Mais uma batida na porta e Hitler se sentiu obrigado a sair do banheiro. O chanceler e seu assistente estavam o olhando zombeteiros, mas ele não se importou, apenas rumou até seu dormitório. Chegando lá, retirou sua jaqueta do uniforme e deixou a escova cair em cima da cama. Meio tonta, ela reagiu, se levantando e pisando no colchão macio.

– O que você pensa que está fazendo?

– Não penso. Estou fazendo. – - ele rebateu e depois arfou, jogando o cinto da calça na penteadeira e o resto das roupas também. – Preciso de um banho. Passei estresse demais hoje.

Meio deslumbrada com seu corpo nú, a escova sorriu descaradamente. – Posso ir com você?

Adolf não era muito sarado e não tinha o corpo moreno, era apenas um general magro, branquelo e com a pança um pouco despencada; típico áustriaco.

– Não!

Num choque, ela se assustou com a resposta. Não esperava por isso. – Por quê?

– Preciso de um tempo sozinho! – ele berrou erguendo os braços para o alto, extravasando.

Depois, foi para o banheiro e se trancou lá por mais de vinte minutos. Durante a espera, a escova ficou deitada no meio da cama, cheirando sua jaqueta que tinha cheiro de hortelã e papéis impressos. De repente, a porta abriu e uma mulher de curtos cachos loiros entrou. A escova poderia falar com ela, mas não queria envergonhar seu amado ainda mais ou fazer com que outros humanos, então fingiu estar petrificada. A mulher pendurou sua bolsa no cabine atrás da porta e sentou na poltrona de pernas cruzadas, retirando seus sapatos e depois suas meias. A escova gostaria de arrancar suas perninhas como se arrancam asas de um frango. Quando Hitler saiu do banho, ela já estava à vontade e descansando com as mãos atrás da nuca, o que fez parecer que seus seios eram mais avantajados.

– Eva! –- ele gritou surpreso, mas não o tipo de surpresa positiva. Parecia não querer vê-la ali. – O que caralhos está fazendo aqui?

A escova deu uma risada baixa e satisfeita, porém toda sua alegria se tornou ódio quando a meretriz loira ficou de pé e correu para se esfregar em seu amado que estava enrolado numa toalha e com o cabelo ensopado.

– Meu amor, eu soube do marginal que tentou te matar e pensei que precisasse de apoio emocional – ela passava as mãos por todo seu corpo. – Eu quero tanto você...

– As notícias correm rápido – ele tentava afastá-las, impaciente.

Eva o deu um beijo rápido e fitou-o, frustrada. – Está em todos os jornais alemães. A imprensa vai cair em cima de você na conferencia de amanhã, espero que já tenha preparado seu próximo discurso!

– Meu discurso está na minha cabeça – garantiu orgulhosamente erguendo a cabeça e andando ao redor do quarto para recolher seu uniforme.

A galega o julgou. – Vejo que você está muito confiante, Hitler.

– Eva, eu te amo, mas pode sair do quarto, por favor? – ele a intimidou com um tom másculo e um olhar penetrante.

– Ok – sem ter como contestar, ela o obedeceu.

Antes que ela passasse totalmente pela porta entreaberta, comandou:

– E me traga o chá que estão servindo lá embaixo! Não quero descer, há fotógrafos disfarçados!

Profundamente soturna e decepcionada, Eva se retirou do quarto. A escova poderia ter voltado a ficar contente com o jeito que ele a tratou, porém ficou triste pelo fato de que seu amado provavelmente não amasse ninguém. Ás três horas da tarde, Eva trouxe o chá, pães salgados recheados, e alguns biscoitos. O resto do dia foi pacato, eles ficaram conversando sobre exércitos e política enquanto a escova ficava escondida abaixo da jaqueta. Durante a noite, Hitler foi dormir cedo porque precisava estar disposto no dia seguinte, o que foi um alivio para a escova, pois temia que eles fossem cometer atos obscenos. Antes de ir se deitar também, Eva foi procurar sua escova em sua bolsa de grife francesa, porém ficou resmungando. Se descobrindo da jaqueta de Hitler, a escova deduziu de que ela havia esquecido e decidiu ficar visível para ela usá-la. Ao avistá-la, Eva ficou risonha e a levou para o banheiro. Fazendo uma careta maléfica, a escova planejava um fim à essa competição para sempre.