Wake escrita por Taís, Juh, Amanda


Capítulo 2
Terminal


Notas iniciais do capítulo

OMG!!!
Estamos dando cambalhotas por tanta gente ter lido e comentado o prólogo *--*
Obrigada!!!
Dedicamos este capítulo a nay macedo, Taiana Cruz e LuHiuga, pelas três lindas recomendações que recebemos em Vigaristas nessa semana *--*
Obrigada!!!
Ah, a partir de agora a narração é toda do Sasuke, ok?
Boa Leitura!



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Parei diante da porta de diretoria dando dois toques rápidos sem esperar que a mesma se abrisse, e entrei.

— Bom dia!

— Santo Deus, esse garoto está ainda mais bonito do que eu me lembrava! — disse Tsunade levantando-se de sua mesa ao vir me abraçar.

— Disponho do elogio, os anos que parecem lhe fazer muito bem, Tsunade. — disse vendo o sorriso da mulher a minha frente se expandir. E não estava mentindo, apenas omitindo o fato de que ao longo dos anos seus peitões só fizeram crescer também. Era uma bela mulher do tipo "coroas vaidosas". Só achava que estava um pouco madura demais para manter os cabelos tão compridos. Se Itachi em suas passadas pelo Brasil não é o principal motivo dessa sua jovialidade forçada, não digo nada!

— Sente-se... — ofereceu puxando uma cadeira à sua frente. — Me diga... Como vão Mikoto e Fugaku? — perguntou.

Parisiando por aí... Estão bem!

— E Itachi? — perguntou fingindo desinteresse. Rá, sabia... Tava demorando!

Marroquiando por aí... Descobriu que por lá pode se casar com uma renca de mulheres... Mas me diga a que devo a honra de ter sido chamado? — perguntei.

— Oh sim, sim. Sasuke, querido, sei que tem seu consultório próprio e tem estado ocupado em suas pesquisas. Mas gostaria de lhe pedir um imenso favor, já que é o psicólogo mais habilitado que já conheci.

— Favor... De que espécie?

— Bom... Sei que não costuma fazer trabalhos deste tipo, mas temos tido um grande problema com a turma do quinto ano que é liderada pela professora Sakura Haruno. As notas deles são péssimas, e tem apresentado comportamentos agressivos em sala de aula. Fora o fato de que conheço o profissionalismo de Sakura e vejo que aquela jovem tem decaído em seu rendimento. Sem delongas... Gostaria de lhe convidar a promover um trabalho de Psicologia Educacional com a sala.

— Tsunade, sabe do apreço que eu e minha estimada família temos pela senhora, eu gostaria muito de poder lhe ajudar, mas ocorre que estou completamente envolvido com pesquisas, a fim de criar minha própria Tese e completar o mestrado. Tenho me dedicado integralmente como em tudo o que faço, até mesmo parei de atender em meu consultório, e creio que por meus próprios méritos, isto é, sem a interferência financeira de minha família, conseguirei a viagem ao exterior para divulgar meu trabalho...

Não creio que este seria o tipo de trabalho do qual posso me dar ao luxo de me comprometer no momento.

— Não sabe quanto orgulho tenho de ver o homem que se tornou, Sasuke. Mas insisto que repense, não precisará ficar por todo o período, e pretendo que só te tome às sextas-feiras. Muitos pais têm reclamado do colégio, e até mesmo ameaçado a tirar os filhos de nossa instituição, fora que se não tivermos resultados o quanto antes, não serei mais capaz de manter a professora Sakura conosco. — explicou-se com um olhar até mesmo fraternal ao falar da tal professora. E por um motivo desconhecido, tive vontade de saber que espécie de professora era esta que não tinha sequer pulso firme para lidar com pré-adolescentes do quinto ano?

— Está bem... Mas fica me devendo essa! — disse em seguida sendo esmagado pelas grandes almofadas de Tsunade, que me abraçou sem antes deixar de insistir pra que eu desse uma passada na sala e conhecesse a professora Sakura Haruno.

Ah, professora Haruno...

Meu diagnóstico?

Primeiro: Corpo ligeiramente deitado sobre a mesa, com um pleno caos em sala de aula.

