Life Without You escrita por BonneyQ


Capítulo 1
Parte I


Notas iniciais do capítulo

Tradução de um dos capítulos de minha fanfic: "The Stories About You and I."

Um agradecimento mais que especial à Esthellar, que, mesmo chorando, betou. Eu te amo, minha molier. ♥



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Parte I


Ele sabia que alguma coisa estava errada quando chegou em casa e foi recebido pela escuridão e o cachorro fedorento que sua namorada insistia em ter. Era sexta-feira, e ele sempre jogava futebol depois do trabalho com os amigos, chegando ao apartamento deles por volta das dez da noite, onde Juvia estaria assistindo uma série de TV sobre crimes, comendo pipoca e esperando que ele chegasse para que ela pudesse anima-lo, caso seu time perdesse — o que acontecia raramente — ou ajudá-lo a celebrar a vitória.


Mas não naquela noite.

Ela não estava sentada no sofá com Mel em seu colo, e quando Gray abriu a porta e foi recebido pelo animal, deveria ter logo percebido que Juvia não estava em casa. O maldito cachorro não moveria um músculo em sua direção caso a mulher estivesse por perto; Mel e Gray somente aturavam-se na ausência dela, por que, de qualquer outra forma, ignoravam-se mutuamente. Ele tentou ligar para o celular de Juvia, mas foi direto para a secretária eletrônica, o que era muito, muito estranho. Ela nunca deixava o telefone ficar sem bateria, por que, sendo uma advogada, tinha clientes que poderiam precisar de seus serviços a qualquer momento.

Depois de procurar por toda casa, ele notou que a secretária eletrônica do telefone fixo estava piscando. Havia duas mensagens.

Ju-chan? Você está aí?” Gray reconheceu a voz de Levy McGarden. “Você disse que estava vindo pra cá e já se passaram mais de três horas, então, eu fiquei preocupada. Me liga, ok?

Um sentimento ruim passou pelo peito de Gray ao escutar aquelas palavras, e a outra mensagem confirmou suas suspeitas.

Senhor Fullbuster? Meu nome é Angela Hughes e eu sou uma enfermeira aqui no Hospital Geral de Magnolia. Você está listado como o contato de emergência para...” houve uma pausa “Juvia Lockser? Nós precisamos que você venha o mais rápido que puder.

Ele pegou a chave de seu carro e saiu sem nem pensar duas vezes. Gray não estava gostando daquilo.

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— Eu recebi uma ligação — Gray disse, interrompendo duas enfermeiras no balcão de informações. Ele demorou quinze minutos a mais para chegar porque teve que pegar outro caminho; havia acontecido um acidente na avenida principal —. Eles falaram alguma coisa sobre minha namorada estar aqui e que eu era seu contato de emergência e... — ele falava tão rápido que a mais velha das duas mulheres não entendeu.

— Calma, meu filho — ela disse calmamente —. Qual o nome da sua namorada? — perguntou, colocando os óculos e virando-se para o computador.

— Juvia Lockser — o moreno respondeu —. L-O-C-K-S-E-R.

—...E…R. — a enfermeira apertou “Enter” e, no mesmo instante, sua expressão ficou séria. Gray sentiu-se estranho, novamente. Aquilo era ruim. Ele sabia que era ruim. A enfermeira retirou os óculos e olhou para ele, com pena.

— Deixe-me chamar o médico pra você, senhor. — e sem dizer mais nada, ela escapou.

— Espera! Me dê alguma informação, droga! — ele gritou frustrado, mas a mulher já tinha ido.

‘Isso não é bom. Isso não é bom’, sua mente continuava a lhe dizer. Mas ela estava bem. Ela tinha que estar bem. Pelos últimos cinco anos, Juvia tinha sido tão constante em sua vida, que era até bobo não pensar nela estando lá. E, de qualquer forma, era uma das mulheres mais fortes que ele já havia conhecido.

O celular tocou e ele o retirou de seu bolso, atendendo sem nem mesmo ver quem estava ligando.

— Não é uma boa hora — disse, quase desligando.

Gray? É Levy. Juvia está com você? — a voz feminina soou do outro lado da linha —. Ela deveria ter vindo pra minha casa, mas não veio e não está atendendo o celular e...

— Eu não sei, Levy. — Gray passou a mão pelo cabelo —. Quando eu cheguei em casa, havia uma mensagem do hospital dizendo que ela estava aqui e...

O quê? — Levy deu um meio grito —. Você está no hospital? O que aconteceu?

