui no grupo. - A loira rebateu, e apontou um dedo em direção ao rosto de Hermione. A morena entreabriu ainda mais os lábios, a demonstração de sarcasmo em seu rosto fez Harry e Rony ficarem em alerta.

– Você tá pensando o quê, garota? - Hermione segurou a mão de Lilá em um súbito movimento brusco, reprendendo-a de seu ato. As duas deram mais um passo à frente e ficaram cara a cara. Lilá torceu os lábios, fixou os olhos de Hermione com fúria. - Nós somos do grupo e você não. Você nem sabe se vai poder ficar.

– Ela v.. - Cato se intrometeu, mas Clove o queimou vivo com o olhar.

– Cala a boca, Cato. - Ordenou a garota.

– Quem você pensa que é pra falar assim comigo? - Rebateu Lilá, em baixo e bom tom, a fim de amedrontar Hermione. - Eu vivo aqui há muito mais tempo que você. Eu sou muito mais forte que você. Eu posso acabar com você.

– Tenta. - Hermione enfrentou-a, olho no olho. A morena estava completamente enraivecida, mas seu tom de voz imitou o de Lilá: soou baixo, e totalmente frio e assustador. - Mas é melhor você tentar e conseguir. - Apertou a mão de Lilá contra a sua, vendo os olhos azuis da loira se enfurecerem ainda mais. - Porque se não conseguir.. eu que vou acabar com você.

– É o que vamos ver. - Lilá cuspiu as palavras, puxando seu braço e se livrando de Hermione.

– Não aponta mais o dedo pra mim. - Avisou Hermione, quando os passos de Lilá recuaram, e a proximidade entre elas se quebrou. - Alguém mais tem alguma coisa a falar contra a permanência de Gina no grupo? - Indagou, soltando sua respiração forte e pesada, correndo os olhos por entre o grupo, que a encarava surpresos.

– A Gina vai ficar. - Harry consentiu, de prontidão. - E quem não quiser ficar perto dela, que vá embora. - Foram as últimas palavras do moreno, até cruzar o caminho dos amigos e rumar até Gina, que continuava distante de todos eles.

– Harry.. - O mutante foi impedido de prosseguir quando sentiu seu braço ser seguro por Clove. Olhou a irmã nos olhos. Percebeu um receio discreto no olhar da garota. - Ela pode ser perigosa.

– Eu gosto dela. - Rebateu Harry, completamente sério. Não havia quem fizesse ele mudar de ideia naquele momento. - E ela vai ficar.

– Qual sua opinião sobre isso, Cato? - Lilá se aproximou do loiro, ainda exalando indignação em seu rosto e no tom de sua voz.

– A maioria de nós quer que ela fique. - Cato disse, sensato. Clove franziu a testa, observando a proximidade do garoto e de Lilá. - Então ela vai ficar.

– É só ela ter uma oportunidade pra atacar, que ela vai atacar. - Alertou-o Lilá, extremamente séria. - Se algo acontecer com alguém, não diga que eu não avisei.
– Ninguém quer mais escutar sua opinião, Lilá. - Retrucou Clove, cortando aquela conversa, e se aproximando dos dois. Lilá se afastou.

– Gina.. - Harry olhou a ruiva distante. Novamente estendeu a mão no ar e a chamou. Gina balançou a cabeça, negando, enquanto sentia seu corpo queimar e sua cabeça latejar fortemente. Algo dentro dela só aumentava. E ela sabia que era aquela vontade incontrolável de saciar seu desejo por algo que, se humana, teria nojo e repulsa apenas de ver: sangue. - Vem. - Harry insistiu, seus olhos verdes clamavam em tê-la mais perto. - Você vai ficar bem aqui. - O mutante tentou tranquilizá-la, sabendo que eram os instintos dela que estavam impedindo-a de se aproximar dos amigos.

– Somos seus amigos. - Rony falou, olhando a garota, e relembrando-a do elo que existia entre ela, o ruivo e Hermione: o elo da amizade. - Aqui você vai estar segura.

– O que você acha disso? - Rose perguntou à Scorpius, discretamente. Não conseguia pensar em ter tranquilidade convivendo com uma mutante vampira.

