Be Your Everything escrita por Rainy


Capítulo 3
Capítulo 2 - Clube Anti-Katherine


Notas iniciais do capítulo

Pra quem quer saber como eu imagino a Katherine e o Niko
Katherine: http://weheartit.com/entry/155832046
Niko: http://weheartit.com/entry/155832463
Atualização: 07/01/2015



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Estava deitada no sofá, pensando na merda que estava acontecendo. Meus pais só podiam ter ficado loucos ou não me amavam nem um pouco.

Da delegacia até chegar à minha nova casa, fui obrigada a ficar ouvindo o Niko (nome horrível, eu sei) reclamar de como ele não queria dividir o quarto com uma garota e que sua mãe nunca deveria ter me aceitado, já que ele não queria dar uma de babá. Como se eu já não soubesse que ele fazia o tipo de garoto que não é responsável nem por si mesmo, quanto mais por uma garota de dezesseis anos.

No final das contas, eu só podia aceitar o que tinha sido socado na minha cara. Não voltaria para o meu país tão cedo e ia passar as férias inteiras mofando dentro de um apartamento.

Que merda.

— Pirralha, vamos conversar — Niko surgiu do corredor, secando o cabelo com uma toalha enquanto outra se pendia em seu quadril.

Voltei a olhar para o teto, incomodada com aquela visão do inferno.

— Coloque uma roupa.

Ele deu uma risada.

— Por quê? Está incomodada com alguma coisa, gracinha?

— Se pelo menos tivesse alguma coisa aí pra me incomodar... — o olhei com desprezo de cima a baixo e suas mãos se apertaram em punho, provavelmente com raiva.

Ponto pra mim.

— Como eu estava dizendo...

— Já disse que seus comentários inúteis não me interessam — resmunguei, sentindo minhas pernas sendo jogadas no chão e Niko acabou se sentando onde elas estavam.

— Temos que esclarecer algumas coisas por aqui. Você vai dormir no meu quarto enquanto o seu não fica pronto.

— Ah, jura? — ironizei e notei que aquilo o tinha irritado ainda mais. Eu, sendo esperta como sou, sabia quando iria levar um tapa então fiquei quieta para que ele continuasse.

— Pois é. Maldita hora que minha mãe resolveu reformar aquele quarto — nisso, amigo, nós concordamos. — Mas, já quero deixar claro, que não é porque você está na minha casa e no meu quarto que vai fazer o que bem entende.

Virei-me pra ele.

— E que solução você sugere?

— Nada demais. Só algumas regras. Não mexa nas minhas coisas. Não faça bagunça pelo o meu quarto. Limpe o que sujar. Não coma meus salgadinhos. Não toque no meu refrigerante. Se me vir pela rua, não me cumprimente... — e ele continuou com sua lista de “nãos”, enquanto eu prestava atenção num mosquito que tinha pousado em cima da mesa. Aquilo era mais interessante do que aquele falatório ridículo.

Em algum momento, não sei muito bem qual porque eu sou realmente desligada do mundo, Niko percebeu que eu não estava prestando atenção nele e bateu as mãos no sofá. Ele se levantou e parou na minha frente, me olhando frustrado.

— É bom que tenha entendido, pirralha.

Fiz um sinal de descaso com as mãos.

— Não se preocupe, Niko. Aprendi muito bem todas as regras que terei o prazer em descumprir.

(...)

— Você tem que aguentar firme, cher — a pessoa do outro lado da tela disse.

Já fazia uns quarenta minutos que eu e Anne — uma francesa chata, que é a única pessoa no mundo que posso chamar de amiga e que entende minha complexidade, ou pelo menos tenta entender — estávamos conversando, e eu havia contado tudo. Desde minha partida da Inglaterra até a parte em que estava trancada no quarto porque não aguentava mais olhar na cara daquele estúpido.

Suspirei.

— Eu sei, Anne, eu sei. Mas você não tem ideia de quantas vezes pensei em fazer uma bomba de xixi e jogar na cara do maldito. Juro.

Ela deu uns risinhos.

— Seus pais bem que podiam deixar você morando comigo.

Fiz um estalo com a língua.

Nah. Depois daquela festa para os nossos duzentos e trinta amigos mais próximos, duvido muito que eles me deixassem respirar perto de você.

Anne soltou alguns resmungos, meio que dizendo que eu tinha razão.

— Kath — chamou minha atenção. — Me conta uma coisa. Como é esse boy que você está dividindo o quarto?

Revirei os olhos.

— Ele é um estúpido.

— Isso você já me contou. Quero saber a aparência dele.

— Ele é um ogro.

— Katherine! Comme vous êtes ennuyeux!*

— Não me xingue em francês. — ela cruzou os braços e bufou. Conhecendo-a como eu conheço sabia que ela só voltaria a falar normal comigo se eu lhe contasse o que desejava saber. Mas, antes mesmo que eu dissesse alguma coisa, ouvi alguém batendo na porta e, já sabendo quem era, não me levantei para abrir.

