Somente Amigos escrita por Awdrey Knight


Capítulo 13
Capítulo 13 - Rachel


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de tudo, eu queria pedir desculpas pela demora. É que eu foi completamente raptada pela missão de passar em Química, e não tive tempo para mais nada nos últimos dias. Daqui para frente tentarei ao máximo não fazer isso novamente.



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Ao adentrar o refeitório me surpreendo ao ver meu namorado aos grito com Luke Castellan, enquanto Annabeth tentava os acalmar. A briga em si não foi uma surpresa, elas eram constantes, verdade seja dita. Mas sim a presença de Percy na escola, afinal ele havia faltado quase que a semana inteira. Chegava quase a ser indignante ele não ter me avisado que viria, ou me procurado mais cedo na escola. Mas eu já sabia há muito tempo que esse era o jeito dele.

Ele me disse que estava doente, e eu fingi que acreditei. Porem, para mim era obvio que ele tinha brigado com Annabeth. No começo estranhei, mas acabei por ficar feliz com a idéia de telo só pra mim por mais tempo, pensamento egoísta eu sei, mas não consegui evitar. Quem sabe isso até mesmo me fazia esquecer idéias que vinham cruzando minha mente, pensei. Agora porem, ao velo discutir com Luke essas idéias voltavam com toda a força. Essas brigas sempre tinham um motivo central: Annabeth. E sempre era alguma coisa que um não aprovava que o outro fizesse com ela. Por isso não me surpreendi ao me aproximar e ouvir a discussão.

                - Quem você pensa que é pra pedir uma coisa dessas pra ela? Já não basta a escola inteira achar que eu sou corno, e você tem que dar mais motivos.

                - Do que você ta falando?! Eu não estou dando motivo pra ninguém pensar nada sobre ninguém. E eu sou o melhor amigo dela.

                - É claro, porque a gente vê todo dia as pessoas fazendo massagem nos melhores amigos. Não é mesmo? – Luke respondeu em tom irônico - Conta outra, Percy.

                - Luke, se acalma – interveio Annabeth. – Ele estava reclamando de dor nas costas. É só isso. Não tem motivo nenhum pra essa gritaria toda.

                - Annabeth, para de tentar se explicar pra ele. Você pode fazer o que bem entender, não tem que ficar dando satisfação.

                - Cala boca, Percy. Claro que tem. Eu sou o namorado dela, você que...

                - Rachel! Graças aos deuses – Annabeth finalmente reparou na minha presença, fazendo com que os outros dois me notassem. Ela parecia bem aliviada por finalmente ter uma desculpa para acabar com aquela discussão. – Eu estava mesmo precisando falar com você.

                - Claro, pode falar – respondi, e seguindo seu exemplo resolvi ignorar a briga, apesar de que por motivos completamente diferentes.

                - Rach! Desculpa não ter ido falar com você antes. É que certas pessoas me tiram do sério – diz Percy se aproximando e me cumprimenta com um selinho, logo ficando ao meu lado com um braço envolto em minha cintura. Mas continuando a olhar furiosamente para Luke.

                - Está tudo bem – respondo, apesar de não ser totalmente verdade. E então me volto novamente para Annabeth – E então o que tinha pra falar comigo?

                - Que? Ah, claro! Lembrei. Mas é melhor a gente ir pra outro lugar – diz ela e já começa a me puxar pela mão.

                - Espera ai – diz Luke, e puxando Annabeth pelo braço lhe deu um beijo, que faria a minha mãe chamar a policia por atentado ao pudor. – Você não iria embora sem se despedir do seu namorado. Não é mesmo? – pergunta um pouco sem fôlego. E lançando mais um olhar de puro ódio para Percy sai andando para a mesa onde os jogadores de futebol costumam sentar.

                - Cara, como eu odeio esse garoto! Sinceramente Annabeth, você não podia ter escolhido alguém melhor?

                - Já disse que você não tem que querer nada nesse quesito, Percy. E Rachel é melhor a gente ir logo antes que acabe o intervalo.

                - Claro – concordo, e com um beijo na bochecha me despeço de Percy e a sigo pelos corredores. Acabamos então no pátio interno da escola, e escolhemos um banco a sombra de um grande carvalho americano.

                - E então? O que queria falar comigo que não podia ser na frente dos meninos? – pergunto finalmente, realmente curiosa, afinal não me lembro de ter tido uma conversa a sós com Annabeth em todo o tempo que a conhecia.

                - É sobre a festa surpresa de hoje à noite. Temos que combinar uma forma de levar o Percy pra casa da Thalia sem que ele suspeite de nada. Você tem alguma idéia?

