Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 70
Capítulo 70


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas! As coisas estão melhorando...



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As batidas na porta não paravam e depois de xingar mentalmente com palavrões impronunciáveis, Santana acordou de má vontade. Sua cabeça doía, parecia prestes a explodir. Abrir os olhos era tortura. Ela se levantou relutante e abriu a porta do quarto com violência.

– O que você quer, inferno? – falou com voz tediosa, só não gritou porque isso faria sua cabeça explodir mais ainda e voltou a se deitar na cama.

– Santana, você quer matar a gente de susto mesmo! Achamos que tinha morrido aí dentro! Não respondia! – Rachel já começava a falar enquanto se encaminhava para a janela para abrir as cortinas. Já eram 11 da manhã.

– Não ouse tocar nessa cortina – a latina falou, tapando os olhos com o braço.

– É sério Santana... de novo de ressaca? Isso já tá saindo de controle! Como pode? De dia uma garota tão saudável, atlética... a noite uma cachaceira , uma alcoólatra anônima! – Quinn falava exasperada. Tinha perdido a paciência com a amiga, ao contrário da sua preocupação que só aumentava.

– Não sou anônima... estou ficando conhecida em vários bares de New York... – ela sorriu irônica, ainda jogada na cama.

– Ai meu Deus... – Rachel olhava pra cima clamando – Santana, você saiu ontem de novo?

– Foi só uma estendida depois do expediente... eu e algumas garotas que estavam no Coyote fomos para um barzinho novo na avenida. – falava com a maior das calmas.

– Você e algumas garotas? – a loira andava de um lado para o outro do quarto – O que você aprontou dessa vez? Você tá traindo a Jess ?

E então o abajur do lado da cama voou e por pouco não acertou a cabeça da loira que ficou boquiaberta.

– Nunca diga isso... – a latina se sentara na cama. Seus olhos estavam vermelhos, sua voz rouca- Nem que eu quisesse eu conseguiria fazer isso... e não fala o nome dela!

Santana tinha adquirido o péssimo habito de lançar coisas sempre que era contrariada. Quinn e Rachel não sabiam mais o que fazer com a amiga que parecia cada dia mais indomável. Bebia, chegava quase de manhã em casa, e chorava. Chorava sem pudor, alto, acordava as garotas com seus soluços. Falava sozinha, como se Jessie estivesse com ela no quarto.

– Vai tomar um banho! – Quinn ordenou respirando fundo para não tacar alguma coisa na cabeça dela para se vingar, a latina fez biquinho, começando a ficar sentimental – Vai logo caramba!

Santana se levantou rapidamente e foi cambaleante para o banheiro.

– Rachel, me diz... temos uma filha adolescente rebelde e nem pedimos por isso... – ela passava a mão pelo rosto arrumando a bagunça de roupas pelo chão no quarto da latina – A gente não pode nem dar uma trepada direito mais, essa menina atrapalha!

– Xiiiu, fala baixo... – a morena ficou envergonhada olhando para os lados, se certificando que Santana não tinha ouvido.

– Viu?! Que bosta, você tem até medo que ela nos ouça falar sobre isso! Parece uma mãe recatada! – a loira não estava nos seus melhores dias.

– Quinn... amorzinho... – Rachel a abraçou por trás um pouco hesitante, com medo de levar um coice – Pensa, não está sendo fácil para ela... Ela só tem a nós duas! Kurt pulou fora, com essa ideia besta de morar com o Adam...

– Eu sei, mas já fazem mais de 3 semanas que não durmo em paz, de preocupação com essa garota inconsequente! Não quero essa responsabilidade pra mim!

– Eu também me preocupo, mas você sabe que a solução disso tudo tem um nome! - ela puxou a mão de Quinn e fez ela se sentar na beirada da cama da latina – Ela precisa da Jessie... nós precisamos!

– A menina nem dá sinal de vida! – ela falava se descabelando.

– Ela deu... uma vez! – Rachel falou meio titubeando, sabia que ia cutucar onça com vara curta.

– De novooo essa merdaaa de história? – A loira se levantou gritando – Já disse, não tenho culpa disso!

– Claro que tem, você deletou a merda da ligação e não contou pra sua amiga! – Rachel agora gritava também – Você está pagando o que fez Quinn... pode me bater, mas vou continuar tacando isso na sua cara enquanto puder!

