Quando cheguei a sala de jantar Maxon já estava lá conversando com Celeste e Kriss e não pode deixar de sorrir quando me viu entrar.

– Bom vê-la, senhorita América! - ele me disse como se fosse para deixar em segredo a nossa tarde juntos.

Eu fiquei um pouco desapontada com isso, já que queria esnobar um pouquinho para as outras que Maxon me amava, como elas gostavam de fazer comigo, mas rir as costas delas também não era nada mal.

– Sim, estou feliz em vê-lo também!- disse segurando a risada. - Parece que faz uma eternidade que não nos falamos… - bem isso era verdade já que estava muito ansiosa para ver Maxon de novo.

– Sim, a senhorita não saía de seu quarto! Esta tudo bem? - Maxon era muito bom em disfarçar, acho que isso vem da realeza mesmo.

– Estou sim, obrigada - e me sentei aliviada.

Não sei se já era assim ou ela começou agora, mas Celeste estava vestida vulgar demais. Não sabia se o decote era maior ou o vestido estava cravado demais nas costas, eu num queria nem saber nas pernas.

– Então América, o que fez todo esse tempo que estive fora? - Maxon perguntou como se estivesse esperando a minha resposta a tempo.

Com certeza Kriss e Celeste já haviam contado tudo para ele…

– Contei-lhe que fomos invadidos pelo revoltosos - Kriss disse, tentando puxar um assunto.

– E claro em como quase fui pega e quebrei o dedinho - Celeste não podia deixar de dar uma de dodói. - Mas acho que já te falei disso… - ela disse quando Maxon não deu atenção para o que falava já que continuava olhando para mim.

Eu o encarei procurando uma resposta, já que essa pergunta me fez lembrar de todas as coisas ilegais que eu andei fazendo no tempo em que ele esteve fora… Eu tinha passado bastante tempo com Aspen; planejado a vinda das italianas; visto Marlee; entrado no quarto dele; descobrindo coisas secretas sobre ser uma rainha; estando no meu quarto tocando violino… Isso! Essa era uma boa resposta.

– Eu fiquei no meu quarto aproveitando o tempo - realmente, em parte não era mentira.

– Legal, só isso? Nada mais? - Maxon não parecia muito confiante ao que eu havia dito, ou pelo menos queria brincar comigo.

– Sim, fiquei treinando um pouco no violino, caso recebermos mais alguma visita - eu realmente estava torcendo para que não.

– Eu também estou ensaiando algumas coisas novas, afinal, não é só ela - Celeste apontou para mim com cara de nojinho - que tem talento aqui! - ela me olhou fazendo careta.

Eu ergui a sobrancelhas pra ela com vontade de rir. Ela estava mesmo ofendida com o que eu havia dito hoje mais cedo? Legal!

– Que bom Celeste, só deve se vestir com um vestido, assim todos nós conseguimos ver o quão talentosa você pode ser...- eu apontei pra ela e não pode evitar de ver a cara de assustado que Maxon fez.

Kriss não conseguiu deixar de pigarrear.

– Bom, errr… realmente Celeste talvez... - Maxon estava envergonhado e não continuou. Eu sabia que ele gostava do vestido dela, mas não na frente de todos.

– Me perdoe - Celeste estava envergonhada, mas com certeza com raiva de mim.

Olhei em volta, e percebi que não estava mas só nós ali, Aspen estava ali e estava indo falar com Maxon. Ele percebeu que estava olhando-o e nisso se abaixou e cochichou algo para Maxon, o que o fez olhar para mim e rir, eu automaticamente abaixei a cabeça envergonhada.

– Sim, sim com certeza - Maxon disse-lhe na risada.

Kriss me olhou assustada, e o olhar de Celeste era de raiva.

– Senhorita América, como anda seu humor ultimamente, nos conte, sempre foi uma menina obediente? - Maxon só podia estar de zoação. Aspen saiu sem dizer nada.