— Eu não sei, ok? — o moreno respondeu rudemente —. Ninguém está me dizendo nada! Uma enfermeira falou que ia verificar, mas...

Nós estamos indo para aí agora! — Levy disse e Gray pôde escutar o noivo da menina perguntando o que estava acontecendo —. Em uns 30 minutos nós vamos estar aí. — quando ele estava prestes a desligar, ela completou —: Ela vai ficar bem, Gray.

Ele não conseguiu falar mais nada depois daquilo, somente desligou e esperou. Mas a espera o estava enlouquecendo.

Depois de cinco minutos, a enfermeira voltou com um homem que ele presumiu ser o médico de Juvia. Ele deveria ter uns quarenta anos, com os cabelos começando a ficar grisalhos dos lados de sua cabeça, e parecia sério. Muito sério.

— Senhor Fullbuster? — o médico perguntou, e Gray assentiu —. Meu nome é Walter Abernathy e eu tratei a Senhorita Lockser — Dr. Abernathy disse, confidente.

— Ela está bem? — o rapaz perguntou, muito nervoso com a falta de informações —. Posso vê-la?

O médico suspirou.

— Ela esteve em um acidente, Sr. Fullbuster. — o coração de Gray parou por um momento —. Quando os paramédicos chegaram ao local, ela tinha um pedaço de metal penetrado em seu peito, o qual perfurou o pulmão direito. Quando chegou aqui, nós a levamos direto para cirurgia. — o homem parou por um segundo —. Nós fizemos tudo que podíamos, Sr. Fullbuster, mas ela não resistiu.

Gray franziu o cenho. Tinha escutado o homem falar, mas as palavras não fizeram sentido para ele. Juvia não havia resistido? O que aquilo significava?

— O que...? — foi tudo que Gray conseguiu dizer, com sua garganta tão seca quanto podia ficar.

— Sinto muito por sua perda — o médico falou, pena estampada em seu olhar.

— Você... — a dor dentro de Gray pareceu aumentar um milhão de vezes —. Você está dizendo que... ela está morta?

— Sim.

Aquela pequena palavra acabou com seu mundo.

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Natsu franziu o cenho quando viu o nome da pessoa que estava ligando para seu celular; “Gray F.”. Mais cedo naquele dia, o homem de cabelos rosados recebera uma ligação, porque estava atrasado para o futebol, e Gray gritou com ele. Até mesmo o havia xingado. Era tão raro para Natsu receber uma ligação de Gray, que ele pensou que estivesse ficando louco.

Receber duas ligações do moreno, no mesmo dia, era quase impossível.

— E aí, Cérebro Congelado? Já está sentindo minha falta? — Natsu perguntou alegremente, mas ninguém respondeu —. Alô? — nada —. Não me ligue se você não vai dizer nada, estúpido. — nada —. Sério, Gray, diz alguma coisa.

Ela se foi. — ele escutou a voz de seu amigo/inimigo como um sussurro.

— Gray? — Natsu ficou automaticamente preocupado. Ele nunca tinha escutado seu amigo tão derrotado —. O que está acontecendo?

Ela se foi — Gray disse novamente —. Eles estão falando que ela está morta.

Natsu congelou, por um segundo.

— Quem está morta? — nenhuma resposta —. Gray! Fala comigo! — o homem de cabelos rosáceos podia escutar o outro respirando, através do celular.

Juvia. — a resposta veio.

— Não brinca comigo, cara. — Natsu zombou. Aquilo não estava acontecendo —. Isso não é engraçado. — nenhuma resposta —. Gray?

Ela pegou um ônibus, Natsu — Gray falou do outro lado da linha —, ela pegou um ônibus porque eu peguei o carro dela hoje de manhã. E o ônibus em que ela estava... Um caminhão...— a voz dele se quebrou um pouco, no final —. Eu a vi há seis horas atrás, e agora ela está morta.

Natsu sabia que ele não estava brincando. Gray nunca brincaria com a morte.

Era real.

— Merda! — disse —. Merda, merda, merda. — Natsu colocou uma mão sobre sua própria testa, tentando acreditar no que estava acontecendo —. Ah, cara...

Você poderia... dizer para o pessoal do trabalho que eu não vou poder ir amanhã? — Gray soou tão normal que Natsu não soube o que dizer —. Eu tenho umas coisas para resolver.

— Onde você está? — Natsu gritou para o telefone, sentindo que seu amigo estava quase desligando.

Hospital de Magnolia. — Gray suspirou sem vida e finalizou a ligação.

Natsu colocou o casaco e começou a ligar para sua namorada.