– Te bater? Você acha que sou o que? – ela continuava gritando, agora magoada com o que a morena disse – Eu me arrependi OK? No momento que apaguei aquela droga de ligação, eu me arrependi de ter feito! E sim, sou uma covarde, não tenho coragem de contar pra Santana...

– QUE PORRA... DE HISTÓRIA É ESSA? – a latina apareceu na porta, enrolada na toalha, ainda pingando água do banho e olhava para Rachel e Quinn de maneira inquiridora, sentindo que a qualquer momento poderia virar o Hulk de tanta raiva que sentia.

– Ops... – Rachel colocou a mão na boca, prevendo que a 3ª Guerra Mundial tinha começado.

– Santana, do que você tá falando? – Quinn se fazia de desentendida, tentando escapar pela tangente, tentar descobriu o que a latina tinha ouvido.

– Quando a Jessie me ligou? – a garota ia caminhando devagar até a loira que ia se afastando com medo do que viria – E VOCÊ ousou se intrometer? – empurrou a garota na cama com força.

– Calma San... deixa ela explicar! – Rachel tentava intervir e a latina apenas fez sinal para que ela ficasse quieta.

– OK, eu vou falar rápido... mas sai de cima de mim sua taradona pelada! – Quinn se desvencilhava da latina, que na hora da raiva nem tinha percebido sua toalha cair e ia pra cima da loira.

– Rápido... você tem 2 minutos para livrar a sua cara de um soco, sua vadia! – ela se enrolava na toalha de novo e olhava com cara de mal, muuito mal para Quinn.

– Um dia... a um tempo, quando você saiu pra correr e deixou o celular aqui em casa... – ela respirava fundo encarando Santana nos olhos, como faz com cachorro bravo, tentando não demonstrar medo – Ele tocou, fui conferir e vi que eram 2 ligações perdidas da Jessica.

– Ai meu Deus... ai meu Deus... – Santana andava pelo quarto de um lado para o outro, igual um tigre bravo rodeando a jaula – 2 vezes... 2 vezes!

– Eu, sei lá... sem pensar, achei melhor apagar... deixar as coisas correrem, ainda estava muito recente, talvez isso atrapalhasse os planos da Bellatrix no tratamento dela...

– Ahh você achou melhor? Por que não era você que estava sem seu amor, né sua VACA!? Não é você que olhava de minuto em minuto o celular esperando uma ligação! Foda-se os planos da Bellatrix! Ela me ligou... me ligou não uma, mas DUAS vezes!

– Mas isso já faz quase um mês Santana...se ela quisesse tanto, porque não ligou de novo? E porque você não ligou?

– Porque eu a entendo... ela é orgulhosa como eu! Nunca ligaria achando que eu vi a ligação de antes e a ignorei! – passava a mão pelos cabelos – Ahh Fabray, se eu perdi meu amor por causa disso, eu te mato!

– Não exagera Santana... a Jessie não desistiria de você tão rápido... – Rachel tentava desviar a atenção da latina pra ela. Parecia que estavam lidando com uma louca armada.

– Você acha? – falou em tom esperançoso.

– Acho... acho sim! Que tal se você ligasse pra ela agora? – a morena sugeria com um sorriso amarelo.

– Não, vou fazer melhor... eu VOU até ela! – a latina abria o guarda roupa e procurava sua mala de rodinhas.

– O QUÊ?! Pro Brasil? – Quinn se levantara da cama e ia até perto dela – Você tá doida? Tá em cima da hora... de repente assim...

– Você, cala a boca! – ela apontou o dedo bem no nariz da loira – Eu vou e ponto final! Devia ter tido essa ideia antes! Se eu soubesse ao menos que ela tinha tentado falar comigo... – balançava a cabeça, falando consigo mesma enquanto Rachel e Quinn trocavam um olhar preocupado.

– Pensa mais um pouco Santana... – a morena tentou acalmar a latina que negava com a cabeça, teimosa. Estava irredutível.

– Já pensei e despensei! E vocês vão me ajudar a descobrir o endereço dela! Vou até o inferno atrás dessa menina! – começou a se trocar na frente das duas, sem pudor nenhum. Seu cérebro agora só tinha foco para a ruiva de olhos verdes que estava em algum lugar do Brasil... o tempo passava, as oportunidades se esgotavam.