– Eu...bom acho que … - o que eu ia falar afinal, Aspen só podia estar de combinação para me deixar sem jeito. - Talvez não foram os meus melhores dias… - eu me justifiquei e encarei Maxon. - Foram momentos memoráveis pra a vossa Majestade?

– Não como eu gostaria… - disse Maxon presunsosamente.

Quando eu iria responder o rei e a rainha entraram e foram se sentar. Pareciam ter escutado a nossa conversa, mas não quiseram interromper. Todos nos nos calamos e nos ajeitamos.

Maxon cumprimentou seus pais e começamos a comer. Eu fiquei encarando Aspen por alguns momentos tentando entender o que ele fazia ali parado nos olhando e principalmente olhando para mim… Não achava que estava dando muito na cara.

– Que bom vê-la, America! - disse a rainha.

– Sim… - eu disse sorrindo meio sem graça. A rainha retribuiu o sorriso, mas o rei me encara com uma fisionomia não muito agradável. Percebi também que Maxon olhava para mim também, mas que seus pensamentos estavam longe…

De repente era como se eu tivesse me tornado o centro das atenções, eu estava me sentindo tão deslocada…

Voltei a olhar pra Aspen, e percebi uma movimentação diferente. Ele mexeu no ponto de voz que levava no ouvido, sua expressão ficou seria e discretamente ele se retirou. Ninguém pareceu perceber isso, o que fez com que só eu ficasse preocupada. Por um momento pensei em mandar um sinal pra Maxon, mas não tínhamos criado nenhum que significasse ‘ alguma coisa parece estar errada’...

Eu olhei para os guardas da sala e todos mantinham as suas posições e nada diferente. Talvez Aspen só fora chamado para ver alguma coisa sem importância…

Mas talvez meus sentidos realmente estivessem certos...

Aspen entrou correndo, quando o alarme soou. Estávamos sendo invadidos. Escutei Aspen dizer a Maxon.

– Os invasores estão chegando - Aspen disse e Maxon se levantou rapidamente.

O rei e rainha foram guiados pelos guardas na frente, Celeste foi correndo pegar na mão de Maxon na qual não teve muito sucesso pois ele deu uma empurrada nela para ir logo, Kriss saiu logo atrás.

Eu me levantei e comecei a ir atrás deles, mas parei e fiquei observando Aspen e Maxon trocarem informações bem rápidas… O que eles estavam fazendo? Ali não era hora de conversar!

– América, vai - Maxon me gritou e eu corri pra alcançar os outros.

Eu cheguei a porta da passagem e Maxon apareceu logo atrás de mim. Antes de entrar aperou a mão de Aspen.

– Se cuide meu amigo - e veio atrás de mim, assim que ele passou pela porta ela se fechou.

Eu queria dizer algo assim para Aspen também, mas é claro que não poderia.

Ao chegar ao local, Silvia estava la do lado da rainha. Conversando com ela, o rei estava sentado em uma cadeira como se estivesse entediado com tudo isso, quero dizer, não poderia dizer que era isso mesmo, mas depois desse tempão no castelo já estava conseguindo identificar as expressões do rei, mesmo que a primeira vista não houvesse expressão nenhuma.

Havia umas cama nesse esconderijo também, na qual Celeste e Kris já estava sentadas nelas.

Celeste forçava um choro, com certeza para chamar a atenção de Maxon o que conseguiu ele logo foi até ela. Kriss estava assustada mas tentava manter a calma.

– Meninas ficam calmas, deitem-se, e tentem se acalmar, logo tudo isso ira passar - Silvia nos disse.

Eu me sentei na cama, ja havia me acostumado com tudo isso e de certa maneira acompanhava o Rei em seu tedio, a unica coisa que me preocupava era minhas criadas e Aspen… Mas eu tinha que confiar que como das outras vezes essa também daria tudo certo.

Comecei a cantar uma musica em minha cabeça para ver se me distraia e o tempo passava mais rápido.

– No que esta pensando? - olhei assustada, estava tão distraída que nem percebi quando Maxon se sentou ao meu lado.