– O que eu acho? - Scorpius foi retórico. - Acho que vamos tomar no cu bonito. - O loiro olhou por cima do ombro. - Isso que eu acho.

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– Aqueles desgraçados me pagam! - Vociferava Lewis, enquanto Bellatrix o ajudava a se soltar das correntes. Por sorte, Vítor Krum, o vampiro, tinha escapado da cela e ajudou o policial e a doutora a saírem da hipnose do mutante Scorpius. - Ah, me pagam.

– Você não vai fazer nada com eles. - Bellatrix repreendeu-o, seriamente, quando o policial ficou de pé. A médica analisava os ferimentos pelo corpo de Krum, quem havia lutado contra Rony Weasley.

– Como você pode ser assim? - Lewis demonstrou espanto. - Aquelas aberraçõezinhas te prenderam aqui também, lembra? Se não fosse esse vampiro ai, estaríamos nas mãos deles.

– Calma, Lewis. - A médica sorriu, espantando Lewis ainda mais. - Eles acham que são espertos, mas eles não são.

– Tem certeza? - Debochou o policial. - Porque estávamos presos em correntes e seu mutantezinho aí tá todo quebrado.

– Ronald Weasley sempre teve o temperamento forte mesmo. - Bellatrix admirou o trabalho do garoto, e viu a expressão de indignação no rosto ferido do mutante vampiro. - Ele é uma das minhas incríveis criações.

– Você é maluca, sabia? - Lewis retrucou aquele comentário, e se calou depois de receber um olhar mortal de Bellatrix.

– E você cale a boca. - Ordenou ela, se irritando. - Não prestou nem para vigiar o laboratório. - Duas mutantes já fugiram daqui.

– Quem foram? - Krum perguntou, enquanto sentia o gosto de ferro do seu próprio sangue em sua boca.

– Lilá Brown e Safira Lancer. - Disse Bellatrix, prontamente.

– Safira é aquela garotinha? - Krum recebeu um aceno positivo da médica. O vampiro contraiu as sobrancelhas. - Ela é inofensiva.

– Você está enganado, querido. - Bellatrix abriu um novo sorriso, seu rosto condenando aquele gene maquiavélico da mulher. - Safira é uma criança super-dotada, e não uma quimera. O que a faz parecer inofensiva, quando na verdade é capaz de matar.

– Matar? - Lewis se mostrou surpreso. - Quantos anos aquela garota tem? Quatro? Cinco? E pode matar?

– A Safira teve uma parte de seu cérebro modificado: o córtex cerebral. - Explicou a mulher, começando a caminhar por entre Krum e Lewis. - Os poderes dela funcionam da seguinte forma.. - Bellatrix encarou o policial e o vampiro, que se encontravam lado a lado. A mulher esticou a mão no ar e encarou Lewis, induzindo-o a também esticar sua mão. Feito isso, Bellatrix tocou levemente os dedos de Lewis com os seus. Os olhares se fixaram um no outro. - Quando Safira quer, ela pode paralisar o corpo de alguém.

– Paralisar? - Krum demonstrou total surpresa. - Paralisar totalmente?

– Os poderes dela funcionam como uma droga. - A médica continuou a explicar, enquanto balançava sua cabeça, assentindo positivamente em resposta ao vampiro. - Bufotoxina. Já ouviram falar? É um veneno poderosíssimo. - Bellatrix sorriu enquanto comentava o fato. - Em grande quantidade, paralisa a pessoa e em questão de minutos ela está morta.

– Mas isso é um veneno encontrado em sapos. - Replicou Lewis, ainda tendo sua mão segura pela de Bellatrix. - Um animal. O que significa que a menina Safira sofreu experiências quiméricas.

– Ótimo raciocínio, Lewis. - A mulher elogiou-o, enquanto soltava a mão do policial. - Mas Safira tem apenas poderes muito parecidos. Não chega a ser como o veneno do sapo bufo. Quando Safira entra em contato com o corpo de outra pessoa, se ela desejar, ela consegue paralisar essa pessoa. Mas seus poderes são muito fortes, então, se ela os usar em uma intensidade maior, pode levar a pessoa paralisada à morte.