                Passamos então algum tempo discutindo diversas idéias de como fazer isso. A maioria era tão mirabolante que nunca teria funcionado, ou então tão idiota que nunca enganaria ninguém. Então finalmente decidimos por algo simples e que talvez realmente enganasse Percy. Ela fez uma ligação e pronto, o plano já estava confirmado.

                - Só não se esqueça de avisar os outros, se não todo mundo vai ficar sem entender nada.

                - Pode deixar comigo – ela respondeu e já ia se levantando para ir embora, quando não me segurei e acabei perguntando.

                - Por que você e o Percy estavam brigados? – assim que a pergunta saiu levei a mão a boca como se tentasse segura-la. Afinal supostamente eu não sabia da existência de briga alguma. Ela se levantou sem falar uma palavra, e eu achei que ia simplesmente me ignorar e ir embora. Ao invés disso porem me lançou um olhar como nunca antes, eu não conseguia distinguir exatamente seu significado, era como que uma mistura de emoções, mas tinha uma tristeza que eu não compreendia direito.

                - Eu só espero que fique tudo bem no final – ela diz e vai embora. Deixando-me sem entender absolutamente nada do que ela quis dizer com aquilo.

                Saio da aula de pintura e me deparo com o deus grego do meu namorado a me esperar encostado a parede, os cabelos ainda molhados da aula de natação.

                - Oi – ele cumprimenta e se aproxima para me dar um selinho.

                - Oi – respondo um pouco sem graça, olhando para os lados verificando se ninguém prestava atenção na gente. Mas todos já se encaminhavam para a saída. – Saiu mais cedo do treino?

                - Aham, pensei em te dar a oportunidade de me dar os parabéns antes de hoje à noite – ele sorri, mas seu olhar me faz uma pergunta em silencio. Fico na duvida do que poderia ser. Será que ele desconfiava da festa surpresa? Então num instante entendo do que se trata, ele provavelmente quer saber sobre o que eu e Annabeth conversamos hoje mais cedo.

                - Quanta consideração sua – digo com um riso fingido. – Mas, feliz aniversario – digo, e ele se aproxima para outro beijo. Dessa vez sua língua pede passagem, que eu logo permito. Minhas mãos se agarram a seu pescoço, e sinto seu braço apertando minha cintura. Acabo então por bater com as costas contra a parede. Nós nos separamos então ofegantes, e ele tem um sorriso no rosto.

                - E então, preparada pra conhecer o resto da minha família hoje à noite?

                - Acho que sim. Alguma coisa com que eu deva me preocupar?

                - Eles são uns malucos, mas eu acho que você já esta acostumada comigo. Então está tudo certo – diz ele me fazendo rir. Mas logo fica serio de novo, parecendo se lembrar de algo desagradável. Então parece que vai falar alguma coisa, então na pressa de interrompê-lo, pois tenho a sensação de que não ia gostar nada de ouvir o que ele tem a dizer, acabo por falar o que não queria.

                - O que a Annabeth quis dizer hoje mais cedo, quando falou que só esperava que tudo acabasse bem? – com a pergunta ele se afasta um pouco de mim. “Boca maldita” penso. “Sinceramente qual é o meu problema hoje?”

                - Quando ela disse isso?

                - Quando eu perguntei o motivo da briga de vocês dois... – assumo num sussurro e começo a encarar o chão. “Mais que droga! Porque eu tinha que ter tocado no assunto?!”.

                - Rach, você sabe que eu nunca te magoaria de propósito, não é mesmo? – ele pergunta com uma mão sob meu queixo para que eu olhasse diretamente em seus olhos. Eu assinto com a cabeça, e novamente ele parece que vai dizer alguma coisa, mas ao invés disso me beija.

                O beijo começa calmo a principio, porem vai se intensificando e eu deixo. Desde que eu comecei a namorar Percy há alguns meses uma parte de mim simplesmente não conseguia acreditar, que alguém como ele tinha se interessado por mim. Então eu ficava agradavelmente surpresa sempre que ele vinha em minha direção, falava comigo, me tocava ou me beijava. Com o tempo porem isso simplesmente já não era mais o suficiente. Eu percebia que havia alguma coisa errada. E então comecei a procurar por coisas que afastassem essa sensação, e era em momentos como esse que esses pensamentos paravam. “Olha como ele gosta de mim.”, eu pensava. Mas ao mesmo tempo um alerta soava no fundo da minha mente que aquilo só tinha começado por que ele queria encobrir alguma coisa.

