Encantada escrita por Ana Wayne


Capítulo 10
Capítulo 09




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/368879/chapter/10

Eu fechei meus olhos. Estava treinando o que a prof. Fontaine e sua mãe me ensinara. Terminei o treinamento. Era tarde e eu finalmente estava entendendo como as coisas funcionam, no geral não era muito difícil, com exceção da parte em que eu tenho que concentrar minha magia nas mãos e direciona-la a Hermione sem o uso de uma varinha. Quando percebi que já conseguia direcionar a magia fui dormir, no dia seguinte me preocuparia com a musica.

Me joguei na cama e comecei a pensar em Hermione. Ela estava horrivelmente magra e pálida desde que entrara em coma. Eu não queria me lembrar dela assim, tão frágil e impotente, ao contrario da garota de temperamento forte e um belo gancho de direita. Ri me lembrando de como o olho de Draco ficara roxo durante seis dias depois daquele soco, ela era forte. E o que quer que tenha acontecido com ela, estava deixando-a fraca.

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Eu havia terminado com Harry há três dias e há três dias nós dois agíamos como se “nós” nunca tivéssemos existido! Eu não queria magoá-lo, mas também não queria magoar Hermione. Harry estava sempre pensando em Hermione e às vezes eu notava Malfoy no altar, olhando para uma foto recente de Hermione, eu quase jurava que Malfoy se importava de verdade com Hermione. Eu me sentei no salão de alunos quando Lilá veio falar comigo.

– Gina olha só isso! – Lilá me mostrou uma carta enviada por “D” para Lilá. – Este tal de “D” tá me pedindo, com frequência para colocar suas cartas no altar, claro que eu leio antes e olha só que lindo.

“Desde que estás ai, deitada em uma cama, enferma e frágil, eu tenho estado aqui, em angustia e sofrimento. Acorde logo, minha menina de olhos brilhantes, pois já sinto que não sou mais capaz de viver sem ver o seu sorriso para alegrar o meu dia. A comida perdeu o gosto, e a bebida sua leveza. Meu sorriso não tem mais cor. Tento respirar, mas o ar se tornou toxico, tento sorrir, mas não vejo mais motivos. Tudo me perde o sentido quando já não sou capaz de vê-la”

Me surpreendi. “D” era realmente apaixonado por Hermione. Me perguntava quem ele era e porque ficava no anonimato e me frustrava sempre que não via respostas.

– Realmente lindo! – Eu disse.

– Sabe o que seria lindo? Se dissessem quem é esse garoto! Estou louca para conhecê-lo! Ele é tão romântico! – Disse Parvati que se juntara a nós durante a leitura.

– Eu sei! – Disse Lilá. – Eu queria ter um admirador desses! – Ela suspirou e pegou a carta. – Bom, hora de ir para o altar!

– Impressão minha ou a Lilá ta muito animada com esse admirador?

– Não é impressão! – Respondeu Parvati. – O sonho de Lilá era ter um admirador, acho que está realizado seu sonho através de Hermione! Na verdade ela já está quase armando um casamento entre “D” e Hermione. – Nós duas rimos daquela afirmação. Lilá quando queria alguma coisa era simplesmente impossível.

– Hey Parvati! Para onde vão todas essas coisas do altar, digo, os bilhetes e flores e sei lá mais o quê que ela recebe?

– A cada três dias nós recolhemos tudo e guardamos no quarto, assim quando a Mione voltar ela vai ter tudo o que as pessoas lhe mandaram. – Me explicou ela, eu sorri. Parvati e Lilá eram bem organizadas quando queriam.

– Se precisarem eu posso ajudar na próxima vez!

– Vai ser ótimo! – Comentou com um sorriso.

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Amanhã completaria duas semanas. Duas semanas sem vê-la. No altar vi a carta que Lilá havia pregado. Era de “D” fiquei irritado, ele parecia um perseguidor, caramba. Apertei minhas mãos com raiva. Quem ele pensava que era para chamar Hermione de “minha menina”? E se eu entendia o conteúdo geral, ele nunca havia conversado com ela antes, como agora poderia simplesmente dizer que sentia falta de sua convivência se nem isso ele possuía?

Logo vi Zabini aparecer ele parecia um pouco mais feliz desde que tivera a conversa com a Prof. Fontaine a dois dias atrás. Zabini se aproximou do altar e parou ao meu lado enquanto olhava para uma foto de Hermione com um sorriso.

– Ora, ora Potter! Não tem ideia do que fazer para salvar sua a Hermione dessa vez? – Perguntou Malfoy atrás de mim. Me virei para encará-lo e o vi junto a Nott e os capangas, Goyle e Crabbe.

