- Eu ainda não acredito que vencemos! – Thalia me abraçou de novo, quase esmagando a maquete.

- Ganhamos 250 pontos graças a você, Annie! – Hazel sorriu.

- Não fiz sozinha, Megan me ajudou – eu apontei para a garota, que estava correndo para lá e para cá com Francisco.

- Mas a ideia toda foi sua, você leva muito jeito para isso, ficou cem por cento profissional – Bianca disse.

- E vocês ouviram o diretor dizendo que no próximo ano teremos esse projeto construído para nós? – Piper chegou do meu lado.

Nós rimos, e eu me despedi, indo levar a maquete até a sala do diretor, onde ficaria guardada para receber pequenos ajustes e ser montada durante o ano.

- Oi minha linda – alguém me assustou.

- Ah, oi Luke – eu disse, quando me virei para vê-lo.

- Parabéns pelo prêmio, estou orgulhoso. – ele disse, se aproximando.

- Obrigada. – eu disse, corando, lembrando da última vez em que nos vimos – Er... Eu preciso entregar isso para o diretor agora.

Eu mal terminei de dizer, e a minha maquete voou para o chão há alguns metros de mim.

- Ops. – a voz insuportável de Calipso soou atrás de mim – Que desastre.

Corri até os pedaços quebrados da maquete, estava completamente destruída, sem qualquer jeito de colar.

- Olha o que você fez, sua... – eu me levantei e olhei para ela, que segurava um sorriso – Espera aí, você fez de propósito! Não aguentou ver a minha equipe ganhar e ainda por cima o meu projeto ser realmente construído no ano que vem.

- Foi um acidente. – ela disse, olhando para as unhas.

- Vai ser um acidente o que eu vou fazer na sua cara, sua invejosa – eu avancei em Calipso, mas Luke me puxou tão rapidamente que eu mal encostei nela.

- Foi um acidente, Annie, relaxa. – ele disse, calmo.

- O quê? – eu me virei para ele, mas percebi que Calipso tinha saído correndo – Você não viu o que ela fez?

- Vi, foi sem querer. Agora vamos – ele pegou a minha mão, mas eu logo me desprendi.

- Vá você. – eu ajoelhei, pegando os pedacinhos da minha maquete.

- Vai gastar seu tenho pegando pedaço de uma maquetezinha?

Maquetezinha? Eu não esperava por isso. Ergui o olhar e o encarei por uns instantes. Resolvi não responder, e voltei ao meu trabalho.

