Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 78
Capítulo 78


Notas iniciais do capítulo

Oi gentee! Desculpem a demora!



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O dia passou voando, Jessie ao todo deu 2 aulas durante a manhã e tudo correu bem, sem perguntas indiscretas sobre a relação delas. Os mais velhos ou eram menos perspicazes ou acharam melhor não dizer nada. Almoçaram junto com as crianças e na parte tarde, depois de mais 3 aulas, Jessie estava exausta, feliz e satisfeita com a experiência que proporcionou às crianças do orfanato. Estava ensinando mais do que a escola costuma ensinar da língua inglesa, ensinava o que ela gostaria de saber antes de ter ido morar em New York.

Santana observava aquelas crianças e adolescentes e conseguia captar partes das conversas, graças ao seu espanhol bem desenvolvido. Se via neles, cheios de dúvidas, medo do futuro. Se colocava no lugar deles. Sem um pai e uma mãe para lhes dar afeto, apoio, proteção. Ela tendo essa base muitas vezes se sentia desamparada, o que dizer dos órfãos. Admirava Jessie por muitos fatores, um deles era a pessoa que ela tinha se tornado mesmo diante das adversidades que a vida lhe impôs. Ficava orgulhosa de ver que ela estava passando adiante o que aprendera. E ela, o que fazia para fazer a diferença no mundo? Nada! Sempre fora cruel com quem considerava inferior, perdedor, não tinha paciência para lidar com pessoas. Era certo que ela tinha mudado muito, mas ainda continuava parada. Sua namorada a inspirava. Brittany e agora Jessie. A ajudaram e a reconstruíram. E ela, o que fazia pela namorada?

Terminadas as aulas, Jessica foi avisar a mãe que voltaria para o apartamento que ganhara do avô, para fazer companhia para Santana. Bellatrix obviamente já previa isso e apenas acenou em concordância. Conseguiram despistar Ana, para que ela não fizesse um show quando as visse indo embora. Foram com um pouco de dor no coração por enganar a menina.

– Que filme veremos hoje? – Jessie decidiu puxar assunto, depois de um tempo caminhando de mãos dadas com a namorada em silêncio.

– Não sei... você é quem escolhe, é a dona da casa! – Santana falava distraída olhando para o ambiente ao redor – Ainda tá cedo... não tem um parque por aqui pra gente fazer um piquenique bem lindo?

– Mas estamos desprevenidas! Não temos comida! – a ruiva fez uma cara de lamento, toda preocupada com a proposta, mas logo o sorriso se abriu – Já sei! Vamos pro Ibirapuera! É meio longe daqui, mas em uns 20 minutos de metrô chegamos!

Correram até a estação mais próxima e foram sem conversar muito. Dessa vez conseguiram se sentar. Santana deitou a cabeça no ombro da namorada e não falou muito. Observava a entrada e saída das pessoas no vagão.

– Você não tem mais medo? Das pessoas – ela agora sentou-se corretamente e olhos para a ruiva – Dos homens... bom, você entende...

– Acho que o medo nunca vai embora... eu só aprendi a dar uns chutes nele quando ele ameaça chegar muito perto para me assustar... – enquanto ela falava notaram um homem as observando, uns 40 anos em média. Olhava intrigado pela proximidade das duas e imediatamente um calafrio percorreu a espinha das duas. Jessie fechou os olhos e começou a respirar fundo, Santana tentou olhar o mais feio que pode para o homem que as encarava e depois de um tempo, felizmente ele saiu do vagão.

– Viu, as coisas nunca mudam... Nós é que precisamos ser fortes! – Jessie falou baixo enquanto abria a mochila – E andarmos prevenidas – mostrou um estilete, um apito e um chaveiro em forma de soco inglês fazendo a latina arregalar os olhos – Esse chaveiro aqui, além de doer, dá choque! – Ela falou animada, explicando para Santana que ainda a observava espantada.

– Você teria coragem de usar algum desses? – ela olhou fundo naqueles olhos que pareciam inocentes.

– Usaria os 3 na mesma pessoa se tivesse oportunidade! – falou com uma voz sombria e a morena percebeu que ela não estava brincando.

– Bom, espero imensamente que você não precise usar nunca! – a latina tentou ser positiva e a ruiva concordou.

– Descemos na próxima parada... melhor ficar na porta! – Jessie se levantou, deu a mão para a namorada e saíram.

Andavam sem pressa, Santana só seguia pois não tinha a mínima noção de onde estava. Caminharam alguns quarteirões e chegaram no parque. Apesar de ser um dia da semana e estarem quase no fim da tarde muitas pessoas caminhavam, outras fotografavam e alguns andavam de patins. Pela expressão da ruiva ao ver um grupinho desses deslizando sobre as rodinhas, a latina entendeu o que a esperava.

– Vem San, vamos nos exercitar! – ela falou animada e completou – Mais adiante, tem um cara que aluga patins. Vamos achar o danado!