– Você ao menos tem dinheiro pra isso, filha de Deus? – Quinn não sabia mais o que dizer.

– Tenho o suficiente! – falou um pouco pensativa, nem sabia quanto custava uma passagem aérea pra lá – Vai logo Berry... liga o notebook, vamos rastrear esse orfanato maldito!

– Não precisa... – Quinn falou de braços cruzados e Santana a encarou cruzando os braços também, em posição de afronta.

– E porque não precisa, sua loira azeda?

– Porque nós temos o endereço...

– O QUÊ? Suas vadiiiias, ficam me enrolando, ficaram me enganandooo – ela gritava, se sentindo traída, feita de boba pelas próprias amigas.

– Entenda Santana... Bellatrix nos deu esse endereço para caso de estrita emergência... Pediu que não disséssemos nada a você... Não foi por mal...

– Vocês tavam de complô com aquela freirinha safada né? Vocês a ajudaram a manter minha ruiva longe de mim! Ahhh como vocês são más!

– Santana, para de dramatizar e arruma logo essas malas! Vou comprar suas passagens! – Quinn falou, se encaminhando para o computador.

– Vai comprar? Como assim?

– Vou te presentear com a passagem de ida! A volta você se vira! Um presente, para me redimir da cagada que eu fiz...

– Você seria tão boazinha assim? – a latina lhe olhou desconfiada.

– Eu só quero ter uns dias de férias de você, sua louca! - ela tentava descontrair, feliz, percebendo que a raiva parecia ter diminuído.

– Ahh entendi... você e Rachel querem gemer a vontade enquanto transam não é? – a morena ficou ruborizada ouvindo isso – Uma novidade: vocês já fazem alto! Eu ouço tuudo! E olha que estou bêbada! Não ia falar nada, mas já que vocês tocaram no assunto... – ela deu de ombros.

– Ninguém tocou nesse assunto, Santana... – Rachel falou entre dentes – Só você!

– Ah é.... – deu um sorriso descarado e continuou a arrumar as malas.

– Nossa, vai ter sorte assim lá no Brasil! Tem um lugar livre para hoje! Embarque a noite!

– É essa mesmo! É essa! Compra logo Quinn, compra! – Santana cutucava a loira só pra irritá-la. Se sentia tão feliz, tão mais leve, só por saber que tinha recebido ligações da ruiva, mesmo que a um tempo, ela tinha tentado manter contato.

– Santana...tem um detalhe... você sabe que lá no Brasil falam português né? – Rachel tinha lembrado disso agora.

– É claro que sei, AnãBerry! – ela revirava os olhos, olhando animada para a tela enquanto Quinn concluía a compra.

– E você por um acaso sabe falar essa língua?

– Eu sei espanhol, é quase igual! – falou com ar superior – Fica tranquila que eu me viro!

– E esses agasalhos e botas aqui na mala? – a morena mexia nas roupas que a latina tinha guardado.

– Você não quer que eu fique pelada lá né? Gente pelada só no carnaval, pelo que sei...

– Lá é verão Santana... – Rachel sorria.

– Ahh mas que merda! Me ajuda a desfazer essa mala logo! – foi para o guarda roupa e tentou pegar todos os shorts, camisetas e vestido que tinha.

Todas se distraíram com a arrumação das coisas. Ficou combinado que Santana só avisaria Maribel quando estivesse no Brasil. E ai delas, se avisassem a mulher antes. A latina também proibiu as duas garotas de avisarem Bellatrix da sua chegada. Queria fazer uma surpresa, uma chegada triunfal no orfanato.

Almoçaram sob um clima mais leve, já tinham esquecido como era conviver sem gritos estressantes. Quinn tinha que concordar, que agora que havia contado a verdade para Santana, tinha tirado um peso das costas.

– Acho que já era melhor ir indo ao aeroporto, confirmar se está tudo certo! – Santana estava na sala fingido assistir televisão e olhava para o relógio de 5 em 5 minutos.

– Ainda faltam umas 3 horas! – Quinn fez sinal para que ela se sentasse.

– Mas preciso fazer check in e tudo o mais! Eu já vou indo nessa! – falou decidida e continuou em pé – E aí, ninguém vai me dar um abraço de despedida?