Segundo: Dificuldades em acordar. Dificuldades em por ordem na sala. Habilidades em não resolver problemas. Habilidades em mandar e receber e-mails inúteis. Dificuldades em aceitar carona. Habilidades em ter inclino a surtos psicóticos.

Terceiro: Estar no lugar e hora errada...

Não foi uma, nem duas, muito menos três... Foram exatamente trinta e sete ligações seguidas no meu celular! — Afastei o celular do ouvido, evitando ficar surdo com os berros do Naruto. — Você não tem mais o que fazer, Sasuke? Eu estava numa cirurgia!

— Já conseguiu meu paciente? E por favor, dessa vez tem que ser um que consiga levantar da cama... — disse já me preparando para o discurso de moral e ética que estava por vir.

Você não tem escrúpulos, Sasuke! Meus pacientes não serão suas cobaias nessa sua tese maluca! Você não tem que provar nada pra ninguém. Por que não tira férias e desencana dessa maluquice? — revirei os olhos afastando mais uma vez o celular, enquanto prestava atenção na direção. Lá vem Naruto e seus discursinhos que não me farão mudar de ideia. — ... Você por acaso perguntou como é que vai o meu noivado? Se eu já falei com o pai da Hinata? E da Hinata, você não quer saber também? Sasuke, existem coisas mais importantes do que ficar trabalhando, ainda mais para alguém com dinheiro igual a você que nem precisa se escravizar...

— Já ligou pra Shizune e marcou sua consulta hoje? Tirei umas férias do meu consultório, mas posso abrir essa exceção totalmente grátis pra você, Naruto. Que tal? Você poderá falar a vontade dos seus problemas, serei todo ouvido... Agora o que acha de falarmos sobre o meu paciente? Aliás, a Hinata ta boa, com todo respeito, cruzei com ela hoje na escola... — passei a mão nos meus cabelos, tirando o celular da orelha a fim de conectá-lo ao carro para me concentrar na rua em meio aquela tempestade. E foi quando olhei para o banco do passageiro, no meio das minhas coisas jogadas, vi que por lá havia uma espécie de agenda não identificada como sendo minha. Merda, só poderia ser da professora dorminhoca do cabelo rosa.

É tanto interesse, que até seu milagre é de acordo com sua oferta, Sasuke! Já pensou que quem precisa se tratar é você? Se continuar assim, serei seu único amigo... Talvez nem eu te aguente... — Naruto disse.

Humildemente admito que ele tenha um pingo de razão, com sete anos de idade eu tinha mais amigos do que hoje. E olha que eu colocava o pé na frente, pra eles caírem. Vai entender!

Dei mais um tempo de seus sermões para dar meia volta. Não fazia muito tempo desde que a professora recusara minha carona, e provavelmente andando da forma morta com que ela se movimentava, ainda nem deve ter chegado ao ponto de ônibus. É engraçado só de imaginar a cara rabugenta dela parecendo um pinto molhado na tempestade, por ter dito tão convicta de que não choveria, e ainda recusado minha carona!

Não se recusa carona de um homem bonito e bem intencionado como eu... Sim, porque nem de longe eu estava interessado, só ofereci a carona porque realimente sou um cara legal, aliás, por ser este cara legal, acabei me metendo em mais um trabalho... Psicologia Educacional, olha só onde fui me meter! Tentar socializar com essa professora agora é a minha meta de todas as sextas... Ainda bem né, já pensou se fosse a semana toda? Humf!

... Por acaso está me escutando, Sasuke?

— Só me interessa a parte em que você fala do meu mais novo paciente terminal, que tal pular pra ela agora? Hm? Quando falei sobre a consulta, falei sério. Pode levar o sogro e a noiva, terapia em família traz grandes resultados... — dizia quando num piscar de olhos, dentre aquela tempestade e o pára-brisa acionado, meus olhos focaram-se numa coisa rosa que de repente surgiu a minha frente, fazendo-me pisar no freio bruscamente. Com o impacto da freada fui para frente, e só não esfolei minha cara no volante porque estava usando cinto de segurança, o celular em minha mão que sofreu as consequências... Havia voado longe.

Parabéns Sasuke, você acaba de atropelar alguém!