– Nada, só estava tentando me distrair - e era verdade, não queria escutar ele cheio de chamego com a Celeste.

– Te atrapalho, então? - Maxon perguntou não dando muita bola pra minha resposta.

– Não, você serve como distração também - e eu sorri olhando-o - quem acha que são, sulista ou nortista? - me preocupava pensar que alguem podia sair morto dali.

– Não sei, Aspen disse que possivelmente nortista…

Eu quase concordei, mas depois lembrei que ele chamará Aspen pelo primeiro nome e eu não deveria saber o primeiro nome de nenhum soldado.

– Quem disse? - me fiz de desentendida… mas não estava tão surpresa, Aspen havia me dito sobre a amizade deles, mas Maxon não sabia que eu havia descoberto isso.

– O soldado Lenger - ele explicou.

– Ah, sim!

– Eu te disse que estávamos nos dando bem, ele é um ótimo amigo, muito de confiança para mim - ele me contou como se estivesse puxando assunto.

– Aah siim, o meu vigia né!? - Quem sabe eu não conseguia tirar algo dele, sobre o que Aspen o disse.

– Ele mesmo…

– Que bom, nunca soube se o Príncipe tinha amigos - joguei, curiosa com relação a esse assunto.

– Bem, talvez não tive muitas pessoas que eu pudessem ser meu amigo… - ela falou um tanto sentido.

– Nunca teve amigos então? - perguntei curiosa.

– Sim - ele disse como se estivesse ofendido com a minha pergunta.

– Então por que eu não conheci nenhum deles ainda? - insisti.

– Bem, por que talvez os amigos que eu já tive não são os que podem ser considerados duradouros… - ele parou de falar e eu insistir em esperar que ele desse uma resposta com mais informações, mas ele só ficou olhando para a sala, ignorando a minha espera.

– Tudo bem - eu disse com um sorriso -, eu não ligo de pensar que eu fui a única pessoa que se ofereceu para ser a sua amiga!

Ele olhou para mim com o sorriso falho, e eu sabia que tinha mais coisas por trás dessa história. Uma hora eu iria descobrir.

– Então, eu ainda quero saber se é uma moça obediente - ele olhou sorrindo sarcástico para mim, mudando totalmente de assunto.

– Claro que sou! -disse entrando na brincadeira, por que ele só poderia estar brincando ao me fazer essa pergunta e a minha resposta não era muito mais que uma brincadeira.

– Mas não foi bem essa informação que recebi... - Maxon queria saber de algo, mas o que?

– Maxon - a voz do rei ecoou no esconderijo, ele olhou para o pai e me disse:

– Eu sou um bom filho por isso! - ele se levantou e deu um beijo em minha testa se despedindo.

Eu me deitei e decidi esperar deixando os pensamentos tomarem seus próprios rumos. Depois de algum tempo, acredito de duas ou três horas, a porta se abriu e Aspen entrou, sempre ele.

– Eles já foram, podem se retirar - Aspen aparentemente não havia se machucado.

O rei e a rainha foram os primeiro, seguido por Kriss depois Celeste, Maxon veio até mim e me ajudou a descer da cama, e fui logo atrás. Ao sair Maxon foi ao lado do rei e a rainha e percebemos que estava uma bagunça, mas nada demais e que eram os nortista.

No meio de tanta bagunça foi que vi Aspen dizendo ao rei algo que o deixou surpreso e a Maxon também. Pensei que iriam sair dali o mais rápido possível, mas pareceram levar em consideração que todos nós reparamos que havia algo errado.

– Lamento informar - o rei começou a dizer - uma noticia inesperada, e muito triste - Kriss estava mais assustada do que normal, Celeste não parecia estar em si : o rei nunca viera com noticias inesperadas…

– Como podem perceber os que entraram aqui foram os nortista, mas no meio dessa distração toda, Elise foi levada pelos sulistas.

Eu senti que estava de boca aberta. Kriss começou a chorar, Celeste entrou em si num pulo, a Rainha pareceu que segurava o choro, mas não demonstrava muito, foi então que Silvia falou:

– Meninas para seus quartos, iremos mandar algo para comerem, andem- Silvia parecia amedrontada, e foi logo falar com a rainha.

