Nothing Left To Say escrita por Jules


Capítulo 11
Explorada


Notas iniciais do capítulo

Demorei, eu sei... Porém tá aí mais um, e desculpem-me pela demora nesses últimos tempos.
Agradecimentos: Leni, sem você eu estaria me escabelando e esse capítulo não teria saído. Talvez nenhum capítulo teria saído sem a sua ajuda. Hahahaha ♥

Boa leitura ;*



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É tão doloroso vê-los novamente. Nada estava saindo como eu havia planejado, nada estava acontecendo como eu havia montado a cena na minha cabeça.

Lá estava eu e lá estavam eles, ambos nos encarando com lágrimas nos olhos, a sede por vingança enchendo seu corpos.

Eu lutei contra a minha própria vontade, lutei contra a minha própria consciência, mas tive que seguir viajem até a caverna. Durante todas as horas que levei para chegar até lá houveram debates sem fim que decidiam o meu futuro, o futuro que certamente não chegaria.

- Não posso. - eu disse em voz alta para mim mesma enquanto meu corpo empacou na entrada da caverna.

E irá adiar até quando? Vamos, acabe logo com essa tortura."

A tortura ainda nem começou, e disso eu tinha certeza. Meus passos foram curtos e silenciosos, tentando adiar a chegada pelo maior tempo possível. A primeira pessoa que me viu foi Jamie. Ele correu até mim gritando “Eles chegaram!" E eu me encolhi ao máximo que pude em seu abraço.

- Onde está Ian? - Ele pergunta baixinho ao meu ouvido e eu deixo o meu corpo tombar sobre o dele, ambos caímos no chão. Ele se assusta e faz um esforço pra que o meu corpo não o machuque pelo peso. 

- Peg! – A voz de Melanie é exaltada de preocupação e eu posso ouvir os passos dela. Ela está se aproximando.

Eu enterro meu rosto na barriga de Jamie e desejo do fundo de meu coração que ele não me solte. Seu abraço está repleto de agonia, mas eu gosto de ter seus pequenos braços a minha volta. 

Minha respiração está irregular e a dele também. Não só Melanie, como também cerca de sete ou oito pares de pés caminham em nossa direção e eu desejo sumir. Não sumir realmente, somente desaparecer por um tempo, eu gostaria de ter me dado mais tempo para pensar em nosso reencontro.

- Peg, está tudo bem? – Melanie está acima de mim, raspando seus dedos longos pela extensão de minhas costas. Eu gruo baixinho, me agarrando mais ao corpo de Jamie. Ele parece perceber que não estou bem, então usa isso para que possa me abraçar mais, me fazendo aconchegar mais aos seus braços.

Começa, então, um burburinho enjoativo a minha volta. Uma conversação alterada e agitada. Queria eu poder me reduzir ao tamanho de uma ervilha e ser chutada para longe, até mesmo isso seria melhor do que permanecer no meio deles. 

- Onde está o Ian? – A voz grossa de Jared me deixa ainda mais enjoada. Sua voz era a última que eu gostaria de escutar nesse momento, eu ainda não o desculpei pelo tapa que só de lembrar já me causa arrepios. 

Eu balanço lentamente a cabeça e ele suspira pesadamente. Mel emite um arquejo de surpresa e cai ao meu lado, chorando também, mas de uma forma menos desesperada. Ela agarra a minha cintura e me puxa para si. Eu me solto dos braços de Jamie e sinto um novo calor humano cortar o vento que passa entre mim e Melanie antes de nos chocarmos. 

Estou chorando desesperadamente sobre o seu abraço, emitindo “Me desculpe.”, a cada segundo. 

O burburinho se intenciona e há arquejos de dor para todos os lados, todos caminhando de um lado para o outro observando o desespero de uma família sendo destruída. Melanie me puxa mais para si, tentando ao máximo não deixar que nenhum resquício de ar permaneça entre nós.

Eu soluço e ela puxa o meu rosto para cima, conectando os nossos olhares. Ela está repleta de angústia. Os olhos avermelhados com grandes bolas embaixo, os lábios inchados como se tivesse sido maltratada e aquilo me preocupa. Ela suspira pesadamente e agarra os meus cabelos. 

- Shhh. Vai ficar tudo bem, Shhh. Eu prometo. – Ela força um sorriso desajeitado e eu desabo novamente, me agarrando mais a ela e escondendo o rosto onde consigo. – Eu vou cuidar de você, meu amor. Eu vou. 

- Não há nada aqui que lhes interesse agora, vamos. Saiam daqui, vamos. – A voz de Jeb é a mesma de sempre; autoritária e ríspida. Quero tanto poder vê-lo, mas não posso levantar o rosto novamente, estou repleta de vergonha e de medo. 

