Batalha Real - Matar ou Morrer! escrita por Stark


Capítulo 21
Intenção


Notas iniciais do capítulo

Cada aluno possui uma estrategia diferente dentro da Arena para alcançar as suas intenções, sejam elas de participar ou não do jogo.



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15 horas e 59 minutos de jogo...

Eduardo deixara para trás a Prefeitura no quadrante H-6 e agora corria pela praça carregando sua bolsa e a aljava de flechas em suas costas, sabia que elas eram inúteis sem sua balestra, mas caso precisasse passar por algum confronto elas ainda serviriam para perfurar. Ele precisava encontrar um carro. O carro significaria uma grande vantagem, obviamente faria barulho e chamaria a atenção, mas isso poderia ser sim uma coisa boa, uma estratégia. Se deixasse o veículo rapidamente e esperasse alguém se aproximar, ele poderia avaliar a situação, e em caso de vantagem, atacar sorrateiramente.

Aproximou-se da Avenida e olhou para os lados, nenhum sinal de qualquer outro aluno. Olhou para o prédio a sua frente, imaginando se alguém o estava observando de algum apartamento. Correu pela calçada até a frente da Loja de materiais de construção, e do cruzamento, avistou mais além na Avenida um carro, exatamente igual ao que ele avistara da Prefeitura. Não pensou duas vezes, e começou a correr, atravessou a rua e silenciosamente se locomoveu pela calçada com passos curtos e apressados ao reparar que correndo seus pés faziam mais barulho do que ele imaginara.

Se aproximando do carro em frente a Loja de informática ele viu, do outro lado da rua, em frente a Loja de suplementos, um corpo caído. Sua euforia se esvaiu do corpo e ele imediatamente se arrependeu de ter saído para a rua e ficar tão vulnerável. “Não pode ser...” Ele pensou ao ver aqueles cabelos louros tragicamente sujos de sangue, reconhecera Karine, a garota que roubara sua balestra lhe deixando incapaz de atacar com a segurança da distância. Ao lado do corpo ele viu a sua balestra intacta, e a euforia rapidamente voltou acompanhada de uma sensação de segurança. Pegou a balestra em suas mãos e guardou a foice da garota na bolsa “Uma arma a mais para mim, e uma arma a menos para outro” Ele pensou, na lógica de que se ele não ficasse com a foice, alguém certamente a pegaria.

Agora só precisava entrar no carro e executar seu plano de atrair a atenção de alguém para um ataque surpresa. Foi quando ele escutou passos, passos rápidos, alguém estava vindo em sua direção rapidamente. Pensou em correr para o carro, mas os passos estavam se aproximando, não conseguiria chegar até o carro sem um confronto. Seguiu os instintos e entrou na Loja de suplementos, se escondeu atrás de uma prateleira e ouviu os passos desacelerarem, e em seguida pararem.

***

Giane estava no quadrante G-4 parada na esquina ao lado da Loja de suplementos, há pouco escapar de ser vista por algum aluno que estava dirigindo um carro. Teve que sair do campo de visão do motorista em questão de segundos e quando viu já estava correndo pelas ruas da cidade, com receio de que o motorista pudesse estar fazendo rondas. Foi quando viu, ao fim da rua, na Avenida, em frente a Loja de informática, um carro idêntico ao que avistara anteriormente, precisava investigar.

Se aproximou do veículo e viu o logotipo do Programa no capô do veículo “Quer dizer que esses carros estão disponíveis para uso dos participantes?” Giane pensou “Bom, esse aqui não mais...” . Abriu a porta do carro e se sentou no banco, não sabia dirigir, mas também não deixaria quem sabe tirar proveito de uma vantagem daquelas. Tirou a chave do carro e guardou em sua bolsa. Agora ninguém poderia mais usar aquele veículo. Respirou fundo, contente por ter neutralizado uma possível ameaça. Precisava continuar sua caçada diurna, mas depois que fora pega de surpresa por aquele carro, sabia que devia ter muito mais cautela.

***

Gabriela se encontrava no quadrante G-8, exausta e com muita dor de cabeça. Havia escapado por pouco de uma Zona de Perigo, e acabara de descer o morro de um bosque, na lógica a descida era para ser mais fácil que a subida, mas ela já estava completamente esgotada. Cada passo era um desafio. Não sabia se era por ter passado a noite em claro, pelo estresse ou por já estar completamente sem água, mas a sua cabeça estava doendo muito, beirando o insuportável. “Eu deveria encontrar algum remédio na Farmácia” Ela pensou, tentando se lembrar de quais eram as farmácias da cidade. Havia algumas na Avenida, mas ela não queria se arriscar de passar por lá. Olhou para o mapa, apenas 3 quadrantes a frente ela encontraria uma farmácia. Abaixou o mapa e olhou para a rua “Mais descida... Até chegar no Hotel” Ela pensou, teria que ser forte e aguentar.

***

Eduardo deixara de escutar os passos há algum tempo, e tomou coragem para olhar para fora. Não havia ninguém, caminhou até a porta da loja e olhou para os lados, a Avenida estava completamente vazia, agora era a hora, caminhou com passos apressados até o carro do outro lado da rua e abriu a porta, se sentou no banco da frente e ficou atônito. A chave não estava ali. “Puta merda!” Ele pensou. Não era possível, aquele carro deveria ser usado pelos participantes, por que colocaram um carro que ele não poderia usar? Ficou indignado. Será que havia mais carros pela cidade? Agora que encontrara sua balestra não estava disposto a apostar todas as suas cartas em um plano que tinha chance de falhas. Atravessou a rua a entrou novamente na Loja de suplementos, aquele era um bom lugar para se esconder e ver quem passava pela rua.

