Through Of Shadows escrita por Del Rey


Capítulo 2
I. Encontrando o passado


Notas iniciais do capítulo

Bom, encontrei um dia perfeito para as postagens de "Through of Shadows" que como podem ver será toda segunda-feira, pois é o dia em que eu não faço nada da vida ^^
Primeiro capítulo narrado pela protoganista :]
Espero que gostem... Boa leitura.



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Portland — Maio, 2016 (Presente)

Hoje era o seu aniversário.

Eu havia penteado o cabelo e colocado o vestido florido que eu tanto odiava, mas que ela, adorava ver em mim. Comprei até um vasinho de flor, margaridas, que eram as suas preferidas. Estava tudo do jeito que ela gostava.

Joanne Shadlee.

Era esse o nome de minha mãe. Era esse o nome que estava cravado na lápide a minha frente.

Fora há três anos que ela decidira dar um fim em sua vida. Mas antes disso, tudo era perfeito. Eu fazia parte de uma família normal. Com um pai que trabalhava o dia inteiro, uma mãe que cuidava da casa e um irmão que passava boa parte do dia no colégio.

Então veio aquela tarde de sexta. Quando cheguei da escola e encontrei minha mãe deitada no sofá, com um vidro vazio de comprimidos, jogado no chão. Esse fora o dia em que ela decidira escolher um caminho sem volta. O suicídio.

Depois disso, a minha família perfeita foi destruída como um castelo de cartas. Papai fora internado duas vezes na clínica psiquiátrica, Ethan se revoltou contra tudo e todos. E eu, bom, digamos que ainda estou no estado de aceitação. Tentando aceitar essa nova realidade da qual eu vivo. Uma realidade que fui obrigada a encarar de frente.

No começo, cheguei a odiar a minha mãe. Odiá-la por ter feito isso com a própria vida, sabendo que destruiria a nossa também. Mas depois, pensei que talvez ela tenha extrapolado o seu limite, que seja lá qual for ele, a única saída plausível que ela encontrara fora o suicídio.

Olhei para o céu e encarei as nuvens pesadas que se formavam ali. Limpei as lágrimas que escorriam silenciosamente por meu rosto e coloquei o vasinho de flores no túmulo.

— Perdoe-me por tudo que eu tenha feito — sussurrei, na esperança de que ela me ouvisse.

As lágrimas voltaram a cair enquanto eu me afastava do túmulo dela. Dei uma última olhada para trás antes de atravessar o portão do cemitério.

As ruas estavam vazias e silenciosas. Era manhã de sábado e a maioria da população de Portland acordaria mais tarde. Folhetos que anunciavam o festival das rosas cobriam quase por completo as calçadas. Esse era um dos maiores eventos em Portland. Aonde pessoas de toda a região viriam para a nossa cidade, prestigiar o desfile.

Particularmente eu odiava toda essa festa. Aquele aglomeramento de pessoas rodopiantes e alegres não me agradava em nada.

— Elise! — uma voz feminina me chamou, virei para trás e vi a Sra. Redding, minha ex-professora de filosofia.

— Sra. Redding — cumprimentei. — O que faz tão cedo por aqui?

— Gosto de fazer meus passeios matinais quando não há muitas pessoas circulando pela cidade — ela respondeu e continuou. — Seu pai, está melhor?

Eu já ouvira aquela pergunta. Desde que meu pai saíra da clínica, todos faziam essa mesma pergunta. Aquele tom de pena me revoltava. Mas a Sra. Redding era diferente, ela fazia essa pergunta casualmente, como se dá bom dia para uma pessoa.

— Ele está muito bem. Mas agora tenho que ir, hoje é dia de limpeza em casa — comentei.

— Óh, claro. Mande lembranças a seu pai e Ethan.

— Pode deixar — respondi, me virando para continuar o caminho.

Poucos minutos depois eu estava em frente ao portão de casa. O jardim que mamãe cultivava ainda estava lá, sempre que sobrava um tempo, eu cuidava dele. Enquanto seguia pelo caminho de pedrinhas brancas, olhava para os anõezinhos que estavam espalhados pelo gramado. Olhei para o tapetinho de "Bem-Vindo" em frente à porta, girei a maçaneta e entrei.

O primeiro perfume que senti fora o de panquecas. Papai já estava acordado. Segui o cheiro até a cozinha e o vi com um avental florido, enquanto virava as panquecas na frigideira.

— Ethan já acordou? — perguntei.

— Seu irmão está limpando aquela selva que costuma chamar de quarto — papai respondeu sorrindo.

