Through Of Shadows escrita por Del Rey


Capítulo 4
III. Os jogos começaram


Notas iniciais do capítulo

Hey, povo u-u Desculpem a demora, tive alguns probleminhas para postar. Quero agradecer as duas recomendações super hiper mega meigas da Larissa e da Lynns. Obrigada mesmo, fiquei super emocionada com as palavras das duas. E obrigada também pelos 67 comentários *uuu* Sério, nunca estive tão feliz com uma fic.
Enfim, é isso.
Boa leitura ^^



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Acordar.

Esse era meu único desejo naquele exato momento. Não que eu tivesse esperanças de que toda aquela situação fizesse parte de um dos meus inúmeros pesadelos, mas ainda assim, eu fantasiava que aquilo não era real, ou pelo menos, não deveria ser.

Um mar de gritos inundou todo o corredor, sejam eles de surpresa ou por desespero em reconhecer a tal garota morta. A minha amiga morta. Pressionei minhas mãos em cada orelha, na esperança de não apenas deixar de ouvir aquilo, mas de também fugir daquele mundo, e ir pra uma realidade onde tudo seria fácil. Onde não teria que lidar com a morte.

Eu não conseguia esboçar nenhuma reação, um grito, um choro desesperado ou algo plausível naquela situação. Ficar parada ali, fez com que a multidão que se formara rapidamente fosse me empurrando para trás. Até esbarrei em algo, ou melhor, em uma pessoa.

Tentei murmurar um pedido de desculpa, mas o mesmo ficou preso em minha garganta assim que meus olhos miraram nos da pessoa.

Maquiagem marcada, cabelo repicado e tingido de rosa, e roupas extravagantes. Era ela. Kerli estava ali, em minha frente, como um fantasma volta para assombrar alguém.

Meu único reflexo fora sair correndo, o mais longe possível dela. Definitivamente, eu havia perdido o resto de sanidade mental que me sobrara. Talvez o momento de aceitação em relação à morte de minha mãe tenha acabado ali. E eu teria o mesmo fim que meu pai. A clínica psiquiátrica.

Sem perceber, eu havia chegado a minha sala de aula. E sem perceber também, Kerli havia me seguido.

— Elise, o que...

— Fique longe de mim! — a interrompi, enquanto pegava uma cadeira e apontava em sua direção. — Você não está aqui de verdade, é só uma alucinação.

— Oh, meu Deus. Você se drogou? — Kerli perguntou perplexa — Então foi por isso que você pediu para ir ao banheiro... Eu sabia que tinha algo de errado. E esse braço? Que corte é esse?

Ela tentou se aproximar, mas a cadeira impediu que ela continuasse. Ela não chegaria perto de mim. Não, eu não deixaria.

— Do jeito que você está me olhando, até parece que sou um fantasma — ela gargalhou com a ideia. Mas ela era isso. Um fantasma que viera me assombrar. — Olha Lizz, me desculpe, mas não estou interessada em entrar na onda de drogados.

Kerli arrancou a cadeira das minhas mãos, sem o menor esforço, e me encarou nervosa.

— Então, você acha que um fantasma conseguiria arrancar um objeto sólido das mãos de uma pessoa? — ela perguntou, já sabendo a minha resposta.

Balancei a cabeça, sem dizer nada.

— Depois conversamos sobre isso, agora você vai me ajudar a achar meu anel — Kerli agarrou meu pulso, tentando me tirar da sala, mas eu não movi um músculo.

— Anel? — perguntei. Eu não estava em condições para formular uma frase coerente.

— É, aquele de Ank. Quando todo mundo saiu da sala dizendo que estava havendo briga no corredor eu percebi que ele não estava comigo. Então eu aproveitei e sai pra procura-lo, até que aquele garoto me abordou e...

— Garoto? — repeti.

— Na verdade ele não era um garoto, devia ter em torno de 20 anos. Pra falar a verdade eu nunca o vi aqui no colégio, os olhos dele eram tão esquisitos, pareciam estar mudando constantemente entre o azul e um... dourado — Kerli disse a última palavra com certa indecisão e continuou — Ele disse que conhece você e que era pra eu dar um recado.

