Wake escrita por Taís, Juh, Amanda


Capítulo 15
Saudável


Notas iniciais do capítulo

Bem, sei que demoramos, mas eis aqui o capítulo que tanto temiam.
Espero que gostem!

Boa leitura!



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De repente, todos os olhares se voltaram para a porta. Para mim.

— Não fique parado ai... Vem cá, quero te apresentar aos meus amigos. — disse Sakura, enquanto eu roboticamente adentrava aquele quarto de hospital, levando um verdadeiro susto ao perceber que as paredes daquele não eram brancas e sem vida como por todo o hospital.

Cada uma delas era pintada de uma cor diferente, com frases curtas de esperança escritas e até mesmo alguns desenhos de pássaros.

— Gosta do que vê? O senhor Hirashi é um ótimo pintor. Ayumi escreveu as poesias.

— Vocês... Coloriram as paredes? — perguntei me voltando para Naruto, esperando encontrar ali um olhar de repreensão, uma vez que é totalmente fora do padrão fazer qualquer tipo de alteração nos aposentos do rígido hospital. Mas ele apenas me olhava como se dissesse "é óbvio que eles podem fazer o que querem aqui dentro, seu otário".

— Oh sim... Isso combina com o nome do nosso grupo: Wake. — disse Sakura lançando-me um sorriso terno e entendendo sua mão para entrelaçar à minha, ainda sentada com a garotinha em seu colo. Àquilo me deixou pouco à vontade. Não que fosse um segredo, mas estávamos nos expondo a um bando de pacientes terminais que prestavam atenção a cada piscada de olho que eu dava. — Não faça essa cara! O Nome quer dizer "acordar”... A- cor- dar. Viu? Significa dar a cor, colorir, colocar o coração em tudo o que faz. É nos dar a chance de a-cor-dar todos os dias. Principalmente nos mais cinzentos. — explicou fazendo eclodir uma sessão de risos, pelo significado interno que empregaram. Assim que os risos cessaram Sakura voltou-se a eles novamente. — Pessoal, este aqui é o meu namorado. — apresentou-me rancando olhares e sorrisos de aprovação.

— Posso ser sua namorada também?— disse a pequena imitadora de Sakura, erguendo o rostinho para mim, e ao mesmo tempo segurando a peruca com a mão para não cair. Todos em volta riram de sua pergunta.

O clima naquele quarto de terminais anônimos, era tudo, menos de morte, tristeza ou melancolia.

— E então, não vai dizer nada? — disse Sakura, me fazendo perceber que fiquei tempo demais embasbacado, olhando sem dizer nada.

— Oh... Desculpem-me. Devo me apresentar, Sou Sasuke Uchiha. E não sou namorado dessa linda mulher de cabelos róseos. Ainda não recebi nenhum pedido, portanto, ainda sou um homem livre. — disse exatamente o que ela havia me dito no café da manhã e ela me lançou um olhar humoradamente ofendido. — E sendo um homem livre, acho que estou pronto para namorar essa lindinha aqui. — disse agachando-me para segurar o queijo da menina entre meus dedos, recebendo um sorriso de dentes miúdos, brancos e separados uns dos outros. Encantador.

Mais uma rodada de risos

Eram como cilindros batendo ao vento. Um som agradável aos ouvidos e coração.

A única certeza que eu tinha, é que não era mais o mesmo quando pisei meus pés para fora daquele quarto. Nada era mais como antes. Eu não era mais o mesmo.

Os motivos egoístas que me trouxeram até aqui, estavam reduzidos a pó. Eu estava completamente apaixonado por Sakura, a quem enganei até aqui. E não se tratava mais de uma fórmula de qualidade de vida que colocaria meu nome num certificado de mestre, ou o meu traseiro egoísta dentro de um avião pro exterior, mas de vidas reais, pessoas que estavam sendo ajudadas, pessoas que sonhavam em... Acordar por mais um dia.

Só então consegui admitir para mim mesmo que estava adiando e me odiando por não contar toda a verdade a ela.

Mas tinha de ser feito.

Da maneira mais digna e honesta. Deixando-a bêbada. Isso Sasuke!

E pra não morrer, convidaria também Hinata e Naruto, assim se ela fizesse algum atentado contra minha vida, eles interfeririam. Eles interfeririam, não é? Argh... Espero que sim!

— Por que está me convidando doutor? Você é um cara comprometido! — disse Sakura e eu sorri abraçando-a em frente ao seu prédio.

— Digamos que eu estou disposto a terminar com a minha namorada.

— Faria isso por mim?

— Oh sim, ela é um pouco imatura demais. Talvez eu precise de uma versão dela um pouco mais crescida. — disse e ela gargalhou.

— Se prometer que assim que fizer o pedido, sua ex não ficar entre nós. Por mim tudo bem. — ela disse ainda sorrindo, mas o assunto mencionado fez-me lembrar algo desagradável. Soltei meus braços envoltos a ela. Mas ela franziu o cenho segurando meus braços novamente onde estavam. — O que foi?