Logo fui para meu quarto, ao entrar uma bagunça e minhas criadas estavam resolvendo este problema.

– Olha senhora deixaram isso na sua cama - Lucy me entregou o pote com a única moeda de Aspen.

– Na cama? Estranho, porque não quebraram? - Eles podiam ter quebrado ou sei la, mas deixaram na cama… - Vocês estão sabendo? Elise foi sequestrada - precisei perguntar, elas sempre sabiam de algo a mais.

– O que? - perguntaram as três num coro, percebi que eu quem estava dando a noticia a elas.

– É o rei nos disse antes de subirmos que Elise foi sequestrada pelos sulistas, podem imaginar? - Eu falei como se tivesse liberando o meu choque, realmente nos informaram que coisas horríveis podiam acontecer quem participava da seleção, mas acredito que ninguém nunca levou a serio, não até agora.

Coitada de Elise podiam estar torturando ela, ou pior, me deu calafrios de pensar nisso.

– E como vocês estão? Os invasores chegaram perto da cozinha? - eu me preocupava com elas, quando estou perto sempre as levo comigo e depois do que aconteceu com Elise…

– Não, não...estamos bem senhorita - disse Anne - pelo que sabemos eles num causaram tantos danos no castelo assim - elas terminaram de arrumar a cama na qual me sentei.

– Estranho, tudo muito estranho não acham? - nada estava batendo, eu estava confusa e preocupada.

– O que é estranho? - perguntou Mary, com uma curiosidade, eu sempre contava as coisas para elas, e elas sempre me ajudavam.

– Tudo, eles entrarem e não terem causado tantos danos, normalmente levam livros rasgam, quebram muita coisas, estranho o pote estar na cama e o restante jogado, estranho... - respirei fundo, eu sentia uma angustia ao falar isso - Estranho Elise ter sido raptada - sabia que eu iria ficar nervosa e começaria chorar a qualquer momento.

O que houve com Elise pode acontecer com qualquer uma de nós, isso me deixava preocupada e se eles começarem raptar nossas famílias? Esse pensamento me deixou mais nervosa, e quando senti algo me tocando no ombro pulei de susto.

– Calma senhorita, enquanto estiver aqui nada ira lhe acontecer - Lucy, Anne e Mary estavam ao meu lado.

– Obrigada, mas não é comigo que me preocupo é com minha família - não consegui imaginar eles bem agora.

– Sim nós sabemos, mas lembrem-se que o rei colocou soldados para cuidar de cada familia - Mary tinha razão, mas sera que o rei teria feito isso por mim? Mesmo tendo ligado e confirmado com meu pai, será que realmente eles estavam seguros?

Estava só no meu quarto, já era a noite e estava tentando dormir, não havia conseguido comer nada e nem Maxon ou Aspen vieram me ver. Não haviam me dado mais nenhuma nova irformação sobre Elise.

Minha cabeça girava e mil e uma preocupações. Por que sequestrar Elise? Não que eu queria que ela já estivesse morta, mas por que levaram ela? No que ela podeira ser útil? Ou tudo só era algo para nos deixar ainda mais receosos, por que em alguns pontos ser sequestrado parecia pior do que a morte…

Imaginei que isso deveria acabar logo, mas sair do castelo não parecia uma coisa tão segura do que continuar aqui. Talvez eles só estivessem tentando cumprir a palavra deles, já que a seleção ainda não tinha terminado… Daqui a pouco receberíamos uma noticia horrível do que tinha acontecido com Elise…

Talvez eu estivesse agora me sentindo um pouco culpada por tudo o que estava acontecendo. Maxon não escolhia logo sua noiva por causa de mim, mas esse jogo já estava ficando serio demais. Pessoas estavam realmente morrendo…

E me sentei na cama angustiada. Deveria eu tomar coragem e acabar com isso. Duas semanas era muito tempo pra o grau de problemas que poderiam nós trazer. Maxon teria que ser mais rapido…

Levantei decidida da cama de ir falar com Maxon e acabar com toda essa história. Eu não podia aguentar nem mais um minuto pensar que a minha família estava correndo um risco tão serio assim.

