Radioactive. escrita por nsengelhardt


Capítulo 8
Um lorieno diz adeus


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês não me matem depois desse capítulo :3



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Refleti por alguns minutos sobre aquilo.

Não, eu não gosto do Doze!, pensei, eu mal o conheço!

Me deitei de costas, fitando o teto branco da ala hospitalar. Aquilo não podia estar acontecendo. Aquilo era só um sonho. E eu precisava acordar.

Soltei um longo suspiro e então me levantei cama e saí correndo, ignorando as ordens da enfermeira para que eu voltasse lá.

Eu não vou voltar., sussurrei, Nunca.

Corri por corredores, algumas vezes esbarrando em pessoas, às quais eu perguntava onde ficava a saída e era sempre a mesma resposta: “Volte ao seu treinamento”.

– Eu não vou voltar! – gritei para um homem que me segurava pelos ombros, tentando me impedir de fugir. – Me solta!

Ele largou meus ombros e me olhou com desdém quando caí de joelhos no chão, chorando de desespero.

Chorando de saudades da minha casa, da minha vida antiga. Saudades de Dave e Alice, meus verdadeiros amigos.

Depois de ficar um tempo ali, chorando no chão, me levantei e voltei a andar pelos corredores, até avistar uma grande porta prateada.

LIBERDADE!, pensei ao sair em disparada na direção da porta. Mas, pouco antes de alcançá-la, eu tropecei em algo e caí no chão.

– Onde você vai? – perguntou uma voz familiar.

Levantei, limpando meus joelhos. Olhei para a pessoa.

– Doze... – suspiro. – Sinto muito, mas aqui não é meu lugar...

– Não, Treze. – diz, me encarando como se eu tivesse cozinhado cachorrinhos vivos. – Aqui é o seu lugar. Você é a Número Treze, esse é o seu lugar. Você é uma de nós agora.

– Você não está entendo. – digo, me aproximando. – Eu não sou uma loriena!

– É sim! – diz. – É uma de nós. Tem que aceitar isso, porque é o que nós somos! Lorienos.

– Doze, por favor. – insisto. – Eu não sou uma de vocês. Eu nunca fui e nunca vou ser.

– Ok, faça o que quiser. – ele diz, passando por mim. – Tchau, Número Treze, ou seja lá qual for seu nome. – disse por cima do ombro.

Encarei a porta.

Sim, pensei, é isso o que eu quero.

Ao sair pela porta, eu não esperava encontrar vários guardas, mas não foi difícil fugir deles.

Meu diafragma e meu quadril doíam quando, finalmente, cheguei ao portão principal. Isso mais parece uma prisão, pensei dando uma última olhada em volta. Adeus, mundo ao qual eu não pertenço.

. . .

Não é tão difícil abrir um grande portão quando se tem telecinesia.

Eu estava andando há horas por uma floresta, quando olhei para o céu e vi que o sol já estava se pondo. Olhei em volta, procurando sinais de alguma animal ou qualquer coisa para comer.

Eu deveria ter pensado nisso antes de fugir. Burra!, pensei, Burra! Burra! Burra! Meus pensamentos foram interrompidos por passos pesados, atrás de mim. Então, sem hesitar nem olhar para trás, saí correndo.

Corri o mais rápido que pude, até meu caminho acabar na beira de um penhasco. Me aproximei alguns passos.

Pude sentir o vento gélido e cortante penetrando na minha pele. Arrancando meu calor, pouco a pouco. Fechei os olhos. Eu sou radioativa, nenhum mundo merece me ter como uma habitante. Mas se eu me jogar, ninguém poderá salvar nosso mundo. Só eu posso. 'Mas e daí? Eles te odeiam, você só trouxe sofrimento à eles, principalmente à Alice e Dave, se jogue', algo sussurrou no meu ouvido.

– Eu vou. - eu murmurei comigo mesma. - Eu vou.

Um passo à frente. Mais dois. Então três. Quatro. Olhei para baixo. As ondas do mar batiam nas rochas ao pé do penhasco. Preparei-me para pular quando algo me puxou pelo casaco.
Fui jogada no chão, quando abri os olhos, Dave estava me segurando. Seus olhos estavam inchados e vermelhos.
Ele me abraçou.

– Você está louca? - ele falou. Sua voz estava rouca. - Nunca mais tente fazer isso de novo. Nunca mais!

Quando finalmente consegui levantar, depois que ele saiu de cima de mim, encarei Dave por alguns segundos. O ar gelado ainda penetrava minha pele, dando a sensação de que ela estava sendo arrancada rapidamente, com um band-aid.

– Vai embora. - falei. As palavras saíram como um sussurro.
– Por quê? - Dave gritou. Seu rosto ficou vermelho. Não sei se ele estava com raiva de mim ou envergonhado por ter gritado daquele jeito.

– Você não entende? - sussurrei. - Eu não sou humana.

– Do que você está falando? – perguntou.

Engulo um seco. Minha garganta se fecha e sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

– Eu não pertenço a esse mundo. – digo com a voz trêmula. – Eu não pertenço a nenhum mundo.

– Lie... – ele se aproxima, segura meu rosto com as duas mãos e encosta sua testa na minha. – Não é motivo para você se matar...

– É sim! – digo. – Você não entendeu? Eu não devo viver! Eu só trouxe problemas pra todo mundo!

– Não, Lie. – ele diz.

– Sim. – digo, tentando controlar a respiração. – Eu não posso...

Não consigo terminar a frase, pois percebo uma figura masculina atrás de Dave.

– Doze? – sussurro. Dave se vira, ficando de frente para Doze.

– Eu não podia deixar você ir, Número Treze. – ele força um sorriso, mas o mesmo logo desaparece quando alguns mogadorianos aparecem.

Mal tenho tempo de me preparar para lutar quando um deles atira uma espada contra Doze, rasgando seu pescoço.

– NÃO! – grito. Olho para baixo, para meu cinto preto, procurando pelas adagas, mas lembro que não peguei elas antes de fugir.

Um mog se aproxima, soltando uma risada rouca.

– É o seu fim, Número Treze. – diz. – É o fim de todos.


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Notas finais do capítulo

Ficou curto, eu sei, eu sei. Mas tá ai! E, novamente, não me matem :D