Filha da Lua escrita por Bia Kishi


Capítulo 18
Capítulo 18 - A Vida Cantinua


Notas iniciais do capítulo

Antes que eu dissesse qualquer coisa, ela se aproximou. Sentou-se na beira da banheira e colocou a mão sobre a minha, em minha barriga.
Esme não disse nada, nem eu. Seus olhos diziam que ela já sabia, seu sorriso dizia que ela estava feliz com a novidade. Foi quando eu percebi que ganhara um presente de minha mãe, um anjo. Como eu não poderia tê-la comigo, ela havia me mandado Esme, para ser o que ela não poderia, minha mãe.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/37933/chapter/18

Ele correu até mim, segurando-me em seus braços.

-           Eu estou aqui, amor.

            Eu me agarrei a seu corpo, como se ele fosse a tábua de salvação de náufrago. Não importava o que acontecesse, eu não o soltaria.

            Meu pai passou o braço forte em volta de minha cintura, apertando-me em seu corpo. Não havia doçura nenhuma em seus olhos, o brilho quente e dourado não estava lá. Seus olhos eram negros.

            Ele se virou para Caius e falou, com uma voz ameaçadora, uma que não se encaixava nele.

-           Não sei o que fez a ela, mas se voltar a se aproximar de minha família, será a última coisa que fará em sua existência deprimente.

            Caius não respondeu, apenas sorriu, em vitória – ele já tinha o que queria, havia me separado de Demetri e mostrado sua superioridade. Eu não me importava, não queria nunca mais voltar aquele lugar. Demetri morrera para mim no momento em que percebi que o homem que eu amava, só existia em meus pensamentos.

            Meu pai se virou para a porta, ainda comigo em seus braços e caminhou para fora, Marcus veio atrás.

-           Carlisle?

            Ele se virou. Os olhos negros reluzindo de ódio, as mãos em punho.

-           Carlisle. Quero que saiba que nem eu, nem Aro sabemos o que aconteceu. Voltamos do Sul, ainda esta tarde.

-           Não importa.

-           Importa sim! Satine é tão importante para nós, como é para você. Eu não permitiria que alguém a magoasse, e se isso aconteceu, eu descobrirei.

Meu pai relaxou. Eu senti sua mão se afrouxar um pouco, em volta de mim.

 -          Sou muito grato por terem cuidado da minha filha por tanto tempo, mas daqui para frente, eu mesmo cuidarei. Obrigado.

            Marcus segurou minha mão livre e a beijou gentilmente.

-           Eu vou descobrir, minha querida, eu vou descobrir.

Apenas assenti com a cabeça, e uma pequena lágrima desceu, contra minha vontade.

O braço apertou novamente, quase arrastando meu corpo para fora do castelo. Um carro nos esperava no jardim. Assim que a porta do carro se fechou, eu encostei minha cabeça no ombro do meu pai e desabei. Sentia como se o mundo tivesse sido tirado de debaixo dos meus pés. Eu chorei. Chorei da Toscana até Seatle. Então minhas lágrimas secaram, e nada mais abrandava a minha dor.

Meu pai permaneceu em silêncio, me aconchegando em seus braços.

Quando saímos do avião, o ar frio dos Estados Unidos me fizer tremer. Meu pai retirou o casaco e o colocou sobre meus ombros. Eu ainda vestia o mesmo vestido de festa, e todos olhavam para nós. Eu queria sumir, queria que a terra me engolisse. Afundei a cabeça no peito de meu pai e ele me conduziu até o Mercedes preto, estacionado no aeroporto.

Voltamos para a casa em silêncio. Durante todo o trajeto para Forks, a única pergunta que ele me fez, foi a respeito de eu ter ou não contado sobre a gravidez á Demetri. Eu respondi com uma balançada de cabeça, e ele entendeu que eu não queria falar sobre o assunto.

Chegamos no fim da tarde. Alice estava na porta, esperando por nós. Meu pai olhou para ela, e ela entendeu, recuando um pouco, enquanto passávamos.

Ele me deixou no quarto e fechou a porta. Eu precisava descansar, e ele sabia que não ajudaria nada, ser bombardeada por perguntas naquela noite.

Tirei o detestável vestido e o joguei na lata de lixo, fazendo esforço para que servisse. Eu não queria, nunca mais, ter que vê-lo em minha frente.

