João E Maria escrita por Manuzíssima, Babi Lemos


Capítulo 4
E você era a princesa que eu quis coroar


Notas iniciais do capítulo

Já ia dormir quando minha parceira de Letras me devolveu o capítulo com esse ar de mocidade que aí vai.
Babi, vc é show!



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Foi no final de um semestre, quando Bárbara chegava da faculdade, mal tinha acionado o controle do portão de casa para entrar com a moto recém-comprada, que Léo encostou também de moto. Ela levantou a viseira, encarou o moço e perguntou na lata:

            - O que você está fazendo aqui?

            - Não vai me convidar para entrar? Pode ser perigoso ficar conversando aqui fora. Tem tido muito assalto por essas bandas!

            - Entra! Mas eu não tenho muito tempo!

             Entraram e desceram da moto. Vinha cansada e feliz, ao mesmo tempo, tinha conseguido nota máxima na maioria das disciplinas daquele semestre.

            Ele começou:

            - Eu vim perguntar algo para você, mas preciso saber a verdade. Não quero seus silêncios de sarcófagos, eles me irritam. Muito menos sua cara de piedade sarcástica. Todas essas máscaras que você usa, eu conheço.

            - Ok. – ela disse mais pelo susto da sinceridade dele que ela nunca tinha ouvido assim, na lata.

            - Eu quero terminar meu namoro para namorar você, levar um lance sério e profundo, sem medo de ser feliz ou de ser magoado. Mas quero antes saber se você está livre ou se ainda está enrolando aquele coitado que você conheceu na faculdade.

            - Meu relacionamento com o Victor não é da sua conta.

            - Sem grosseria! Olha a boca! Senão faço a senhorita ficar calada de novo. - ele foi falando e foi se aproximando. – Foi bom, né, naquele dia? Aliás, naquela noite... Não consegui mais tirar da cabeça que eu quero mais e sou homem suficiente para assumir aqui, assim, olho no olho, e a reposta não vai doer.

            - Deixa ver se eu entendi: você quer que a gente namore, mas só vai terminar com a sua namorada se eu disser quer quero namorar você. Caso contrário, você continua enrolando a coitada da Marcinha até... Até quando mesmo?

            - Até quando ela quiser, eu só não vou ficar sozinho! - e deu mais dois passos em direção a Bárbara que ia recuando na mesma medida segurando o capacete na frente dela como se fosse um escudo.

            - Você é um covarde!

            - Se esse seu comentário se refere ao fato de que eu não quero ficar sozinho... Ok, você tem razão. O que mais você quer dizer de mim?

            - Que eu quero que você vá embora! Não quero nada com você! - ela foi falando e acionando o portão automático. Era hora de Léo ir embora, a proposta dele, afinal, era um abuso só!

            Meses depois, novo fim de semestre, numa balada que sempre ocorria na cidade durante as férias, os dois, Bárbara e Léo, se encontraram.

            Quem viu primeiro foi Bárbara. Estava com várias cervejas na cabeça, as sandálias na mão, a barra do vestido molhada devido às poças de chuva. Bebeu mais um pouco e dançou loucamente, era outro momento na vida dela, as amigas apreciavam essa Bárbara mais descolada, menos virgem. Ah, era isso mesmo! Ela não era mais virgem, tinha tido uma primeira e única vez com Victor, dias depois o namoro tinha terminado.

            Quando Léo a viu, mal acreditou. Ela tinha pintado o cabelo, estava loira e a cor tinha caído muito bem. Usava um vestido longo que marcavam as curvas dela por onde o tecido colava naquele ritmo sem passos ensaiados que ela estava dançando. Olhando mais atentamente, ele viu que ela estava bebendo e na outra mão um cigarro. Que Bárbara era aquela?

            - Oi! – ele disse bem no ouvido dela quando se aproximou.

            - Oi! Quanto tempo, né? – ela respondeu quando reconheceu quem era.