Katherine... — sua voz soou como uma aviso, sendo abafada pela porta.

— Quem é? — Anne sussurrou.

— O demônio em forma de gente — disse alto o suficiente para que ele escutasse.

Abre logo essa porta ou jogo sua mala pela janela. — acabei me lembrando de que tinha deixado uma das malas na sala, já que ela estava muito pesada e Niko não me ajudou a carregá-la.

Xinguei-o baixinho, coloquei o laptop na cômoda ao lado da cama e levantei para abrir a porta.

— Pronto, seu idiot... — mal pude terminar minha frase e meu corpo foi logo jogado contra o colchão, fazendo minha cabeça quicar duas vezes. — Qual é o seu problema?! — exclamei.

Niko não se importou com os meus berros e agarrou meus braços, prendendo-os em cima da minha cabeça enquanto seus joelhos iam parar em cada lado do meu corpo.

— Qual é o seu problema, pirralha? Mandei ficar longe da minha comida, e o que você fez? Acabou com tudo! Você não conhece limites?

— Você reclama de limites, mas está quase se fundindo em mim. Nunca ouviu falar em espaço pessoal? — me sacudi debaixo do seu corpo, mas isso só fez com que a pressão em meus pulsos aumentasse. — Sai de cima de mim! — dei uma joelhada em sua virilha e Niko se afastou. Aproveitei a deixa e o empurrei no chão, ignorando seus resmungos de agonia.

— Você matou o garoto, cher. — disse Anne, assim que peguei o laptop de novo e o coloquei sobre o meu colo — Mas ele é uma gracinha!

Niko, ainda com a mão naquele lugar, se aproximou e virou a tela do laptop para si mesmo.

— Gracinha não é um adjetivo que faz jus a minha pessoa. Prefiro gostoso e irresistível. Aliás, você é bonita. Por que não veio no lugar desse mini-capeta? — apontou com o queixo em minha direção.

Ouvi Anne dar umas risadinhas. Ela deve ter ficado sem graça com o elogio.

— Não fale assim da mon cher. Ela só é um pouco complicada...

— Percebi. Esse lado complicado dela quase amassou algo que é muito valioso pra mim — ele olhou pra baixo e fez uma careta de dor. — Não sei como você aguenta.

— Também me impressiono com minha capacidade de ser paciente em relação a ela. — Anne respondeu.

— Será que vocês poderiam parar de falar de mim? Eu estou bem aqui! — virei o laptop para mim — E você, francesa descarada, para de se relacionar com o inimigo. Você deveria estar me ajudando a criar planos para infernizar a vida dele e não formar um “clube anti-Katherine”.

— Nunca faria uma coisa dessas, cher. — ela fez um biquinho. — Mes excusses, mas tenho que desligar. Katherine, não o mate. Ele é muito bonito pra isso. E, Niko... — virei o laptop para ele — Boa sorte.

Fechei a tela com raiva. Aquela traidora...

— Sua amiga tem bom gosto.

Revirei os olhos.

— Tá falando isso só porque ela se encantou pelo seu rostinho bonito.

— Então você admite que me acha bonito? — o canto esquerdo dos seus lábios se curvou para cima em um meio sorriso. — Sabia que você não resistiria por muito tempo.

Joguei o laptop para o lado e peguei o travesseiro em cima da cama, pronta para jogar na cara daquele abusado. Ele, antecipando meus movimentos, pegou meu pulso e me puxou para baixo, fazendo com que eu me batesse contra seu peito.

— Meu Deus, você gosta mesmo de me agarrar.

— Se pelo menos tivesse alguma coisa aí para agarrar. — retrucou, me olhando com desprezo da mesma forma que tinha feito com ele mais cedo.

Eu queria rir, mas não ia dar esse gostinho a ele, então pressionei meu lábios em linha reta e fiquei o encarando com uma raiva fingida.

— Você é pesada.

Dei de ombros.

— Eu sei.

— É nessa hora que você deveria dizer “muito obrigada, Niko. Já posso morrer feliz agora que você me elogiou.” — ele tentou fazer uma voz parecida com a minha, mas aquilo soou tão ridículo quanto a cara do individuo.

— Isso lá é elogio, idiota? — revirei os olhos — E se meu propósito de vida estivesse de alguma forma relacionado a você, já teria me matado há muito tempo.

Antes que ele pudesse retrucar, a porta do quarto se abriu e um baque e uma voz bem irritada ressoou pelo cômodo:

— Niko, eu posso saber o que essa garota tá fazendo em cima de você?


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Notas finais do capítulo

Fala na Anne
*Mas como você é chata!
Os cher e mon cher significam querida e minha querida. Eles vão ser bem comuns na fic e até umas palavras em francês por causa da Anne.



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