No momento em que a nave passou pelo buraco negro, começou a cair rapidamente, como se estivesse mais pesada. Subitamente ela pareceu colidir com uma espécie de chão, que quase destruiu a parte inferior  da nave.

- Você está bem, Gil ? – perguntou Trunks, levantando-se.

- Gil, Gil! Não tenho ferimentos.

- E agora, onde é que estamos ? E como vamos sair daqui ? Tudo que vejo em volta é escuridão. – foi checar novamente o radar da nave. – Vamos ter que ficar aqui dentro até identificarmos...

Trunks ouviu um barulho. Se virou e notou Gil descendo para a parte mais baixa da nave. Seguiu ele e o avistou apertando o botão para a porta abrir.

- Não, Gil! Não faça isso! Nós estamos no espaço! Não há oxigênio!

- Os meus sensores indicam que há oxigênio nesta dimensão. – disse Gil, enquanto a porta se abria.

Os dois saíram da nave. Gil caiu no chão no momento em que saiu.

- Gil, Gil! Estamos numa área com gravidade aumentada. – comentou o robozinho.

- É mesmo. Bem que eu me senti um pouco mais pesado. Sorte que eu não sinto muito os efeitos disso. Eu diria que está no máximo cinco vezes aumentada. De qualquer forma, isso explica porque a nossa nave estava caindo tão depressa.

O único ponto luminoso nas redondezas era a luz que saía do interior da nave, o resto era só escuridão.

- Até onde será que esse espaço escuro vai ? – perguntou Trunks.

Para testar, Trunks lançou uma bola luminosa de Ki para cima. Com dificuldade, Trunks viu que ela se dissipou ao chegar num certo ponto.

- Gil, Gil! Não existe saída! – disse Gil, com uma certa tensão em sua voz metalizada. – Meus sensores indicam que há um buraco negro acima que suga o que estiver próximo, mas não permite a saída de nada que venha do seu interior!

- O que ?! Então vamos ficar presos aqui para sempre ?!

- Gil, Gil!  Não existe saída! – respondeu Gil, voltando-se para baixo.

Trunks ajoelhou-se no chão, com os olhos esbugalhados, como se estivesse em estado de choque.

- Então... nunca mais poderemos voltar para a Terra ? Nunca mais iremos ver nossos amigos e familiares ? E, principalmente... eu nunca mais vou ver a Pan ?! – Trunks derramou uma lágrima.  

Gil pousou no chão, sem esperanças. Se fosse um humano, certamente também choraria.

- Não! Eu não aceito isso! – disse Trunks, em voz alta se transformando em Super Saiyajin. – Deve haver alguma saída! – disparou várias esferas de Ki para o lado.

- Gil, Gil! Não adianta! Apesar de a altura vertical ser baixa, tudo indica que o espaço horizontal não é finito.

Trunks se afastou um pouco da nave. Estava tremendo de nervoso.

- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!! – berrou alto, transformando-se em Super Saiyajin 2. – Eu prefiro morrer a nunca mais ver a Pan!!

- Gil, Gil! Trunks perigoso! Trunks perigoso! – disse Gil, escondendo-se atrás da nave, sentindo que a dimensão estava tremendo.

Trunks sentia dentro de si um misto de raiva e tristeza, que resultou em mais uma lágrima. Seu ki se elevou mais do que nunca.

Agora, Trunks deu mais um berro, e dessa vez com toda a força. A escotilha da nave chegou até a rachar um pouquinho. E o excesso de Ki que seu corpo carregava resultou em uma mini-explosão, antes de seu Ki desaparecer quase por completo.

***

- Gil, Gil! – chamou o robozinho, enquanto Trunks começava a recuperar os sentidos.

- Ahn ? O que houve ? – perguntou o rapaz, tentando se levantar do chão, meio sonolento.

- Gil achou uma saída! Gil achou uma saída! – respondeu o robô apontando para uma direção.

Trunks mal conseguia acreditar no que via: um portal dimensional de carca de um metro e meio de altura.

- Ah! Agora me lembrei! Há muitos anos atrás, na batalha contra Majin Boo na Sala do Templo, Boo criou um portal dimensional com a mistura do seu Ki com um berro, permitindo que ele passasse para outra dimensão. Que sorte!

O portal logo em seguida diminuiu alguns centímetros.

- Rápido, Gil! Antes que o portal se feche! – disse Trunks, se jogando de felicidade para o outro lado do portal.

Durante alguns segundos, observou o que havia em sua volta. Era um planeta com gravidade normal e oxigênio. Também tinha um céu azul e algumas montanhas ao longe. Era mesmo muito parecido com a Terra.

- Que lugar será esse agora ? Você sabe, Gil ? – alguns segundos se passaram, e Trunks não ouvia resposta. Se virou e não viu seu amigo.

- Gil! Sai logo daí! O portal está se fechando! Se não sair logo você vai ficar preso pra sempre! – gritou, preocupado.

- Gil, Gil! – respondeu o robô, aparecendo a tentando sair pelo curto espaço que ainda tinha sobrado do portal. Mas infelizmente entalou. – Gil, Gil, Gil, Gil! Fiquei preso no buraco! Fiquei preso no buraco!

- Essa não! Deixa eu te ajudar! – Trunks puxou Gil pelos braços, permitindo que desentalasse. O portal se fechou logo em seguida.

- Por que demorou tanto pra sair de lá ?

- Gil, Gil! – o robô estendeu uma cápsula. – Transformei a nave em cápsula.

- Ah, é mesmo! Se não fosse por isso ela teria ficado na outra dimensão, e aí é que nós nunca iríamos voltar pra casa! – deu um tapa em sua própria testa.

Trunks apertou a cápsula e a jogou no chão, fazendo a nave se materializar. Entraram e Trunks logo tratou de checar o radar para descobrir onde estavam.  

- Vejamos... O radar indica que nós estamos... – o meio-saiyajin arregalou os olhos. - ... NA TERRA ?!  

Gil caiu no chão, sem acreditar no que acabara de ouvir.

- Todos esses dias viajando pra nada ?! Vamos ter que refazer a viagem toda de novo ?! Essa não! Ai, mas que me... – Trunks pousou as duas mãos na boca e acalmou a respiração. – Preciso acalmar meu ki, senão meu pai pode sentir. – sussurrou para si mesmo.

Trunks assumiu de novo os controles da nave, e novamente foram para o espaço.

Um rapaz jovem, recém-saído da adolescência, havia observado perplexo todos os acontecimentos. Desde a abertura do portal até a nave indo para o espaço. O jovem anônimo estava com os olhos arregalados. Encarou mais perplexo ainda o cigarro que segurava em uma das mãos e o apagou rapidamente na sola do sapato.

- Droga! Bem que minha mãe disse que se eu continuasse usando essas coisas, as alucinações iam começar!

Em seguida o rapaz saiu correndo, provavelmente para se internar em alguma clínica de reabilitação.