Entrei na banheira, cheia de água quente, e fiquei mergulhada, sentindo a água me envolver. Escorreguei a mão em minha barriga, as lágrimas desceram. No começo algumas e depois muitas. Fazia tão pouco tempo, desde que eu descobrira o meu bebezinho, mas eu sentia como se ele estivesse sempre ali, como se fizesse parte mim.

-                   Não vou deixar ninguém magoar você, eu prometo – Falei em pensamento, com a minha barriga.

Prometi mais para mim mesma, do que de fato, para ele. E eu não permitiria mesmo, nunca.

Eu estava triste, e magoada e sentia como se nunca fosse melhorar. Respirei fundo e fechei os olhos. Eu pensei em minha mãe. Pensei em como fora difícil para ela enfrentar tudo por mim. Se eu, que tinha o apoio de meu pai, já sentia que não ia conseguir, imagine como foi com ela?

Nunca senti tanta a falta de uma mãe, como naquele momento. Eu queria colo, queria colo de mãe. Queria trocar experiências, queria perguntar, queria responder.

Soltei o ar dos pulmões de uma vez só, então, uma mágica aconteceu. Esme apareceu, bem na porta do meu banheiro. Como ela sabia do que eu precisava?

            Antes que eu dissesse qualquer coisa, ela se aproximou. Sentou-se na beira da banheira e colocou a mão sobre a minha, em minha barriga.

            Esme não disse nada, nem eu. Seus olhos diziam que ela já sabia, seu sorriso dizia que ela estava feliz com a novidade. Foi quando eu percebi que ganhara um presente de minha mãe, um anjo. Como eu não poderia tê-la comigo, ela havia me mandado Esme, para ser o que ela não poderia, minha mãe.

            Ela ajudou-me a sair da banheira e a me vestir. Conduziu-me em silêncio para a cama, e puxou minha manta rosa. Permaneceu ali, sentada comigo, afagando meus cabelos, até a noite acabar.

            Acordei na manhã seguinte sozinha. Levantei-me sem vontade e desci as escadas, ainda com a calça xadrez de flanela, e a camisetinha regata curta. Meus cabelos estavam embaraçados e meu rosto inchado de tanto chorar.

            Andei até a cozinha para pegar um copo de água. Minha irmã Alice estava sentada na bancada da pia, mexendo os pés para lá e para cá.

-                   Como sabia que eu estaria aqui, se não pode ver meu futuro?

-                   Não preciso. Eu sou uma vampira, lembra?

-                   Não entendi?

-                   Eu ouvi quando se levantou, sua boba. E por falar nisso, você está um terror!

Eu sorri.

-                   Puxa que comentário gentil!

Alice me puxou num abraço apertado e eu senti meus olhos ficando molhados novamente.

-                   Pelo amor de Deus, garota, pare de chorar! Assim não haverá corretivo suficiente no mundo para tirar estas olheiras.

-                   Desculpe.

Alice aconchegou meu rosto em seu ombro, e afagou meu cabelo, desfazendo de leve os nós.

-                   Felizmente você é naturalmente linda!

-                   Senti sua falta.

-                   Eu também.

Ficamos abraçadas por um tempo, apenas sentindo o carinho uma da outra. Então Alice afastou-se um pouco de mim, e ergueu minha blusa.

-                   Deixe-me ver se já dá para notar!

-                   Ainda não, Alice! É muito cedo.

-                   Vai ficar tão bonitinha quando aparecer!

-                   Por falar em aparecer, como você soube? Eu pedi para papai não contar a ninguém!

-                   Bem, desculpe, eu não pude evitar! Eu não posso ver o seu futuro, mas posso ver o de Carlisle e francamente, ele não pensava em outra coisa!

Eu a abracei. A resposta fora bastante convincente e ainda liberava meu pai de ter quebrado a promessa.

-                   Você contou a alguém?

-                   Não, é claro que não. Eu percebi que ele tentou esconder de mim e de Edward. Acho que de Edward ele conseguiu, coisas de homem que vai casar!

-                   E como Esme soube?

Antes que Alice pudesse responder, senti as mãos frias e delicadas de Esme em meus ombros. Ela me abraçou de costas, pousando as mãos sobre a minha barriga.