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Gray olhava para seu celular como se fosse algo de outro mundo. O que o fez ligar para Natsu? No que ele estava pensando?

Para dizer a verdade, estava tão anestesiado com a notícia, que ele somente apertou o botão de chamada, e esperou que a última pessoa para quem havia ligado, atendesse. E não tinha sido seu amigo.

Você ligou para o telefone de Juvia Lockser. Me desculpe, mas não posso atender agora. Deixe uma mensagem e, quando Juvia puder, ela ligará de volta pra você.

Havia ligado para ela, antes de ir para o hospital. E ligou novamente. E de novo. E de novo.

Você ligou para o telefone de Juvia Lockser. Me desculpe, mas não…”

De novo.

Você ligou para o telefone de Juvia Lockser.”

De novo.

Você ligou...”

De novo.

Você....”

Na última vez, ele apertou o botão errado e ligou para seu amigo por acidente. Gray ficou tão chocado ao escutar uma voz masculina, depois de escutar a de Juvia por tanto tempo, que não falou nada por alguns minutos, decidindo se contaria para o outro homem ou não.

Ela se foi.”

Realmente tinha contado a alguém. Ele disse para alguém que ela...

Ela se foi.”

Ela havia partido. Não estava mais ali.

Morta.

Poderia ele recordar um dia, em todos aqueles anos, em que não a tivesse contatado? Não, ele não poderia. Ela estava ali. Juvia era sua constante. Ela era sua cola. E ela tinha… ido embora.

Foi um acidente, querido — a enfermeira disse, quando o médico tinha se retirado para ver outro paciente, enquanto Gray ficava ali, sem saber como reagir —. Eu sei que é um choque. Talvez você devesse ligar para alguém.

E ele ligou; ligou pra Juvia. Se alguma coisa estivesse errada em sua vida, ela estava lá para animá-lo, sabendo exatamente o que falar para fazê-lo se sentir melhor, e, muitas vezes, palavras não eram necessárias; a garota somente segurava sua mão até que ele ficasse bem. Às vezes, só pensar nela o fazia passar o dia.

Pegou o celular e ligou novamente.

Você ligou para o telefone de Juvia Lockser. Me desculpe, mas não posso atender agora. Deixe uma mensagem e, quando Juvia puder, ela ligará de volta pra você.

Aquilo era tudo o que ele teria dela, agora? Uma mensagem de voz? Palavras que nunca mudariam, pelo resto de sua vida?

Você ligou para o telefone de Juvia Lockser. Me desculpe, mas não posso atender agora. Deixe uma mensagem e, quando Juvia puder, ela ligará de volta pra você.

Mas é claro que queria deixar uma mensagem! Ele queria dizer para ela que estava tendo algum tipo de sonho estranho onde as pessoas continuavam falando que ela estava morta. Gray queria gritar e dizer para Juvia que aquela brincadeira estava indo longe demais. Tinha que informá-la de que ela precisava voltar.

Eles haviam adotado um cachorro! Quem iria tomar conta dele? Quem iria regar as plantas? Quem levaria Asuka para a piscina nos fins de semana? Quem iria entrar na igreja com Gajeel no seu casamento com Levy? Quem iria ajudar Mira a cozinhar para os churrascos da guilda? Quem iria se irritar por mulheres falarem com Gray?

Quem iria sorrir todas as vezes que Gray entrasse em qualquer local? Quem iria rir levemente quando ele não quisesse acordar cedo? Quem iria ficar em pé, na varanda, olhando para cima e aproveitando um simples raio de sol? Quem iria colocar os interesses dele em cima de seus próprios? Quem iria cantar baixinho enquanto lavava a louça? Quem iria...?

Quem iria chamá-lo de “Gray-sama”? Para quem ele iria voltar pra casa? Quem iria fazer seu coração vibrar em seu peito? Com quem ele iria ficar para sempre?

A resposta era Juvia. Juvia, Juvia, Juvia.

Era muito cedo para ela. Era muito cedo para os dois. Ele precisava de mais tempo juntos.

Gray nunca a levou numa viagem ao Havaí, que prometera dois anos antes. Nunca a levou ao novo restaurante que ela queria ir. Nunca perguntou se ela queria se casar com ele. Nunca disse o quanto sua vida era melhor desde que a tinha conhecido. Não disse “eu te amo” com a frequência que deveria.

E agora, nunca mais teria a chance?

Que merda ele tinha feito em sua vida para merecer aquilo? Toda vez que havia formado uma família, alguma coisa acontecia para levá-la embora. Todas. As. Vezes.

