O Lago Vermelho ficava no meio de uma densa floresta, na fronteira entre o Reino do Sul e o Reino do Leste.

Descemos dos dragões um pouco antes de chegarmos no lago, para esperar o aviso das tropas que foram invadir o Reino do Norte. Esperamos descansando e comendo.

- Chihiro, esta na hora.- disse Zeniba.

Sem Rosto apareceu na outra margem do lago. Contornou e veio em minha direção.

-Pedi para que ele viesse te proteger, já que não podemos entrar.

-Por que não podem?- perguntei um pouco confusa.

- Por dois motivos: um- somos feiticeiros e dois: se entrarmos nós morremos. Mas fique tranquila, Sem Rosto é um espírito, então ele não vai morrer. E você carrega a vida dentro de si, além de ser uma humana.

- Essa história de humana de novo?- perguntei ironicamente, fazendo Zeniba rir.

Kamaji amarrou uma corda em mim e em Sem Rosto.

Quando a lua tocou o lago, ele ficou vermelho. Pior, ficou com cor de sangue.

- Vamos?- perguntei tremendo ao Sem Rosto

-Hum Hum- ele me respondeu.

Fomos caminhando em direção do lago. Quando nossos pés ficaram submersos algo no meio do lago começou a borbulhar e um grande chafariz apareceu.

Em seu topo havia um anjo caído segurando uma foice e em seus pés, figuras de pessoas mortas. Mais abaixo, em sua base, havia uma porta. Abri ela e me deparei com uma grande escadaria que levava para o andar de baixo. Acenei para os meus amigos e entrei com Sem Rosto no chafariz.

Descemos até o fim da escadaria, que dava para um rio com cheiro de morte. Sem Rosto puxou uma corda que se prendia a um barco. Entramos e ele começou a remar para onde a correnteza levava. Chegamos até um portão negro que se abriu para nos dar passagem.

O lugar era muito macabro, cheio de ruínas. Seguimos em frente até chegar em um salão cheio de tochas com fogo roxo. Uma figura saiu da escuridão, totalmente encapuzado com uma foice em mão. Olhei espantada para Sem Rosto.

“ Que legal, ninguém me falou que eu ia literalmente encontrar com a morte! Ai meu Deus, o que eu faço agora?”

-Sejam bem-vindos ao Reino dos Mortos.

Virei para a criatura e disse dando um sorriso forçado.

-Obrigada, senhor! Meu nome é Chihiro e esse é meu amigo Sem Rosto.

-É um prazer conhecer a Escolhida.

“Não sei se é um prazer conhecê-lo”

-Igualmente, senhor.

-Você trouxe uma coisa para mim, não é?

-Trouxe?- perguntei confusa.

- Uma chave, ou algo do tipo?- me respondeu

- A ta... Sim, eu trouxe.- Disse entregando-lhe o prendedor de cabelo.

- Venha comigo criança.

Ele me levou até um salão com seis livros em uma mesa.

-A chave só abre um desses livros. Porém você tem que ter certeza de que o livro que você escolheu é realmente aquele que procura antes de abri-lo.

-Entendi.

Ele me devolveu o prendedor e me aproximei mais da mesa.

O primeiro livro da esquerda para a direita era azul, o segundo era verde, o terceiro era vermelho, o quarto amarelo, o quinto preto e o sexto lilás.

Todos reluziam um brilho celestial e eram bordados com ouro.

“ Eu posso eliminar os de cores claras, então deve ser o preto ou vermelho . Mas se os localizações foram mudadas e os livros também, então por que Dark se confundiu, achando que o livro dos Vivos, era o Livro dos Mortos ?”

Comecei a bater na mesa com os dedos da mão.

“Então não foi só os livros que foram trocados, e sim a capa deles! Dark se confundiu achando que o Livro dos Mortos era o dos Vivos, porque esse estava com a capa escura! O contrario de viver é morrer e o oposto de preto é branco! O preto simboliza a morte e o branco a vida, assim como o nome dos livros! Mas espera, só tem livro de cores aqui. O livro não ta aqui!”

- O livro não esta aqui, senhor.

Ele deu uma risada e disse.

-Você realmente é a Escolhida! Isso foi um teste para ver se você é realmente capaz de abrir o Livro dos Mortos.

Ele me entregou o livro e um frasco com um liquido roxo dentro.

- Passe em sua espada quando for matar Dark. Você já sabe que não deve mirar no coração, não é?

- Sim, senhor. Muito obrigada!

- Seja forte quando chegar a hora, vai chover no dia, é melhor se esconder em um lugar quente, uma gruta talvez.- disse ele rindo.- Você terá a minha benção nesse dia.

- Como senhor? Não entendi. O que...

Não pude completar a frase, porque com um piscar de olhos, já estava do lado de fora do chafariz.

-Querida! Você esta bem?- Veio Zeniba correndo em minha direção.

- Sim, estou.

-Esse é o livro?

-Sim.- disse entregando-lhe o livro.

Eu não conseguia responder direito. Estava pensando sobre o que aquele senhor queria dizer com “ É melhor se esconder em um lugar quente, uma gruta talvez”.

Logo depois, subimos nos dragões e partimos para o Sul.