– Impressionante. - Lewis analisou Bellatrix com o olhar, coçando a barba rala de seu queixo. - É apenas uma criança e é muito poderosa.

– É, eu fiz um ótimo trabalho mesmo. - Gabou-se a médica. - Mas tem um problema.

– Que problema? - Krum franziu a testa.

– Exatamente o que vocês disseram. - Disse a mulher. Percebendo o desentendimento dos dois, terminou de explicar: - Ela é uma criança. E não consegue controlar.

– Então.. - Lewis sorrateiramente abriu um sorriso sombrio. - Ela pode matar qualquer um, e de uma hora pra outra?

– Exato. - Bellatrix assentiu.

– E agora ela tá lá com aqueles desgraçados. - Krum terminou o raciocínio frio e calculista de Lewis. - Ela pode matar qualquer um deles.

– A qualquer momento. - Completou a médica, enquanto via Lewis e Krum se entreolharem. Os ambos sorrisos nos rostos do policial e do vampiro era de impressionar. Completamente cruéis. - Eu não quero que isso aconteça. Mas eles queriam me enfrentar. Agora eles terão consequências.

– Eles acham que vocês dois estão presos e que eu estou quase morto. - Disse Krum, analisando Bellatrix.

– É melhor que eles achem isso. - Bellatrix mexeu em seus cachos desgrenhados. - Assim, vamos armar pra eles.

– O que você quer dizer com isso? - Lewis tentou entendê-la melhor, algo que era completamente difícil. Bellatrix era extremamente improvável.

– Venham comigo. - Mandou a mulher, e foi seguidas pelo policial e o vampiro em um dos corredores a dentro.

Lewis tinha de admitir para si mesmo: aquele laboratório era um lugar totalmente surreal. E aquela doutora era totalmente surreal. Ela havia criado mutantes. Criaturas detestáveis que se achavam superiores por serem aberrações. Lewis sempre teve vontade de exterminá-los, desde que descobriu tudo, e se juntou à Bellatrix. O que já fazia muito, muito tempo. Mas ele não podia. Era obrigado a não fazer. Tudo por culpa de seu maldito passado.

FlashBack ON

Lewis estava em choque. Sentia como se algo estivesse acontecido dentro de seu corpo, e o fez ficar paralisado. Não conseguia se mexer. Não conseguia dizer nada, nem ao mesmo processar aquela imagem em sua cabeça. A única parte de seu corpo que ainda se mexia era sua boca, que se abria e fechava constantemente, sem conseguir emitiar nenhum som. O espanto era uma aura completamente assustadora em volta dele naquele momento. Parado em frente à porta do quarto de seu amigo da escola, Severo Snape, olhava atentamente as garras afiadas nas mãos do menino, os pelos muito maiores do que o normal em suas pernas, e os dentes afiados em sua boca. Ao lado de Severo esta uma mulher aparentando elevada juventude, dona de cabelos negros totalmente desgrenhados e um olhar assustador. Lewis nunca tinha visto-a em sua vida.

– Lewis querido, não tenha medo. - A voz doce da mulher soou distorcida aos ouvidos de Lewis, o garoto de 14 anos percebeu maldade naquelas cordas vocais.

– Tia, tire ele daqui. - Severo tentou se esconder atrás do corpo da mulher, mas foi impedido, quando as mãos fortes de Bellatrix Lestrange segurou-o pelos ombros. A mulher encarou os olhos negros do sobrinho.

– Ele é seu amigo. - Bellatrix disse firmemente para Severo. - Ele é completamente útil. Faça-o enxergar sua mutação como uma vantagem para o mundo que teremos daqui há alguns anos.

– Snape.. - Finalmente, Lewis conseguiu se pronunciar, atraindo a atenção do amigo e da mulher assustadora. Severo encarou o olhar de Lewis, completamente receoso, enquanto Bellatrix encarava o garoto dos cabelos pretos bagunçados e charmosos com um sorriso natural em seus lábios. - O que é isso?

– Você queria saber porque eu me escondia na escola.. não queria? - Snape engoliu seco. - Queria saber porque eu nunca saía de casa.. não queria?

– O que você é? - Lewis proferiu as palavras em bom som.