Gray não havia notado, mas ainda estava olhando para seu telefone. Deixando seus pensamentos de lado por um momento, pressionou um botão e o celular ligou, mostrando uma foto dele com Juvia. Ela estava sorrindo, olhando para a câmera, enquanto o abraçava com seu braço esquerdo. Gray olhava para cima, e tinha uma expressão de tédio no rosto, em contraste com o grande sorriso de sua namorada.

'Você vai perdê-la em alguns meses, idiota!’, dentro de sua mente, ele gritou para o homem na foto.

Merda.

Merda.

Merda.

Não havia dado crédito suficiente para o que tinha. Era ele quem merecia morrer. Ele era o namorado de merda. Ele era o filho da puta. Ele era o monstro.

— Gray? — ouviu alguém chamá-lo, mas ele não se importava com mais nada —. Gray?

O moreno olhou para cima, quando uma mão pousou em seu ombro. Era Levy.

— Como Juvia está? Gajeel e eu não chegamos mais cedo porque a rua principal estava uma bagunça — ela disse, e Gray percebeu que seu namorado tinha ido também.

— O que está acontecendo, Fullbuster? — a voz grossa de Gajeel ecoou, mostrando sua tensão. Ele tinha sido amigo de Juvia desde antes de Gray conhecê-los.

— Ela se foi. — Gray olhou para o celular, novamente.

— O quê? — Gajeel franziu a testa, sem entender —. Foi para onde?

— Se foi. — o outro encolheu os ombros, não querendo deixar seu inferno interior ser conhecido.

— Que diabos você está falando...? — Gajeel estava exasperado —. Basta nos dizer em qual quarto ela está.

— O que você quer dizer com “se foi”, Gray? — a voz de Levy era baixa, quase um sussurro, e ele percebeu que a garota estava tremendo um pouco.

O rapaz olhou para cima, encontrando os olhos acastanhados de sua pequena amiga, que agora lacrimejava. Ela era esperta, tinha entendido.

— Juvia estava no acidente na rua principal. Ela não conseguiu... — Gray engoliu em seco e olhou novamente para o telefone, fitando imagem de fundo, de novo —. Ela se foi.

Ele sentiu a mão de Levy, que estava em seus ombros, se mover em ir direção à boca, enquanto tentava abafar um gemido de dor. Gray ouviu Gajeel perguntar o que diabos estava acontecendo. Ouviu Levy dizendo-lhe que Juvia estava morta.

— Ela não está morta! — Gajeel disse, balançando a cabeça —. Juvia não está morta, seus bastardos! — ele gritou, apontando para Gray e Levy —. Eu a vi hoje!

— Gajeel... — Levy tentou tocá-lo, mas o homem não deixou que ela o fizesse, dando um passo para trás — Sinto muito, querido.

— Não — o grande homem deu um soco na parede —, eu não vou acreditar até vê-la.

— Eu sinto muito. — nesse ponto, Levy estava chorando abertamente, enquanto Gray ainda olhava para o celular.

Gajeel caminhou na direção do outro rapaz e agarrou sua camisa, fazendo-o levantar da cadeira.

— Você... — ele rosnou — Você deveria tê-la protegido.

— Foi um acidente, Gajeel! — Levy tentou fazer seu namorado soltar Gray —. Ele está sofrendo também.

Gajeel lançou um olhar de nojo para Gray e o deixou ir.

— Ele com certeza não está demonstrando. — o homem mais alto virou-se e começou a se afastar.

— Onde você está indo? — a menina persistia em secar o rosto.

— Eu vou encontrá-la! — ele gritou e foi para o balcão de informações.

Levy tentou segurar o choro o máximo que pôde e sentou-se ao lado de Gray, decidindo que, pelo menos, seu namorado estava fazendo seus sentimentos serem reconhecidos, enquanto Gray permanecia catatônico... Nunca o vira daquela maneira.

— Gray? — a menina de cabelos azuis chamou, mas não obteve resposta —. Gray, olhe para mim. — mas ele não fez. Tudo o que podia fazer era olhar para o seu telefone —. Gray? — ela tentou pegar o aparelho de suas mãos, mas ele o apertou ainda mais e finalmente olhou para ela com olhos tão vazios, que o interior da pequena garota se torceu —. Você ligou para alguém?

— Juvia. — ele deu de ombros —. E, por alguma razão, Natsu também. — Gray franziu o cenho —. Eu não sei como eu acabei ligando para ele.

— Ok. — Levy assentiu, sem saber como lidar com Gray ligando para sua namorada morta. Mas, naquele momento, de alguma forma, ela era a mais forte ali; o homem ao seu lado estava atormentado, enquanto Gajeel atormentava pessoas.