— Vou limpar o sótão e volto logo para comer as famosas panquecas do meu pai preferido — passei o braço por seus ombros.

— Acho que sou o seu único pai — ele observou.

— Engraçadinho. Volto daqui 15 minutos — eu disse, saindo da cozinha.

Ouvi meu pai dizer um "Não demore, querida" antes de subir as escadas apressadamente.

Parei em frente à porta do quarto de Ethan e bati duas vezes.

— Ethan? — chamei.

— Vá para o inferno! — ele gritou.

— Bom dia pra você também — respondi irônica.

Continuei andando, e no final do corredor, estava a escada de madeira que dava para o sótão. Subi rapidamente e empurrei a portinha também de madeira, entrando de vez no lugar.

Ali, guardávamos coisas que não iriamos usar mais e que não teríamos coragem de nos desfazer.

Encontrei a minha primeira bicicleta, a que eu ganhei nos meus cinco anos de idade. Algumas bonecas de porcelanas e todos os porta-retratos de mamãe. Assim como roupas, joias, sapatos, absolutamente tudo dela ficava ali.

— Cindy! — exclamei assim que vi a minha boneca preferida ali. Tenho 17 anos, então é lógico que não brincava mais de boneca. Mas aquela era especial para mim.

Fui de encontro à bancada onde Cindy estava largada, mas antes de chegar ali, tropecei em algo relativamente grande.

— Droga — praguejei, assim que meu pé entrou em choque com o objeto.

Vi que era um baú, e por pura curiosidade o abri. Estava cheio de vestidos antigos, objetos que eu não sabia para o que servia, e um espelho desenhado com pequenas florzinhas.

Tateei o fundo do baú e percebi que havia mais alguma coisa. Com certeza um fundo falso, com a ajuda de uma tesoura que também estava ali, rasguei a camada de pano e encontrei um livro com três iniciais.

E. R. S.

De primeiro momento, aquelas iniciais coincidiam com as do meu nome.

Elise Ramona Shadlee.

O que não poderia ser, pois aquele livro parecia ser muito antigo.

Procurei um lugar confortável para que eu pudesse lê-lo, e acabei me sentado em um pufe que Ethan usava para jogar videogame.

Assim que abri o livro, minha cabeça começou a latejar. A dor foi aumentando, como se mil vozes gritassem ao mesmo tempo em minha mente.

Fechei os olhos por instinto e imagens aleatórias começaram a passar como um filme, mas uma delas fora a mais nítida. Sem poder impedir, entrei em transe.

Na cena, eu corria apressadamente. O cabelo dançava por meu rosto, impedindo que eu pudesse ver o caminho a minha frente. O vestido simples, que parecia ser de época, estava com marcas de garras que naquele momento eu não gostaria de saber como foram feitas. Os galhos das árvores retorcidas, vez ou outra, faziam leves cortes em minha pele. Sim, eles doíam, mas nada seria comparado a dor que eu sentiria se parasse de correr e deixasse que aquela criatura asquerosa me alcançasse.

Mas meu esforço fora por água a baixo quando, em minha frente, me deparo com o monstro, que sem o menor esforço se materializara ali. Ele queria o que eu guardava na cesta. Por algum motivo, a criatura acreditava que ali, estava a criança. Estava o meu filho. E no sonho, eu sentia que deveria proteger a tal criança.

Ele me derrubara no chão e agarrara a cesta, na esperança de que o bebê estivesse ali. Mas não estava. Eu senti uma imensa vontade de rir, como se dissesse que eu fora mais esperta que o monstro.

Com os olhos vidrados em mim, a criatura se aproximou e... Escuro.

As imagens haviam se apagado e meus olhos se abriram.

O livro continuava em minhas mãos, e eu continuava no sótão.

Alucinações, Elise. Apenas alucinações.

Coloquei o livro na primeira página, as folhas estavam amareladas e gastas. A escrita era desenhada à tinta, como as pessoas de época faziam.

"Minha mãe me dera esse caderninho de anotações que os senhores chamam de diário. Com toda a sinceridade, gostaria de ter sido presenteada com uma boneca, mas mamãe dissera que 17 anos não é idade para brinquedos. Anna, filha do Conde Rosendahl, me ensinara como devo começar."

Não era um livro, era um diário.

"Querido diário.

Saudações, meu nome é Ellie Ramona Shadlee, e aqui contárei-vos sobre minha vida."


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Notas finais do capítulo

Chato né? É, as coisas vão começar a se desenrolar a partir desse capítulo ^^
Vejo vocês nos comentários. Um abraço e um queijo u.u