X-Men: O Renascer Da Fênix escrita por Tenebris


Capítulo 16
Dominação


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :D E aqui vão algumas explicações sobre o capítulo anterior. Espero que gostem.
PS: Eu achei que esse capítulo ficou muito grande, então o dividi em dois. Perdoem se ficar ainda mais confuso, mas é necessário :D
PS 2: Mais pra frente, não me lembro em qual capítulo, haverá uma cena meio "forte", mas tentei deixá-la o mais sutil possível, mas deixando clara a intensidade e importância do momento.



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Alice simplesmente se sentia leve. Leve de um jeito diferente... Como se sua consciência estivesse adormecida, porém sonhando incessantemente. Ela lembrava-se de flashes de memória, como resquícios de uma batalha muito remota, cujas cores predominantes envolviam o azul e o vermelho. Ela também sentia uma paz e alívio incomuns... De alguma forma, ela não parecia viva, porque onde estava era perfeito demais, límpido demais. Sua mente só trabalhava no que era conveniente, e não havia lembranças doloridas e tristes, ou raiva. Tudo era azul... Calmo, longe de qualquer sentimento negativo.

No entanto, ela não estava morta, porque recobrava sua consciência de tempos em tempos e tinha a sensação de que se esquecia de algo... Tinha a sensação de que havia um dever a ser cumprido... Lembrava-se de metal girando no ar... E quanto mais pensava no metal, mais a sensação de que precisava voltar a si, aparecia.

Alice podia sentir que teria de fazer uma escolha. Podia ficar ali confortavelmente sub-existindo, ou voltar para buscar o que havia esquecido. Ela lembrou-se novamente do metal, como se este fosse fundido numa espécie de fogo azul. O que isso poderia significar?

E então, aos poucos, ela começou a se lembrar de um nome... O nome ecoava na mente dela, como um chamado, uma ordem, um pedido, uma súplica... Um desejo.

Erik.

Magneto.

O nome ficou mais nítido e mais claro, à medida que os flashbacks apareciam e Alice os assistia, como se fosse um filme de sua própria vida. Ela voltaria. Ela tinha missões inacabadas... Tinha um sentimento inacabado.

- Erik! – Ela chamou, sem ter certeza absoluta de que o som saíra de sua boca.

“Alice”... Ela ouvia, como se alguém a chamasse repetidas vezes à distância. O ruído foi ficando cada vez mais intenso. E por um momento, ela pôde sentir que respirava livremente, como se tivesse voltado à sua realidade. E os chamados ficaram mais intensos... Cada vez mais frequentes e fortes. E na mesma proporção, Alice ia se lembrando, cada chamado trazia uma lembrança... Um motivo. Um significado.

- Alice? Alice!

Ela ouvia, agarrando-se à única lembrança mais sólida que tinha. Um nome. Erik. O homem que ela amava.

E então, Alice abriu os olhos. Encontrou uma sala de hospital. Ela estava deitada numa cama, com alguns equipamentos ligados à ela e um monitor irritante do lado, marcando seus batimentos cardíacos. Era a enfermaria de Utopia.

E do lado direito dela, segurando suas mãos frias, havia ele. Erik olhava para Alice com uma expressão de alívio, de alguém que de repente acha o que pensou ter perdido para sempre. Ele vincou a testa e semicerrou os olhos, abrindo um sorriso lateral de surpresa, e abraçou Alice de uma forma que ela nunca tinha sentido antes.

Ele a envolveu em seu abraço, recostando a cabeça dela contra seu peito, como se quisesse que ela ficasse ali por um bom tempo. Como se ele estivesse decididamente feliz por vê-la e recuperá-la. E, simultaneamente, havia tanta intensidade no abraço e em seu jeito... Como se ele fosse perdê-la de novo.

Era como se Erik estivesse contente por revê-la, e ao mesmo tempo, desesperado por achar que iria perdê-la outra vez. Mas não importava. Alice retribuiu o abraço, e sentiu, naquele momento, que independentemente do que tivesse acontecido, ela sobrevivera. Ela vencera.

