Clichê. Mas Nunca Igual. escrita por Biscoita Bis


Capítulo 20
Ciumes? Eu?


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores mais lindos do mundo *-*
Finalmente criei vergonha na cara e reuni fotos dos personagens principais (yeeah). Alguns são atores famosos e outros são pessoas desconhecidas. Tentei pegar fotos de pessoas que realmente parecessem com eles. Se vocês forem comentar, deixem lá a opinião de vocês sobre as características dos personagens. enfim, chega de enrolação, até as notas finais o/

Personagens: http://biscoitabis.tumblr.com/clichemasnuncaigual



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/369431/chapter/20

Ouvi cada palavra da boca da minha mãe e quando ela finalmente terminou de contar, ficamos em um silêncio mortal.

As lágrimas ardiam atrás dos meus olhos implorando para saírem, mas eu as segurei. Fiquei algum tempo tentando absorver toda informação e eu batia minhas unhas na mesa compassadamente, tentando exalar a tensão.

Por que ela não me contou tudo isso antes? Por que ela abandonou meu... Por que ela abandonou Jared? Meu avô era tão difícil assim de lidar a ponto de não aceitar que sua filha seria uma mãe solteira? Por que ela enganou meu pai? Ou no caso, o cara que achou que era o meu pai.

Jared me olhava aflito, eu podia ver a ansiedade estampada naquelas olhos que até hoje não dei um nome à cor, e que por sinal, eu puxara essa característica dele.

Passei a mão pelos cabelos, pensando em algo para dizer quando Jared segura minha mão e começa a falar:

— Mel, eu...

Soltei minha mão da dele no mesmo instante e me levantei. Respirei fundo e olhei para minha mãe e para o – pelo que minha mãe acabara de contar – meu pai.

— Preciso de um tempo.

Eles se entreolharam e pude ver uma tristeza nos olhos da minha mãe. Ela ia dizer algo, mas virei minhas costas antes que ela pudesse começar.

Fui para o meu quarto e afundei-me na cama jogando meu celular em qualquer canto e comecei a fazer as mesmas perguntas que eu fizera a mim mesma há alguns minutos atrás. Fitei o teto por horas, tentando achar um jeito de organizar tanta informação na minha mente de uma só vez e fazer tudo aquilo ter um sentido.

Se minha mãe amasse tanto assim meu... o Jared, ela deveria ter coragem o suficiente pra enfrentar meu avô. E se minha mãe era tão... a favor daquilo, porquê ela não o convenceu? E se Jared amasse tanto assim minha mãe, porque ele a deixara para realizar um sonho – que por sinal era mais do pai do que dele. E mesmo que ele tenha ido, porquê não voltou depois para reencontrá-la?

Adormeci por algumas horas e acordei com minha mãe entrando no quarto, e se acomodando do meu lado.

Esfreguei os olhos e sentei-me na cama. Ela me fitava com aqueles olhos incrivelmente verdes e eles estavam inchados. Não sabia se era de sono, por ela chegar do hospital pela manhã ou se ela estava chorando.

Aninhei-me no colo dela, e então comecei a dizer:

— Mãe, por que fez isso?

Ela acariciou meus cabelos por mais alguns minutos, e eu sentia suas lágrimas caírem silenciosas sobre meus braços.

— Mel, me desculpa – ela enxugou as lágrimas e se ajeitou na cama. – Eu fui egoísta e covarde. Eu fui culpada de tudo. Não permiti que seu... Que Jared enfrentasse meu pai, eu tinha medo de perdê-lo. Seu avô era capaz de qualquer coisa.

Esperei um tempo, e ela continuou dizendo, em meio a alguns soluços:

— Jared voltou, seis anos depois que partiu, ele foi até a casa de meus pais no interior, pra me procurar. Mas, quando ele chegou lá, meu pai deu a notícia de que eu estava casada e agora era muito feliz com meu marido e minha filha em uma casa próxima ao litoral. Fiquei sabendo disso anos depois, quando seu avô morreu sua avó finalmente me contou que ele havia voltado. Foi quando eu abandonei tudo, arrumei uma escola em tempo integral pra você, voltei a estudar e comecei a trabalhar. Eu tinha a ideia de juntar dinheiro suficiente pra você e eu fugirmos para Inglaterra e encontrar Jared lá. – ela se ajeitou na cama, cruzando as pernas e fitando suas mãos – Depois de conseguir dinheiro suficiente, eu tentei contatar Jared lá, e consegui. Isso foi há dois meses e não demorou que seu pai descobrisse tudo e me fizesse isso – ela erguei a blusa expondo alguns hematomas na barriga e mostrou alguns nas pernas também.

— Isso aconteceu até duas semanas atrás – ela continuou – Quando eu descobri que ele te agrediu também.