– Eu sou mutante. - E aquela palavra que saiu por entre os lábios de Snape, ecoou por vários e vários minutos dentro da cabeça de Lewis.

FlashBack OFF

Bellatrix acendeu as luzes do porão do laboratório, onde havia entrado junto de Lewis e Vitor Krum. Ninguém nunca estivera lá antes, a não ser a médica. O vampiro olhava ao redor completamente perplexo, Lewis tinha aquela mesma expressão de espanto em seu rosto, como há anos atrás descobrindo que Severo Snape era um mutante lobo.

– Então.. é aqui que você as enconde? - Lewis olhava as estreitas celas feitas de vidro, onde cada mãe, de cada mutante que ele havia trago para a ilha, estavam presas. Os berros de revolta e indignação vindos de lá de dentro, e o som dos murros pela vidraça blindada, não chegava a chegar até o porão.

– Portas acústicas. - Bellatrix explicou, enquanto observava a expressão de curiosidade no rosto do mutante vampiro, por não escutar se quer um dos gritos das mulheres presas em suas celas. - Não tenho paciência para gritaria.

– Essa ali é a senhora Malfoy. - Lewis apontou para a mulher que esmurrava a vidraça. Lendo os lábios da mulher, o policial conseguiu entender que implorava por "me tirem daqui". - Eu me lembro de prender ela.

– O que você faz com elas, Bellatrix? - Krum indagou, com curiosidade. A pouca luminosidade do porão dava um ar ainda mais sombrio àquele lugar. Seria possível as coisas ficarem mais aterrorizantes naquela ilha?

– Meu projeto não pode parar. - Explicou Bellatrix, sorrindo, e deslizando o dedo por um das portas de vidro. Estava frente a frente com Claire Whotsley, mãe de Gina Whotsley. - Preciso continuar criando meus mutantes. Eu nunca pude ter filhos.. então, alguém tem que fazer isso por mim.

– Você tá querendo dizer que elas são suas cobaias? - Lewis encarou Bellatrix, totalmente pasmo.

– Todas elas. - Bellatrix sorriu intensamente.

– Mas aquela ali parece uma criança. - Krum rebateu, apontando em direção ao vidro onde uma garota de cabelos cor castanho quase louro estava caída sobre o chão, os olhos cor de caramelo permaneciam pouco abertos com muito esforço, e a os lábios feridos e entreabertos soltava uma respiração acelerada. Um pote com vestígios de sangue estava jogado ao lado do corpo da garota.

– Ela também é uma cobaia. Mas ela servirá para outra coisa. - Explicou a médica, analisando a situação de Gabriela. - Vai ser um reencontro lindo, você não acha querida? - Bellatrix aproximou-se do vidro, e encarou os olhos vermelhos da menina. - Tá com saudade da irmãzinha? - Brincou a médica, como se falasse com um bebê. - Logo logo você vai ver ela de novo.

– Bellatrix.. - Lewis chamou atenção da cientista, que deixou de observar Gabriela e voltou a olhar o policial. - O que você pretende com tudo isso?

– Criar uma nova humanidade. - Um sorriso caloroso e malicioso surgiu na mulher.

– Você quer ser Deus. - O policial rebateu prontamente.

– Não, querido. - Bellatrix aproximou-se do homem e o segurou pelo queixo, os dois trocando um intenso olhar em seguida. - Eu quero ser melhor.

– Quantos anos você tem? - Lewis rapidamente perguntou-a, essa sua curiosidade nunca iria morrer.

– Eu nunca digo. - Retrucou Bellatrix, dando uma piscadela e beijando os lábios do policial. Krum, do outro lado do porão, arqueou as sobrancelhas com a cena.

– Nunca diga nunca. - Lewis advertiu-a, sorrindo junto.

– Nunca.

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– Você está bem? - Harry alisava os cabelos de Gina com as mãos, enquanto era abraçado por ela. As mãos firmes da ruiva envolviam a cintura do mutante, enquanto sua cabeça era repousada no ombro dele. Gina se sentia fraca, e essa fraqueza era decorrente da sua intensa vontade de se alimentar. Ela mal conseguia encarar seus amigos sem se ver atacando-os e machucando-os.