– Não é como se você se importasse, não Malfoy? – Perguntei a ele. Por um minuto vi a raiva em seus olhos e no outro ele estava me segurando pela gola do uniforme.

– Você não faz ideia do que está falando, Potter! – O sussurro rouco dele era baixo e sombrio. – Sabe o seu problema Potter? Você se acha demais, você pensa que ninguém chega a seus pés, e isso não te deixa enxergar a coisa mais óbvia do mundo, já pensou em aumentar o grau da lente dos óculos?

– Do que você tá falando?

– Vai dizer que ainda não percebeu o motivo de Hermione ter se afastado de você? – Ele disse com sussurro baixo e me provocando. – Realmente o cérebro do “Trio de Ouro” era a Hermione. Você é tão cego, Potter, que vai acabar perdendo a Hermione para...

Eu não o deixei terminar a frase, não queria ouvir o que quer que ele tivesse a dizer e o dei um soco. Ele me soltou para que pudesse colocar a mão em seu olho direito, que começava a ganhar coloração. Nott tentou se aproximar dele, mas Malfoy fez sinal para que este não se aproximasse.

– O que foi Potter, a verdade dói muito? – Perguntou-me.

– Quem você pensa que é, hein Malfoy? Você de todas as pessoas é a que menos pode falar sobre Hermione, lembra? Não?! Então tá: foi você quem a chamou de “sangue-ruim” por anos, foi você quem a azarou, foi você quem brigava com ela a cada seis segundos, por pre... – Parei quando senti seu punho se chocar em meus lábios. – Desgraçado...

Naquele momento nós dois voltamos a brigar. Foram socos e pontapés. Rony, Neville, Zabini e Nott se encarregaram de nos separar. Enquanto tentávamos nos matar novamente.

– É assim que vocês dois agem pensando na Mione? – Perguntou Gina, se interpondo entre nós. – Ela ficaria desapontada se visse essa cena, Harry Potter! – A ruiva nos virou as costas e saiu andando, em direção a porta do salão. Eu ainda tentava me livrar de Rony e Neville que me seguravam para que a briga não continuasse.

– Me solte Rony! Eu não vou mais perder meu tempo com o Malfoy! – Eu disse para que ele ouvisse.

– Vamos, Blas! Não devemos perder nosso tempo com lixo!

Minha vontade de socá-lo voltou, mas eu me segurei. Lembrei-me do que Gina dissera. E era verdade. Hermione ficaria desapontada se me visse aos socos com Malfoy, olhei para a foto de Hermione, sorridente, era assim que eu queria vê-la.

Me desculpa, Mione! – Eu sussurrei para aquela foto, esperando que minhas preces chegassem até ela.

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

As trevas me consumiam com mais vontade e eu estava gritando por ajuda. Mas sabia que não havia ninguém ali para me ouvir. As trevas com as quais eu já sonhara tantas vezes me engoliam como se fossem reais, e qualquer luz que houvesse naquele lugar estava se apagando.

Naquela escuridão não havia nada. Não havia esperança, nem amor. Mas também não havia ódio ou tristeza. Era tudo tão só e vazio que parecia sugar os meus sentimentos. Eu tentava lutar, mas minha força já estava acabando. Cada suspiro meu estava ficando mais fraco e eu já não sentia meu corpo direito. Iluminando a escuridão apareceu aquela mulher novamente.

Você pode se salvar sozinha, Harmonie! – Disse em sua voz melodiosa. Pela primeira vez eu estava acordada na presença daquela mulher.

– Quem é você?– Perguntei.

Sou parte de você Harmonie! – Sua voz estava um pouco triste, mas não deixava de ser gentil. – Escute-me querida: estas trevas são parte de você e do ambiente no qual tanto convive.

– O que quer dizer com isso?

Que não há trevas o suficiente para apagar a sua luz, pequena Harmonie! Mas você precisa libertar essa luz! – Ela disse enquanto desaparecia em meio às trevas. Eu ainda tentava entender o que quer que ela tenha dito nas entrelinhas.

Novamente o sentimento de derrota e solidão me consumia, enquanto as trevas tentavam me matar. Mas eu não iria acabar ali, seja lá como eu havia ido parar ali. Em minha mente ainda me perguntava o que aquela mulher estava querendo dizer.

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Já estava impaciente. Justo quando resolvo capturar Granger ela resolve adoecer e ficar de cama em Hogwarts. Aquilo me dava raiva. Mas também mostrava o quão fraca ela era, era apenas uma trouxa que se dizia bruxa, mas não corria em sua veia um único pingo de magia.