-                   Eu já sabia querida, estava nos seus olhos.

-                   Porque não disse nada?

-                   Dei um tempo a você. Minha mãe me dizia que quando geramos um bebê, ficamos iluminadas, é assim que você está. Impossível não perceber.

-                   Eu estou horrível!

-                   Você está linda! Linda e radiante, como uma verdadeira mãezinha.

Eu suspirei fundo. Por mais feliz que eu estivesse, ali, com as mulheres mais importantes da minha vida, eu não podia esquecer que estava só. Esme deve ter percebido e descansou minha cabeça em seu ombro.

-                   Vamos estar com você, sempre.

E então a dor abrandou um pouco, e eu me permiti sonhar que talvez um dia, eu voltasse a ser a mesma Satine de sempre.

            Alice me convencera a subir e me arrumar, eu aceitei. Só quando tentei enfiar em meu corpo uma calça jeans, percebi que não servia mais. Alice sorriu.

-                   Vamos ter que fazer umas compras!

Vesti minha calça preta de balé – que por sorte era de malha e esticava – e uma blusinha branca. Alice penteou meus cabelos e os prendeu em um rabo de cavalo.

Minha irmã deixou-me no quarto e pediu a chave do BMW emprestada. Eu imaginei o que ela queria, mas consenti mesmo assim. Não adiantava muito, a palavra “não” nunca surtiu muito efeito em Alice, então ela saiu, e eu sabia que voltaria com montes e montes de sacolas de compras.

Fiquei em minha cama, olhando a névoa fina que embaçava a janela, enquanto conversava com o meu vampirinho.

Edward entrou e sentou-se na cama, ao meu lado. Deu-me um beijo na testa e suas mãos pousaram suaves em meu rosto.

-                   Vai melhorar, eu prometo!

Eu o abracei e me aconcheguei em seu peito. Edward me dava segurança, uma segurança que eu só sentia nos braços do meu pai.

-                   Quero te contar uma coisa.

Ele voltou os olhos aos meus e esperou.

-                   Vamos dar uma caminhada?

-                   Prefiro que me leve ao nosso lugar especial.

-                   Ótimo.

Edward me agarrou em seus braços e puxou a manta cor-de-rosa para me cobrir. Arrastando-me janela á fora.

-                   Ei, eu posso caminhar!

-                   Eu sei! Mas assim é muito mais divertido.

Alguns minutos depois, estávamos no alto de nosso abeto, sentados lado a lado. Eu comecei a falar, assim que consegui me aninhar novamente em seus braços.

-                   Ed, eu... eu...

Eu não conseguia falar.

-                   Vai ter um bebê?

-                   Como sabe?

-                   Carlisle não é muito bom em esconder coisas!

Edward sorriu do próprio comentário, fazendo-me rir também.

-                   Não sei o que fazer.

-                   Acho que será uma ótima mãe!

-                   Acha mesmo?

-                   Não verdade, não acho não!

-                   Não?

-                   Tenho certeza! Sua boba.

Ele beijou a minha testa e acariciou meu rosto.

-                   Tudo vai ficar bem. Eu estou aqui, e não vou deixa-la.

-                   Você seria um ótimo pai, sabia?

-                   Não sei não.

-                   Eu sei. Você é um ótimo filho, e um ótimo irmão, seria um ótimo pai.

-                   Bem, posso praticar com o sobrinho!

Ficamos conversando até o começo da tarde. Na volta, Edward me ajudou a caçar – eu estava ficando meio lerda e se continuasse neste ritmo, meu bebê só conseguiria se alimentar de coelhos e pombos!

A noite foi um pouco mais agradável, quando chegamos em casa e todos já sabiam da novidade. Rosalie ficara indignada em saber onde eu havia ido com Edward – provavelmente eu teria problemas em ter uma gravidez saudável com ela por perto. Emmet adorou a idéia de ter uma criança em casa, e Jasper me abraçou e se prontificou a me ajudar sempre que precisasse caçar. Meus irmãos eram os melhores!

Senti um cheiro diferente vindo da cozinha dos Cullen. Um cheiro bom, embora conhecido, eu não conseguia distinguir o que era.

Andei até lá, e encontrei Esme tirando do forno uma assadeira cheinha de biscoitos com gotas de chocolate. Tinha também uma bandeja com um copo de leite morno. Não pude deixar de sorrir, ela parecia ainda mais “mãe” fazendo aquilo. Eu a abracei.

