Encantada escrita por Ana Wayne


Capítulo 23
Capítulo 22




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A sala estava em silencio. Ninguém falava nada. A revelação de Helena mexeu muito com todos. Olhei para Haydée e vi em seus olhos algumas lagrimas e vi o rosto da minha filha – porque Hermione era e ainda é minha filha, – contorcido em dor. E voltando o olhar para Helena pude perceber seu rosto tenso, como quem esperava uma punição após a confissão de algo horrível.

– Está tudo bem, Helena! – Disse-lhe com calma. Vi quando os olhos dela se voltaram para mim.

– Eu sei que eu havia dito que encontrara Hermione na trilha, sem ninguém por perto... Mas me parecia tão errado revelar que uma pessoa a estava simplesmente entregando-a. – Disse triste.

– Você mentiu para mim, Helena! – Disse Haydée.

– Sejamos razoáveis, Haydée...

– Razoáveis?! – Gritou ela com raiva – Não dá para sermos razoáveis, Will! E se essa mulher tiver reaparecido e agora quiser minha filha?

Os olhos dela brilhavam em um desespero inconfundível. Como quando ela descobriu que era estéreo. Fechei os olhos, aquela possibilidade também passara pela minha cabeça. Me perguntara ainda porque Helena resolvera que era hora de contar a verdade a Hermione e a nós. Não temeria a resposta apenas a aceitaria.

– Eu não sei o que ela quer, eu só pensei que talvez fosse melhor que ela soubesse por nós do que por ela! – Disse ela e eu a olhei questionando o que ela queria dizer.

– Como?

– Essa mulher, ela me procurou! Eu não sei como ela me encontrou, mas ela parecia preocupada com Hermione. Não entendi como, mas ela sabia, de alguma forma, que Hermione se encontrara hospitalizada. – Disse e me surpreendi. Claro que Helena nos avisara sobre o que acontecera com Hermione, ao contrario da escola, mas como uma mulher que nunca mais a vira desde que ela era pequena conseguira descobrir?

– Helena! – Gritou Haydée desesperada. – O que essa mulher queria com minha filha?

– Eu não sei... – Ela parecia estar um pouco desesperada e insegura. – Ela dava a entender que talvez pudesse querer ir atrás de Hermione! Eu não sei!

– Essa mulher nã...

– Está tudo bem! – O grito de Haydée foi interrompido pela voz calma de Hermione, que havia se mantido em silencio durante toda a revelação. Nossos olhos se moveram em sua direção. Ela estava calma demais. – Está tudo bem mãe!

– Hermione, querida! – Disse aproximando-me dela.

– Está tudo bem pai, tia Helena! Eu não sei quem essa mulher é, ou o que ela quer, mas vocês são meus pais! – Ela disse com um sorriso. – Se ela quiser me falar algo, eu vou ouvir, se ela quiser me mostrar algo, eu vou ver. Mas nada, nada nesse mundo vai ser capaz de me fazer deixar de amá-los. E mesmo que meus pais biológicos apareçam vocês não vão ser menos meus pais por isso, vocês me amaram e me criaram com todo carinho e atenção... Foram vocês quem estiveram do meu lado todo esse tempo!

Seu pequeno discurso me surpreendeu. Eu sabia que minha filha amadurecera rápido, mas aquilo era realmente inesperado. Ela havia aceitado sobre ser adotada, mas aceitar uma possível reaparição de seus pais me mostrava o quão mudada ela estava. Vi quando ela sorriu para nós, tentando nos acalmar.

– Eu sempre amei vocês, e independente do que aconteça isso nunca vai mudar! – Disse ela com um sorriso encantador.

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Corria cada vez mais em toda e qualquer direção possível. Mantinha meus olhos atentos em busca de Hermione. Me perguntando onde ela poderia estar, ou melhor, onde ela estava! Logo eu e Malfoy encontramos Theo, que conversava com uma garota do sétimo ano, dando em cima dela.

– Theo! – Chamei ele, tentando controlar o desespero na minha voz. Ele voltou-se na minha direção, ao mesmo tempo em que dispensava a garota.

– Que isso, cara? Parece que acabou de correr uma maratona! – Brincou. Revirei os olhos.