A latina achou que aquela ideia não ia dar certo, não era lá muito coordenada e fazia séculos que não colocava um daqueles no pé, mas vendo o sorriso que a ruiva estava no rosto enquanto calçava o dela, resolveu entrar na vibe e sorriu de volta.

– Claro que patinar na neve seria mais divertido... – Jessie falava pensativa – Inventar umas coreografias... – olhou pra Santana com olhos desconfiados – Você com certeza deve arrasar na patinação do gelo! Desliza mais que a rainha Elsa! Toda poderosa no gelo!

– Tá doida? Eu sou péssima no gelo! – ela riu lembrando da ultima vez – Quando eu era pequena eu não tinha noção do quanto eu não tinha talento pra isso, precisei quebrar o braço e quase perder os dentes da frente para aprender – ela deu de ombros e a ruiva concordou rindo.

– Bom, eu nunca tive um patins pra chamar de meu lá no orfanato...então sempre que via uma oportunidade, já ia enfiando nos pés – ela se levantou e ajudou a namorada fazer o mesmo – Agora vamos! Iremos até o outro lado do lago!

Santana deu uma desequilibrada no começo e depois de rir um pouco, Jessie foi ajudá-la. Andavam de mãos dadas. A latina preocupada com o braço recém recuperado da namorada. Deram duas voltas, sentiam o vento no rosto, os problemas e preocupações foram embora naquele momento. O desafio era equilibrar-se e deslizar com desenvoltura.

– Ok... ok... já treinamos e aquecemos! – Jessie fez sinal pra Santana parar enquanto ela falava, toda mandona – O nosso objetivo é aquela árvore gigante lá no fundo. Vamos apostar corrida! – ela falou batendo palminhas de animação.

– Quê?! Ahh não vale! Acho que se eu corresse de salto alto teria mais chance de vencer! – ela falava desacreditada – Olha sua cara de sádica, louca pra me humilhar e me fazer comer poeira.

– Aiii quase fiquei com dó de você agora, amor! – ela falou com uma voz toda melosa – Mas a senhorita está plenamente em condições de me vencer e não vou dar mole! – a latina revirou os olhos para provocá-la – Ok... então no já!

– 1, 2 e já ou 1,2,3 e já? – a morena tentava enrolar e tirar a concentração da ruiva.

– Ahh num sei... – ela falou impaciente - Tá... no 1,2, 3 e JÁ!

Assim que disse isso ela partiu em disparada, deixando Santana indignada com a trapaça e logo correndo pra alcançá-la. Até que não estava de todo o mal! Corria e estava quase passando a ruiva quando gritou:

–Aquilo foi trapaça! Só por isso, vou te ultrapassar! – ela falou isso enquanto passava pela namorada exasperada. Não falou mais nada, correu como doida e esqueceu de tudo, focava na árvore gigante.

Jessie gritava mas ela nem ouvia, continuava triunfante e só quando chegou num enorme eucalipto é que parou e percebeu a ruiva chegando um pouco depois ofegante, segurando no peito, como se pudesse conter seus batimentos.

– Sua...maluca... – ela falava tomando fôlego – Era pra gente ter parado naquele Jatobá, que ficou lá pra trás! A nossa linha de chegada era ele! Você passou igual o papa-léguas por mim e nem viu!

– Jatobá?! Mas você disse árvore gigante! – ela deu de ombros achando divertida a cara que a ruiva fazia de exasperação.

– É! Eu disse...mas eu me referia àquela árvore gigante – apontava para uma árvore que tinha ficado a uns 100 metros de distância – Mas é tão desesperada pra ganhar de mim que nem viu né?

– Eu desesperada? Desculpa se tenho asa nos pés e mesmo você trapaceando na largada consegui te vencer! – a latina provocava e se divertia com a expressão da ruiva.

– Ok. – ela olhou para o chão pensativa – Eu fiz errado e mesmo assim minha namorada latina gostosa me vencer! Eu me rendo! – estendeu as duas mãos para a frente como uma criminosa para ser algemada – Pode escolher seu prêmio.

– Tinha prêmio?! – a latina achou melhor sentar, suas pernas tremiam pela corrida, a ruiva a seguiu e também sentou – E eu posso escolher? – ela fazia uma cara animada - Meu Deus, se eu soubesse disso teria corrido mais 200 metros!

– Estou com medo do que você vai pedir! – ela fazia um drama.

– Bom eu ia pedir uma noite ardente de amor, mas como sei que isso vai acontecer de qualquer maneira... – ela pausou vendo a cara da ruiva de “eu sabia!” e depois continuou – Como prêmio então, eu peço que você volte pra New York comigo! Sem você comigo, eu não vou conseguir! – ela falava sério e tinha um olhar triste.

