João E Maria escrita por Manuzíssima, Babi Lemos


Capítulo 6
A gente era obrigado a ser feliz




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Bárbara estava saindo de casa quando deu de cara com Léo preparando-se para tocar a campainha. O que diabos ele fazia ali? Ela estava de saída para a praia com as amigas e ele aparecera para estragar todos os seus planos.

- Bom dia. – ele sorriu olhando-a de cima a baixo, admirando suas pernas nuas pelo micro short, a barriga escondida apenas pela blusa fininha que ainda mostrava o biquíni cor-de-rosa tomara-que-caia. Bárbara achou aquilo uma invasão, apesar de já estar acostumada aos olhares masculinos, com Léo era diferente: ele não só olhava, mas ela também tinha a sensação que ele a estava despindo. Maldito!

- Em que posso ser útil? – ela tirou os óculos escuros, colocando-os na blusa.

- Não me convida para entrar?

- Estou de saída. – ela deu um passo a frente, virando-se para fechar a porta. – Até mais tarde, mãe. – gritou dali mesmo, trancando em seguida. – Pode falar.

- Queria falar calmamente com você, posso? – ele a olhava nos olhos. Era difícil pensar daquele jeito, principalmente depois daquela festa.

- Léo, minhas amigas estão me esperando na praia. – ela praticamente gemeu em protesto e o garoto sorriu, sabendo que ela iria dar meia-volta e entrar em casa para conversarem. Ela, vendo que ele não desistiria, rolou os olhos e tirou o celular da bolsa, discando para alguém enquanto entrava em casa de novo com Léo em seus calcanhares. – Vou me atrasar um pouco. – falou com Bruna do outro lado da linha. – Em, no máximo, duas horas, estou aí. – e desligou. Léo sorriu. Duas horas eram mais que suficientes para o que ele queria, mas talvez ele a convencesse a ficar em casa... – Vamos lá pro quarto. – ela disse enquanto subia as escadas com o garoto seguindo-a bem de perto. Entraram no quarto da menina, ela sentou-se na cama e apontou a cadeira do computador para ele sentar. – Fala.

- Bárbara... – ele começou, puxando a cadeira de rodinhas até ficar bem próximo dela. A respiração da garota falhou, mas ele estava tão mais nervoso, que esse fato lhe passou despercebido.

Na cabeça de Leo havia um turbilhão, um furacão e uma tempestade tropical; no estômago de Bárbara uma guerra entre borboletas, passarinhos estridentes e formigas assassinas que começavam a comer suas vísceras. Todas as conversas mais íntimas entre esse dois eram complicadíssimas! Sempre! Por quê? Ambos sabiam, mesmo que inconscientemente, mas ela afastava de si mesmo aquela possibilidade.

- Bárbara, eu quero mudar, quero fazer diferente. Namorei algumas meninas, mas não era nada daquilo que eu realmente queria...

- Ah, entendo perfeitamente, você estava lá obrigado por alguma força oculta... – ela cortou o raciocínio dele, as formigas assassinas ansiosas devoravam seu estômago.

- Eu posso continuar, senhorita Sarcasmo? Não responda, eu vou continuar de qualquer forma. Estou dizendo que namorei, e muito, mas não é mais isso que eu quero, essas relações superficiais em que eu fico ali, só por ficar, mas quando minha paciência acaba, me mando para onde eu quero, deixo a coitada esperando horas e horas, e quando eu volto, se eu volto, é só para brigar, afinal não era ali onde eu queria estar.

- A coitada no caso é a Marcinha? Essa é uma guerreira! Sabe que eu tenho pena dela, né? Não que pena seja um sentimento muito nobre, mas é o que eu consigo sentir quando vejo algumas coisinhas que você apronta.

- Bom, ignorando seu comentário desagradável, eu continuo. Da outra vez que eu quis namorar você, levei um pontapé! Mas foi justo, minha proposta era ridícula, hoje eu vejo o quanto.

Barbara queria rir, mais por nervosismo causado pelas circunstâncias, aquela cena era meio surreal. O que ele queria, de verdade?

- Mas, hoje, minha doce Bárbara, quero te dizer que eu quero uma relação séria com você. Quero parar de bebedeira, de cafajestagem, de idiotice. Quero estar inteiro nessa relação da mesma forma que quero que você também esteja. O que me diz?

A essa altura as borboletas estavam com as asas despedaçadas dentro do estômago da menina e se debatiam pelo chão. Ela ouviu mesmo direito? Não sabia!

- Como é mesmo, Léo? Desculpa, acho que me distrai.

- Eu quero que a gente namore. No sério! Valendo! Sem traições, sem sujeira!

Ele esperava uma resposta, mas ela não tinha. O cérebro tinha ficado vazio, logo o dela tão resolvido, tão cheio de ideias brilhantes, não tinha nada para dizer, as palavras tinham ido embora. Havia dúvida, ela sabia de muita coisa que ele aprontava, além disso ele tinha sido capaz de pedi-la em namoro enquanto ainda namorava com a Marcinha.

- E a Marcinha? Como ela fica nessa história?

- Nós terminamos.

- Quando? Ainda ontem vocês namoravam...

- Hoje! Estou vindo da casa dela.

- E eu vou namorar com o defunto ainda quente?

Ela era ofensiva quando queria, mas estava cogitando possibilidades e Léo havia percebido.

- Então, você vai aceitar, né? Olha, eu prometo...

- Nem termine, querido. Se eu entendi mesmo sua proposta, preciso pensar. Não sei de nada, por enquanto. Nada, nadinha mesmo e não estou fazendo doce! É simples, eu não sei. Preciso de um tempo para pensar sobre tudo isso que eu acabei de ouvir.

- Deixa eu te ajudar.

Ele foi falando e foi levantando da cadeira. Sem que ela esperasse, ele já estava com uma mão no rosto dela e a outra, passeando pela nuca, subindo pelo cabelo dela e deixando na pele dela pequenos pelos eriçados. E sem deixar tempo para ela reagir, ele fez o que estava querendo fazer desde a noite anterior quando dançaram juntos.

E que beijo! Era um beijo que estava guardado fazia muito tempo. Uma agonia que sairia pelos poros caso demorasse mais algum tempo sufocada dentro deles.

Léo, racional que era, no meio daquele sufoco de mãos, boca, pele e poros, perguntou:

- Você vai namorar comigo?

Bárbara não arredou pé da sua ideia inicial, queria mesmo um tempo para pensar, afinal desde o beijo – o primeiro dela que ele lhe dera no portão – até aquele momento sabia que muita coisa tinha mudado. Não era mais uma menininha boba que nunca tinha beijado, nem mesmo virgem ela era mais.

- Hummm, Bárbara, você tem uma tatuagenzinha bem aqui? Que delícia, hein? – dizia o rapaz roçando os lábios e os dentes na curva da cintura da moça. O beijo estava virando amasso e não eram esses os planos da menina.

- Tenho sim, mas pode parar bem aí. – disse e já foi levantando, jogando-o para longe dela. – Eu vou fazer o que eu disse, eu preciso pensar. E antes, preciso ir ao encontro das minhas amigas que estão me esperando na praia.

- Ok, baby, o que você precisar! Fico aguardando as suas ordens para que meu sofrido coraçãozinho possa voltar a funcionar bem. – disse Léo ainda deitado na cama dela, os dois braços cruzados atrás da cabeça.

- Agora, vamos, levanta daí que eu estou atrasada.

- Você vai de moto? Acho perigoso.

- Não é da sua conta.


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