– Esqueça isso! Onde está Hermione?

– Aconteceu algo? – Vi a preocupação em sua expressão e percebi que Draco não gostara nada disso.

– Ela sumiu! – Respondeu por mim.

– Ela deveria estar com Potter e Weasley, mas não está! Quando procuramos com Gina ela disse que não vira Hermione desde o chá da tarde!

– Já pensou que ela pode estar enfiada em uma biblioteca? – Perguntou.

– Não está!

– Talvez ela só queira um tempo sozinha, sabe, coisas de garota! – Disse ele.

– É só que ela não está em nenhuma parte do festival! – Theo suspirou e eu enruguei a testa, ele sabia de algo só não queria contar. – O que você sabe Theo?

– É um segredo de Hermione! Talvez ela fale quando estiver pronta, mas no momento é um segredo dela! – Explicou ele com uma cara de quem não quer nada. – Ela disse que me mandaria um patronum assim que terminasse o que tinha para fazer. – Vi de relance Malfoy fechar a cara, ele parecia contrariado com algo.

– Ótimo! – Disse ele levemente irritado – Eu vou esperar pelo patronum com você!

– Parece que terá que nos aturar Theo! – Completo.

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– Está tudo bem senhorita, Granger? – Perguntou-me Amorin quando me viu saindo da sala.

– Ouvindo conversas particulares, Amorin?

– Na verdade, ouvi apenas os gritos de sua mãe! Parecia desesperada! – Sorri triste.

– Não se preocupe, já passou! Meus pais usaram uma chave do portal, assim como minha tia, já devem estar em casa! – Disse-lhe enquanto andava.

– Espero que supere o que quer que tenha ocorrido!

– Era uma notícia velha! Já superei há tempos!

Andei o deixando para trás. Era verdade que eu sempre soube que era adotada, afinal meu tipo sanguíneo não batia com ninguém da família Granger ou La Vecchia. Mas por que ouvi eles falando aquilo para mim parecia me deixar mais triste agora? Suspirei. Aquilo não fazia muito sentido. Eu já sabia sobre isso, então por que me entristecer agora?

Observei. Estava na praça central, no meio do festival. Me sentei próxima a fonte, um pouco triste. Eu deveria mandar o patronum para Theo, mas eu não queria. Minha real vontade era de chorar e não parar mais. Andei em direção a casa dos gritos, talvez eu pudesse relaxar um pouco longe de todo o barulho. Então senti um toque brusco que me levou ao chão.

– Me desculpe! – Disse aquele que derrubara. Olhei para cima e era apenas um alguém.

– Está tudo bem...

– Não é o que parece! – Me disse enquanto me ajudava a levantar. Sorri fracamente.

– Obrigada!

– Sabe, você não deveria andar por ai sozinha! – Disse ele com um sorriso quente e misterioso.

– Não se preocupe, eu sei me cuidar! – Avisei-lhe virando as costas e indo embora. Aquele garoto, por algum motivo me lembrava alguém.

Estalei a língua e continuei meu caminho até a casa dos gritos. Eu estava desesperada e triste. Me sentei na raiz alta de uma arvore e deixei com que as lagrimas saíssem, não me importei com o quão alto eu chorava, graças aquele festival eu sabia que não haveria ninguém por perto.

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Fechei os olhos, irritado. Draco e Blaise estavam me seguindo para todos os lados. Eu tentava ignora-los, mas Draco parecia ansioso para encontrar Hermione, e Blaise caçava a sombra dela por todos os locais daquele festival, enquanto eu me apenas ansiava pelo seu patronum. Olhando para o lado eu vi alguém que eu acreditava estar morto. Os cabelos negros e os olhos azuis que eu reconheci imediatamente não me encontraram, mas se ele estava aqui ela estava em perigo.

– Fiquem aqui! – Eu disse.

– Aonde você vai, Theo?

– Resolver um problema, Malfoy! – Respondi simplesmente, ignorando as demais perguntas eu me afastei deles.