Passos pesados se afastam do lugar onde estamos, mas há alguns que hesitam em sair de perto do show principal que lhes foi dado de presente. O barulho da espingarda de Jeb é um óbvio movimento do tipo “Saiam, ou eu atirarei sem hesitar.”, e o restante dos curiosos se vão. O agradeço por isso. 

Eu levanto o rosto e encaro seu olhar pálido. Ele contorce a cabeça em nossa direção e coça a barba, depois ajeita a arma sobre o ombro. 

- Ah, meu Deus. – Ele funga e se agacha ao meu lado, gemendo de uma forma estranha. – Peg… – Ele murmura. 

Eu me solto dos braços da Mel e me agarro ao abdômen de Jeb, uma bolsa molenga e gélida. Soluço descontroladamente e o aperto com o máximo de forçar que tenho, tendo certeza de que não seria o suficiente para machucá-lo.

Eu levanto os olhos para ele e o encaro. As mesmas paredes retas e cálidas, agora em um tom mais claro, com marcas de expressão no canto dos olhos. 

- Me desculpe. – É a única coisa que consigo falar, mas já é o suficiente para que ele afrouxe o corpo. 

Jared está com a boca entreaberta, segurando Melanie pela cintura. Ela esconde o rosto com as duas mãos e soluça, tentando se enfiar para dentro de Jared. Ao seu lado, um tanto afastado, está Jamie. Ele não parece tão atordoado, nem com medo, e muito menos triste. Talvez, agora e com o passar do tempo, Jamie criara uma máscara gélida o suficiente para conseguir esconder de todos o que sentia. Ele está surpreso, e essa é a única coisa que consigo deduzir pelo seu olhar que se mantém conectado ao meu à medida que consigo ficar algum tempo sem soluçar.

- Precisamos tirá-la daqui. – Diz Jeb aos outros, interrompendo a minha análise.

Eu não quero caminhar, ou me movimentar independentemente de para onde eles queiram me levar. Jeb levanta-se com um esforço exagerado e me estende a mão que não está equilibrando a arma. Eu a recuso, cruzando os braços na frente do corpo e enterrando a cabeça nas pernas.

Quero me fundir ao chão e ficar ali para sempre, congelar. Não vou sair dali por conta própria, então Jared me segura pelas pernas e me eleva no ar. Debato-me e murmuro coisas que nem eu consigo decifrar, não o quero perto de mim e muito menos me tocando. 

- Não, não. Por favor, me deixe. – Eu falo baixo o bastante para que apenas ele escute. 

- Shhh. – Ele murmura. 

Eu hesito por um momento e volto a me debater. Ele me aperta contra si, impedindo que meus braços possam o machucar. Minhas pernas estão livres e eu as uso da pior forma; as balanço no ar tentando bater em algo que o impeça de continuar me segurando. Elas ficam dormentes rapidamente. 

- Me bote no chão – Eu falo ao seu ouvido à medida que ele diminui a força para me segurar. -, por favor.

- Já estamos chegando, não é preciso que eu te solte agora. 

Eu me encolho em seus braços e fecho os olhos com força. A luz vai ficando mais fosca e o cheiro que passo a sentir me deixa nauseada. Não pelo cheiro ser ruim, muito pelo contrário; o cheiro é mais que maravilhoso, mas horrível para a situação atual. É o cheiro de Ian. Estamos entrando no nosso quarto. 

Debato-me e os braços de Jared se apertam contra a minha pele novamente. Eu me defendo da forma que posso, mesmo que sejam inúteis perto de sua força. 

Ele bate contra a barra do colchão e sussurra um “Calma, aí.", meu corpo choca-se com a espessura gasta do colchão e eu choro agarrada ao travesseiro. Meu choro é aparentemente silencioso, mas doloroso aos ouvidos de Melanie. Ela esfrega o peito com uma das mãos, quase como uma massagem cardíaca.

Viro-me para o lado da parede, para o lado do Ian. Curvo-me e fico na posição fetal. 

Estamos distantes de qualquer acúmulo de pessoas, mas passos acabam despertando a minha atenção e a dos outros. Eu viro-me e a silhueta de Jared se afasta da porta enquanto a de Melanie se tensiona. Jeb fica ao lado de Melanie com a arma engatada, os olhos fixos em um horizonte que não está no meu campo de visão. 

Eu sento na cama e olho fixamente para Melanie.

- Fique aqui. - ela move os lábios na minha direção.

Eu balanço a cabeça e seco os olhos com a barra da blusa.

- Convenção no quarto do meu irmão? - uma voz masculina ri. É Kyle.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Espero que tenham gostado, que estejam gostando e eu aguardo pelos comentários.
O que vocês querem ver no próximo capítulo? Me falem! Estou louca para saber, sério ;)
Bjus, e até o próximo.