Garota Dourada escrita por Ingrid Lins


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem !



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“Dois anos podem passar num piscar de olhos para os que deixam a vida correr por si só, ou durar uma eternidade para os que se entregam a ela. Eu sou do segundo tipo de pessoas. As que constatam cada segundo para todo um sempre que dura até o segundo seguinte. Congelo a cena e a repito continuamente, quantas vezes quiser, mais rápido do que foi na verdade, e até, em câmera lenta… Dois anos. Eram pra ser mais dois típicos e comuns anos, mas foram o céu e o inferno disputando um mísero espaço pra poder ficar. Lembro de junho, as mensagens sem jeito de alguém que não sabia como começar, de novo. De outubro, sem sequer notar o quanto já estávamos apaixonados. E o finalzinho de novembro o primeiro “eu te amo” depois uma briga daquelas que no final eu sempre cedia aos teus caprichos. Dezembro, as madrugadas em claro, a música que tocou no Natal e a ligação de Ano Novo. Janeiro, o tão esperado encontro, com todo os nós no estômago e o nervosismo mais bonito do mundo, aquele, que te fez derramar uma lata de coca-cola na sua blusa branca. Ficar de mal um com o outro por um minuto, porque isso já era demais, e fazer as pazes imediatamente. Sejamos honestos, nós, com nossa mania complicada de fazer as coisas ao inverso, também fomos um clichê. Um desses, que um bêbado de coração partido conta ali, no bar da esquina. Os nós do estômago se desataram, e nós, tomamos o mesmo rumo. As promessas contentaram-se em se reter apenas na ideia, no que não foi. Não tivemos a oportunidade de ser. E os meses continuaram a se arranjar, fevereiro e março regados a lágrimas, abril mágoa, vontade de perder a memória pra tentar aliviar a saudade. E mais todos os altos e baixos que se tem que viver pra sobreviver ao fim de um relacionamento. A gente nunca mais se esbarrou por aí, nunca mais acordou o outro às 4h da manhã porque precisava ouvir aquela única voz pra silenciar os problemas do mundo… Eu perdi tempo demais me desculpando por erros que não foram inteiramente meus. Tentando não me importar, ou ao menos fingir isso de maneira convincente, pra que numa dessas ocasiões repentinas da vida, houvesse orgulho o bastante pra agir com tom de “tá tudo bem, te superei” e sorrir, como se nada tivesse acontecido. E foi o melhor, mais forte, que pude te mostrar enquanto juntava os pedaços de mim. Mas hoje, soprados dois anos pelo vento, eu queria fazer um lamento. Lamento não ter dito o que tua ausência me causava. Causa. Porque eu continuo sentindo falta da tua nuca sempre quente, tua respiração calma do outro lado do telefone, tua voz tremida quando sussurrava, do abrigo do teu abraço, do teu olhar, tão sincero e as tuas implicâncias, que deixavam o quanto me amava implícito. Você é, sem dúvidas, a coleção de todas as minhas saudades. E talvez essas pequenas coisas tenham tido que esperar pelo agora. Pra que não fossem mal interpretadas, pra que não houvesse mais o que prolongar. E esperar por nós, que tivemos que passar um ano sem dar um pio, pra conseguir começar a ver enfim, as coisas ruins se dissiparem. Falar do passado sem arrebentar os pontos de uma cicatriz ou fazê-los inflamar, e até cobrar algumas promessas, rir lembrando das brigas, ouvir a nossa música sem chorar e nada disso arrancar pedaço. Eu sei que você nunca gostou de clichês, porque tinha medo de acabarmos como esses casais épicos e felizes que investem tudo de si no que acaba por separá-los, e fomos. Fomos felizes. Estou te escrevendo porque espero que você possa enxergar, e assim se permitir: É preciso ser clichê de vez em quando, porque ser clichê também é ser feliz.”

 


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Notas finais do capítulo

Tipo o prólogo tá meio nada a ver com a historia mas ta bom !
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