– Aspen? - eu murmurei confusa, ao abrir a porta do quarto. Ele estava parado em frente ao minha porta como se estivesse a tempos decidindo entrar ou não.

– América! - ele disse entrando e me puxando para dentro.

– O que aconteceu? - eu disse desesperada pensando que ele só poderia ter uma noticia ruim da minha família…

– Ele vai te escolher, America! - disse Aspen me beijando e não me dando tempo nem de pensar no que tinha acabado de ouvir.

Enquanto ele me beijava consegui sentir todo o desespero dele e a dor que ele estava sentindo e tive que retribuir… Mas não demorou muito até ele perceber que eu estava chorando e soluçando.

– O que esta acontecendo, Aspen?! - eu perguntei confusa enquanto ele secava as minhas lagrimas.

– Isso é uma despedida, America - disse Aspen que apesar de secar as minhas lagrimas parecia esquecer das suas próprias.

– Como assim? - eu disse não conseguindo pensar em me despedir de Aspen nesse momento.

– Eu estou indo embora- ele me contou.

– Não… Esta indo embora pra onde?

Aspen se afastou um pouco de mim, como se fosse arrumar a postura e recuperar os animos.

– Estou indo a um resgate de Elise e não sei exatamente o que isso significa- ele disse totalmente controlado agora.

– Mas como? Você não é o capitão do palacio? Ou sei lá o que vocês chamam? Você não pode ir a essa missão, é perigoso… - eu estava chorando desesperadamente. - Você pode morrer! - eu disse indo até ele e o abraçando.

– Não é isso que me preocupa, America - disse Aspen me abraçando forte. - O que me preocupa é perder você!

– Se você não for, não vai me perder! - eu disse a ele. - Não quero que você morra Aspen, Maxon é seu amigo ele não pode deixar você ir nessa missão!

– America - Aspen me afastou e segurou o meu rosto me fazendo olhar bem dentro dos olhos - Maxon vai escolher você, eu indo ou não, morrendo ou vivendo ele vai te escolher e não tem volta.

Eu me afastei brutalmente de Aspen como se agora eu pudesse sentir realmente o que estava acontecendo. Maxon iria me escolher e eu iria perder Aspen. Como isso poderia ser algo bom ou ruim?

Era como se eu sentisse as minhas forças faltarem, e quando pensei que iria cair, Aspen estava lá pra me segurar. Bem no lugar que ele sempre esteve; ele era o meu apoio, a pessoa que eu contará a vida inteira… E eu estava perdendo…

– America, você está bem? - ele me segurou, não deixando que eu caisse.

– Aspen - eu tentei segurar o choro. - Eu estou com medo - admiti pra ele.

Aspen gentilmente me pegou no colo e me levou até a cama me deitando.

– Vai ficar tudo bem, tudo bem! - ele me disse enquanto me ajeitava.

Eu segurei a mão dele.

– Eu não sei o que eu pude pensar para ser capaz de viver um dia como esse - disse pra ele com calma, tentando fazer as coisas ilógicas na minha cabeça ficarem claras. - Mas sinceramente acho que eu só não queria pensar que esse dia iria chegar, por que eu não estou pronta pra deixá-lo ir, Aspen - eu disse e vi nós olhos dele a mesma dor que a minha. - Você sabe que eu te amo, por favor diga que sabe! - eu pedi sentindo como isso era a única coisa que precisávamos saber.

– Eu sei! - ele concordou comigo acariciando a minha mão. - E eu sei que eu te amo também.

– Como chegamos a isso então? - eu perguntei a ele. - Como pudemos deixar que tudo isso acontecesse?

– A culpa foi minha! - Aspen disse cheio de remorso. - Eu que te fiz vir pra cá, eu que imaginei toda uma vida diferente pra você…

– Eu só queria você, Aspen. Eu só queria você! - eu voltei a chorar.

