Sedução Da Noite escrita por Leelan Schaffer


Capítulo 17
Dê atenção para um cachorro de rua, e ele te seguirá por todo lugar...


Notas iniciais do capítulo

All that I needed
Was the one thing I couldn't find
And you were there at the turn
Waiting to let me know
— Linkin Park.



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Brittany se virou ao ouvir o som da voz de Kyle, um sorriso genuíno estampado em seu rosto. Alexya reprimiu uma careta ao ver o lobo nos corredores da faculdade.

Que merda ele pensa que está fazendo aqui?

– Kyle! – Brittany jogou seus braços ao redor do lobo. – Deixa eu te apresentar uma... huh, amiga? – Brittany olhou confusa para Alexya como se não soubesse se elas eram, de fato, amigas.

Os olhos de Kyle analisaram Alexya desde suas sapatilhas, passando pelas pernas nuas, saia jeans escuras e camiseta T- Shirt vermelha com uma cinta negra marcando a cintura, até chegar em seu rosto.

Cachorro pulguento.

– Claro, claro. – Ele sorriu para Brittany. – Faz as honras?

– Alexya, esse é Kyle, meu irmão. Kyle, essa é Alexya. Capitã das Wolf’s. – Brittany gesticulava entre os dois enquanto os apresentava.

– É um prazer conhecê-la, Alexya. – Kyle pegou sua mão direita na dele e beijou os nós dos dedos de Alexya como um cavalheiro do século passado.

Alexya reprimiu um grunhido. Idiota.

– O prazer é meu. – Alexya mentiu. Seus olhos mortalmente sérios, fuzilando Kyle.

Ao redor deles, a campainha tocou avisando que tinham 5 minutos para chegar em sua próxima aula.

– Oh, merda. Eu tenho que correr, tem aula de Economia agora. – Brittany disse, olhando entre Kyle e Alexya que ainda se encaravam. – Que aula você tem agora, Alexya?

– Vago. – Ela respondeu, sem olhar para Brittany. – Dois períodos.

– Sortuda. – Brittany respondeu. – E você Kyle?

O que? O cachorro pulguento estudava ali? Mas que porra...

– Vago, também. – Alexya sentia que ele estava mentindo, mas não podia explicar o porquê. – Porém, eu tenho só um. – Kyle dá de ombros.

– Certo. Bom, vou abandonar vocês agora e correr pra minha aula. Te vejo depois, Alexya. – Brittany se despediu, correndo em direção a classe de Economia.

Alexya deu as costas para Kyle e começou a caminhar em direção ao gramado que dominava a frente da faculdade. Com sorte, encontraria uma arvore que pudesse se escorar e tirar uma soneca durante os dois períodos livres. Merda, um período de soneca e ela já seria totalmente grata. Não havia conseguido dormir bem após a noite anterior.

Mas Kyle não pegou a dica de que ela queria ficar sozinha e a seguiu, seus passos ecoando no corredor conforme todos os alunos corriam para suas salas deixando tudo mortalmente silencioso.

– Então, Alexya... – Kyle emparelhou o ritmo de Alexya, seguindo ao seu lado despreocupadamente. – Onde a gente está indo?

Nós não vamos a lugar nenhum. Eu vou. – Ela rosnou para Kyle, orando silenciosamente para que ele se tocasse e fosse embora logo.

Mas é claro, ele não se tocou.

– Agora eu entendo por que Lucian te fez escrava de sangue. Você realmente fica sexy quando está irritada. – Ele respondeu, sorrindo maliciosamente.

Alexya se limitou a atirar um olhar assassino em sua direção.

Some daqui, caralho!

Alexya continuou seguindo, agora em direção a sua arvore favorita em frente ao campus, sem olhar ao redor para os olhares interessados que os alunos lhe lançavam. Certamente estavam especulando o por que dela estar acompanhada de alguém mais que não fosse Josh.

– Você não tem algum lugar pra ir? Pessoas pra visitar? – Alexya resmungou.

Pulgas pra morder?

– Não. Como eu disse antes, período livre. – Ele dá de ombros, como se isso explicasse o por que de ficar ao redor dela.

Não explicava.

Alexya jogou sua mochila na base da arvore, e se deixou cair no gramado incrivelmente bem cuidado. Normalmente, ela deitaria ali e usaria sua mochila como travesseiro, mas não havia jeito de que ela fosse cochilar com Kyle ao seu redor.

Tanto por um período de sono...

– Nós não somos amigos, Kyle. – Alexya disparou.

– Nem sequer por um momento eu considerei a possibilidade. – Ele sorriu pra ela. – Eu poderia dizer que te conheço melhor que isso.

Ele sentou-se no gramado, seu corpo em uma posição de 45 graus dando a ela total atenção.

Merda, por que você simplesmente não vai latir pra Lua, caralho?

– Então... – Ele prolongou as palavras, como se tentando decidir exatamente qual assunto abordaria. – Noite intensa ontem, huh? Eu podia ouvir seus gemidos a dois quarteirões da casa de Lucian.

Alexya sentiu suas bochechas esquentarem instantaneamente. Ela sabia que havia gemido em alguns momentos – ok, muitos. – mas não havia como Kyle ter ouvido a dois malditos quarteirões. Na verdade, sem a audição de vampiro ele não deveria ter escutado nem da sala de Lucian.

– Você está mentindo. – Alexya grunhiu pra ele.

– Claro, era apenas uma hipótese. Mas você confirmou ela assim que ficou incrivelmente vermelha e sem jeito. Foi bom assim? – Kyle riu.

– Idiota. Por que não vai lá e transa com ele você mesmo e descobre? – Ela disparou de volta, totalmente furiosa consigo mesma por ter se entregado.

