Eu não enxergava nada naquela escuridão. Nada. Estava escuro e vazio e frio. Eu conseguia sentir o frio, não era como o frio da neve, quando você consegue se divertir e brincar. Não. Era um frio gelado e cortante, cruel como a morte. Aquele frio era a morte. Ou a solidão. Eu não sabia. Não conseguia enxergar nada. E eu estava aflita. Havia algo naquele lugar que me impedia de tentar respirar. De tentar viver. Eu tinha que sair dali. Tinha que ter uma saída, em algum lugar naquele nada, naquele vazio. Eu não aguentaria ficar ali, naquela escuridão que estava sugando a minha vida. Eu não podia ficar ali.

Então aconteceu. Ela aconteceu. Aquela mulher que todas as noites aparecia em meus sonhos, aquela mulher que possuía a pele branca, e o rosto delicado, os cabelos dourados como o sol e o os olhos azuis como o céu, sempre usando um vestido branco amarelado esvoaçante e com peças de ouro para adornar seu corpo e perfeito, com as asas amareladas que lembravam as asas das fadas dos livros infantis. Ela estava sempre com uma luz dourada em sua volta. Ela estendeu a mão para mim. E eu a aceitei, eu sempre a aceitava. Ela me puxou para perto de si e me abraçou. Então disse em meu ouvido, em uma voz quente e gentil, e de alguma forma maternal.

– Eu estou aqui, querida Harmonie, sempre estarei!

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Então eu acordei. Como sempre eu acordava naquela parte. Meus olhos percorreram meu quarto em busca daquela escuridão, ou daquela mulher. Mas nada encontrou, a não ser minhas coisas. Forcei meu corpo a se levantar e caminhar até o banheiro, onde enxaguei meu rosto, eu levantei meus olhos para o espelho e me sorri. Não passara de um sonho, um sonho estranho que eu tinha todas as noites desde os meus 15 anos, mas ainda sim, um sonho, algo que não é real. Era apenas eu, meu reflexo e meu banheiro. Nada de escuridão ou do frio, nada de belas mulheres com asas, e nada de vazio. Apenas eu, Hermione Jean Granger.