Segui na direção em que o vi, nunca tirando meus olhos de suas costas. Atravessei o mar de pessoas que estavam ali e o seguia discretamente, mas sabia que ele já me percebera. O segui até um beco, sem nenhuma necessidade de esconder minha presença. Ele se virou para mim e se ainda havia qualquer duvida sobre sua identidade ela desaparecera. A pele clara, os olhos azuis e os cabelos negros eram exatamente como eu me lembrava.

– Há quanto tempo, Theo?

Rosier!

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Percebendo que Theo desaparecera e que provavelmente não voltaria tão cedo eu decidi procurá-la por mim mesmo. Deixei Draco que resolvera caçá-la por outro canto e enquanto a procurava eu vi Dranias. Eu não confiava em Dranias, algo nele me parecia estranho demais. Vi que ele seguia na direção da casa dos gritos e que parecia procurando por alguém e quando vi, o alguém que ele procurava era a mesma pessoa que eu procurava.

Hermione estava sentava em alguma raiz alta de um carvalho e chorava alto, de forma que eu podia e conseguia ouvir mesmo longe. Como uma criança. Aquilo me partira o coração e eu não sabia o porque. Vi quando Dranias se aproximava dela.

–Hermione?

– Ah! – Ela levantou o rosto para olhá-lo.

– O que houve?

– Nada!

– Nada não faria você chorar! – Disse ele, se sentando ao lado dela.

– É só uma bobagem minha... – Ele arqueou a sobrancelha enquanto ela enxugava as lagrimas. – Sabe quando você já tem conhecimento de algo? Você sempre soube desse algo, mas sempre o ignorava e então um dia aparece algo e esfrega esse algo na sua cara e então já não tem como ignorar esse fato?

– Esse algo é muito ruim?

– O suficiente para me deixar assustada!

– Wow! Isso parece bem difícil, considerando que você encarou Bellatrix Lestrange e outros comensais da morte sem nem hesitar!

– É mais fácil encarar a morte que algumas verdades! – Respondeu com um sorriso maroto.

– Você sabe que pode me contar quando quiser, não sabe? – O sorriso dele me irritou junto daquele tom intimo não era como se fossem melhores amigos há séculos, onde estavam sempre compartilhando segredos e confidencias.

– Talvez um dia... – Respondeu. Eu estava cansado de me esconder e sai. – Blaise?

– O que faz aqui, Mione? – Perguntei-lhe com um sorriso. – Tem um festival acontecendo, sabia?

– Eu to admirando a paisagem!

– Finge que é verdade e eu finjo que acredito! – Disse enquanto lhe estendia a mão. – Vamos?

Quase gritei e esfreguei na cara de Dranias quando ela aceitou minha mão, mas seria besteira e infantilidade! Puxei-a para mais perto e quando ela não viu mandei a ele um olhar mortal, superior. Ele me devolveu com um olhar amargo e sarcástico, se levantado e nos seguindo.

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No seu quarto de hotel, Helena tentava se acalmar em meio a lágrimas silenciosas que caiam de seus olhos castanhos. Haydée jamais a perdoaria por isso e tinha certeza que John a odiava agora, mas Hermione... Céus! Ela deveria estar desesperada agora! Tentava manter a pose forte e distante, mas Helena a conhecia bem: ela era como uma pedra por fora, mas por dentro era outra história.

– Você fez o certo, Helena! – Disse a voz feminina que ela mais odiava na vida.

– Eles vão me odiar para sempre! – Respondeu com a voz embargada, sentando-se na cama.

– Impossível! – Ela se sentou de frente para a morena e pegou sua mão. Por um momento elas pareceram velhas amigas. – Haydée a ama, são irmãs! E quanto a Hermione, tenho certeza que ela prefere descobrir isso por você, ao invés de outra pessoa.

– Quem seria essa outra pessoa?

– Alem de mim? – Perguntou a loira sedutora com um sorriso triste. – As mesmas pessoas que sumiram com a mãe dela.

– Por quê?

– Porque ela é a última! – Ao perceber que a morena estava preparada para uma pergunta a loira se levantou. A voz, carregada com angustia, preocupação e algo beirado ao desespero, revelou com pesar. – Vai ter uma guerra, Helena! E essa guerra é o que decidirá todo o futuro do mundo o qual conhecemos!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!