Um barulho trouxe as esperanças de Tony Stark de volta. Aquele barulho que você espera ouvir ansiosamente quando o bebê está nascendo e o choro soa pela sala de cirurgia como música para os ouvidos. Aquele barulho do carro de quando o pai chega do trabalho, aquele barulho do celular tocando e quando você atende você escuta a voz dele. Aquele barulho de quando alguém se afoga e ela tosse, virando a cabeça para o lado e jogando para fora a água que engolira. O coração de Tony saltou dentro de seu peito e sem pensar duas vezes ele a puxou para seus braços e a abraçou fortemente.
— Nicole. — Ele fechou os olhos e algumas lágrimas escorregam e caíram sobre a bochecha da Faith que após recuperar o ar abriu os olhos e encarou seu pai.
— Você está chorando, pai. — Ela disse fazendo o Tony arregalar os olhos e sentir os pelos de seu braço se eriçar. Seu coração se aqueceu e ele sorriu bobamente.
— Sim, filha, eu estou chorando. — Ele a ajudou a erguer o tronco do corpo e depois a abraçou, colocando a cabeça dela sobre seu peito e massageando as costas dela e lhe beijando a testa.
Se algum dia Tony imaginara que vivera o ápice da sua vida era porque ele jamais tinha imaginado ouvir da boca de sua filha, sua filha, aquela palavrinha que nenhum dinheiro, nenhuma mulher e nenhum status seria capaz de inflar tanto seu orgulho e encher seu coração de felicidade como ela fizera naquele exato momento.
Pepper que antes estava chorando de desespero agora chorava de contentamento e Steve sorria de lado, finalmente os dois cabeças-duras-Stark haviam se entregado ao fato de que eles eram a família um do outro.
— Nunca mais me peça para fazer nada e tão pouco me jogue em algum lugar com mais de um litro de água. — Nicole queixou-se enquanto voltava a fechar os olhos. Tony riu divertido e suspirou de alivio.
— Que bom que eu não perderei minhas noites de sono esperando você me atacar com uma faca. — Nicole levantou a cabeça de seu tórax e o olhou rindo como se dissesse “você é inacreditável... pai”.
— Detesto estragar o momento, mas nós temos que sair daqui e pelo o que eu vejo nós vamos ter que refazer o caminho, porque aqui é o fim da linha.
— Eu não vou entrar ai de novo, não. — Nicole avisou com os olhos semicerrados.
— Dessa vez eu não vou te deixar, ok? — Tony disse firmemente e se levantou com ela no colo.
— Não posso confiar em você. — Enquanto ela dizia eles andavam até a beira do rio.
— Como assim? — Stark perguntou a olhando com uma sobrancelha arqueada.
— Você ainda não me deu meu pônei.
— Ah, sim. É que eu estou tentando achar uma espécie de pônei que dê para você.
— Como assim? — Repetiu a pergunta dele.
— Um pônei normal é bastante grande para você, então estou vendo uma espécie de pônei anão.
Steve e Pepper riram enquanto davam braçadas até o outro lado do rio e Tony sorriu divertido.
— Há, há. — Jogou água no rosto do moreno.
— Se você fizer isso de novo eu te solto aqui mesmo. — A advertiu risonho.
Nicole revirou os olhos e suspirou. Finalmente tudo estava prestes a melhorar.
Parece que de fato fora uma boa ideia Hannah ter dado aquela matéria para ser publicada no jornal. No começo tudo fora difícil, complicado, triste, doloroso e uma fase cheia de sofrimento, mas agora Nicole já conseguia enxergar a ponta do iceberg da felicidade.
Antes de eles alcançarem o carro de Tony, que os levariam até o avião e finalmente para Nova York, eles teriam que atravessar o subterrâneo da montanha. Por onde eles passavam eles encontravam homens caídos ao chão que o Steve derrubara e ali ou aqui eles davam de cara com mais homens armados e prontos para atirarem, mas o escudo do Capitão sempre o ajudava a derrubá-los. Finalmente eles chegaram à saída, por onde o Tony havia entrado com a Mark42.
— Belo estrago você fez aqui fora. — Pepper comentou colocando a mão nas costas de Tony, que sorriu.
— Eu nunca fui discreto.
No momento em que Steve ia proferir sua opinião a respeito, eles ouviram um grito e olharam para trás. Havia um homem quase no topo da montanha.
— Quem é? — Nicole perguntou forçando as vistas para olhá-lo.
— Eu não sei, está escuro, mas — assim como a Nicole, Steve forçou as vistas, porém ele conseguiu detectar o que o homem segurava nas mãos —, não!
— O que?
— Corram!
Eles apenas correram e antes que o Tony perguntasse o porquê, uma explosão aconteceu no lugar onde eles estavam à pressão do ocorrido fez com que eles fossem lançados para frente.

E lá estava o médico com rosto de soldado, mas como das outras vezes, ele não trazia consigo um sorriso nos lábios, assim como dessa vez quem abrira os olhos castanhos e o vira não fora Nicole e sim Tony.
— Senhor Stark? — Ele o chamou.
Tony estava com um curativo na mão, na maça do rosto e sua sobrancelha estava com três pontos. Suas costas e o pé esquerdo estavam enfaixados. Havia aparelhos ao seu lado que monitoravam os seus batimentos cardíacos e aquele era o segundo soro que ele tomava na veia. O lençol do hospital o cobria até o abdômen, então era possível ver a cicatriz no centro de seu peito, onde ficava o reator ark.
— Senhor Stark? — O médico voltou a chamá-lo e Tony olhou de um lado para o outro. Seu ouvido zumbia e ele tentava manter as pálpebras abertas, pois sempre que as fechava as lembranças do resgate de Pepper vinham a sua mente, mas nitidamente o afogamento de Nicole e a explosão que o fez perder a consciência.
— Onde eu estou?
— No hospital senhor Stark. Como o senhor está se sentindo?
— Onde está a Pepper e a Nicole? — Ele respondia as perguntas do doutor T, como era chamado por muitos em seu ambiente de trabalho, com outras perguntas.
— Senhor Stark o senhor passou por momentos difíceis, é melhor você descansar mais um pouco e...
— Onde está a Pepper e a Nicole? — Ele perguntou com mais firmeza dessa vez. — Doutor. — Ameaçou.
— Senhor...
— Só responda! — O puxou pelo colarinho e o médico o olhou com uma sobrancelha arqueada. Tony o soltou de má vontade.
— A senhorita Potts está em observação, ela quebrou uma perna e sofreu um corte profundo no braço direito, mas não corre risco de vida e o senhor Rogers se recuperou com facilidade. Os dois estão bem senhor Stark.
Saber que Pepper não corria risco de vida o deixava mais tranquilo, mas ele não deixou de perceber o fato de que o doutor não falou nada a respeito de sua filha.
— E Nicole? — Insistiu e o médico olhou para ele com os olhos desfocados, com um típico olhar de alguém que lamentava.