E então, Alice se levantou da cama, ignorando a resistência dos fios que a conectavam a aparelhos médicos. Ela se pôs de pé, e uma ligeira tontura tomou conta dela. Mesmo assim, ela correu para os braços de Erik, sentindo o corpo quente dele contra o dela. Era um momento que não precisava de palavras, não precisava de explicação... E não havia sentindo em se recordar de mágoas passadas.

Alice encostou sua cabeça no peito de Erik, aninhando-se em seus braços fortes. Ele recebia o abraço dela com intensidade, com urgência... Levou suas mãos à cabeça dela, acariciando-a e confortando-a. Erik, em seu íntimo, temeu que nunca mais fosse viver momentos como aquele.

E Alice sentia algumas lágrimas silenciosas traírem-na, escorrendo por suas maçãs do rosto. Ela poderia ficar todo o tempo do universo daquela maneira, sentindo-se amada e protegida. No entanto, ela ouviu barulhos que indicavam que alguém de cadeira de rodas se aproximava.

Alice permaneceu abraçada a Erik, mas virou-se de modo a encarar quem agora aparecia na sala: Charles Xavier.

- Acabou, não é? – Ela indagou para ninguém espécifico, estranhando o som da própria voz, depois de tanto tempo sem usá-la. – Nós vencemos...

A expressão de Charles Xavier se agravou, e ele uniu as duas mãos, como sempre fazia quando estava preocupado e temeroso.

Charles se postou na frente de Alice e Erik. Alice olhava ora para o amado, ora para o Professor.

- Sim... Creio que vencemos. E... Alice. Há coisas que você precisa saber.

Alice também endureceu a expressão, disposta a ouvir Charles. Contudo, o tom de voz dele e sua expressão deixavam claro que havia algum problema. A sensação de paz que Alice tinha esvaiu-se completamente.

- Claro... Conte-me tudo. – Alice comentou, ansiando por informações.

Charles suspirou durante um longo tempo, e falou:

- A batalha propriamente dita ocorreu em questão de segundos...

- Eu não me lembro de muita coisa. – Disse Alice, percebendo, com certa aflição, que não se lembrava de muita coisa em relação à batalha. Nem mesmo sabia o porquê de esse esquecimento ter acontecido.

- E nem poderia se lembrar. – Disse Charles, olhando profundamente para Alice. Os lábios dele estavam cerrados numa linha fina. – Não foi você quem venceu a batalha...

Alice sentiu que sofria um baque. Havia muita confusão no ar. Ela arqueou as sobrancelhas e se afastou um pouco de Erik, buscando aproximar-se de Charles. Talvez isso a ajudasse a entender melhor a situação:

- O que?

- Sabe, Alice... Você e a Fênix costumavam ter muitas semelhanças. Mas o que era mais marcante entre vocês era a diferença. Você, Alice, possuía controle sobre seus poderes. No entanto, há seis meses, você optou propositalmente em deixar seus poderes controlarem você. Você quis assim... Você quis que tudo isso acontecesse.

Alice deixou o impacto da situação atingi-la. Ela tentava assimilar cada palavra dita por Charles... Mas ainda havia lacunas em sua mente. Ela queria saber exatamente o que tinha acontecido naquela noite, e essa curiosidade perigosa a estava assustando violentamente.

- Aonde quer chegar, Charles? – Alice indagou cautelosamente.

- Há seis meses, ocorreu a grande batalha. Você estava cara a cara com a Fênix. Logan tinha acabado de ligar o dispositivo, e Jean Grey jazia diante de você. No entanto, você estava atingindo um estágio de poder que nunca antes atingira. Você começou a perceber que seus poderes poderiam evoluir... Poderiam avançar para um estágio praticamente ilimitado. Naquele instante, Alice... Você percebeu que podia possuir uma quantidade infinita de poder.