Suspirei irritado. A doença da Sangue-Ruim estava atrasando meus planos. Eu deveria ter pedido a Malfoy que seu filho matasse Dumbledore, mas ainda não era hora. Não antes que Dumbledore me dissesse o que eu queria saber. Tolo Potter... Se metera em uma Guerra, mas mal sabia do que realmente se tratava. Vi Bellatrix entrando em meus aposentos, com um sorriso traiçoeiro.

Aquela mulher não valia seu sobrenome, nenhum deles, diga-se de passagem. Ela se aproximou andando de forma vulgar, como uma vagabunda de esquina.

– Necessita de algo, Milord? – Perguntou com algo que deveria ser uma voz sensual, sorri. Ela se oferecera, por que não aceitar?

– Sim, necessito de algo!

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Sorri inconformado. Draco e Potter saíram aos socos do salão de estudantes na noite anterior. Me perguntava o que Hermione pensaria disso, mas sabia que a Weasley tinha razão, ela se decepcionaria, com os dois. Por ordens de Dumbledore, os dois deveriam ficar com os hematomas no rosto, para que aprendesse que aquela briga era inútil e desnecessária. Graças a isso, o olho direito de Draco estava roxo e inchado, enquanto os lábios de Potter estavam em estado similar. Isso ainda deveria ter os machucados ocultados pelos uniformes.

– Pare de rir, Blaise, não é você quem levou um soco! – Resmungou Draco, enquanto eu abria um sorriso presunçoso.

– Claro! Não fui eu que provoquei Potter! – Respondi-lhe com arrogância igual a que ele geralmente usava.

Naquela noite, a Sra. Fontaine e a prof. Fontaine me chamaram um pouco depois do jantar para que pudéssemos realizar o tal ritual. A Sra. Fontaine me emprestou um tipo de robe que os druidas usavam para realizar os rituais, de acordo com ela, aquele robe fora de seu pai, que ganhara de seu avô que ganhara de seu bisavô e assim por diante.

Eu coloquei o robe de seda branca junto ao cinto preto e do colar. Roupas cerimoniais. A professora e sua mãe acenderam algumas velas no quarto de Hermione, junto a uns incensos. Eu me sentei ao lado dela na cama e toquei suas mãos frias e quase mórbidas. Vi as mulheres da família Fontaine saírem do quarto, enquanto eu pensava em como começar com aquilo. Era difícil, mas eu tinha que tentar. Eu não podia simplesmente deixá-la lá.

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Eu estava cansada. Queria desistir, já não mais aguentava a dor de ficar só em meio aquele nada. Eu iria desistir, deixar as trevas me devorarem. Mas então eu senti algo quente em minhas mãos, como o calor de outra pessoa, que me pedia para não desistir.

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Fechei meus olhos, e me concentrei em Hermione. Eu a queria bem. Queria que ela sobrevivesse. Fiz com que energia se encaminhasse até ela. Eu pude sentir quando a magia dela me tornou mais forte, era minha vez de torná-la forte com minha magia.

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Aquele calor me renovou as esperanças, eu podia vencer. Eu podia sair dali. Em minha mente então, me veio a canção das sereias do sonho de algumas noites atrás. Era a mesma melodia, mas dessa vez eu ouvi uma voz masculina, muito familiar. Prestei atenção no que a musica dizia.

Brilha, brilha pequenina
Brilha até ofuscar o sol

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Eu quase podia ver Hermione agora. Não! Eu podia vê-la. Estávamos na mesma situação que sonhei a dias atrás. Ela lutava quanto as trevas, não parecia me ver, mas parecia poder me ouvir. Eu olhei para ela, parecia exausta de tanto lutar.

Deixa tua luz em mim chegar
Deixa ela brilhar

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Brilha, brilha pequenina
Venha ouvir o rouxinol

Aquelas palavras pareciam me dar mais força. Então eu vi Blaise. Céus! Por que eu estava vendo Blaise? Ele parecia usar roupas cerimoniais antigas, ele percebeu que eu o enxergava e me estendeu as mãos. Eu as aceitei.

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Ela tocou minhas mãos pareciam mais quentes agora.

Deixa tua luz em mim tocar
Deixa ela brilhar...

Eu terminei a canção, e de nossas mãos surgiu um brilho, um poderoso brilho dourado que com força delicada e quente devastou toda a fria escuridão que nos circundava. Novamente pude sentir a magia de Hermione, aquela magia quente e que me fortalecia.

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Eu pude sentir uma energia invadindo meu ser, e então soube que vinha de Blaise. Era forte e vigorosa, e pareceu estar em harmonia com o meu ser. Blaise apertou minhas mãos quando o brilho se tornou muito intenso e me tirou a visão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Feliz Natal Para todo mundo! Bjs!