Pensei em repetir a “Recado?”, mas resolvi esperar Kerli continuar.

— Ele disse que os jogos começaram. E que você entenderia.

Eu deveria mesmo entender? Vasculhei toda a minha mente a procura de um significado para o que o tal homem disse.

“Eles vão encontra-la e tudo a sua volta irá desmoronar” a frase que o reflexo sem dono me atropelou. Me encontrar, desmoronar, jogos começaram.

Seja lá quem for me encontrar, estava chegando perto. E o anel da Kerli só poderia ser um aviso de que as pessoas a minha volta também sofreriam.

— Precisamos sair daqui — eu disse pausadamente.

— Sair? Nada disso! Primeiro temos que ia até a enfermaria e cuidar desse corte horrível, pra depois você me ajudar a procurar o anel e outra, não acredito que você quer perder um dia inteiro de aula.

— É importante, é caso de vida ou — eu estava perdida. Eram acontecimentos demais para uma única manhã de aula — morte.

Kerli me encarou com aquele olhar que dizia claramente “Você realmente surtou”, ela suspirou e pegou a sua bolsa, colocando-a nas costas.

— Você vai me dar uma explicação muito boa pra tudo isso — ela reclamou, pegando a minha bolsa, provavelmente por achar que eu não conseguiria pelo simples fato de ter um corte na lateral do braço. Outra coisa que eu teria de colocar na lista de explicações, seria o porquê daquele corte não estar me incomodando. Aliás, esse seria um fato do qual eu também teria que descobrir.

Saímos da sala com Kerli olhando repetidamente para os lados. Pelo nervosismo dela, provavelmente matar aula nunca fora um de seus hobbies. Atravessar a porta de saída fora a parte mais fácil, já que a atenção estava voltada para o corredor.

Corremos para o estacionamento onde Kerli havia estacionado seu carro.

— Não que eu seja paranoica ou algo do tipo em relação a carros, mas... Seria legal se você não o sujasse com seu sangue — ela informou, quando eu sentei no banco de passageiro.

Fechei a porta do carro e posicionei meus braços no colo, para evitar que sujasse o banco. Kerli deu a partida e saímos do estacionamento, assim que viramos a esquina avistamos uma ambulância e um carro de policia. Aquilo fez com que eu me encolhesse no banco, por algum motivo eu estava me sentindo culpada.

— Estranho, será que houve algum acidente perto da escola e não vimos? — Kerli olhou pelo retrovisor tentando capitar algo. — Ah, Lizz, você sabe o que aconteceu no corredor? Toda aquela multidão, os gritos... Não tive tempo para ver o que era.

— Eu... não vi — murmurei. Senti que Kerli estava me encarando com aquele olhar questionador e ao mesmo tempo, perturbador. Aquilo não durou muito, pois o carro deu uma freada brusca, me fazendo ir para frente com tudo, já que eu não colocara o cinto.

—Desculpe! — Kerli gritou para o homem que quase fora atropelado. Ele estava com as mãos apoiadas no capô do carro, o mesmo levantou a cabeça e olhou diretamente para mim. Suas feições eram perfeitas, o cabelo em mexas bagunçadas e os olhos, de um azul-metálico.

— Cuidado — ele disse e simplesmente desapareceu, diante dos meus olhos. Aquilo havia soado como uma ameaça.

— Estranho — Kerli observou, seguindo caminho assim que o sinal abriu — Até parece o mesmo cara que pediu para que eu dissesse aquilo pra você.

Cerrei os punhos e tentei manter a respiração compassada. Você não vai surtar, Elise. Não agora.

Um alívio tomou conta de mim assim que nos encontramos na rua da minha casa e pouco depois, em frente à mesma. Sai do carro antes de Kerli e corri para a porta, ela apertou o botão de alarme do carro e me seguiu.

Quando entramos em casa, o som da televisão inundou meus ouvidos, olhei para o sofá e vi que Ethan estava lá, esparramado, assistindo seu sagrado jogo de baseball.