Como se eu já não tivesse problemas o suficiente...

Kyle estremeceu, como se a idéia o desse arrepios. – Sem ofensa, mas eu prefiro algo um pouco mais... Vivo. Você, por exemplo.

– E eu prefiro algo que não persiga o próprio rabo. Então, não. Não estou disponível pra você. – Ela respondeu mal humorada.

Kyle estalou a língua em desaprovação. – Agora, isso não foi gentil da sua parte, foi? E eu que jurava que você não era do tipo preconceituosa...

– Não sou. Tanto que ando com a sua irmã, não é mesmo? Meu problema é com você.

Kyle caiu na gargalhada. Seu corpo tinha espasmos de riso e ele se deixou cair totalmente na grama. Suas mãos fortes seguravam sua barriga como se fosse explodir de tanto rir e em seus olhos lágrimas escapavam pelas bordas.

Agora, mas que merda ela havia dito que parecia tão engraçado?

– Brittany? Sério? – Kyle não conseguia parar de rir.

– Sim, Brittany, sua irmã. A não ser que minhas suspeitas sejam verdade e você realmente tenha sido encontrado em uma lata de lixo. Quem sabe isso explicasse o mal cheiro que você exala. – Ela disparou, louca pra que suas palavras fizessem com que ele parasse de rir.

É claro, Kyle na realidade não exalava mal cheiro algum. Na verdade, ele cheirava muito bem, até. Um perfume cítrico e completamente masculino, misturado com o cheiro de bosques e terra molhada. Por mais estranho que possa parecer, era realmente bom. Não que ela fosse admitir isso a ele.

– Sinto muito te desapontar então, mas Brittany e eu nascemos pelo modo convencional, e dividimos os mesmos pais biológicos. – Ele disse, se acalmando do riso. – E mal cheiro? Olha o preconceito novamente...

– Já disse, não sou preconceituosa com a sua... raça. – Ela disse, com desgosto. – Caso fosse, Brittany não andaria ao meu redor.

– E o que te faz pensar que Brittany seja um lobisomem? – Ele volta a rir. – Eu já a vi se depilando e te garanto que não é um caso tão terrível assim.

– Ela é sua irmã! Achei que isso já fosse explicação o suficiente. – Alexya lança um olhar a Kyle que só poderia ser traduzido como um “”.

O comentário de Alexya só faz com que Kyle ria com mais gosto, chegando a um ponto que o som nem sai mais por sua boca, e ele fica ali, parecendo que está tendo uma convulsão.

– Agora, o que é tão engraçado, totó? – Alexya o alfineta.

Kyle para de rir por um momento buscando ar. Ele olha para Alexya sério, como se fosse lhe dizer alguma coisa e então começa a rir novamente, com muita vontade.

– Certo, se você vai bancar o idiota rolando na grama você pode muito bem fazer isso sozinho. Eu to dando o fora. – Alexya pegou a alça da sua mochila e apoiou uma das mãos na grama para se erguer.

Antes que ela pudesse se mover até a próxima arvore e – finalmente – tirar um cochilo, Kyle segura seu braço.

– Ta, parei de rir, juro. – Kyle estava de pé ao lado de Alexya controlando os espasmos do riso. – É que pra uma menina tão bonita você não é muito inteligente.

– Eu não sei o que te disseram por ai, mas insultar uma garota não é o meio mais fácil de manter sua atenção. – Alexya ralhou com ele.

– Eu sei, eu sei. Me desculpe. – Ele baixou os olhos, tomando ar. – Apenas, eu acho que você deveria saber que Brittany não é um lobisomem.

– Então há um nome diferente pras garotas lobo? – Alexya o fixava com interesse.

– Não, não é isso. Brittany é humana, Alexya.

Alexya virou os olhos. – Ta bom, e eu sou uma vidente. Certo.

– Não, é sério. Brittany não é sobrenatural em nada. Apenas uma garota humana normal. Ou bem, tão normal quanto uma garota pode ser...

– Mas ela é sua irmã! E você é um lobisomem, não tente negar...

– Eu sou, mas ela não. – Ele confirma.

Alexya olha embasbacada para Kyle.

– Como...? – Ela pergunta, mas já sabe a resposta antes mesmo dele a pronunciar.

– Fui mordido.

Merda. Merda. Merda!

– Josh? – Ela pergunta. – Ele vai...?

Kyle assente, seus olhos pesados com tristeza.

– Quando? – Alexya estava quase gritando.

– Lua cheia. Daqui a 15 dias.

Alexya sentiu suas pernas fracas em baixo de si e se sentou na grama novamente, envolvendo as pernas com os braços.

O que ela tinha feito? Tinha arrastado Josh pra toda essa merda junto com ela. Que tipo de namorada ela era afinal?

– Ele já sabe? – Sua voz era só um fiapo.

– Não. Mas ele vai notar algumas... Mudanças. Vai ficar mais forte, mais rápido. Mais... Agressivo.

Não, não, não!

–Se serve de alguma ajuda, o clã vai cuidar dele, assim que ele mudar. Eu vou estar lá também. – Os olhos de Kyle tinham perdido qualquer traço de humor.

– Pobre Josh... O que eu fiz...? – Alexya murmurava pra ela mesma.

– Alexya? – Alguém chamou atrás dela. Os olhos de Kyle se arregalaram.

Alexya se virou e encontrou Josh parado ali, com um enorme sorriso no rosto, como se fosse a coisa mais perfeita no mundo encontrá-la ali.

E de repente, tudo que Alexya pode fazer foi desabar em lágrimas.


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Notas finais do capítulo

Eu aposto que vocês tinham esquecido sobre a mordida de um lobisomem, não é mesmo? HAHAHAHA.