Nesse momento as lágrimas rolavam silenciosamente pelo meu rosto, e eu fiquei calada.

Olhei para minha mãe por algum tempo, tentando entender e assimilar tudo aquilo. Eu passara 14 anos chamando um cara de pai, quando eu não possuía nem uma gota de seu sangue. “Pai não é quem faz, é quem cuida”, provavelmente quem inventou essa frase não passou por essa situação.

Eu percebi nos últimos meses como meu ex-pai e minha mãe estavam distantes e frios um com o outro. Não que ele seja um cara carinhoso, mas em todos esses anos, não deixava faltar nada na minha casa.

Mas, de alguns meses pra cá, ele bebia, era grosseiro e não parava em emprego algum, e algumas semanas atrás ele começou a agredir a mim e a minha mãe. No princípio achei que era por minha mãe passar muito tempo fora de casa e os horários deles não coincidiam, evitando assim que ficassem juntos.

Mas agora, que ela falou que contatou Jared nos últimos meses e ele descobriu, tudo fazia sentido.

Acordei dos devaneios com a minha mãe se levantando da minha cama.

— Te darei um tempo pra pensar. – disse ela calçando os sapatos na porta – Mas espero que entenda, e aceite Jared, ele é o que menos tem culpa em tudo isso.

Assenti com um aceno de cabeça e então ela saiu fechando a porta às suas costas.

Rolei por mais alguns minutos na cama e então e percebi que Matt esquecera seu casaco ali. Peguei meu celular e escrevi uma mensagem.

“Você esqueceu sua blusa aqui.”

Minutos depois, ouvi meu celular vibrar, ele estava na escrivaninha. Olhei pra lá e calculei: dois metros para alcançá-lo. Meu celular vibrou mais duas vezes e então fui me arrastando até lá. Olhei no visor, Matt estava me ligando:

— Alô?

— Por favor, não faça macumba com meu DNA que está na blusa – disse ele.

Rolei os olhos e retruquei:

— Tarde demais, sou mestre em vodu.

Ele deu uma risada abafada e então ficamos alguns segundos em silêncio.

— E o nosso encontro? – ele disse de repente.

Meu coração falhou por um segundo.

— Sinto muito Matt, mas acho que a minha parte do trato vai ter que ficar pra outro dia.

— Aconteceu algo?

Pensei por alguns instantes e decidi que não tocaria no assunto naquele momento.

— Ta tudo certo Matt...

— Nem que nosso encontro não seja hoje... Será que podemos nos ver? Preciso conversar com você.

Meu coração gelou no mesmo instante e senti um frio percorrer minha espinha. O que Matt tinha pra me dizer? Mil coisas passaram na minha mente.

— Mel, você ta ai?

— Ah, s-sim. – respondi gaguejando.

— Pode vir em casa hoje?

— Tudo bem, vou falar com a minha mãe, tchau.

Desliguei o celular e olhei a hora, já passava das duas. Joguei meu celular em um canto e fui tomar um banho. Raramente eu usava a banheira na minha casa. Na verdade, acho que a usei apenas uma vez. Enchi-a de água bem quente e passei cerca de meia hora lá.


*Flashback-on*



“Matt estava em cima de mim e ficou me encarando, olhando dentro dos meus olhos.


— Que cor eles são? – ele disse de repente.

— Eles quem? – perguntei confusa.

— Seus olhos, babaca.

Dei um tapinha de leve em seu rosto e disse:

— Não me insulte na minha casa! Bom... Eu não sei.

Desviei o olhar, mas ele puxou meu rosto e me fez olhar pra ele.

— Bom – disse ele se aproximando do meu rosto – Olhando dessa distancia é castanho. – então ele se aproximou mais um pouco e continuou- Se eu olhar daqui posso ver rajadas verdes, com um leve acinzentado – então ele se aproximou mais um pouco e eu corei.

*Flashback-off*


O que você está pensando Mel, sua louca? Matt não é o tipo de garoto apaixonadinho. Matt é esperto, ele deve ter feito isso com metade da escola, para de ser boba.



Saí do banheiro e atravessei o corredor de toalhas, entrando em meu quarto. Escolhei uma calça qualquer e um moletom e fui até a cozinha.


Minha mãe estava lá. De avental florido e se atrapalhava com uma batedeira, ingredientes variados e um livro que parecia ser de receitas. Fiquei encarando suas costas por alguns minutos até que ela percebeu que eu estava ali.

— Oi meu anjo, não te vi ai.

— Ele já foi? – perguntei passando meu olhar pelo resto da cozinha e erguendo meus pés para ver se avistava o carro de Jared lá fora.

— Ah, sim – respondeu ela se voltando para sua bagunça – Seu p... Jared já foi sim.

— Mãe – disse me aproximando dela – Eu te amo.

Ela me abraçou no mesmo instante e disse afagando meus cabelos:

— Também te amo filha, independente de tudo.