Alice estreitou os olhos, fitando Charles com intensidade, como se a cena que ele descrevia perpassasse pelas pupilas dele, revelando um jogo de luzes azuis e vermelhas. Alice tinha flashes de memória, e o baque da terrível compreensão estava começando a atingi-la.

Chales continuou, ainda com as mãos unidas, fitando Alice com afinco:

- No entanto, para obter todo esse poder, você percebeu que tinha de fazer uma coisa. Nesse momento, você abriu mão de seu auto controle. Você permitiu que seus poderes lhe controlassem. Voluntariamente. Propositalmente. Você entregou o destino do universo nas mãos de seu poder. Você desistiu da Alice. Você se tornara a Águia...

Alice ouvia tudo aquilo com terror. Ela sentia o ritmo de seus batimentos acelerarem, ecoando surdos diante do silêncio repentino entre as falas de Charles. A respiração dela começava a se desestabilizar, e Alice sentiu que o ar em seus pulmões eram como fogo. A compreensão, aos poucos, se instaurava nela... Perturbando-a com a realidade dos fatos.

- Naquele momento, você era somente poder. Energia. E, sim, você derrotou a Fênix. Ela foi destruída. No entanto... Alice, ouça-me com atenção.

Pela primeira vez, Alice desviou os olhos e deixou de fitar Charles. Ela abaixou a cabeça, encarando o chão, encarando o vazio... A mente a mil por hora, imaginando o horror o qual ela se tornara.

Charles insistiu, alteando o tom de voz, chamando a atenção de Alice para a gravidade dos fatos:

- Curiosamente, após ter derrotado a Fênix, seus poderes pareceram devolver o controle de volta para você. Eles permitiram que você voltasse a ficar no comando. No entanto, se você tivesse deixado seus poderes controlarem você por mais algum tempo, por mais alguns poucos milésimos, nada mais existiria! Você teria entrado em um colapso de energia irrecuperável, e o universo como conhecemos explodiria em chamas! – Charles gritou.

- NÃO! – Alice berrou, horrorizada com as palavras dele. Lágrimas escorriam pelo rosto dela, e a ardência deixada por elas na trilha pelo rosto de Alice não ajudou muito. Fez com que ela se lembrasse do calor das chamas. Do calor de ter colocado o universo inteiro em perigo.

- NÃO! – Ela repetiu, histérica. – EU SALVEI A TERRA! EU DESTRUÍ A FÊNIX!

- DESTRUIU A FÊNIX PARA SE TORNAR A VERDADEIRA INIMIGA! DESTRUIU A FÊNIX PARA SE TORNAR A VERDADEIRA AMEAÇA! – Berrou Charles, também incomumente nervoso, se dirigindo a Alice com agressividade.

Ela ainda estava tomada pelo caos da compreensão que a assomava, temendo a verdade. Odiando-a...

- Se tivesse deixado seus poderes no comando por mais um segundo... Nós não estaríamos mais aqui. Você destruiu a Fênix. E se tornou o verdadeiro perigo. Eu não quero nem imaginar se algo tivesse acontecido de fato! – Explicou Charles, abaixando a cabeça, e levando uma mão à testa, num gesto de descrença e vergonha. – Desculpe-me, Alice... Estou nervoso. Bem... Depois disso, um clarão azul tomou conta do céu. A Fênix se fora. E você, estava desacordada. Era muita energia para seu corpo humano. Você entrou em um estado de transe pós-traumático. Não estava morta, eu sabia disso. Mas ficaria inconsciente por um bom tempo. E acordou... Seis meses depois. Agora.

Alice levou as mãos à boca, num gesto de descrença. A verdade era tão real... Tão possível... Ela sentia asco de si mesma. Como pôde ter deixado tudo isso acontecer, ainda que fosse para destruir a Fênix? Alice estava se tornando o mesmo tipo de criatura que pretendia combater. Estava deixando o poder a consumir, como um fogo voraz.


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