Guardiões: O Retorno Das Trevas escrita por Annabel Lee


Capítulo 32
Uma Casa Entre As Montanhas


Notas iniciais do capítulo

Avisando que o capítulo é Jackunzel! ;)



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Rapunzel dançava como se o mundo estivesse condenado novamente.

A sensação de dançar era tão boa que ela não se importava se estava dentro ou fora do ritmo da música estranha, apenas rodopiava pelo Salão cheio de luzes seguindo o ritmo da própria vontade. Em meio a seus rodopios, ela sorri. Era tão bom ter liberdade...

Ela esbarrou em alguém. Não havia notado que tinha fechado os olhos. Ela e Jack Frost caíram no chão, mas ainda bem as pessoas presentes não repararam, pois também estavam envolvidos na dança e na diversão. Rapunzel enrubesce ao encarar Jack, mas ele apenas ri.

- Cuidado aí, Punz.

- Desculpa - ela diz, corada.

Jack se levanta com o apoio do cajado e a ajuda e se levantar. Rapunzel põe uma mecha do cabelo curto atrás da orelha, ainda um pouco envergonhada com o vexame. Mas Jack parecia tão natural quanto as pessoas ao redor dos dois... Como ele conseguia?

Ele encarava o rosto dela, sorrindo. Isso só ajudou para deixa-la mais vermelha ainda. Então, inesperadamente, Jack estende a mão para ela.

- Vem cá. Quero falar com você.

Ela franze o cenho.

- Falar comigo?

- Hu-rum.

Rapunzel dá de ombros, tentando parecer tão natural quanto ele. Ela aceita sua mão e ele a guia pelo salão, pedindo licença para as pessoas e deixando-a mais confusa sobre o "assunto" que ele queria conversar.

Jack abre uma das portas de madeira do canto da sala e os dois entram num cômodo familiar a Rapunzel.

Estavam numa Sala rústica, com piso de madeira e colunas de mesmo material. No centro dela, um grande Globo do Planeta Terra se encontrava, todo iluminado com luzes douradas e brilhantes. No canto, despercebida, uma caixa ornamentada de azul se encontrava sobre um pedestal de madeira. Rapunzel esperava jamais vê-la novamente, mas lá estava ela. A Caixa de Pandora.

- Por que estamos na Sala do Globo? - ela pergunta, admirando o local por uma segunda vez.

- Eu disse que queria falar com você... Vem.

Ela pega novamente a mão de Jack, mas ela a puxa, abraçando-a e os dois flutuam até a janela que se encontrava bem lá no alto. Do lado de fora, vários flocos de neve caíam do céu estrelado e a lua cheia brilhava, iluminando a sala como se fosse dia.

Eles pousam na janela e ficam um tempo em silencio, olhando um para os olhos do outro. Rapunzel achou que se perderia observando os olhos cinza-azulados de Jack, até ela lembrar que ele lhe contaria algo e cortar o silêncio.

- Então... - diz Rapunzel, afastando-se do abraço um pouco sem graça - do que veio falar?

- Vim falar (pela segunda vez, aliás) que te amo.

Rapunzel fica tão sem reação quanto da primeira vez que ele havia dito aquilo. Ela também o amava. E como amava! Mas porque ainda sentia tanta vergonha de dizê-lo depois de já ter beijado Jack?

- Jack... eu... eu... - ela começa a gaguejar, procurando as palavras que já haviam saído antes, quando ambos estavam sob a pressão de poder morrer pelas mãos de Breu - eu... te amo também.

Jack sorri, exibindo todos os seus dentes lindos, que pareciam flocos de neve. Rapunzel pisca os olhos. Estava falando que nem a Fada do Dente...

Jack se aproxima dela. Ele era bem alto, e ela teve que levantar os olhos para sustentar seu olhar de tirar o fôlego. Ele sorria. Ela queria beijá-lo... Beijá-lo por cem anos seguidos. Sem parar para respirar.

Logo estavam tão próximos que ela sentia seu hálito frio.

- Eu também queria falar outra coisa... - ele diz.

- O quê?

- Quer morar comigo?

Aquilo a pega de surpresa. Ela achou que cairia da janela, mas ele a enlaçou pela cintura. Depois continuou fitando seu rosto, aguardando uma resposta.

- Morar com você? - ela pergunta.

- Sim. Fico maior parte do tempo perambulando pelas ruas e fazendo as crianças rirem, mas no verão eu fico em casa. Moro entre umas montanhas aí... A casa é super bagunçada e eu quase nunca paro nela mais...

Rapunzel se inclina e o beija, perdendo o controle que segurava de beijá-lo. Só que ela não o faria por cem anos seguidos. Uma brisa fria passou, mas ela nem a sentira, estava sob o abraço frio e aconchegante de Jack Frost.

Quando se afastam, ele sorri.

- Isso é um sim? - pergunta.

- É... mas há coisas que quero descobrir... sobre meu passado.

- Ótimo. Adoro viajar no tempo.

Rapunzel ri. Ele não a deixaria nunca, pelo visto.

- Você viria comigo? Descobrir quem são meus verdadeiros pais e ver as...

- Luzes que você vê em seus aniversários? Claro que vou.

Ela ri. E depois suspira.

- Quer voltar para a festa?

Jack faz que não com a cabeça. Ele se senta na janela e fica olhando para a lua, admirado e sorridente. Pelo seu olhar, parecia a Rapunzel que ele conversava mentalmente com a lua. Como se... agradecesse.

Rapunzel se senta ao lado dele. E também segue o olhar do rapaz. Ela deita a cabeça em seus ombros e relaxa, finalmente. Talvez, depois da busca dela em descobrir quem realmente é e quem são seus pais, ela e Jack possam viver calmamente entre as montanhas. Poderiam ter filhos, mas ela achava pouco provável. Sua decisão foi ficar como Jack: eternamente com 18 anos, ao lado dele.

Ficou imaginando se seus verdadeiros pais, quando a conhecerem, gostarão de Jack. Ela achou que sim. Quem não gosta afinal?

Ela se pegou pensando em todas aquelas coisas e piscou os olhos, como alguém que sonhava acordado. Ela tornou a observar a lua e perguntou a si mesma se o Homem da Lua sempre olhara por ela. Então sorri para ele, onde quer que esteja.

"Obrigada", ela diz por pensamentos.

"A você também", disse uma voz sussurrante.

Ela piscou novamente os dois olhos. A voz não era de Jack... então de quem era?

Ela sabe (e sempre soube) quem era, de fato, o dono daquela voz.


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Notas finais do capítulo

Penúltimo capítulo :(