- Ok, vou pro meu quarto. A gente se vê. – ele saiu pisando duro.

~~~

- Acorda pra cuspir, menina – Thalia me chacoalhou – O dia está lindo, e você aí de baixo dessas cobertas.

- Vamos, Annie, temos festa hoje! – Hazel disse.

- Festa?

- Sim, hoje o tema é Índios! – Bianca falou.

Levantei na hora, o dia tinha começado bem. Fomos tomar café e decidi relaxar um pouco na piscina com Thalia.

- To torcendo pra você se afogar – Leo gritou de longe, para Thalia.

- HA HA! – ela gritou em resposta.

Leo veio andando até nós, ma snão entrou, ficou só na borda.

- Assim eu poderia te salvar, sua tonta – ele empurrou ela, que começou a rir e a jogar água nele.

- Tem salva-vidas para isso – ela apontou para um garoto que estava no posto com uma camisa vermelha.

- Você preferia que ele te salvasse? – Leo pareceu ofendido.

- Acho que sim... – Thalia fez uma cara de pensativa.

Leo fez um biquinho e começou a ir embora, mas Thalia o puxou.

- Para de ser bobo, claro que não.

Ele sorriu, super contente. Ficamos conversando um pouco, Leo também estava animado para a festa mais tarde, e disse que seria o melhor índio de todos. Rimos com sua modéstia, e ele teve que ir embora porque tinha futebol, naquele horário.

- Awn. – eu cutuquei Thalia.

- Não começa com os seus awns, por favor – ela enfiou as mãos no rosto.

- Awn, awn awn – eu disse rindo de sua vergonha – Vocês dois ficam lindos juntos.

- É o que eu penso de você e Percy. – ela retrucou, inesperadamente.

- O quê? – engasguei – Tá louca, Thalia?

- Não. – ela sorriu, inocente – Hazel e Bianca já repararam nisso também.

- Ah, me poupe – eu disse, zangada – Pare de inventar coisas, enquanto eu estou falando sobre você e o Leo. E aí, o que vocês dois fizeram esses dias?

Thalia finalmente começou a falar sobre ela e Leo, e eu parei de prestar atenção depois da terceira palavra. Como assim ela, Bianca e Hazel tínham reparado que eu e Percy ficamos lindos... Juntos? Não tinha nada a ver, não desse jeito que elas estavam pensando, pelo menos. Eu tinha Luke, e Percy tinha... Aparentemente estava solteiro, poderia ficar com qualquer uma, então não. Era pura viagem da cabecinha das minhas amigas.

Mas essa viagem ficou na minha cabeça o dia todo. Fiquei me perguntando várias coisas, inclusive de onde elas tiraram isso. O que nós fizemos que ficamos bonitinhos juntos? Eu não tinha reparado em nada ultimamente, até tínhamos brigados, mas fizemos as pazes no depósito...

Ai, o depósito. Eu não podia lembrar de lá, sem me lembrar de como Percy pediu desculpas tão naturalmente e de como tinha pego em minha mão sem querer. Ele tinha sido muito fofo. Voltamos a ser amigos.

Amigos. Somente amigos.

- Você por acaso escutou alguma vírgula do que eu disse? – Piper bateu uma palma na minha frente.

Eu me assustei quando olhei para o espelho. Estava de noite, e Piper estava vestida de índia, e parecia ter nascido daquele jeito: sua pele, seus cabelos e seus olhos eram todos vindos da parte indígena de sua família. Ela tinha acabado de fazer uma trança embutida no meu cabelo, para me deixar mais ou menos com cara de índia – se é que isso era possível, sendo branca, com olhos cinzas e cabelos loiros.

- Gostou da trança, ou ainda está dormindo acordada?

- Ah, me desculpe. – eu disse, sem graça – Amei a trança, obrigada Piper.

Me vesti com uma mini-saia de couro bege e um top de penas azuis, que eu tinha feito durante a tarde. Piper maquiou todas do chalé, e ainda fez pinturas tribais por nossos corpos. Ficamos deslumbrantes. Para finalizar, coloquei uma tornozeleira e dois brincos de penas azuis.

Saímos em direção à lagoa, pois a festa seria ao ar livre, para ficar mais a cara de um tema indígena. A brisa soprava leve, mas como estávamos quase semi-nuas, reclamamos um pouco do frio. Minha pele se arrepiava a cada cinco minutos, mas ainda sim, eu estava em um clima bom. Encontrei Débora, que estava menos parecida com uma índia e mais parecida com um pássaro, mas ainda estava bonita. Conversei um pouco com ela, mas aproveitei para disfarçar e olhar ao redor, a procura de Percy. Queria vê-lo de índio, devia estar tão engraça...

Esquece. Ele não estava nada engraçado. Meus olhos encontraram os de Percy, e nós dois sorrimos juntos. Ele estava lindo. Sem camisa, com algumas pinturas em seu peito definido, e nos braços. Em baixo ele usava uma calça cáqui surrada e estava descalço. Na cabeça usava um cocar de penas verdes, que combinavam com seus olhos.

Percy veio em minha direção. Por que diabos meu coração estava tão acelerado? Por que minhas mãos estavam geladas? E por que meu corpo todo estava arrepiado? Nem estava tão frio assim...

- Oi Annabeth.