— Sakura eu... Vi as flores que Sasori te mandou. Inclusive cheguei a pensar que não estava dando aula para se encontrar com ele.

— Ele é um professor renomado e experiente, tem dado palestras do colégio de Tsunade. Conseqüentemente acabei me encontrando com ele. E provavelmente vai acontecer de novo, mas está muito longe de ser um encontro amoroso.

— O quê? Tsunade convidou esse cara para palestrar sabendo de tudo o que te fez?

— Ela me perguntou antes de fazer Sasuke. E eu concordei.

— Você o quê?

— É isso ai. Eu concordei. Não vê que ele não tem mais influência alguma sobre mim? Eu não gosto mais dele. Se fosse antes de você, eu teria caído de joelhos e implorado a Tsunade para não me por cara a cara com ele. Mas já não me importo mais. Dá ultima vez que nos vimos, no dia em que contei que estava morrendo do alto do prédio em que aquela moça estava querendo suicidar-se, ele estava lá, e ouviu tudo o que disse. No colégio ele me parou para desculpar-se e dizer que estava arrependido de tudo o que me fez. Talvez fosse medo de estar em débito com uma morta. Por Deus, ele me deixou quando eu estava plenamente saudável, não pensou duas vezes antes de me largar para lecionar no estrangeiro. Quem dirá agora que estou morrendo. Certamente não quer nada comigo, só está se comportando feito um babaca para conquistar o meu perdão.

— Também estou me comportando feito um babaca não é?

— Não... Está se comportando como um cara apaixonado. Se eu não te conhecesse bem diria que...

— Que estou apaixonado por você?

— E está?— perguntou erguendo uma sobrancelha. Dei um sorriso torto inclinando-me ao pé de seu ouvido.

— Esteja pronta as oito. Vou dizer o que estou sentindo. — sussurrei, libertando-a para ir.

E que o santo dos enganadores me defenda!

Rezava enquanto terminava de me arrumar. A cada minuto que o ponteiro marcava aproximando-se das 20:00 hrs, eu me sentia mais próximo do meu enterro.

Hinata e Naruto indicaram um barzinho no centro da cidade, e já estavam nos esperando por lá. Parei o carro em frente ao prédio de Sakura e ela já estava na porta esperando-me.

Usava uma calça jeans colada no corpo, revelando completamente as pernas torneadas e o quadril sensual, vestia também uma blusa folgada de mangas longas, cujo comprimento ia até a curva da cintura, expondo sua barriga que agora carregava um piercing que eu jurava não haver ali antes!

— Você está atrasado! Pensei que iria furar comigo... — disse ela fingindo estar irritada.

— Eu jamais furaria um encontro com você! — me defendi.

— Encontro? Que mané encontro, to falando de furar o piercing! — explicou ponto as mãos na cintura, a fim de mostrar seu umbigo.

— Acha que não percebi? Notei assim que bati os olhos. E não gosto da ideia de você expondo sua barriguinha por ai. Esse pircing deveria ser um segredo nosso. — brinquei fingindo ciumes, enlaçando-a pela cintura. — Por que fez isso hein?

— Fiz porque me deu vontade. Antes eu tinha medo, mas agora não me importo mais. E me diz qual é a graça de colocar um treco desses se não for pra mostrar?

— Vou te mostrar a graça, hoje, quando estivermos na minha casa. — disse beijando-a como uma promessa de uma noite quente.

Mas só Deus sabe se eu estaria vivo pra continuar a contar essa história.

Assim que chegamos no barzinho, que era bem badalado por sinal, fomos até a mesa onde estavam Naruto, Hinata e Ino, a professora loira maluca que parecia querer me comer.

— Poxa vida, vocês estão mesmo namorando! — disse Ino com surpresa.

— Ele insistiu muito, não tive como negar. — Sakura disse dando de ombros. Deixei passar.

— O destino foi muito útil para nós, não é amor? Fez com que a minha madrinha escolhida de casamento formasse casal com o seu padrinho escolhido. — comentou Hinata para Naruto que concordou com a cabeça.

— E quando é que pretendia me contar que eu seria o padrinho do seu casamento? — perguntei para Naruto que fingiu nem escutar.

— Hina! Eu também não fazia ideia, obrigada minha amiga! — Sakura agradeceu toda feliz.

— Que tal comemorarmos com caipirinha? — sugeri e todos olharam pra mim.

— Até que enfim alguém disse algo útil! — disse Ino, chamando o garçom e fazendo os pedidos.

Enquanto eu secretamente começava a por meu plano em ação.

Tomamos uma rodada de caipirinha. Uma de Gin. Uma de uísque com vodka.

Sakura estava com a cabeça encostada em meu ombro, rindo de alguma coisa abstrata, somente ela via. Eu lhe acariciava o braço. Naruto me fuzilava com os olhos, e fez um gesto de cabeça pra que saíssemos da mesa.

— Aonde vão? — perguntou Hinata que já estava um pouco tonta.

— Com licença garotas, é papo de homem! — eu disse e elas reviraram os olhos.