Imediatamente desci do carro para conferir o estrago que fizera, sendo recebido pelo chuvarel que caia.

Logo vi o corpo estirado no chão tentando se levantar, olhei ao redor procurando por alguém que pudesse chamar o socorro, mas quem é que se arriscaria a sair de casa nessa tempestade? Ah sim... A bendita professora preguiçosa que recusara minha carona.

Ironicamente era quem eu procurava, queria devolver-lhe sua agenda, mas seria preferível que ela estivesse viva pra poder pegá-la! Era ela... A atropelada por meu carro e estirada no chão.

— Eu estou bem... Eu estou bem! — ela disse ao tentar se levantar fazendo careta ao colocar a mão na cabeça, e eu rapidamente fui ao seu encontro, agachando-me para analisá-la. Mas a professora estava bem protegida e embalada em seu casulo, digo... Em suas vestes. Sim, porque obviamente aquela blusa de mangas de lã super grossa, que lhe cobria dos braços ao pescoço, servia como uma armadura totalmente impenetrável às gotas da chuva, e provavelmente aos arranhões e ferimentos nos braços e costas causados pelo acidente, acho até mesmo que todos aqueles panos lhe haviam amortecido a queda. Poderia até ter algum ferimento grave em suas pernas, mas sequer as via, pois a professora usava saias maiores que as da minha avó! E devo acrescentar que embora esteja desabando o mundo, o clima ainda era quente para aquelas roupas dela.

— Fique aí, vou buscar meu celular e chamar uma ambulância... — expliquei levantando-me para voltar ao carro, mas a professora me impediu segurando meu braço.

— Ambulância não... Eu disse que estou bem! É só uma dorzinha de cabeça básica que passará assim que eu achar minha bolsa e tomar Polarin.

— Polarin? Mas isso é um antialérgico!

— A dor que eu estou sentindo é justamente por causa da minha rinite! — ela disse ficando de pé e procurando sua bolsa completamente zonza. Ela não percebe que acabou de ser atropelada? Endireitou-se cheia de empáfia, e na primeira tentativa de dar um passo desequilibrou-se, eu a segurei antes que caísse.

Visivelmente ela precisava de um médico.

— Vou levá-la para o hospital. — avisei. Sem soltá-la, abaixei para pegar sua bolsa do chão que estava indo embora na correnteza que estava se formando em direção de um bueiro, depois a guiei para o meu carro, e com certa relutância ela entrou desabando no banco traseiro.

— Hospital... — ela disse refletindo por uns instantes, depois deu um sorriso fraco, meia grogue. — Até que não é uma má ideia. Quem sabe eu não consigo um atestado para não trabalhar na segunda... — olhei pra trás a fim de encarar incredulamente aquele bicho preguiça, mas ela já estava de olhos fechados. Humf!

Chegando ao estacionamento do hospital, tirei o cinto de segurança e dei a volta para pegar a professora que permanecia apagada. Com ela em meus braços, já fui subindo, pois Naruto estava a minha espera, e assim que bateu os olhos na criatura apagada em meus braços, me lançou um olhar mortal.

Fiquei aguardando em frente ao quarto por vezes sentado no banco duro e gelado, por vezes andando pra lá e pra cá. Será que a professora havia se machucado muito? Pela demora de Naruto e a cara que ele fez ao vê-la em meus braços, as estimativas não eram nada agradáveis. Só consegui respirar fundo quando ele saiu de dentro do quarto, me levantei imediatamente.

— Não acredito que atropelou a Sakura! — disse Naruto repreendendo-me seriamente.

— Não fui bem eu que a atropelei, Naruto, ela que atravessou correndo feito louca no sinal aberto, sequer deu-se o trabalho de olhar pros lados! Seria muito esforço pra ela, é claro... — disse ao revirar os olhos. — Ela está bem? — perguntei.

— Tudo indica que sim, ela bateu a cabeça. Fiz alguns exames só pra garantir, mas graças a Deus está bem... — disse Naruto em tom de alivio que logo passou deste à preocupação. — Espera ai... Conhece a Sakura?

— A conheci hoje... Foi aquela peituda assassina da Tsunade que me convenceu a fazer Psicologia Educacional com os alunos dela... Toda bendita sexta-feira com essa professora maluca que nem sabe atravessar a rua... — disse sem esconder o desânimo.