-                   Bem, querida, como você só é metade vampira, talvez o bebê queira um pouco de comida humana.

-                   Esme, não precisa se preocupar.

-                   Acostume-se, eu vou fazer isso por nove meses! Ou pelo tempo que precisar!

Sentei-me na bancada da pia e peguei o copo de leite e alguns biscoitos. Estava delicioso e percebi que meu enjôo já era uma fase vencida. Quando me dei conta, a assadeira estava vazia.

-                   Vou ficar obesa, se continuar assim! E nem me venha com esta história de que estou comendo por dois, porque eu sou médica e sei que é mentira!

Esme sorriu.

-                   Ah não! Dois médicos na família é demais para qualquer mãe!

-                   Qual o problema com os médicos?

Meu pai nos interrompeu, parando ao meu lado e beijando minha testa e depois Esme.

-                   Esme estava falando mal de nossa profissão!

-                   Bem querida, em todos estes anos de medicina, eu não encontrei uma esposa de médico satisfeita!

Nós três sorrimos e meu pai expressou sua felicidade por me ver um pouco melhor e bem alimentada.

Ele segurou em minha mão e me conduziu até meu quarto, nós precisávamos conversar, embora eu não quisesse falar no assunto.

Entramos e ele fechou a porta. Eu me deitei na cama e meu pai sentou-se comigo.

-                   Porque não contou a ele, querida?

-                   Ele me traiu, pai, e ainda pior, com Heidi.

-                   Como sabe, Satine?

-                   Eu vi.

-                   Viu o que?

-                   Eu o vi, no subterrâneo, com ela e o cadáver de uma garota.

Eu pensei que meu pai me daria razão – era o sensato a se fazer para uma filha que havia sido traída – ao invés disso, ele respirou fundo e pensou, por alguns instantes.

-                   Filha, descreva exatamente o que você viu no subterrâneo.

-                   Demetri estava deitado no chão, apenas de calça jeans, Heidi estava sobre ele, nua. Eles estavam de costas para mim, e o corpo da garota estava lá, largado no chão, sem vida.

-                   Então você não viu Demetri fazer, exatamente, nada.

-                   Como nada, pai? Ele estava lá, com ela. Eu achava que ele não faria mais isso, que não se deixaria levar por ela, e me enganei.

-                   E depois Satine, o que a vez ficar com Caius?

Eu baixei meus olhos, aquela era a pior parte, a mais dolorosa e a mais vergonhosa.

-                   Ele me disse que teria que destruí-lo, por envolver-se comigo e me trair, disse que isso desonrava o covil.

-                   Mas não o destruiu?

-                   Não. Eu pedi, eu quase implorei, e ele me disse que o único jeito era se fingíssemos que nada aconteceu e que Demetri não significava nada para mim, só uma diversão.

-                   E nenhum de vocês chegou a falar com Demetri?

-                   Não.

-                   Então, devo supor, que ele não sabe que tudo foi uma encenação, incluindo o beijo que Caius lhe deu?

-                   Acho que não.

Meu pai levou as mãos ao rosto. Ele estava sério e triste. Eu não conseguia entender sua linha de raciocínio, mas pelo que pude perceber, ele achava que Demetri não era culpado. Confesso que senti uma pontinha de raiva dele – como ele poderia não me defender?

-                   Satine, minha querida, não acha um pouco providencial que justo quando Demetri decidi abandonar os Volturi, algo assim aconteça?

Eu pensei por um tempo. Tudo que eu mais queria naquele momento, era concordar com meu pai, mas quando fechava os olhos não conseguia tirar a cena da minha cabeça. Por mais que tenha sido uma armação, Demetri estava lá, sujo de sangue, com ela em seus braços. De uma maneira ou de outra, ele havia se deixado envolver, e isso já era suficiente.

-                   Pai, talvez você até tenha razão, mas não é o que eu esperava do homem que eu queria ao meu lado.

Eu o abracei e pousei minha cabeça em seu ombro.

-                   Eu sonho com um homem como você. Decente, apaixonado e justo, e principalmente, honesto. Eu teria perdoado, pai, se fosse um deslize da sede, como já perdoei tantas vezes em minha vida.

