Eles se sentaram no tapete em frente à televisão e Thomas jogou o controle um para ela. Serio, se uma pessoa te dá o controle um essa pessoa lhe ama. Depois de ter colocado Tekken, enquanto carregava eles conversavam.

– Ela é uma mãe legal... – Thomas disse finalmente respondendo-a

– Sem duvida mais legal que a minha.

Silêncio. Play.

– Eles não vão vir né?

– Não. Na verdade eu só chamei você. Sim, a Meiko disse que viria e blábláblá, mas não. Essa tarde é nossa.

“Nossa”... Violetta mordeu os lábios e escolheu a Nina para o primeiro combate.

Eles jogaram a tarde inteira. Já passava das cinco da tarde e Violetta achou melhor ir embora. Thomas foi tão educado, gentil, e cortes como sempre. Começam os doces que ela levou sozinhos, mesmo sem querer e aquilo foi tão incomum e divertido ao mesmo tempo em que ele não queria de jeito nenhum que ela fosse embora. Ela não queria ir pra casa, àquela atmosfera hostil era sufocante, mas seria inadequado permanecer no quarto dele depois do anoitecer.

– Eu tenho que ir... – Disse enquanto ajeitava o controle na cômoda.

– Eu também... – ela olhou pra ele tipo “what?” tratou logo de explicar – Vamos ao prédio abandonado.

Não era um prédio cheio de fantasmas, assombração e etc, mas sim um prédio da qual a construção começou e demoraram meses para completar. Era em perfeito estado, só faltava pintura e os adicionais.

– Nãoooooooooo – Violetta disse balançando a cabeça com força. – Vai que tem fantasma lá!

– Vai saber se não entramos em uma aventura milenar para proteger o condomínio do domínio das trevas.

Eles riram e ela por fim concordou com um sorriso amigável. Violetta não sabia do que isso daria, nem queria. Ela havia pensado tanto, escolhido tanto e agora o que ela tinha? Nada. Solidão e um vazio impermeável. Foram andando lado a lado. Subiram as escadas e chegaram ao topo do prédio um pouco ofegantes. Sentaram-se virados para o horizonte, o sol já já iria se por.

– Fiquei tão preocupado com você. Não sei se deveria ter te chamado, o elevador não funciona e agora está cansada... – falou tocando-lhe o rosto delicadamente.

– Eu to bem... – Ela falou entre um suspiro e outro. Ela não respirava, soprava. Thomas se sentiu mal por isso.

– Se preferir nós podemos ir embora, hmm?

– Não, quero ficar aqui com você.

Deus... Não diga isso. A respiração dela se normalizava para o alivio dele.

– Acho que é melhor eu ir direto ao ponto não é?

– Se possível...

– Você deve imaginar porque fiz tudo isso pra nós ficarmos a sós... Eu só quero saber se você vai poder retribuir.

Eles estavam com os olhos fixos no horizonte, na tentativa de que assim as palavras fluíssem com mais facilidade, deu certo pra ele, pra ela não. Violetta pensou; ela já havia gostado de Thomas de uma maneira diferente, pelo menos é o que a mesma infligia a si. Talvez dessa forma ela parasse de pensar em Adam, ela estava com tanta raiva dele, mas agora que sabia que ele voltaria tinha esperança de que algo acontecesse, mas e se não acontecesse? E se ele viesse e fosse embora novamente? Até quando ela escolheria, poderia acabar ficando sozinha, como agora, pro resto da vida.

– Talvez eu possa, não tenho certeza.

Para Thomas aquilo foi um sim mais do que explicito. “Talvez nós possamos ser mais que amigos”; foi o que ela quis dizer. Ele sorriu, e ela evitava olhava pra ele a todo custo. O sol já estava quase a se por. Thomas levantou-se, Violetta o seguiu com os olhos; ele deu meio volta e sentou-se atrás dela, apertando-lhe levemente conta si.

Não era um absurdo, mas ela se assustou e ele riu.

– Vamos tirar uma foto. – ele disse apertando algumas teclas no celular.

– Céus! O povo vai morrer de inveja! Le eu com o senhor popular.

– Ta bom, eu sou invisível perto de você, nem vem!

Ela riu e não disse mais nada, porque isso é verdade. O garoto pôs o celular na frente dos dois e eles sorriram. Momento X e cinco minutos depois a foto estava no facebook, mais dois minutos e já tinha mais de 5 comentários; Se queriam arrumar para a cabeça, ou ter muito assunto no dia seguinte conseguiram, afinal era a ultima semana de aula.

O sol se pôs só que eles não puderam ver, estavam com os olhos fechados, em um curto, mas muito especial beijo de novos praticamente namorados. Violetta era iniciante no quesito, Thomas um pouco mais experiente. Na mente dela não deve ter sido tão ruim, já que ele sorriu. Naquele dia, ele a levou para casa.

Violetta se sentia feliz, tentava não se importar com o que Adam acharia disso, no entanto torcia para que ele não visse a foto da qual ela estava marcada. Naquele dia as broncas da mãe estavam em “mudo”, que se foda essa coisa toda.

Adam iria para São Paulo daqui a dois dias. Tomava um pouco de café com Celina do lado; estava a dar uma voltinha no Facebook, descendo a pagina descontroladamente, quando é obrigado a voltar e conferir uma coisa. Violetta marcada em uma foto junto a um garoto, que lhe era familiar.“Morram de inveja, Violetta Barizon de Thomas Ribeiro” dizia a legenda. Adam riu, aquele tipo de risada de louco, de quem vai matar alguém. Ele respirou fundo, não é possível que continuasse daquele jeito, controlador. Fez questão de curtir a merda da foto só para mostrar pra ela que tinha visto, e adorado. Comentou também claro. “Que lindos. Olha, olha Thomas não toque na minha irmã”.

Mas ai dele se Adam estivesse lá, teria morte. A vontade de voltar só chegou mais ainda. De forma alguma deixaria que alguém tocasse em sua menina, merda, estava tão irritado. Ele mordeu o polegar, fazia isso pra retomar a calma. Celina se assustou vendo a cena foi estranha no mínimo. Não perguntou nada.

Eles já haviam conversado sobre a viagem. Ela não poderia ir, não pegaria férias esse mês e que verdade seja dita, Adam adorou saber disso. Não iria levá-la mesmo, só evitou discussões. Ela tomou um gole de café, pensou em quantas vezes Adam havia tido um comportamento estranho quando se tratava de Violetta, mas não queria pensar nisso agora.

Afastou as mãos dele do cursor, fechou o Notebook e o jogou do outro lado do sofá. Ele só olhava, com uma expressão indescritível no rosto. Celina queria brincar, eles ficariam muito tempo longe... Adam não recusaria o convite, logo após ela ter sentado sem seu colo. “Faça-me esquecer de Violetta” ele pensou. Como se fosse possível.