Abracei-a por mais alguns instantes e então ela me perguntou:

— Onde você vai?

— Ah... Preciso pegar uma matéria da escola com Matt... Você sabe que ele me dá “aulas particulares” – rolei os olhos enquanto dizia as últimas palavras e ela percebeu como eu não gostava daquela ideia.

— Tudo bem... Quero que você volte antes das oito, por favor.

— Obrigada mãe – disse dando-lhe um beijo na bochecha.

Fui até meu quarto, calcei o primeiro tênis que achei, peguei meu celular e saí.

Quando bati o portão escrevi uma mensagem pra Matt:

“Estou saindo de casa, chego aí em alguns minutos.”

Segundos depois ele me respondeu:

“Estou te esperando, beijos”

Rolei os olhos com a última palavra. Como ele poderia ser tão bobo, meloso, sem graça e ao mesmo tempo...


***



Toquei a campainha e segundos depois Matt abre a porta só de bermuda e com os cabelos molhados. Desviei meu olhar e o repreendi:


— Você é besta assim o tempo todo ou só quando respira?

Matt riu e me convidou para entrar.

— Eu estava na piscina, boba. Vem comigo – ele segurou minha mão e me arrastou ao quintal dos fundos onde havia um jardim e uma piscina enorme.

Matt pegou sua camiseta que estava em uma das cadeiras, e a colocou com o corpo molhado, fazendo com que o pano grudasse em seu corpo.

Como ele podia ser tão idiota?

— Quer beber alguma coisa? – disse ele vasculhando um frigobar que ficava perto de uma churrasqueira.

— Não, obrigada. O que tem pra dizer?

— Bom eu queria...

— Maaaaaaaaaatt...- não acreditei quando essa voz ecoou em minha mente. Não podia ser outra pessoa. Era Claire Jones esticando a vogal do apelido de Matt fazendo com que minha cabeça doesse na hora.

Olhei para trás. Claire saía da casa vestida com um biquíni tão pequeno, mas tão pequeno que se eu pudesse medir minha paciência em uma escala que coincida com a de seu biquíni, minha paciência era maior.

Ela veio na direção dele me ignorando completamente e esticou um vidrinho branco na direção dele e pediu:

— Pode me ajudar a passar isso?

— Tudo bem – respondeu ele pegando o vidrinho da mão dela e colocando o liquido em suas mãos.

Ela deitou em uma das cadeiras de tomar sol, e Matt se ajoelhou do lado passando o óleo bronzeador pelo corpo dela.

Pescoço, braços, costas... ah não, não permaneci a li pra ver o resto. Levantei-me da cadeira onde estava e fui em direção a porta, pronta pra ir embora.

— Ei. – disse Matt vindo em minha direção.

Ignorei-o e continuei andando. Já estava em frente à porta quando Matt me segurou pelo braço.

— Ei, o que houve?

— Ah, o que houve? Continue lá com sua donzela. Espalhe bronzeador por todo aquele corpinho que dá inveja em qualquer um. Vai lá Matt, você estava chegando a melhor par...

Matt me calou com os lábios e eu o empurrei na mesma hora.

— Qual é o seu problema? – eu disse limpando meus lábios com as costas da mão – Você beija as pessoas assim, a qualquer momento quando tem vontade?

— Ah Mel, faça-me o favor. Você já me beijou antes!

— Eu te beijei Mattsuel Evans? Eu? Ou foi você, todas as vezes que queria “me calar” e fez isso?

Ele me olhava perplexo e eu continuei cuspindo as palavras nele, e as lágrimas ardiam atrás dos meus olhos.

— Você acha que eu sou que nem qualquer outra garota por ai? Você é popular Matt, pode estar com qualquer uma, quando quiser e como quiser. Dá uma olhada ali – virei-o fazendo com que olhasse pela janela e visse Claire deitada de bruços parecendo uma perereca no cio. – Vai lá, continue sua sessão de massagem!

— Espera ai Mel – disse ele virando-se pra mim – Você está com ciúm...

Soltei meu punho em direção ao seu rosto, mas ele segurou meu braço antes que minha mão acertasse seu nariz.

— Treinei um pouco – disse ele me jogando em suas costas e subindo as escadas comigo.

Relutei o tempo todo e gritei o mais alto que podia. Ele abriu a porta de seu quarto e me jogou em sua cama.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá de novo! E aí, gostaram? Espero que sim, haha >.

Estou aqui pra agradecer imensamente a algumas pessoas em especial. Uma é a ChocolateLover que recomendou a história. E ao Gabriel Concentino e a Giovanna Martins que revisaram e corrigiram esse capítulo pra mim com a maior boa vontade, muito obrigada.

Então é isso, fiquem bem, e até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Clichê. Mas Nunca Igual." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.