Meu pai estreitou os braços à minha volta.

-                   De qualquer maneira, amor, eu acho que deveria contar a ele. Se não quiser vê-lo, eu posso ir a Volterra por você.

-                   Não pai, eu não quero que ele saiba. Não é justo com o meu bebê, ele não merece tudo isso. Á partir de agora, ele ou ela, é meu bebê. Só meu.

Meu pai suspirou fundo, eu sabia que tudo isso o fazia sofrer. Ele ainda pensava em mim, e se sentia negligente por não ter me criado. Era triste vê-lo sofrer, por mais que eu dissesse que não queria que tivesse sido diferente, que estava feliz com minha vida. Eu lhe beijei o rosto e sorri.

-                   Pai, será diferente com ele.

Peguei a mão de meu pai e coloquei sobre a minha barriga, com a minha por cima.

-                   Meu filho nunca sentirá falta de carinho, temos uma linda família. Eu ainda tenho Jacob e Billy, não se preocupe.

Eu olhei no fundo dos seus olhos.

-                   E ele ainda terá a chance de ter o melhor pai do mundo, você!

Meu pai me abraçou e ficou comigo até que eu adormecesse. Embora ele não tivesse discutido comigo, eu sabia que não compartilhávamos da mesma opinião – ele ainda achava que eu devia procurar Demetrri e ouvi-lo.

Alice me acordou na manhã seguinte, ela estava ansiosa e com um biquinho no rosto.

-                   O que foi que eu fiz, Alice?

-                   Como assim, o que foi que você fez? Você foi dormir antes de me ver!

-                   Alice você não estava em casa quando eu fui dormir, além disso, eu precisava conversar com papai.

-                   Ta, tudo bem. Só vou te desculpar por causa do meu sobrinho!

Eu sorri. Era mesmo impossível permanecer triste com tanto amor.

Como esperado, Alice havia comprado um shopping inteiro. Roupas de todos os tipos e modelos possíveis e coisas que eu nem imaginei que existiam.

-                   Alice, porque comprou tanta coisa?

-                   Bem, nós ainda não sabemos se é um vampirinho, ou uma vampirinha, portanto, comprei pros dois e pra você é claro! Francamente, você me conhece, sabe que eu não a deixaria passar uma gravidez aos farrapos!

-                   E o que nós vamos fazer com o que sobrar?

-                   Isso é só um detalhe! Venha, agora temos que decidir como vai ser o quarto.

Eu fui obrigada a jogar um pouco de areia no castelo de Alice.

-                   Alice, não acha melhor esperarmos o casamento de Edward?

Alice fechou a cara no mesmo instante. Suspirou fundo, no fundo ela sabia que eu tinha razão, então, não discutiu.

-                   Estraga prazeres!

A vida seguiu seu rumo, nas últimas semanas. Eu e Jacob brincamos muito – mesmo ele tendo medo de machucar o bebê. Terminamos a escola, nos formando com louvor. Minha barriga começou a aparecer, e eu a ficar com vergonha. Até que um dia, meu pai me pediu para parar de agir como se ele fosse do século passado – apesar de ele ser mesmo – porque ele achava maravilhoso ser avô e não se importava nem um pouco com o que os outros pudessem pensar.

Edward, meu querido irmãozinho, casou-se com a mulher amava, numa linda noite estrelada. Eu estava ao seu lado, como havia prometido algum tempo atrás. Eu tive que consolar meu amigo, Jacob, como eu já esperava. E então nós dois nos tornamos o casal solteiro mais unido do mundo.

Jake me prometeu que cuidaria sempre de mim, e do “nosso moleque”, como ele costumava dizer.

Eu não estava feliz, mas também não estava mais tão triste.

Em algumas noites, eu sonhava com ele, meu Demetri. Em algumas eu apenas chorava. Em outras eu sentia o seu perfume, como se ele estivesse por perto, e então, era mais difícil acordar e continuar. Nesses dias difíceis, em que eu parecia não ter forças, meu pai me ajudava, me aconchegando em seus braços e prometendo que tudo ficaria bem. Por mais difícil que fosse, quando olhava em seus olhos quentes, de ouro derretido, eu não podia deixar de acreditar. Com ele por perto, tudo ficaria mesmo bem, ainda que fosse apenas uma promessa.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!