My Heart Is Yours escrita por Kisa


Capítulo 1
Único




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É muito fácil ter tudo a mão. Máquinas, pessoas, dinheiro... qualquer coisa. É muito fácil se você é como eu: moreno, alto, bonito e rico, please. Além de uma inteligência de causar inveja em Einstein, diga-se de passagem.

E humildade, claro.

O problema é que ela não funciona em noventa e nove por cento das vezes.

Como naquela vez em que levei uma jornalista para casa após uma festa beneficente e, no outro dia, depois do sexo selvagem – digo, que eu imagino ter sido selvagem – esqueci completamente de sua existência. Se você me perguntar hoje o nome dela, vou te dizer com a verdade. Verônica. Não, espera, acho que era Mônica.. ou algo assim.

Mas isso não é importante pra tratar do ponto de vista que eu quero chegar com esta conversa psicológica comigo mesmo sentado no sofá da sala e bebendo uísque escocês. O ponto é que a minha falta de humildade me fez agir como um completo imbecil com um cara muito... aahh, caramba.

Eu quero dizer, mas não saí. Que merda isso. Tá vendo, dinheiro não te trás dignidade para dizer as verdades inconvenientes que você quer dizer para si mesmo.

Mas vamos lá, quem sabe falar tudo de uma vez seja o segredo para a cura interior. Afinal, não é isso que os monges andam dizendo por aí?

− ComoeupudeserumcompletoimbecilcomumcaracomooRogers.

É, não foi tão difícil. Claro que nem eu mesmo entendi o que acabei de dizer, mas é isso. Resumindo, é isso que eu quero dizer.

Aquela história de playboy filantropo é tudo conversa fiada. Quem estamos querendo enganar, hein?

Opa, espera, não posso esquecer de encher o copo. Já está vazio.


Então, acho que é algo relacionado a levantar muros, sabe. Você olha para um loiro alto de olhos azuis super musculoso e para completar toda a pintura, já muito bela, no pacote ele vem com senso de dever, justiça e patriotismo. Só sendo um babaca mesmo pra destratar um homem desses e sair rindo no final.

Para variar, eu sou esse tipo de babaca. O que constrói muros com astúcia, inteligência e perícia. Muros para manter todo mundo longe. Que o diga Pepper, que me aguenta e eu nem sei como.

Qualquer outra empregada já teria pedido as contas há muito tempo, eu devo ser charmoso mesmo...


Mas voltando, acho que me senti na defensiva perto daquele monumento que meu pai ajudou a criar. Deus do céu, aquilo é simplesmente um pedaço de mau caminho me chamando pra arder no inferno.. quer dizer, congelar no Atlântico Norte com ele.

Pode ter certeza que eu iria com muito gosto.

Aqui, na minha sala high tech, largado nesse sofá, eu só consigo imaginar as diferentes formas de arrancar aquele uniforme e beijar aquela pele branca, sentir aqueles músculos e...

Opa, opa, opa, espera um pouco. Pense em algoritmos.

Agora sim.


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Stark continuava perdido em devaneios quando o sensor de movimento da porta da frente o avisou que chegava a sua casa uma visita. Não que ele estivesse esperando alguém. Na verdade não esperava ninguém, por isso dispensou Pepper, abriu seu uísque escocês e resolveu tomar alguns goles e refletir um pouco.

Precisava de um tempo sozinho, pra avaliar a vida. Havia tomado uma decisão, além da bebida, aquela noite. Mas iria deixar pra comunicar amanhã, quando teria uma aparência melhor que a que tinha agora.

Ouviu a campainha tocar e Jarvis avisou que Rogers estava lá fora.

− Devo deixar o Sr. Rogers entrar, senhor?

− Pode deixar que eu mesmo abro a porta, Jarvis.

− Como quiser, senhor.

Não sabia mais o que sentia por dentro. Torpor, ressaca ou algo parecido. Mas era estranho, porque Stark se sentia nervoso por saber que Rogers estava do outro lado da porta. Que viera ali para falar com ele.

Stark pôs sua mão na maçaneta para abrir e percebeu que estava tremendo.

− Respire fundo, é só manter a calma e não pensar que estava pensando nele praticamente sem roupa agora pouco. Pense em números.

E com toda a coragem que tinha, abriu a porta. O que viu teria feito seu queixo cair. Stark percebeu que Rogers era lindo de qualquer jeito. Steve estava vestido com uma camiseta branca, calça jeans azul escura e tênis preto. Nada mais nada menos que isso, e para Stark, era como se ele fosse a estátua de Davi personificada em sua frente.

− Ah.. oi.. boa noite.. Anthony.

− X é igual a menos B mais/menos raiz quadrada de delta sobre dois vezes A.

− Hã? Espera, isso é um tipo de cumprimento em linguagem matemática?

Stark olhou bem para Rogers, que ainda estava com cara de interrogação, sem entender nada do que havia sido dito. E Stark pensava que era difícil manter a calma com uma pessoa como Rogers olhando para ele. Sem contar o fato de ele tê-lo chamado de “Anthony”, não de Tony ou Stark. Achou isso a coisa mais fofa da face da Terra. E sorriu.

− Espera, eu perdi alguma coisa nessa conversa? Eu posso entrar? É que – o Capitão hesitou por um momento – eu queria falar uma coisa... a Pepper não está aí? Espera, não era isso que eu ia falar.. ah...esquece.

Cruzou as mãos e apertava os dedos parecendo nervoso. Olhava pra todas as direções menos pros olhos de Stark. Se estivesse olhando teria percebido o que Stark ia fazer.

O moreno não aguentou ver a aflição do loiro e tocou as mãos dele com as suas, descruzando-as.

− Eu não acredito que estava nervoso por alguém que ficou setenta anos enterrado no gelo e parece que perdeu o jeito de como se declarar pra alguém.

− Ei, eu não perd...

Não houve nem tempo de terminar a frase. O que Stark estava esperando era o contato visual, só para fazer o loiro ficar vermelho. Aí o puxou um pouco mais perto de si mesmo e o beijou. Era como se tivesse se transportado para 1939. Sentiu o beijo mais inocente, puro e contagiante de toda a sua vida. Beijo com gosto de... era até difícil exprimir em palavras. As mãos dele em seu ombro, puxando seus corpos para mais perto.

O que o moreno sentiu foi mais profundo do que gostaria de admitir. Sentiu estar sendo resgatado para a vida. Os lábios do loiro eram tão macios que não resistiu, teve que mordê-los, só de leve. É porque Stark queria ouvir a respiração de Rogers um pouco mais profunda, como se a vida dele dependesse de uma mordida.

E achou engraçado pensar assim. E entre beijos e mordidas ele sorriu, fazendo o Capitão se desarmar completamente. E sorrir também.

Como não havia como continuarem assim, na porta, ambos desfizeram o abraço, mas ficaram segurando as mãos, só para sentir o calor um do outro.

− Não quer entrar e contar o que veio dizer? Meu sofá hoje tá bom demais pra ouvir histórias...


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Notas finais do capítulo

Ah, gente, desculpa, mas eu tinha colocado uma fórmula bonitinha na parte que o Stark respondeu o cumprimento do Steve, mas sabe como é né, não foi e eu tive que improvisar.

Não entendeu nada do que eu escrevi ali? Veja essa imagem:

http://www.computingworld.info/computingworld_admin/uploads/img_artigos/a6457e6e4322e6116d7b9bfeb23c7f6b.jpg

Muito bem, obrigada por lerem e voltem sempre.

Ah, e amo esses dois juntos *--* ♥