— Sakura é uma excelente pessoa, você vai gostar de trabalhar na escola, Sasuke... Quem sabe não aproveita e faz uma amizade além de mim. Sakura também não é expert em ter amigos, parentes nem ninguém por perto...

— Pode parando, Doutor Naruto, estou fazendo um favor a Tsunade e não a procura de amizades novas!

— Ótimo cara, seja feliz assim mesmo então! Quem sabe não pega amor pela coisa e tira essa ideia maluca da cabeça.

— Não vou tirar. Aliás, porque não aproveitamos que estamos no hospital e escolhemos juntos meu paciente terminal? Eu não posso mais enrolar, Naruto... O prazo pra terminar minha Tese está se esgotando. Não estou brincando de cientista, estudei muito, sei o que tenho de fazer e estas pesquisas são pra que este tipo de paciente tenha maior e melhor qualidade de vida diante da morte...

— É o que você quer, Sasuke? Então me acompanhe. — Naruto disse subindo as escadas e entrando num corredor ao qual levava-nos a ala de pacientes terminais.

Aquele miserável sabia bem o que estava fazendo com o meu moralismo que tentava adormecer. Abriu algumas portas dos quartos a fim de deixar-me frente a frente com pacientes magros sem mais fios de cabelo sobre a cabeça, pacientes mantidos por aparelhos respiratórios, pacientes que já pareciam defuntos em estado vegetativo. Focalizei os olhos numa garotinha pequenina que estava adormecida... Frágil e serena. Como uma criaturinha daquelas poderia estar condenada? Talvez tivesse por volta de dois ou três meses de vida pela frente?

Os cientistas não tinham uma cura para o corpo. A morte era certa e irrevogável, mas o verdadeiro prazer na vida não estava nas pernas de um paraplégico, nos olhos de um cego ou no corpo debilitado de um paciente terminal... Mas na mente!

A psicologia é capaz de entrar no ambiente mais secreto e maravilhoso do ser humano, em sua mente. É nela que criamos e armazenamos os nossos sonhos, o prazer e o controle da qualidade de nossas vidas... Tudo o que eu queria era uma melhora, um avanço no estado psicológico de uma pessoa que está com os dias contados. Quero provar que as pessoas diante da morte encontram um motivo pra viver se suas mentes tiverem estímulo.

Mas não... Naruto como um bom médico que só pode acreditar no que os exames dizem, acha que não se pode mais fazer nada por pacientes nessas condições, a não ser esperar que a morte venha matar não só seus corpos, mas também seus sonhos.

— Doutor Naruto, desculpe interrompê-lo, é que os exames da paciente Sakura Haruno já ficaram prontos e acredito que o senhor poderá lhe dar alta. — disse uma enfermeira.

— Obrigada. Já estou descendo para vê-la. — Naruto disse fazendo menção a sair do quarto e eu o acompanhei, descemos as escadas e paramos em frente a porta do quarto onde a professora dormia.

Naruto respirou pesadamente e virou-se para mim.

— Faço o que posso por meus pacientes, Sasuke. Acompanho o sofrimento deles e dos familiares diariamente. Estão debilitados, então não me venha com terapia psicológica pra cima deles, chega de falsas esperanças... Procure alguém que realmente precise delas, alguém que não vá morrer duma hora pra outra como estes pacientes...

— Mas preciso de alguém que esteja com os dias contados! Alguém que não tem aproveitado a vida mesmo que o pouco que lhe resta, entende? Naruto, eu só preciso de uma pessoa que... — disse bagunçando o cabelo confuso, quando focalizei os olhos no vidro da porta vendo a professora se mexer na cama e abraçar o travesseiro enquanto dormia. Meus olhos foram esperançosos de encontro aos de Naruto que no mesmo instante estranhou, olhando pra trás e novamente pra mim com as sobrancelhas unidas.

— Sasuke, você não tá pensando em...

— Sim, e você vai me ajudar com os exames! — disse abrindo um sorriso que há tempos não dava.


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam???Vamos tentar postar o próximo rapidinho *--*

Comentem!!!Bjs...