                Mas nem por isso parei, pelo contrario. Passei uma das mãos por debaixo de sua camisa sentindo seu abdômen definido, e então a levando as suas costas e o trazendo para mais perto de mim. Incentivado ele começou a fazer uma trilha de beijos pelo meu pescoço, me fazendo suspirar. Mas logo o puxei para outro beijo. Sem fôlego nos separamos. Mas continuávamos perto o suficiente para que nossas respirações se misturassem. Tirei minha mão de dentro de sua blusa a pondo em seu ombro, criando uma pequena barreira entre nós. Ele entendeu, e com mais um beijo rápido se afastou um pouco mais.

                - Te vejo hoje à noite, então?

                - Estarei lá – digo, e pouco tempo depois já estava a caminho de casa.

                Estava quase chegando à casa de Percy. Era perceptível como a paisagem mudava do caminho da minha casa até aqui. Enquanto eu morava em um bairro cheio de casarões imponentes, com ruas arborizadas e bem iluminadas. O dele e era escuro e cheio de prédios desgastados pelo tempo. Eu realmente não me importava com isso, apesar de meus pais terem um ataque toda vez que eu vinha para esses lados. Por isso Joshua, meu segurança, sempre vinha dirigindo o carro nessas ocasiões.

                - Chegamos senhorita – disse Joshua abrindo a porta do carro para mim. – Gostaria que eu a acompanhasse até o apartamento?

                - Não será necessário, mas muito obrigada. Na verdade em breve devo estar saindo de novo. Então é melhor que me espere na casa do prefeito.

                - Como quiser – ele respondeu e eu podia sentir seu olhar em minhas costas enquanto eu andava até o prédio de Percy.

O prédio não tinha quase nenhuma segurança, assim simplesmente abri a porta e fui subindo as escadas. Ao tocar a campainha Sally abriu a porta sorridente, e me cumprimentou, apontando a sala onde Percy e um menino alto jogavam um jogo de basquete no vídeo game. E em pé ao lado do sofá estava um homem, que mais parecia uma versão surfista mais velha do próprio Percy, este observava os dois meninos com um sorriso no rosto. Aproximei-me e o homem logo reparou em mim.

                - Você deve ser a Rachel. Eu sou Posseidon, o pai de Percy – disse ele com um sorriso cativante enquanto esticava a mão para me cumprimentar. Apesar de simpático, senti seu olhar em mim como se me avaliasse.

                - É um prazer conhecê-lo, Sr. Jackson – disse apertando sua mão, e ele começou a rir.

                - Pode me tratar por você, mesmo. Eu sou muito novo pra ser chamado de senhor – disse ele rindo um pouco mais.

                - Qual é a graça? – pergunto Percy ao meu lado, o que me assustou, pois não nem reparei quando ele apareceu.

                - A sua namora, filho. Acredita que ela me chamou de senhor? - disse Posseidon me deixando ainda mais constrangida. Percy, que também não parecia nada à vontade com o pai, deu uma risada um tanto falsa e passou os braços por mim envolvendo meus ombros.

                - Se não se incomoda, acho que vou apresentá-la a Tyson – disse ele e sem esperar pela resposta do pai, já foi me encaminhando para onde o menino, que deveria ser o meio-irmão de quem ele sempre falava, estava sentado.

                - Tyson, essa é a Rachel, minha namorada. E Rachel esse é o meu irmãozinho Tyson – ele se levantou para me cumprimentar e fiquei impressionada com como ele era alto. Percy havia me dito que ele estava com treze anos agora, mas já era mais alto que eu, quase do tamanho do irmão. Tinha os mesmos olhos verdes dele também, mas os cabelos castanhos eram em um tom mais claro, quase mel.

                - Prazer – eu disse esticando a mão. Mas ele me cumprimentou com um beijo na bochecha. Ele era bem animado e simpático, apesar de um tanto infantil. Gostei dele na hora. Então eu, Percy e ele passamos um tempo conversando animadamente.

                Algum tempo depois Annabeth e a família chegaram. O pai tinha os mesmos cabelos loiros encaracolados e expressão inteligente de Annabeth. Já a mulher com certeza não era sua mãe, um pouco mais jovem que o pai, era uma bonita mulher de origem oriental. E os dois meninos gêmeos mais novos, que deveriam ter uns 5 ou 6 anos, deviam ser meio irmãos de Annabeth.