Ela precisava ligar para seus amigos, precisava dizer-lhes que uma de suas amigas estava morta.

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Depois de uma hora, metade dos membros do clube que tanto Juvia quanto Gray participavam, estava lá, mas o moreno ainda permanecia em seu lugar, olhando para o telefone e, às vezes, chamando pelo número de Juvia. Natsu chegou e tentou falar com ele, mas as respostas que recebeu foram curtas e grossas. Mirajane Justine também tentou, mas não chegar a lugar nenhum.

Apenas Erza teve alguma reação dele.

— Gray. — ela sentou-se ao seu lado, enxugando as lágrimas —. Eu não sei o que dizer a você.

— Sabe... Eu tenho ligado pra Juvia — Gray disse em um tom de “isso é um fato”, ainda fitando o celular —. Nas duas últimas horas, eu estive sentado aqui, olhando para a foto dela e chamando seu número, para que pudesse ouvir sua voz. — ele deu de ombros —. Sabe... não dói tanto.

— O quê?

— Quando eu olho para a foto dela ou quando a escuto, não dói tanto — Gray disse —. Eu sei que vocês acham que eu sou louco, porque não levantei e fiz uma cena, e todos sabem que eu tenho telefonado para ela. Mas não posso parar. — levantou os olhos para mirar os de Erza —. Se eu ouvir a sua voz, eu estou bem. Se eu vir sua foto, eu estou bem. No momento que eu entrar naquele quarto para identificar seu corpo... — ele engasgou com a última parte — a partir de então, vai ser real. A partir de então, mesmo se eu ouvir a sua voz, eu não vou ficar bem, porque eu saberei que toda a esperança se foi.

— Gray... Alguém pode ir em seu lugar para...

— Então — ele interrompeu Erza —, eu vou ficar aqui, escutando a sua voz e olhando para a foto dela, até que a minha bateria se esgote. Mas agora, eu não vou me mover daqui. — ele olhou para o celular novamente e apertou o botão verde, colocando, em seguida, no alto-falante.

Você ligou para o telefone de Juvia Lockser. Me desculpe, mas não posso atender agora. Deixe uma mensagem e, quando Juvia puder, ela ligará de volta pra você.

Cada um de seus amigos o olhou com tristeza e dor em seus olhos.

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Seu telefone tocou novamente sinalizando que a bateria ia acabar a qualquer momento.

Mais uma vez.

Apenas mais uma vez.

Você ligou para o telefone de Juvia Lockser. Me desculpe, mas não posso atender agora. Deixe uma mensagem e, quando Juvia puder, ela ligará de volta pra você.

Dessa vez, ele deixou uma mensagem. E a bateria acabou.

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Quando Gray levantou-se de sua cadeira, as pessoas ficaram tensas e com medo de sua reação. Ele havia olhado para o celular e chamado por Juvia durante uma hora, sem derramar nenhuma lágrima, ao contrário de todos os outros. Bom, todo mundo, menos Gajeel. O homem estava em total negação, a ponto de chamar os caras de maricas, porque estava muito certo de que Juvia se encontrava em outro lugar.

— Gray... — Lucy disse para seu amigo, os olhos vermelhos de tanto chorar — Se você precisa de alguém para ir com você...

— Não. — ele balançou a cabeça —. Eu preciso ir sozinho.

— Mas... — a loira tentou, porém, foi ignorada.

— Estou indo. — o moreno olhou para seus amigos e saiu em direção ao balcão de informações, para contar à enfermeira que estava pronto para ver sua namorada.

— É melhor você ter certeza de que não é ela, Fullbuster — Gajeel disse, e Levy abraçou seu braço.

Gray foi atrás da enfermeira; estava indo dizer adeus à sua namorada.

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Depois de 10 minutos, todos olharam para a porta que se abriu e revelou Gray, saindo. Todos o fitavam, enquanto o rapaz respirava fundo. Vendo sua expressão, os corações dos presentes se afundaram. Gray estava pálido, seus olhos encaravam o nada e sua expressão era de desespero.

— Então... Fullbuster? — Gajeel perguntou, andando em direção a ele. Gray olhou e balançou a cabeça, fazendo o homem mais alto parar —. Não. — Gajeel balançou a cabeça —. Não. Olha, você viu errado.

— Gajeel... — Levy jogou os braços ao redor da cintura do namorado, chorando.

— Não — a voz de Gray era instável —, eu não vi errado.

Foi quando a primeira lágrima desceu.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado. :)