- Annie - chamou a mãe -, você viu a Carly? - havia um certo tom de preocupação na voz dela. - Ela não passou a noite em casa.

 - E você ainda se surpreende, mãe? - falou Annie irônica.

 - Não faça brincadeiras, Annie! Sua irmã passou a noite fora e não deixou recados nem nada.

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  Annie foi para a escola sem ao menos se preocupar. Passar uma noite fora seria do feitio de Carly. Ela já fizera tal coisa - há pouco tempo, inclusive -, deixou todos de cabelo em pé e quando foi no dia seguinte, estava na escola como se nada tivesse acontecido. Levou uma bronca das boas e ficou de castigo, mas nada daquilo impedia Carly de fazer o que bem entendesse.

  Annie esperou que veria a irmã na escola, ou talvez depois, em casa. Porém, isso não aconteceu. Já era quase 00:00 e nem um sinal de vida de Carly. Annie começou a ficar preocupada.

  A policía estava lá embaixo na sala falando com os pais. Fizeram perguntas do tipo "quando foi a última vez que a viram?" e "ela tem esse comportamento com frequência?". Depois pediram uma foto de Carly e uma descrição das roupas que estava usando.

  Annie ficou sentada lá em cima na escada, escondida, escutando toda a conversa. Uma preocupação intensa começou a pairar sobre seu coração.

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  Uma semana havia se passado desde o desaparecimento de Carly. A família já esperava pelo pior. Por mais desnaturada que Carly fosse, ela jamais faria isso, sumir assim por tanto tempo.

 - Oh, Matthew, eu não sei mais o que esperar... - ela abraçou o namorado, chorando.

 - Vai ficar tudo bem, Annie!

  Ele tentou reconfortá-la, mas não era o suficiente, sabia Matt. Não existia mais esperança...

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  Foi de madrugada quando a polícia bateu na porta da casa dos Amberden.

  A mãe e o pai de Annie desceram para atender à campanhia. A garota ficou observando lá de cima. Ao abrir a porta, lá estavam dois detetives.

 - Sr e sra Amberden?

 - Isso mesmo.

 - Sinto muito em dizer isso, mas... encontramos o corpo de sua filha.

 - Sintimos muitíssimo por sua perda! - falou o outro policial.

 - Passem amanhã pela manhã na delegacia e esclareceremos melhor os fatos.

  Assim, os dois detetives se retiraram.

  A mãe de Annie tinha agarrado o marido. Os dois choravam. A mulher começou a se debater e gritar enquanto o homem tentou consolá-la. No andar de cima, Annie se recostou na parede e sentou-se no chão, chorando silenciosamente.

  Do outro lado da rua, um garoto passou caminhando e assobiando.

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  Na manhã seguinte, Annie chegou à escola parecendo um zumbi. Quando entrou na sala e viu Kathy, correu para os braços da amiga, chorando desesperadamente. A outra a abraçou e começou a alisar os cabelos de Annie.

 - Annie... o que aconteceu?

  Não houve resposta.

 - Annie, fale comigo!

 - É... é Carly, Kathy... Ela... está mor... está morta... - Annie falou em meio a soluços.

 - Oh, meu Deus, Annie!

  Kathy abraçou a amiga ainda mais forte. Nesse momento, Lizzie e os garotos chegaram. Kathy fez um sinal com a mão para que eles se aproximassem.

 - Que houve? - perguntou Drew. - Não a vi hoje de manhã, Annie, achei qu...

 - Shhh! - exclamou Kathy.

  Logo, Matthew chegou. Quando Mason parou de dar sinais de vida, Matt voltou a ir para a escola aos poucos. Ao chegar e ver todos ao redor de Annie, se aproximou.

 - Está tudo bem por aqui?

 - Gente... a Carly morreu - contou Kathy. Ela se voltou para a amiga em seus braços. - Nós sentimos muito por sua perda, Annie! - falou enquanto uma lágrima escorreu por seu rosto.

  O restante do grupo fez um abraço coletivo com Kathy e Annie no centro.

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  Assim que o professor entrou na sala, Kathy e Lizzie foram conversar com ele. Foi difícil fazer Annie soltar-se de Kathy, mas conseguiram. Agora ela estava nos braços de Drew. As meninas pediram para o professor ir com elas até o corredor e lhe contaram do ocorrido. Annie foi levada para diretoria e dispensada da escola por aquele dia. A diretora deu-lhe os pêsames e disse que apenas não liberaria Kathy e Lizzie para irem com ela porque não era permitido.

  Ao sair da escola, Annie não foi para casa. Ficou caminhando sem rumo. Seus óculos ficaram completamente embaçados devido às lagrimas. Diversas vezes se trombou com algumas pessoas. Sua cabeça girava e tudo estava distante, desfocado. Quando se cansou de caminhar, parou e sentou-se num ponto de ônibus.

  Seu celular tocou - um celular novo, pois aquele antigo ficou perdido na rua e provavelmente fora esmagado por um carro qualquer. Annie nem se deu ao trabalho de pegá-lo.

  O ponto de ônibus, na parte de trás e dos lados, era revestido por vidros. Alguém se encostou, do lado de fora, em uma das laterais do ponto. Annie não conseguiu ver direito a pessoa, mas percebeu que ela estava vestida de preto. A garota voltou a encarar o chão, ainda chorando. A voz chamou sua atenção.

 - Olá, bela Annie.