— Kezy! — Ethan exclamou com um sorriso irônico, assim que percebeu a presença da minha amiga ali. Um dos inúmeros defeitos do meu irmão era que ele possuía a mania de errar propositalmente o nome das pessoas que ele jurava ódio eterno.

E Kerli só conhecia um jeito de revidar.

— Me chame de Kezy mais uma vez e eu quebro o seu maxilar — ela tentou soar ameaçadora.

— Você já fez ameaças melhores, Kezy — Ethan provocou, mas depois me percebeu ali também. Merda — Mona! — dessa vez ele pareceu radiante, se levantou do sofá e veio em minha direção.

Ethan era o único idiota que se lembrava que meu nome do meio era Ramona. E como um bom idiota, ele se sentiu necessidade de inventar um apelido ridículo com o mesmo.

— É tão difícil você esquecer que meu segundo nome é Ramona? — reclamei. Antes que ele me apertasse em um abraço de urso.

— É seu nome, Mona. Tente lidar com isso — ele aconselhou— E... o que é isso?

Vi que ele apontava para meu braço. Na verdade, o corte fora apenas na lateral da minha mãe e seguia até o pulso. Mas como o sangue não estava satisfeito em apenas ficar naquele local, se espalhou por todo o meu braço.

Ethan intercalou seu olhar entre mim e Kerli, esperando uma explicação.

— Ela ainda não me explicou nada sobre isso — Kerli esclareceu. Revirei os olhos e agarrei o braço dela a puxando para subir as escadas. Ethan não havia desistido de saber e barrou a nossa passagem.

— Ainda estou esperando uma explicação, Mona.

— Até parece que você se importa.

— Infelizmente temos o mesmo sangue, e como irmão mais velho tenho o direito de saber — ele argumentou.

— Qual é o truque? — arqueei uma das sobrancelhas.

— Nenhum — ele levantou as mãos em defesa.

O encarei por alguns segundos, esperando ele desabar em risadas. Mas seus olhar era sério, o que me fez lembrar nossa mãe. Ethan havia herdado tudo dela, o cabelo castanho, as órbitas carameladas e aquela expressão séria que depois dela, eu só via nele.

Suspirei derrotada e fui para o sofá. Ethan perguntou se não era melhor cuidar primeiro do corte, mas eu respondi que isso estava em último lugar na minha lista de coisa a fazer.

Assim que os dois também se acomodaram, tentei imaginar por onde começaria. Então resolvi contar tudo. Desde o diário, até o reflexo sem dono que vi no espelho do banheiro e também, o motivo do machucado.

Ethan e Kerli ouviram tudo pacientemente, o que fora realmente estranho, e continuaram em silêncio quando terminei.

— Vocês não acreditaram em nada, né?

— Só na parte da banda de rock aqui em Portland — Ethan esclareceu.

— Eu não falei nada sobre banda rock alguma.

— Oh — ele encarou o teto com um falso ar pensativo — Então não, eu não acreditei em nada do que você disse.

— Eu sabia — resmunguei me levantando do sofá.

— Mas — Ethan continuou — Sou seu irmão e a Kezy ali, sua amiga, por isso vamos ajuda-la nesse universo paralelo onde você é perseguida por uma suposta entidade sedenta por seu sangue.

— Entidade?

— Ah, vai dizer que essa coisa de “Entidade sedenta por seu sangue” não dá um ar mais interessante pra essa sua historinha?

Revirei os olhos, era impressionante como Ethan levava tudo em brincadeira.

— Então, como podemos ajudar? — Kerli se pronunciou depois de algum tempo.

— Vocês estão mesmo falando sério?

— Eu pelo menos, sim. Somos amigas, você sabe que se a situação ficar ruim eu te ajudaria a correr — ela esclareceu.

— Eu não brinco com situações sérias — Ethan se defendeu. Arqueei uma das sobrancelhas para a sua declaração. — Certo, certo. Eu sempre brinco em situações sérias, mas esse não é o caso. E outra, eu quero ter certeza de que você não tentou matar o seu professor de matemática, e que esse — ele apontou para meu braço — não é o sangue dele.