***

Giane caminhava pela rua do quadrante F-5, se perguntando se deveria parar de se arriscar tanto e procurar algum esconderijo até que mais colegas fossem eliminados, mas imaginava que era sua obrigação acelerar o jogo e não iria desistir da competição sem lutar. Continuava determinada, e sua maior intenção era manter a postura diante das câmeras, afinal, queria ser admirada quando se consagrasse campeã. Mantinha a atenção aguçada e estava em constante estado de alerta. De repente, a sua frente no cruzamento, ela avistou um vulto correndo de maneira cansada. Reconheceu Gabriela.

– Onde você pensa que vai? - Giane chamou, a colega levou um susto, desesperada, se atrapalhou e caiu asfalto. Giane escondeu a arma dentro da bolsa e a deixou com o zíper aberto.

– Aah, Giane... Eu não vi que era você... - Gabriela disse, ainda no chão, olhando para a colega que vinha em sua direção. Sabia que Giane não representava uma ameaça, as duas eram amigas, talvez Giane até lhe ajudasse.

– Por que estava correndo? Por acaso estava fugindo de alguém? - Giane perguntou, se aproximando ainda mais de Gabriela, que continuava sentada no chão, cansada demais para se levantar imediatamente.

– Não... É só que... A minha água tá acabando, e eu tô com muita dor de cabeça... Eu pensei em... Procurar um remédio na farmácia... - Gabriela respondeu ofegante.

– Humm... - Giane agora estava em pé na frente da colega - Não acha muito arriscado sair a essa hora no estado em que você está?

– Eu sei que é arriscado, mas eu não tenho outra opção... Será que você... Poderia me ajudar? A encontrar água, e remédio? - Gabriela perguntou à amiga.

– Que arma você recebeu? - Giane perguntou.

– Eu... Hã... Você ganhou uma boa? - Gabriela perguntou receosa.

– Eu? Não... Recebi um porquinho da Índia... Ridículo não? Igual na edição passada... Tive que soltar ele.

– Ah.. - Gabriela suspirou, não sabendo se ria ou chorava da situação da amiga - Comparado a você, até que recebi uma arma boa... - Gabriela mostrou sua faca militar. - Acho que se alguém me atacar... Eu consigo me defender...

– Não consegue não. - Giane disse, tirando a arma de dentro da bolsa e apontando para Gabriela.

– O quê? Eu pensei... Você disse que... - Gabriela disse, assustada.

– Eu blefei. - Giane disse - Você não devia confiar tanto assim nas pessoas.

– Por favor... - Gabriela implorou, tentando se levantar e ficando de joelhos - Não faz isso... Você não pode...

– Posso sim. - Giane disse. Olhou impiedosamente para a colega, e atirou em sua cabeça. O corpo da garota desabou para o lado, sem vida. Giane tirou a faca militar da mão da colega e colocou na bolsa. O barulho do tiro certamente assustaria seus colegas, mas também chamaria a atenção de outros. Agora tudo o que precisava fazer era se esconder, e começou a caminhar com passos apressados pela calçada, iria voltar para o Hotel.

***

Daniel observava o cruzamento do andar de cima da Farmácia no quadrante F-5, acabara de assistir a execução de Gabriela e via Giane desaparecer pela calçada. Seu estômago embrulhou, mas ele não podia deixar que suas emoções tomassem o controle. Seu sangue fervia. Já assistira duas mortes agora, mas a morte de Maiara parecia apenas um pesadelo que tivera, embora não tivesse dormido durante a noite inteira. Mas agora que vira como Giane abordara a colega, e como elas tiveram uma pequena conversa antes de uma meter uma bala na cabeça da outra, lhe assombrava profundamente. Elas costumavam ser amigas.

Será que ele também chegaria ao ponto de matar um amigo? Até então estivera seguro quase que o tempo inteiro, mas no final restaria apenas um vencedor. Seus instintos lhe mandaram sobreviver, mas será que ele teria coragem de usar aquela espada para decepar a cabeça de um colega? Ele começou a pensar, e imagens perturbadoras das cabeças cortadas de seus colegas surgiam na sua mente como fantasmas para lhe assombrar. Se lembrou também, que muitos dos seus colegas já haviam morrido, e seu sangue voltou a ferver, agora tudo parecia mais real do que nunca.

***

Juliana estava escondida em uma casa no quadrante E-1, já havia saído de duas Zonas de Perigo, que sabia ela, foram anunciadas justamente por ela estar escondida e os organizadores saberem que ela não estava disposta a cooperar. Estava sentada na cadeira da mesa de uma cozinha, olhando atenta para o seu rastreador enquanto esquentava água na chaleira. Quando percebeu que a água já havia entrado em ebulição, ela se levantou e dirigiu-se até o fogão, onde despejou a água quente dentro de uma xícara com um saquinho chá. Colocou a chaleira no fogão e observou a água começar a ficar esverdeado enquanto sentia o doce aroma do chá entrar em suas narinas. Aquilo lhe acalmava e quase a fazia esquecer de que seus colegas estavam se matando pela cidade.

Pegou a xícara de chá e o rastreador e se dirigiu até a sala, onde repousou a xícara na mesinha de centro e se sentou no sofá, deixando o rastreador do seu lado. Alcançou uma revista e começou a folhear as páginas. Aquilo beirava o ridículo, e ela sabia disso, agir como se nada estivesse acontecendo deveria estar deixando os organizadores furiosos, e essa era exatamente sua intenção. Abaixou a cabeça como se fosse ler com mais atenção, para as câmeras não verem seu rosto, e esboçou um discreto sorriso.

Sobreviventes: 19 e contando...


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse capítulo? Comentem! O próximo sai em breve.



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