– Não. - Confessou em um sussurro torturante para Harry. Era notório que ela estava completamente mal com aquela situação, nem ao menos teve a chance de se defender do vampiro quando foi atacada. Tudo que Harry pensava era que podia ter chegado antes e se livrado daquele mutante filho da puta, então nada disso teria acontecido com Gina.

– Uma vampira amiga eu até entendo.. - Scorpius retrucava consigo mesmo, estava sentado no chão e abraçava os próprios joelhos. O grupo se distanciara do laboratório, chegaram a conclusão de que mesmo com Bellatrix e Lewis presos, algo poderia acontecer e aquela proximidade toda naquele lugar poderia resultar em problemas extremamente grandes. Muita gente já tinha saído machucado naquela história, era melhor evitar. - Mas uma criança mutante que a gente nem conhece..

– O que disse, Scorpius? - Clove retrucou os resmungos de Scorpius, e enfrentou o olhar dele quando ganhou a atenção de todo o grupo.

– Foi o que ouviu. - Rebateu o loiro, firmemente. Se tinha uma coisa que estava no sangue de Scorpius, era honrar o que falava, e defender até o fim uma ideia que tinha. - Já estamos correndo perigo demais com Gina aqui, e agora ainda vamos cuidar de uma criança?

– Ela estava presa! - Clove argumentou, indignada. Viu Scorpius se levantar do chão e fixá-la, seriamente.

– E dai? - O loiro desdenhou. - Nem ao menos conhecemos essa garota. Ela vive aqui nessa ilha e você quer que, de uma hora pra outra, a gente adote ela?

– Você é um insensível mesmo, né garoto? - Hermione se intrometeu, correu os olhos de Scorpius até Safira, que estava encolhida ao lado do corpo de Clove. - A garotinha não sabe se defender.

– Ora, e vocês sabem? - Scorpius continuou a desdenhar. - Olhem pra Clove, olhem o estado dela. Tá toda ferrada e ainda tá querendo proteger uma criança?

– Cala a boca, Scorpius! - Clove cuspiu as palavras, avançando contra Scorpius, mas foi prontamente segurada por Cato.

– Se não fosse a Rose, nem viva você estaria! - Retrucou o loiro, enfrentando o olhar enraivecido de Clove. A morena puxou os braços com força, tentando se livrar de Cato, mas continuou presa firmemente por ele.

– Quer dizer que ficou se gabando pra cima dele? - Indignou-se completamente, e jogou a história para cima de Rose.

– Pode parar! - A ruiva ordenou, totalmente séria. - Você não vem pra cima de mim, porque eu sei que você adora descontar sua raiva nas pessoas. E em mim isso não cola mais, Clove.

– Me solta Cato. - A morena se debateu, tentando ficar livre.

– Não solto não. - A voz firme de Cato a fez parar de bater seus braços contra o ar. - Tá todo mundo nervoso aqui, e bater em alguém não vai ajudar.

– Você viu o que o imbecil do Scorpius disse? - Clove aumentou a voz, girando a cabeça para encarar o olhar de Cato, com raiva.

– Clove.. - Harry soltou o corpo de Gina e se aproximou da irmã. - Talvez o Scorpius tenha razão.

– Como é, Potter? - Clove se revoltou completamente. Em um solavanco, se soltou dos braços de Cato e o ameaçou claramente com o olhar, quando o garoto tentou prendê-la de novo. - Se me segurar de novo, eu te mato. - Ameaçou-o, furiosa. Cato bufou e enfiou uma mão entre os cabelos, vendo Clove agredir Harry apenas com o olhar. - A Safira é uma criança.

– Ela pode ser perigosa! - Retrucou Scorpius, elevando sua voz e se metendo novamente na conversa.

– Assim com a Gina pode ser! - Clove gritou e apontou o dedo para a ruiva, que mostrou as presas em sua boca. Hermione e Rony ficaram de prontidão para segurá-la, caso a mutante tentasse atacá-los. - Tá vendo só? Ela nem se quer sabe se controlar. É a Safira a criança que pode atacar qualquer um aqui?

– Eu não pedi pra ficar. - Rebateu Gina, se enfurecendo, provocando um brilho intenso em seus olhos cor rubi. - Eu não quero machucar ninguém, mas você vai ser a primeira se continuar falando de mim desse jeito.

