Por mais estranha e fria que fosse, Monroe despertou um certo interesse em Daniel. Não nesse sentido, não vamos confundir as coisas, mas simplesmente o fazia rir e sentir raiva ao mesmo tempo. Era irritante ver sua indiferença diante de suas tentativas frustradas de arrancar um sorriso, ou uma demonstração de interesse da garota.

– Quem é aquela? - Dylan perguntou, assim que voltara para a sua bancada.

– Ah, é a Monroe. - Respondeu indiferente.

– Monroe? Esse é o seu nome?

– Não, é o seu sobrenome. Não sei o nome dela, mas vou descobrir. - Franziu os lábios.

– E qual o seu interesse em descobrir o nome dela? - Dylan perguntou, surpreso.

– Esbarrei com ela hoje pela manhã, antes de entrar na aula de matemática. Perguntei quem era, mas ela não disse, e desde então eu to insistindo em saber o nome dela. É uma garota estranha, de verdade.

– E porque perde seu tempo com isso? Não seria mais fácil perguntar a alguém? - Dylan não entendia nada.

Daniel sabia que poderia descobrir o seu nome facilmente, era só perguntar a alguns alunos, ou até mesmo, um professor, já que ela parecia ter uma relação de amizade com eles. Mas não sabia o porque preferia deixar as coisas daquele jeito, talvez porque se sentisse bem insistindo e investindo numa conversa com a garota. E, infelizmente, o nome misterioso era o seu único assunto em comum.

– Eu não tenho interesse no nome dela, Dylan. - Ele revirou os olhos. - É que ela é engraçada. E eu não gosto da indiferença dela em relação a mim, isso me irrita. Por isso eu to tentando fazer com que ela se renda à minha persuasão! - Seu amigo arqueou uma sobrancelha, não entendendo a importancia que Daniel dera a uma garota que conhecera há pouco tempo.

– Calma, cara! Não precisava de todo esse relato, sério!

– É que ela não parece que estuda aqui, com todas as outras pessoas, isso me intriga. Sabe, é como se colocassem o Elthon Jhon num show da Hannah Montana, você entende?

– Sério? Essa é sua melhor comparação?

Dylan riu, fazendo com que Daniel revirasse os olhos mais uma vez, desistindo de tentar explicar-se com o amigo.

A superlotação do refeitório marcava a hora do almoço. Em sua mesa fixa, Daniel conversava com alguns dos outros garotos do time de basquete sobre o jogo da NBA da noite passada. Jhennifer e Katie chegaram, sentando-se na mesa e depositando sobre elas as suas bandeijas com lanche. Como sempre, Jhennifer depositava um rápido beijo nos lábios de Daniel, que sorria e a envolvia com seus braços.

– Você está bem? - Ela perguntava, tirando os braços de seu namorado em volta de seu corpo, e segurando suas mãos à sua frente.

– Claro, está tudo ótimo! - Ele sorriu, mostrando os dentes. Com aquela expressão, qualquer um acreditaria na máscara perfeita usada por Daniel Harris. - Porque pergunta?

– Não, sei estou te achando meio abatido... - Ele arqueou uma sobrancelha.

– Eu to perfeitamente bem, Jhenni.

– Sério? - Ela franziu a testa. - Não aconteceu nada entre você e seu pai?

Daniel suspirou, fechando os olhos.

– O que o Dylan te contou? - Ele soltou as mãos dela, olhando para baixo.

– Nada, Dan! Eu só acho que você tão está bem!

Daniel olhou para Dylan que estava do outro lado da mesa, tentando evitar a insistencia constante de Katie em iniciar uma conversa, e sussurrou um "Obrigado" que só seu amigo entenderia. Dylan revirou os olhos, voltando a fazer sons com as mãos no tampo de madeira da mesa redonda.

– Não precisa se preocupar, Jhenni, Eu estou bem, tá? - Sorriu, tentando acalmá-la.

– Promete que vai me ligar se algo acontecer? - Encolheu os olhos, com todo o seu sentimento de preocupação.

– Prometo! Eu estou perfeitamente bem.

Daniel não tinha parado para pensar no problema com seu pai desde a conversa com Dylan. Ter encontrado a garota com quem esbarrou e passado um bom tempo irritado e insistente contra sua indiferença o tinha distraído, e por incrível que pareça, o divertido muito. Mas agora, passara a se preocupar com a grande noite de discussão que teria com seu pai.

O dia não estava passando tão rápido enquanto não lembrava de seu dilema familiar. Mas agora, o tempo realmente acelerava.

– Tem certeza que não quer dormir lá em casa hoje? - Dylan perguntava pela terceira vez, preocupado com os problemas que seu amigo enfrentaria naquela noite.

– Não, Dylan, eu vou ter que enfrentar isso mais cedo ou mais tarde, e eu já decidi, vou aceitar a proposta de meu pai, vou fazer o curso com a tal garota lá. Eu só não prometo que ela vá conseguir ter autoridade sobre mim. - Daniel sorriu sarcásticamente.

Dylan riu.

– Então é assim que vai irritar seu pai? Fazendo-o perder seu dinheiro enquanto você fica vagabundando durante o curso?

– Eu falei para ele que não adiantaria fazer esse curso, mas ele insistiu. Já que minha palavra não conta, vamos ver como vai ser quando for colocada em prática.

– Você sabe o que eu penso de tudo isso, não é? - Dylan falou, sério.

– Claro, eu sou irresponsável, e deveria me preocupar com meu futuro, eu já sei. - Daniel disse, fazendo uma careta, imitando a voz de seu amigo. - Dylan, sendo ou não bom em matemática, eu ganhei uma bolsa no basquete, e esse é o meu objetivo. Mostrar para o meu pai que eu posso aprender isso seria o mesmo que dar motivos para me pressionar o curso de economia mais do que já pressiona!

– Então você acha que se fazendo de burro seu pai vai desistir de adminstração. É isso?

– Exatamente.

Dylan suspirou, desistindo definitivamente de convencer o amigo.

– Você é quem sabe, cara. Eu não vou mais me posicionar em relação à isso, tá?

– Eu sei o que estou fazendo, Dylan. - Sorriu. - Não vou me arrepender, sério.

– Eu espero.

Dylan se despediu, andando em direção à sua casa enquanto Daniel esperava ansiosamente por seu pai. A sua resposta àquela proposta o surpreenderia verdadeiramente, era no que acreditava.