- Vou bem e você? – prossegui

- Poderia estar melhor... - senti que não deveria ter feito aquela pergunta.

- Olha, Alexandra, nós temos muito o que falar, por isso não deveríamos perder tempo. - foi a vez de meu pai se pronunciar.

- Vocês podem me chamar de Alex, Alexandra é muito...comprido – disse, antes que eles voltassem a falar - Mas quem é você? - me dirige ao homem que acompanhava meu pai.

- Meu nome é Thompson, e de agora em diante serei seu orientador. -

- Hm...Andrew Thompson neh? Posso te chamar de Andy? -

- Não - respondeu Thompson, não sei porque, mas me deu uma vontade de rir de repente, eu tenho esse problema, de querer rir nas horas erradas.

- Meu orientador..Como assim? – disse segurando a risada, constrangedor...

- Bom filha.. –

- Alex, por favor. – eu não queria parecer rude nem mesmo desprezar meu pai, mas imagine, um “estranho” vá te visitar e te trate como “filha”. Não que ele seja um completo estranho já que ele nos visitava todos os anos, mas suas visitas não passavam de um “você está bem?” ou “algo de diferente desde a última vez?” e depois ele beijava minha testa, como quem diz “estou aqui pra você, está segura agora.” e ia embora. Eu nunca o tinha visto como um figura paternal e, pode demorar até que eu o veja.

_ Alex, eu sei que tudo isso é muito novo, e sei também que Jason e Clarice já lhe adiantaram boa parte da história. Porém, há muito ainda o que resolver. –

- O.k., mas por que eu preciso de um orientador? E você não é um tipo de mago poderoso? – dessa vez me dirigi a Andy, que pareceu (estranhamente) ofendido quando eu disse “tipo de mago”. Eu sei que ele não me deixou que o chamasse assim (de Andy), mas ele não precisa saber as coisas que passam pela minha cabeça.

- Sim, eu sou – respondeu-me Andy – Logo após o rapto de Irís, eu trouxe você para Lorem, onde poderia ficar afastada do mal que invadia Hatterland. Você já deve ter entendido que, assim como seus pais, é uma poderosa feiticeira, certo? –

- Sim eu.. ahn.. entendi que tenho.. poderes. – Interrompi a mim mesma mentalmente, porque afinal, eu nunca havia pensado sobre meus poderes recém-descobertos. Agora, ouvindo da boca de Thompson, tudo pareceu muito mais real. Eu não era apenas de outro mundo, eu era Alexandra Wood, herdeira do trono de Hatterland.

Minha vida agora soara como um conto de fadas. Mas não do tipo de amor verdadeiro, ou do tipo da Disney cheio daquelas musiquinhas em situações aleatórias, do tipo não convencional mesmo.

- Parece que você conseguiu compreender muito sobre si mesma. Isto já basta por enquanto. – Disse Andy como se estivesse lendo a minha mente.

- Como você..? Eu disse isso alto? –

- Não – começou meu pai – É por isso que precisa de um orientador, para que nós ouvíssemos o que você tinha a dizer, você apenas disse. –

    “Nossa pai muito obrigada, esclareceu todas as minhas dúvidas agora” foi o que tive vontade de dizer, mas fiquei quieta pra ouvir o que viria a seguir.

- Alexadra você é sagaz, muito inteligente e bela. Me lembra muito de sua mãe – continuou meu pai – apesar de poderosa, não tem controle sobre seus poderes, e isso pode ser perigoso.

- Ah.. então Andrew vai me ensinar magia? O.k. entendi, mas como é que ele soube tudo o que eu estava pensando? Sem que eu dissesse.. –

- Você nos disse, mentalmente. Veja bem, você usou seus poderes, nos direcionou tudo o que pensava sem precisar dizer uma palavra. Com o tempo você irá aprender a controlá-los.

- Isso é.. fascinante! – exclamei – Será que eu já usei meus poderes antes sem perceber?-

- Provavelmente. – disse Andy. Bom se agora eu poderia falar com eles sem usar palavras eu não deveria chama-ló de Andy.. vai que ele está ouvindo.. Mas, bom eu não quero que ele ouça então provavelmente ele não irá.

- Mas como isso pode ser perigoso? – indaguei

- Bom.. isso não importa, não agora. Há coisas mais urgentes para resolver, então ao trabalho – disse meu pai se levantando

- Ei, espera. Aonde você vai? – por mais que isso possa parecer estranho, a presença dele me confortava. Meu pai pareceu sorrir como se meu pensamento o alegrasse. Eu queria que ele soubesse disso mas não queria dizer a ele.. Confuso, eu acho, mas como não posso controlar meus poderes ainda, provavelmente ele me ouvira.

- Eu devo ir agora Alexandra. Vou deixá-los a sós para que possam se conhecer melhor e iniciar o que precisam. Até breve filha. –

    Como em todos os anos, como em todas as suas visitas, ele beijou minha testa e partiu. Não o corrigi quando me chamou de filha, não me incomodou e eu acho que preciso me conformar com a ideia.  

    E então ele se foi, como em um vislumbre luminoso e desapareceu em um sussurro.