Begin Again. escrita por taysheeran


Capítulo 3
Surpresa.




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Deixe-me contar uma parte da minha vida que foi rapidamente oculta por conta das circunstâncias. Aposto que você nunca achou que eu quisesse tão facilmente deixar minha escola antiga e meus amigos.

Há mais ou menos um ano eu comecei a namorar pela primeira vez. O nome dele era Luke, e ele me fazia sentir especial como ninguém nunca havia feito. Mas, ás coisas mais perfeitas sempre tem um lado obscuro que é impossível esconder ou negar.

Durante duas semanas ele foi um amor, mas depois ele começou a mostrar seu lado frio e cruel. Ele brigava comigo quando eu conversava com qualquer tipo de amigo e começava a me dizer o que era para fazer. Todo mundo, de repente, começou a virar as costas para mim.

Eu tentei terminar com ele diversas vezes, e tudo se resultava em ameaças e arranhões profundos, porque sempre que eu tentava recuar, ele prendia os meus braços e cravava suas unhas neles. Até que, em um momento oportuno ele me embebedou.

Era a festa de Nancy, uma amiga dele. Tudo o que bastou foi trocar meu copo e enchê-lo sem que eu percebesse. Logo, eu estava cambaleando e falando coisas sem sentido. Ele me jogou dentro da sua mini van e fez coisas de que eu não consigo - e nem quero me lembrar. Só me lembro de ter dor de cabeça e estar totalmente dolorida.

No dia seguinte ele me ligou e disse a seguinte frase:

-Tem certeza de que você quer terminar comigo?

Eu já estava com medo. Tive que aguentar a solidão e as brigas durante mais quatro meses, até que ele fez tudo àquilo de novo - só que a diferença era que eu não estava bêbada. Eu consigo lembrar nitidamente de cada detalhe, coisas que eu ainda não sei como superar ou seguir em frente.

Até que um dia eu ameacei ir até a polícia. Cheguei até a ir a delegacia, sozinha, sabendo que ele estava indo atrás de mim com a mini van. Ele nunca mais me perturbou.

Apesar de ele ter me deixado em paz, e de as coisas voltarem ao normal, não foi fácil esquecer tudo o que ele me fez por um longo tempo. E, logo que eu vi a oportunidade de sair dali, eu a agarrei como se fosse minha única chance - e era.

Como ele poderia ter a cara de pau de me mandar uma mensagem? E, afinal, como ele soube da minha partida? Algo me diz que tudo está errado, e que eu deveria, pela primeira vez, buscar a ajuda de alguém.

Mas eu tinha muito medo. Medo do que ás pessoas poderiam pensar sobre mim. Afinal, nem a minha mãe sabe da história; para ela, Luke foi a melhor pessoa que eu já pude ter.

Sentei-me na minha cama e comecei a pensar. Li a mensagem de novo, cada palavra:

"Você acha que só porque mudou de cidade as lembranças vão te deixar? Eu sempre amei você. "

Resolvi pensar melhor em uma resposta antes de tirar qualquer conclusão precipitada.

Mas acabei desistindo, porque eu estava com medo de responder. Quem sabe se eu o ignorasse e ele não mandasse mais mensagens? Desliguei meu celular e deitei na minha cama, olhando para o teto e tentando esquecer tudo que eu havia lembrado.

"Eu não preciso desse passado", eu disse para mim mesma. "Preciso recomeçar!"

Acordei com o latido do cachorro do vizinho. Eu estava toda soada e agarrada ao lençol da cama. Havia tido um pesadelo - todas as coisas daquelas duas noites em especial voltavam a tona. Foi horrível, mas eu já estava acordada e percebia que tudo já havia passado.

Levantei-me da minha cama e fui fazer minha higiene pessoal. Todos ainda estavam dormindo, e eu notei que ainda era cedo demais para levantar.

Comi alguns biscoitos e, logo depois, fui para a pequena horta que a minha vó tinha em casa. Sentei-me na escadinha da porta dos fundos e fiquei olhando-a. Sentia o cheiro de terra e de verduras, da macieira que ficava no fundo do quintal e sentia, também, as gotinhas de chuva que começavam a cair.

Depois de a chuva ficar um pouco mais intensa, eu voltei para dentro da casa, passando pelo quarto de costuras da minha vó. Com certeza ela havia achado um hobbie mais legal do que ficar fazendo biscoitos o dia inteiro.

Fui para a sala e liguei a televisão. Abaixei o som e comecei a procurar algum filme para assistir.

"Titanic?" não.

"Monstros x Alienígenas?" não.

Até que, eu achei o filme que eu procurava: uma "comédia-romântica-dramática" que tiraria todos os pensamentos ruins da minha cabeça. Ele não está tão afim de você havia começado há uns 10 minutos, mas eu já sabia esse filme de cor, então não tinha nenhum problema.

Enquanto o enredo se desenrolava, eu comecei a pegar no sono, até adormecer completamente. Mas, dessa vez, tive bons sonhos.

Dormi, aproximadamente, duas horas e quarenta minutos. Só acordei por causa da campainha. Percy.

Ainda esfregando os olhos com as mãos, e tentando arrumar meu cabelo, eu abri a porta. Ele já estava com a mão a caminho da campainha, pronto para apertá-la de novo.

-Não está meio cedo, não? - eu perguntei, dando passagem para ele entrar.

Ele deu de ombros.

-Venho sempre esse horário. Geralmente, sua vó deixa a porta aberta para mim.

-Aaaaah - eu disse, e em seguida bocejando. - Quer café?

-Não, obrigado - ele disse, com um sorriso no rosto.

-Quer alguma coisa? - eu perguntei, tentando ser gentil.

-Não, obrigado - ele insistiu.

-Ok - eu disse, indo em direção ao meu quarto. - Vou me trocar. Já volto.

Ele fez que sim com a cabeça e eu entrei no quarto, com vergonha. Não é nada legal quando alguém te vê toda despenteada e com um pijama infantil.

Coloquei um short e uma "blusa-morcego" vermelha. Penteei meu cabelo e deixei-os soltos, mesmo, pois gostava de quando eles ficavam assim.

Logo que eu saí, Percy se levantou e começou a dizer:

-Tenho que te mostrar um lugar - seus olhos brilharam.

-Que tipo de lugar? - eu disse meio cautelosa. Então me lembrei daquelas coisas e me senti assustada.

Ele sorriu. Um sorriso doce e meigo, que fez com que todos os meus pressentimentos ruins fossem embora.

-É surpresa.


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