– Tá vendo só, Potter? - A morena desdenhou novamente. - Escuta aqui, ninguém pediu pra você ficar.

– EU PEDI! - Harry gritou, calando Clove imediatamente. Os olhares dos amigos se voltaram para ele. - Olha aqui Clove, a Safira pode não ser perigosa mas ela é uma criança e não temos como protegê-la. - O moreno falou, enfrentando o olhar da irmã. - Então a gente vai dar um jeito de sair desse lugar, e vamos dar um jeito de deixar essa menina com alguém.

– Não tem como sair. - A voz de Hermione atraiu a atenção do grupo. Rony olhou-a com espanto imediato.

– O que quer dizer com isso? - Harry encarou a morena nos olhos, percebeu-a engolir seco e respirar fundo.

– Não dá. - Hermione balançou a cabeça negativamente. - O Rony não vai conseguir materializar um barco ou uma canoa, e também não vai conseguir se teletransportar. Assim como o Harry não vai conseguir se comunicar com ninguém. - Falou ela seriamente, se lembrando do que Bellatrix Lestrange a contou. - Estamos presos aqui.

– Tem que ter um jeito. - Rose tentou ter esperança.

– Mas não tem. - Lilá argumentou. - Essa é a ilha. Quem entra aqui, não sai mais.

– A gente vai sair. - Rony cerrou os dentes e fechou os punhos.

– Não tem como.. - Hermione o olhou tristemente.

– Mas a gente vai! - A voz do ruivo cortou o vento da mata. - Aquele doutora maluca tá achando que a gente vai morrer aqui, mas ela tá muito enganada. Ela não sabe com quem tá mexendo.

– Vocês ainda não perceberam né? - Scorpius desdenhou da capacidade dos amigos.

– Não percebemos o que, Scorpius? - Gina retrucou, seca.

– As coisas não são mais como eram antes. - O olhar de Scorpius rutilou, sombrio. - Se a gente quer sair daqui, a gente não pode bater em um vampiro e deixar ele todo quebrado do chão. - Olhou Rony, lembrando o ruivo do que houve na sala onde Hermione estava presa. - A gente precisa bater até matar. E cortar a cabeça pra garantir.

– É nisso que ela quer transformar a gente. - Lilá se referiu à Bellatrix. - Ela quer nos transformar em pessoas frias. Pessoas que matam.

– Se é o que ela quer.. - Harry respirou fundo, passando a língua por seus dentes. - É o que ela vai ter.

– Vocês podem fazer o que quiserem. - Cato deu de ombros, enquanto destravava a arma que havia pego de dentro do cós de sua calça, e se certificava de que a havia recarregado. - Eu vou atrás do meu irmão.

– É melhor você não ir sozinho. - Lilá o alertou.

– Por que não vai com ele? - Retrucou Clove, em um deboche irritado.

– Eu não me importo. - O loiro mirou sua pistola para a árvore atrás de seu corpo, levou o dedo ao gatilho e disparou, assustando Safira, que agarrou as pernas de Clove. A morena alisou o cabelo da menininha, e observou a frieza de Cato naquele momento. - Já enfrentei outros mutantes antes. E eu preciso encontrar o meu irmão. Vivo.

– Eu vou com você. - Clove disse, surpreendendo Cato completamente. O loiro girou o rosto e olhou a garota nos olhos. Por uma fração de segundos, sentiu toda aquela retaguarda de menina durona ir por água a baixo, e conseguiu notar uma preocupação nos olhos dela. Ele sentiu o calor da preocupação dela naquele momento. - Sei o que é procurar pelo próprio irmão e ter medo de não encontra-lo. - Ela disse, vendo Harry soltar uma respiração pesada. - Então eu vou com você.

– Achei que estivesse me odiando. - Cato rebateu.

– Eu estou. - Confessou ela, cheia de si. - Mas precisamos achar seu irmão. E não temos muito tempo.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram da revelação do Snape e do Lewis? Hahaha
Na minha humilde opinião, esse capítulo foi bem tenso.. Não deixem de comentar, hein?

Xoxo, Jen!