Assim que fomos para o outro lado do bar, passando pela pista de dança onde Ino descia até o chão, Naruto me deu tapa na cabeça.

— Ai!— reclamei.

— O que está fazendo com Sakura? Não pode ficar pagando de namorado perfeito pra ela. — perguntou entre dentes.

— Vou contar tudo pra ela, Naruto. Eu vou contar hoje. — expliquei e quando ele ia abrindo a boca para dizer algo mais, a musica que tocava parou, foi quando escutei uma outra voz arrastada, da qual eu conhecia muito bem.

— Aham... Som. Um, dois, som. Oi pessoaaaaal... — disse Sakura equilibrando-se no palco e olhando pro microfone como se fosse um sorvete. Os caras do bar aglomeraram-se feito formigas no doce. No meu doce. Estavam babando naquele pircing dela. Argh... — E um, e dois, e três, e quatro, e... E vai... — contou ela pra que os instrumentos começassem a tocar.

E o contrário de todas as outras vezes em que a música tinha um quê de rock revolta, desta vez, era pura melancolia... E Sakura olhava diretamente nos meus olhos!

Vire-se

 

Se você puder me dar uma bebida

Preciso de água porque meus lábios estão rachados e desbotados

Chame minha tia Maria

Ajude ela a juntar todas as minhas coisas

E me enterre com todas as minhas cores favoritas

Minhas irmãs e meus irmãos imóveis

Eu não irei te beijar

 

 

Pois a parte mais difícil disso é deixar você

 

Agora vire-se

Pois estou horrível apenas em me ver

Pois todo o meu cabelo está abandonando meu corpo

Oh, minha agonia

Saber que eu nunca me casarei

Baby, eu só estou agonizado da quimioterapia

Mas contanto os dias pra ir

Isto apenas não é viver

 

 

Eu só espero que você saiba

Que se você disser adeus hoje

Eu pediria que você fosse verdadeiro

Pois a parte mais difícil disto, é deixar você

 

 

Pois a parte mais difícil disto, é deixar você...

Quando todos começaram aplaudir, Sakura jogou o microfone no chão e desceu do palco pegando um copo de bebida na bandeja em que o garçom que estava passando carregava.

Virou de uma vez, e como se o líquido estivesse também em minha boca, engoli, em seco. O que eu precisava tomar, era a coragem que não tinha pra vender dentro das garrafas daquele bar.

Ela estava deprimida, acreditando ter câncer. Acreditando que faltavam poucos dias para morrer. Eu precisava livrá-la deste tormento e contar toda a verdade.

Então marchei até ela, puxando-a para sentar-se na mesa mais próxima que tinha por ali, e sentei-me a sua frente.

— Preciso contar uma coisa. — disse e ela imediatamente colocou o dedo indicador em meus lábios.

— Shiiii... Não fale nada doutor. — disse aproximando seus lábios na intenção de um beijo, mas eu não usaria mais uma oportunidade de escapar da explicação, coisa nenhuma. Afastei-a pelos ombros.

— Precisa me escutar Sakura. Não posso adiar mais, preciso contar isso, agora. — disse e ela fazendo uma careta emburrada encostou-se na cadeira.

— Sou todo ouvidos doutor.

— Não tem uma maneira fácil de dizer isto, então só me escute. Me dê a oportunidade de chegar até o fim, por favor. — disse e ela estava olhando-me nos olhos. Desviei para minhas mãos, eu não conseguiria ver a dor nos olhos dela quando terminasse. — No dia em que eu te atropelei, e levei pro hospital. Eu... Eu fiz com que acreditasse que estava doente. Fiz com que Naruto me ajudasse a acreditar que tinha câncer. E na verdade não... Você não tem nada Sakura. Você é completamente saudável. Eu fiz tudo isso porque estava desesperado por confirmar minha tese. Você era a minha tese. E eu estou completamente apaixonado por você professora. Eu... Espero que possa me perdoar, porque estou disposto a abrir mão de tudo o que planejei na minha vida, pra viver com você. — disse e fechei os olhos, esperando por algo quebrando na minha cabeça. Mas seu silêncio doía ainda mais. Ela me odiava. Droga! Ela me odeia! — Diz alguma coisa...

Pedi finalmente erguendo a cabeça para olhá-la, e quando o fiz, Sakura estava completamente imóvel, de boca aberta...

Dormindo profundamente.


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Notas finais do capítulo

Muaaaaah!!!
Tadinho do Sasuke falando sozinho =/
Pessoal, a música que a Sakura cantou é do My Chemical Romance, se chama Cancer: http://www.youtube.com/watch?v=YUTkGu7E5V4

Estamos à dois capítulos do fim de Wake, e se fossemos vocês, correríamos pra curtir essa página: https://www.facebook.com/pages/Vigaristas/244020002450868?ref=hl
Pra quem está esperando o primeiro capítulo da segunda parte de Vigaristas, postaremos no fim de semana!

Obrigada por todos os comentários anteriores, vocês são incríveis! Responderemos à todos logo logo!
O que acharam do capítulo??? Preparem-se para fortes emoções!!!
3beijos.