Revirei os olhos por talvez, a décima vez só naquela conversa. Sai da sala e fui direto para as escadas, ouvindo os passos de Kerli e Ethan logo atrás. Mesmo sabendo que eles não haviam acreditado em uma só palavra, eu estava me sentindo segura por tê-los ali. Comigo.

Quando cheguei ao final do corredor e parei em frente à escada para o sótão, ouvi meu irmão resmungar algo como “Viu? Ela só está assim porque anda com drogadas como você” seguido de um estalo, que provavelmente fora um tapa que Kerli deu no mesmo.

Dei de ombros e me apoiei na madeira velha da escada, ato que fez um calafrio percorrer o meu corpo. Respirei fundo e subi, degrau por degrau, dizendo a mim mesma de que eu não estava sozinha, ou pelo menos, eu pensava não estar.

Assim que cheguei lá encima, Kerli me chamou.

— Elise! Você não está achando que vou subir aí, não é?

— Se você pretende me ajudar, a resposta é sim.

— Primeiro as damas, Kezy — Ethan fez um gesto com mão.

— Sem chance! Você acha que sou idiota? Eu sei muito bem o que você pretende.

Resolvi deixa-los discutir. Levantei-me e fiquei de pé, encarando todo o local. Mesmo sendo dia, o sótão era escuro, iluminado apenas por um feixe de luz que saia de uma única janela. Vasculhei o lugar em uma rápida olhada, logo vendo o objeto que me trouxera até aqui. O diário de Ellie estava encima do pufe, do jeito que eu deixara. Aos tropeços fui até ele, mas meus pés pareciam pesar uma tonelada, e meu instinto dizia para eu voltar.

Um rangido de madeira quebrou o silêncio, seguido por um barulho de ferrolho. Eu culparia o vento, mas existiam vários fatores que derrubavam o meu pensamento.

— Mona! Como pretende que ajudemos se você se trancou aí? — Ethan esbravejou do lado de fora.

Tentei abrir a pequena portinha do sótão. Eu disse tentar, não quer dizer que eu consegui.

Mal consegui mover um só membro. Logo o peso do meu corpo se tornara insustentável, fazendo com que o mesmo caísse. A voz de Ethan pareceu ficar cada vez mais abafada, até se tornar inaudível para mim.

Novamente aquele calafrio percorreu meu corpo, me trazendo a estranha sensação de estar sendo observada, e eu estava certa.

Ele se materializara em minha frente. Encarando-me, como uma criança que quer um brinquedo ou como um demônio que estuda a sua vítima.


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Notas finais do capítulo

Vocês acharam mesmo que a Kerli estava morta? Tipo gente, eu considero a morte de um personagem muito importante oushe. Vou explicar:
Bom, pra eu "matar" um personagem, ele tem que ser importante. Assim, ter feito alguma coisa pela história ou algo assim. Na minha opinião, matar um personagem é o mesmo que imortalizar ele, entendem?
"Mas tia Del Rey, você matou uma pessoa no lugar da Kerli"
Ah, essa foi só uma morte ligação. Ela vai ser como uma ponte pra outro acontecimento. Nada é por acaso.
Mas digo uma coisa, considerar a morte como uma coisa importante não quer dizer que eu não vou matar um e outro ashuahsuas é. E por enquanto, a Kerli vai ser importante para alguns acontecimentos e depois... Ah, não vou dar spoilers ashuahsuas ai ai.
Não me lembro qual de você queriam ver cenas do Ethan, bem, desculpe por esquecer quem foi.. Mas está aí, ele foi inspirado num amigo meu, uma verdadeira peste.
~
Enfim, espero que tenham gostado. Voltarei em breve pois estou ansiosa para postar o próximo *uuuu* Caso não tenham gostado, me digam no que melhorar, só preciso saber se ainda estão lendo ^^ Qualquer erro me avisem c;
Beijos e espero todos nos reviews ;)