            - Faz tempo que você chegou? – ele queria mesmo puxar assunto, mas não sabia por onde ir.

            - Faz um pouquinho... Tudo bem com você?

            Como Léo estava de frente para Bárbara, acabou dando as costas para as amigas com as quais ela andava e não via que elas acenavam freneticamente para que ela apresentasse.

            Sorriu um sorriso imenso que Léo adorava e foi apresentando cada uma delas.

            - Léo, deixa apresentar minhas amigas. A Pri, a Bruna Oliveira, a Margô, a Laura, a Bia, a Sarita, a Lili Vasconcelos e a Lili Sampaio. Meninas, esse é o Léo, um amigo de infância. – foi falando alto por causa do barulhão, apontando e rindo.

            Léo, por pura educação, foi dando beijinhos nas bochechas de todas elas. O pensamento dele, no entanto, continuava desenhando as curvas de Bárbara.

            Quando terminaram os beijinhos, Bárbara tinha desaparecido. Léo virou, procurou e não viu. Voltando-se para as amigas dela, uma falou:

            - Ela deve ter ido comprar mais cerveja ou cigarro.

            Léo não conhecia aquela Bárbara. Sabia quem era a pirralha mal criada e arrogante, cheia de silêncios que o torturavam e com sardas espalhadas pelo rosto. Essa mulher que agora passeava pela vida sem pedir a permissão de ninguém, ele desconhecia.

            Encontrou Bárbara no bar, acotovelando-se na multidão de rapazes e moças que queriam a próxima cerveja. Ela ria alto com uma piada que ele não pode entender, pois só tinha ouvido o final. Parte dos cabelos loiros dela colava na pele do pescoço que transpirava, outra parte voava e o rapaz da piada recém-contada aproveitava para apreciar o cheiro. Quando ela finalmente conseguiu a cerveja, virou-se e deu de cara com Léo que olhava fixamente para ela. Sem perder a pose nem a graça, ela se aproximou:

            - Segura minha cerveja enquanto eu vou ao banheiro? É só um minutinho! – pedia com um sorriso gigante.

            - Com todo prazer, moça, pode ir que eu espero. – aliás, ele esperaria bem mais caso ela precisasse.

            Quando ela voltou, o cabelo estava preso num coque. Ainda sorria quando estendeu a mão para pegar a latinha da mão dele. Sem perder a chance, Léo puxou com força para si, colando parte do corpo no dela.

            - Você está linda!

            - Sem essa, Léo, isso é piada antiga! – e soltou uma gargalhada.

            - Estou falando sério! – insistiu ele.

            - Ok, eu não duvido da sua seriedade, mas acho que estou bêbada demais para duvidar de qualquer coisa, então minha opinião não conta. – e gargalhou de novo.

            - Adoro quando você ri assim! Toda espontânea.

            - Léo, se você não se incomodar, pode me soltar? Eu quero voltar para onde estão minhas amigas e curtir minha primeira balada de férias, afinal eu mereço! – e desvencilhou-se dos braços fortes do rapaz, indo em direção às amigas que não tiravam os olhos do casal.

- De onde ele surgiu? – Lili perguntou.

- Longa história. – Bárbara soltou a fumaça do cigarro. – Alguém viu a Pâmela?

- Pra quê você quer saber daquela... – Bruna não terminou de falar. Nunca terminava, dizia-se uma garota educada demais para falar coisas feias. Pura balela.

- Porque ela é, supostamente, a próxima DJ. A música não pode parar. – e fez alguns passos de dança. Algum tempo depois, depois de algumas mais latinhas de cerveja e quando a madrugada já estava se apresentando, Bárbara sentiu um par de mãos em sua cintura.

- Dança comigo. – ouviu a voz sussurrada bem ao pé do seu ouvido. Talvez estivesse bêbada demais, talvez quisesse alguém para dançar, talvez apenas quisesse estar com ele, ainda que não admitisse, o fato é que ela foi.


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Notas finais do capítulo

Resista, Bárbara! Se for possível...



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