– Vai ficar tudo bem- ele me disse de novo, com uma voz mansa e calma, mas a calma dele estava me deixando mais angustiada ainda.

– Não vai! - eu quase dei um grito. - Não vai ficar tudo bem! Você esta indo para a morte… Eu não quero que você vá! Eu vou falar com Maxon… - disse indo me levantar, mas Aspen me impediu.

– America, se acalme - ele me segurou. - Você não pode fazer isso, isso seria a nossa morte! - Aspen me lembrou.

– Não, não… - Eu falei com raiva por ele me impedir. - Ele vai ter que me ouvir, ele não pode simplismente te mandar pra morte… - Mas Aspen não me soltou.

– America, você não entende?

– Não me solta… Eu não quero saber…

– Não, America…

Eu estava lutando pra sair de lá, mas Aspen me impediu e eu perdi as forças quando ele me abraçou. É claro que eu não poderia ir falar com Maxon, nós iriamos ser condenados a morte, mas por que naquele momento isso não me importava? Eu estava perdendo Aspen pra sempre e isso estava sendo como morrer também. Como eu iria viver sem ele?? Estava tão acostumada a estar com ele, ter a presente dele, mesmo que nós não estivéssemos juntos, mas agora ele estava indo embora… E ainda por cima poderia morrer… Era demais para mim.

Acho que Aspen ficou comigo até eu apagar. Demorei muito pra me acalmar; pra deixar de chorar, mas Aspen foi paciente e me consolou por mais que nossa história não tivesse como ser consolada.

Eu relembrei com ele as coisas que faziamos juntos - como eu iria sentir saudade dessas coisas… Não entramos em nada que pudesse nos trazer mais tristeza e fim, dei meu ultimo beijo nele. Eu nunca iria esquecer daquele beijo.

Acordei com uma sensação de vazio no peito. Talvez daqui pra frente essa sensação seria parte de mim… Mas prometi que não iria mais chorar. Ainda veria Aspen hoje e seria forte, porque ele me prometeu que não iria morrer, e então eu não poderia deixar Maxon nem desconfiar sobre nos dois.

Minhas criadas perguntaram por que eu estava com os olhos vermelhos e a cara inchada, mas eu não respondi e supus que pensaram que era por causa de Elise ou toda essa situação tensa que estavamos vivendo.

– Ficamos sabendo que o Principe e o Rei vão passar o dia discutindo o que fazer em relação a Elise… - elas me contaram.

Eu já sabia o que eles fariam e não tive medo de esconder o meu desinteresse.

– Só queria poder falar com Maxon - disse pensando que eu deveria dizer para ele não me escolher e acabar logo com toda essa história de seleção. Eu poderia renegar o estado de diplomata e todos ficariam bem…

Quando finalmente desci para o almoço, bem, foi o pior almoço que eu já tive no castelo. Todos estavam com cara de mortos e o rei e Maxon não apareceram por lá. Eu comi em silencio reparando que não parecia ter sido eu a única a chorar. No final todas nós tínhamos os nossos medos e sonhos…

Nessa hora eu lembrei do que Aspen me disse sobre Maxon me escolher. Eu realmente não conseguia achar que isso era real… Era uma sensação estranha pensar que isso iria mesmo acontecer. Eu tinha saído do chão com todo o que andou acontecendo e pensando em minha jornada até aqui, como eu pude lutar tanto por uma coisa que eu nem entendia?

Com esse pensamento me senti desmerecedora de vencer. Alem de sentir uma raiva tremenda de mim por não saber escolher o que eu realmente quero. Se Maxon me escolher essa noite, ele estaria fazendo a pior burrada da vida dele. Eu não era merecedora dele ou de nada disso.

Ao me retirar da mesa junto com Celeste ou Kriss, não pude deixar de pensar que Kriss seria uma melhor Princesa do que eu.