– Não... – Rachel que estava deitada no colo da loira a olhou séria – Nós vamos até lá com você sua boba!

– Ahhh não precisa... – ela negava, mas bem que gostou da ideia.

– Precisa sim! Pra você não armar nenhuma confusão no aeroporto. Só vamos vir embora quando virmos você dentro do avião, indo pra outra América.

– Então desliguem a droga dessa TV e apressem essas bundas! Vou pedir um taxi!

E assim foram as três amigas rumo ao aeroporto. Santana não se aguentava de ansiedade. Vez ou outra o pensamento de que Jessie iria lhe desprezar vinha em sua mente, mas ela o afastava com todas as forças. A insegurança batia, quando ela parava para pensar na loucura que estava fazendo, indo sozinha a um pais desconhecido. Só o que tinha era um endereço marcado numa folha de papel amassado.

– Se cuida hein! – Quinn tentava ser durona.

– Manda um beijo pra Jess! – Rachel a abraçava, carinhosa e emocionada.

– Pode deixar, beijo é o que mais vou dar naquela safada quando encontrá-la! – Santana não cabia em si de ansiedade pensando nesse momento.

– Qualquer coisa, liga pra gente! Tentamos ajudar! Pelo amor de Deus, Santana, não vai se perder lá, sua vadia!

– Pode deixar loira azeda! – abraçou a loira e lhe deu um beijo estalado na bochecha. A relação delas era insana. Entre o amor e ódio o tempo todo.

Santana se dirigiu ao portão de embarque e depois de pouco mais de meia hora, estava caminhando rumo ao avião. Sentia borboletas no estomago diante da aventura que estava prestes a começar. Fechava os olhos e só via sua ruiva lhe sorrindo. Sabia que valeria a pena!

A viagem durou quase 12 horas, a latina estava cansada pela noite de bebedeira louca que tivera. Bebeu demais com as garotas que conhecera e só o que falava no bar envolvia Jess. As garotas que estavam com ela logo viram que não conseguiriam aproveitar nada daquele corpo. Santana estava totalmente apaixonada. Certa hora da madrugada, a deixaram no apartamento, que por sorte, mesmo bêbada ela conseguiu explicar onde era. Agora no avião, ela pensava como estava sendo inconsequente nos últimos dias. Mesmo com toda adrenalina e ansiedade, ela conseguiu pegar no sono grande parte do trajeto.

Acordou assustada com a campainha e o piloto, anunciando que em breve iriam pousar. Logo estava em terra firme, e assim que colocou os pés no aeroporto sentiu a imensa diferença no clima. Estava realmente, bem quente. Ponto para Berry em ter aconselhado que ela viesse de roupas leves. Eram quase 9 horas da manhã de uma sexta feira. Horário ideal para chegar de surpresa!

Estava segura no aeroporto, todas as placas de indicação estavam escritas em Inglês. Foi para o saguão onde os Taxis ficavam. Um senhor encostado num carro sorriu para ela e falou em português algo que ela entendeu como uma pergunta, que ela confirmou com a cabeça e logo foi entrando no carro. Queria parecer decidida e destemida, mas um brilho de incerteza pintava em seus olhos. Sozinha, num pais estranho, entrando no carro de um velho que ela nunca vira na vida.

Entregou o endereço ao homem, que perguntou num inglês com sotaque de onde ela vinha. A latina sorriu aliviada, pelo menos conseguiria se comunicar! Disse que vinha de New York e chegar nesse endereço o mais rápido possível. O homem fez um sinal com o dedo polegar e disse: “Beleza!” e logo estavam pelas ruas. Um transito caótico, buzinas, cirenes, motoqueiros costurando as motos entre os carros, o motorista às vezes resmungava e balançava a cabeça reclamando.

– Lá em New York é assim também moça?

– É... um pouco parecido... – sorriu tímida – Vamos demorar muito? – ela olhava para os lados e só enxergava carros e mais carros.

– Não, senhora... mais uns 15 minutos e estamos lá! Você escolheu um horário complicado sabe...

– Não tive muita escolha... – deu de ombros enquanto segurava sua correntinha no pescoço e pensava o quanto estava próxima da outra metade do seu coração.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! Só pra lembrar, deixar um comentário é de graça e deixa a autora feliz viu?



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