– Ahh San... que pedido mais certeiro! Que mulher mais decidida essa que eu tenho! – ela abraçou a morena e a trouxe mais pra perto de si. Estavam sentadas, encostadas no tronco da árvore, protegidas por sua sombra – Eu quero voltar e ao mesmo tempo tenho medo! Queria que a ilha fosse aqui do lado, assim poderia conciliar minha vida lá, com a que construí aqui nesses poucos meses... antes de ir eu preciso arrumar tudo. Abandonar as crianças será dolorido, mas claro que ficar longe de você será como lacerar meu coração!

– Isso é um sim? – ela continuava com o olhar triste enquanto fingia se distrair com a grama do chão.

– É um sim, mas sem data pra acontecer! – ela viu o olhar de desespero da morena e já prosseguiu – Será breve! Mas não tão rápido como você espera. Eu preciso de mais um mês aqui... – ela falou decidida.

– Eu não posso ficar tudo isso – ela falou desanimada – Preciso cuidar da vida... nós precisamos! – tinha agora um tom mais desesperado – Eu não vou conseguir... vou voltar a ser um zumbi!

– Preciso encontrar alguém que alugue o apartamento que ganhei do meu avô, o dinheiro será muito válido para o pagamento do nosso loft em New York. Quero deixar as aulas acertadas, concluir alguma coisa. E nem quero pensar na hora de dar tchau para as crianças... pra Ana! – ela tinha um tom preocupado, parou de falar quando percebeu Santana chorando, enquanto arrancava qualquer mato que conseguia alcançar. – Heey, hey, olha pra mim! – ela segurou o queixo da latina que antes olhava para o chão e fez com que se encarassem – O que foi?

– Tá tudo bem... – ela tentava sorrir, mas logo escorriam mais lágrimas – Eu estava com vontade de chorar desde manhã!

– Porque meu bem? Alguma coisa te magoou? Você não queria ser exibida para as crianças? Eu devia ter que explicado o meu plano antes!

– Não é isso... é você! Sua presença... ela me emociona! Sua maneira de encarar a vida e lidar com as pessoas...Você sabe... as vezes eu sinto um aperto no peito e tenho dúvidas – ela respirou fundo, segurando uma nova onda de choro – Se eu te mereço...

– Não diz isso...não tenha essa dúvida, nunca! Você me merece, é claro! Aliás, quem sou, o que de especial eu tenho para alguém achar que é um privilégio me ter?! – ela encarava a latina com aqueles olhos verdes confusos.

– Você é você! Tão perfeita...por fora estonteante, uma beleza impar! E por dentro... uma fortaleza! Centrada, bondosa, paciente... Tudo que eu não sou – deu de ombros, com a voz falhando.

– San... vou considerar que você está na TPM! Essa insegurança é coisa minha! Você também é perfeita e eu te amo! Assim, sem tirar nem por! A gente se ajuda, se completa, se transborda! – ela fazia carinho no rosto da morena enquanto tentava secar suas lágrimas – Sem você sou só um palito de fósforo de cabeça laranja que não serve de nada... preciso do seu atrito, sua presença pra ficar acesa, para me sentir útil!

A latina a olhou confusa e abriu um sorrisinho.

– Cabeça de fósforo! – ela ria baixo – Droga, você me faz rir quando eu queria chorar!

– Queria nada! Choramos demais esses dias! Nada mais de choro! Só amor e alegria! Nós vamos sair dessa, vamos estar juntas em breve em New York! – ela afagava os cabelos da latina enquanto a garota concordava com o que ela dizia – Agora – ela aproximou mais seu rosto e conseguia sentir a respiração saindo do nariz da morena, deu um beijo no canto da sua boca – Eu quero um beijo imenso, gostoso e muito caprichado, para compensar todas essas horas que não pudemos beijar!

A latina sorriu e uniu seus lábios ao da ruiva sem pensar duas vezes. Beijá-la era sempre igual e sempre diferente. Sentia um calor percorrer seu corpo, uma calma, tranquilidade, enquanto deslizava sua língua para encontrar com a da namorada numa dança sincronizada, os movimentos pareciam ensaiados, beijavam-se sem pressa e nem sabem por quanto tempo ficaram lá, pararam quando não tinham mais fôlego. Jessie finalizou com mais um beijo na testa da namorada e depois deitou no seu ombro suspirando apaixonada.

– Eu te amo... – falou baixo, mais pra si mesma que para a latina, que agora se sentia bem melhor, depois de ter colocado aquela mágoa inexplicável pra fora.

Santana agora estava deitada nas pernas da ruiva e olhava para o céu, vendo as nuvens mudarem de lugar, hora ou outra via o rosto da namorada que a observava com um sorriso preocupado. Não falavam nada e ficaram assim incontáveis minutos, aproveitando uma a presença da outra. Perceberam que era hora de ir quando o sol começou a desaparecer, respiraram fundo e se levantaram. Precisavam se apressar para devolver os patins e chegarem vivas em casa depois de enfrentar a hora do rush no metrô.

– Vamos suas charlatã! Sem corrida agora! – Santana se levantara e estendia a mão pra ruiva.


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Notas finais do capítulo

Ai essas duas...me fazem acreditar no amor às vezes! u.u



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