– Sabe Kriss - eu disse enquanto caminhávamos pelo corredor. Ela olhou pra mim surpresa. - Se existe alguém que me surpreendeu nesse jogo foi você - comentei.

– O que quer dizer? - ela perguntou sem graça e Celeste que estava a nossa frente caminhou mais devagar para ouvir a nossa conversa.

– Você foi a única que se mostrou a altura de uma princesa e que permaneceu no jogo por mérito próprio -observei mesmo que talvez isso soasse contra mim. - Talvez você devesse ser a escolhida.

– América, por que esta me dizendo isso? - ela perguntou um pouco desconfiada.

– È que, só nesse momento eu torço mais pra você do que por mim. E quero que saiba que não importa o que acontecer, tenho certeza que você e Maxon seriam um casal muito feliz, muito mais do que fosse eu - disse parando pra ir ao meu quarto.

Kriss parou um pouquinho me observando. Sabia que ela estaria confusa com as minhas palavras, que poderia estar tirando mil e uma conclusões, mas isso realmente era a verdade e eu queria que ela escutasse isso de mim antes que tudo terminasse.

– Acho que Maxon será mais feliz com quem ele amar mais. Eu realmente espero ser essa pessoa - ela falou me dando um pequeno sorriso e se afastou.

Amar mais?! Amor era realmente algo que cegava as pessoas para a felicidade.

Minhas criadas escolheram o melhor vestido que eu tinha para essa noite, com a desculpa de que eles iriam querer que falássemos algo em relação a Elise. Elas não sabiam que eu sabia que Maxon iria fazer a sua escolha hoje e resolvi só me vestir sem reclamar.

É claro que eu não tive oportunidade nenhuma de falar com Maxon, o que me deixou ansiosa. Antes que ele fizesse qualquer escolha, queria poder dizer a ele que eu não estava preparada para ser a Princesa…

Nós entramos comportadamente para a sala de transmissão. Havia só o câmera e o apresentador Gavril Fadaye. Eu fiquei olhando pra ver se ainda conseguia falar com Maxon antes de tudo isso acontecer e antes dele me escolher, mas nem sinal dele e faltava tão pouco para sete horas…

– Meninas, gostaria que vocês ficassem calmas. Que não demonstrassem surpresa em nada que acontecerá hoje e principalmente mostrem compaixão a Elise…

– O que irá acontecer hoje que nós deixará surpresas? - perguntou Celeste raivosa.

– Em tempos como esse tudo pode acontecer senhorita - respondeu Silvia a altura. - Agora, sejam educadas, comportadas e vamos esperar que essa noite não nos reserve nada de especial - terminou Silvia como se estivesse fazendo uma prece.

– Maxon irá aparecer só na hora? - eu perguntei.

– Não sei onde está o Príncipe, esteve em reuniões o dia todo, mas não é com ele que vocês tem que se preocupar e sim com vocês mesmas - apontou ela com um pouco de afobação e saiu.

– Como ela é insuportavel! - disse Celeste que parecia também estar com os nervos a flor da pele.

– Talvez irá acontecer alguma coisa hoje… - Kriss comentou com medo.

Eu me levantei não querendo ter que ouvir os temores delas. Precisava pegar Maxon antes dele anunciar qualquer coisa…

– Senhorita America, iriemos começar em 5 minutos - Gavril Fadaye disse quando me viu sair.

– Tudo bem, já volto.

Dei sorte! Quando estava saindo a porta, vi Maxon, o Rei e a Rainha andando pelo corredor. Ou azar:

– O que está fazendo de pé, senhorita? - perguntou o Rei sem paciência.

– Eu… - gaguejei sem tirar Maxon da minha visão. - Preciso…

– Tudo bem pai - disse Maxon tentando evitar um confronto. - Vamos entrar que estamos atrasados…

O rei e a Rainha passaram por mim e Maxon também sem ao menos me olhar no rosto. O que tinha acontecido? Fiquei confusa, sem reação. Ele parecia bravo; ou chateado? Talvez tivesse com muitos problemas para resolver…

Aspen apareceu também…

– Vamos Senhorita America - ele me pediu com uma cara de quem estava cansado demais, estressado demais.