                Depois que eles chegaram, eu passei a me sentir uma completa estranha, totalmente fora de lugar. Toda a família do meu namorado parecia venerar Annabeth. Tyson assim que a viu entrar pela porta, quase saiu correndo para abraçá-la, e Percy até comentou brincando que Tyson gostava mais de dela do que de manteiga de amendoim, e que ele realmente amava manteiga de amendoim. Já Posseidon não parava de repetir como fazia tempo que ela e Percy não passavam uma temporada na casa dele, e que deviam aparecer com mais freqüência. E Sally toda hora aparecia na sala para pedir que Annabeth fosse olhar alguma coisa na cozinha. Alem disso as duas famílias pareciam já se conhecerem a muito tempo, enquanto para mim era a primeira vez que via a maioria das pessoas naquela sala.

                Assim logo depois do jantar quando todos se preparavam para cantar o parabéns, fiquei aliviada quando Annabeth veio me falar que logo depois do bolo já levaríamos Percy para sua festa surpresa. O bolo era realmente lindo, a cobertura era toda feita em vários tons de azul e tinha a temática marinha, já o recheio era chocolate com morango. Quando todos comeram o bolo a família de Annabeth começou a ir embora, Percy ainda tentou convencê-los a ficar mais tempo, mas eles saíram com a desculpa que as crianças tinham que ir dormir cedo.

                Não deram cinco minutos, então, e o plano foi posto em ação. Posseidon anunciou que tinha uma surpresa para o filho e que teria que levá-lo de carro. Então pôs uma venda nos olhos dele. E junto comigo, Annabeth e Tyson todos partimos para a casa de Thalia. Era obvio que Percy não suspeitava de nada, ele passou o caminho inteiro reclamando como o pai era exagerado por fazer uma coisa dessas. Saímos do carro então com ele resmungando se já poderia retirar a venda, entramos na casa de Thalia e todos já estavam lá em total silencio só nos esperando. Assim que ele finalmente tirou a venda todos gritaram “Surpresa!”, e eu tive a impressão de que Percy cairia pra trás de tanto susto.

                Depois disso me pareceu que tudo passou muito rápido. Todos vinham dar os parabéns ao Percy, e então acabavam por se dispersar pela enorme sala ou saindo para o lado de fora perto da piscina. Lembro de ter dançado com Percy durante um tempo, até que para variar ele viu que Annabeth e Luke estavam em uma discussão e resolveu se meter, eu como sempre o segui resignada. Assim que nos aproximamos Luke agarrou meu namorado pelo colarinho o encostando contra a parede.

                - Não bastava ficar me colocando chifre, tinha que marcar ela também! Agora você vai ver seu bolsista de merda. – Então quando ele estava prestes a desferir um soco, Annabeth segurou seu braço o puxando para trás, fazendo com que ele soltasse Percy.

                - Já te disse que não é nada disso! – gritou ela, e agora algumas pessoas começavam a reparar na cena. – Por que é que você não acredita em mim?

                - Eu acho que essa mordida no seu pescoço já explica tudo – respondeu ele de forma ríspida e empurrando ela para o lado já ia indo embora, mas foi impedido pelo Percy que agora segurava seu braço.

                - Quem você pensa que é pra tratar ela dessa maneira?! – eu nunca tinha visto Percy com tanta raiva, no momento que Luke empurrou Annabeth foi como ele tivesse se transformado em outra pessoa, ele parecia pronto para matar Luke se pudesse. E teria provavelmente começado naquele instante se Annabeth não o tivesse impedido.

                - Percy, para – ela disse apenas, mas seu tom de voz e seu olhar fizeram com que Percy soltasse Luke, mesmo que um pouco relutante. – Cuida da sua namorada, que eu cuido do meu.

                Nisso Percy realmente pareceu magoado e desistiu de vez. Ainda pude a ver tentando conversar com Luke, mas ele saiu apressado dizendo que precisava esfriar a cabeça. Então Annabeth também desistiu saindo pro outro lado.

                - Idiota. – ouvi Percy resmungando a meu lado.

                - Que história foi essa Percy? – finalmente resolvi perguntar, agora que o grupo de pessoas que acompanhava a cena tinha se dispersado.

                - Nada. Aquele imbecil, que não sabe o que diz. E ainda trata ela daquele jeito! – disse com a raiva ainda na voz, e a cabeça virando a cada segundo na direção que Annabeth tinha tomado. – Olha Rach, me desculpa, mas eu tenho que ir falar com ela.

                E então ele se foi sem nem dar tempo de eu responder. Me deixando sozinha, e mais uma vez me sentindo completamente deslocada.


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Notas finais do capítulo

Queria agradecer a recomendação da Nathália Elizabeth Dare. E também a todos os comentários (que infelizmente não tive tempo de responder), muito obrigada. Desculpa novamente pela demora. Tentarei postar o próximo capitulo o mais rápido que puder.



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