Eu automaticamente voltei pela porta que tinha saído e me sentei em meu lugar. Confusa, muito confusa.

Tentei me concentrar nas primeiras palavras do Rei. Ele saudou o povo, disse que estava feliz por poderem mais uma vez transmitir o programa… Esperei que ele dissesse algo mais profundo sobre o ocorrido com Elise, mas só deu seus pêsames pela família e disse que tudo o que estiver ao seu alcance para resgata-la eles estaria fazendo… E Blá, blá, blá…

Não teve nada de surpresas, apesar de ter sido um discurso longo, mas vazio. Voltei a ficar atenta quando anunciaram que Maxon iria falar.

“… depois de todo esse tempo em que estive na seleção e pude conhecer cada participante e como se tivessem levado alguém de minha própria família… Isso foi uma afronta que será respondida a altura… Não iremos nos rebaixar aos desejos de poucos, que se aproveitam para matar, roubar e destruir uma sociedade… Nós estaremos enviando um grupo de resgate para Elise, e faremos de tudo pra recuperá-la sã e salva…”

Eu me ajeitei melhor em minha cadeira, lembrando de Aspen… Ele estava mandando uma força especial para salvar Elise e eu tinha que admitir que era egoísta o suficiente pra desejar que não fosse Aspen, mesmo que ele seja o general.

Eu precisava falar com Maxon, mas o que poderia dizer para o convencê-lo de que Aspen não deveria ir? Isso tudo havia passado dos limites, tudo estava indo de mal a pior,. Aspen agora corria perigo e eu não podia fazer nada...Aspen! Aspen! Aspen!

Ele agora não saia da minha cabeça…

“Vai ficar tudo bem!”, a promessa dele ecoou em minha cabeça.

– Não! Não vai! - eu murmurei e reparei que Celeste e Kriss olharam para mim.

Eu me arrumei freneticamente na cadeira… Jurava que estava suando…

– ‘...Não estou dando ouvidos a pressões de revoltosos e realmente nunca nós curvaremos a elas, mas hoje eu devo fazer uma escolha... - Maxon continuava a falar, e ao dizer isso me olhou - Eu devo fazer a maior escolha da minha vida… - ele reafirmou e senti um medo me invadir.

“ E para o bem de todas isso não pode demorar mais, minha escolha deve ser feita hoje”

Maxon havia dito suas palavras e quase ninguém acreditou no que ouviu.

Eu estava tão nervosa, ele não podia fazer essa escolha. Eu ainda nem tinha feito a minha escolha. Precisava falar com ele antes disso, mas sabia que não havia tempo, Celeste estava se arrumando, não parava de passar a mão nos cabelos, Kriss parecia nervosa, segurava um choro... E eu? Estava parada como uma pedra, presa em meu próprio desespero.

“Bem, como todos sabem passei poucas e boas com essas lindas garotas. Eu as vi se tornarem mulheres, eu as vi brigar - Maxon estava tentando demonstrar entusiasmo, e deu uma risada - eu as vi chorar, as vi crescer como princesas e posso dizer que todas elas se tornaram uma. Eu fiquei com muito receio desse dia, do dia em que teria que escolher por uma dessas belas moças, mas ele chegou, sem ser marcado ou planejado... Fico muito feliz em escolher minha amada hoje…

Antes que eu pudesse ouvir a escolha, corri meus olhos até encontrar Aspen. Ele olhava para mim, com a expressão falha. Eu queria correr até ele e dizer que iria ficar tudo bem, mas tudo era mais forte do que eu naquele momento...

Quem sabe Maxon não mudaria na ultima hora, e Aspen estivesse errado, Celeste era muito bonita e Kriss já tinha o jeito de uma princesa, certeza que só havia me deixado ali pela promessa que havia me feito no inicio, ele não me escolheria.

Eu não poderia fazer isso, eu não estava preparada.

“ É com satisfação que eu chamo a nova Princesa de Ileia…”