Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 60
Capítulo 60


Notas iniciais do capítulo

E aí? Tudo numa boa girls? Espero que gostem!



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Bellatrix voltou pra casa de taxi, estava exausta. Era quase 4 da manhã quando chegou silenciosamente no loft da filha e encontrou Maribel dormindo no colchão da sala. Sua mente ainda estava um turbilhão de pensamentos e preocupações, mas se sentia mais calma sabendo que a filha estava fora de perigo agora. Encaminhou-se para o quarto da filha e se jogou na cama, exausta. Amanhã seria outro dia e ela precisava trocar uma ideia com a mãe da latina.

No hospital, Santana agora estava deitada no sofá duro que ficava próximo a cama de Jessie. Estava encolhida e desconfortável e lutava com seus olhos que insistiam em querer se fechar. Observava a ruiva que dormia e se sentia em paz ao ver seu peito subir e descer tranquilamente. Pelo menos ela estava respirando. Tentou lutar ao máximo contra o sono mas acabou adormecendo.

Acordou assustada, ouvindo a voz rouca da namorada chamando por ela. A iluminação estava baixa. Achou que era um sonho, mas viu que Jessica tinha acordado e a olhava assustada.

– Santana... – ela chamou mais uma vez com certo desespero e se acalmou ao ver a latina se mexer no sofá e dar um sorriso de orelha a orelha em sua direção. – O que aconteceu?

A morena se levantou rapidamente e foi até a garota que parecia aflita, sem falar nada, se debruçou sobre ela e uniu seus lábios demoradamente e depois a abraçou como podia e começou a chorar, ainda com os braços envolvendo a ruiva. Era um choro de alegria, de alívio, seu corpo balançava a cada soluço e apesar de confusa, Jessie a abraçou de volta com o braço livre e deslizava a mão por sua costa, fazendo carinho.

– O que aconteceu? – ela repetiu a pergunta ainda confusa com o local em que se encontrava. Olhava pra namorada e sentia seu coração se aquecer ao vê-la bem, parecia ter tido um sonho ruim em que ela corria perigo.

– Você exagerou nas doses dos remédios meu bem... – Santana falava com calma, tentando mascarar um pouco o que realmente aconteceu. Passava a mão pelos cabelos cor de fogo com carinho – Acordei e você parecia estar desmaiada e então te trouxemos pra cá.

– Exagerei nos remédios? – A ruiva não era boba e logo percebeu o que tinha feito com si mesma – Eu... eu tentei me matar?

– Bom, isso é o que todas queremos saber... – a latina deu um sorriso amarelo diante da pergunta – É o que pareceu! Mas sei que você é a garota mais forte, linda e corajosa que conheço e que não iria fazer algo assim de propósito.

– Eu não queria...juro que não queria – ela balançava a cabeça, afirmando isso mais pra si própria – Mas tinha uma voz... – seu olhar ficou triste e fez cara de quem ia chorar.

– Voz? – Santana não queria prolongar o sofrimento, mas estava espantada por ver que a ruiva tinha acordado disposta a falar.

– Uma voz tão ruim... que ficava falando na minha cabeça que eu não era boa, que eu não deveria existir, que não mereço ser amada... – ela abaixou a cabeça quando terminou de falar e ambas ficaram em silêncio.

Santana estava se perguntando qual a razão dos nossos pensamentos nos pregarem tantas peças, nos fazer enxergar demais onde não há razão pra sofrer. Somos humanos e estamos sujeitos a isso. Alguns são mais fortes, fortes até demais para encarar os empecilhos da vida com positivismo e não se deixar abalar. Outros sofrem em demasia com problemas pequenos. A questão é que todos passam por isso em um momento da vida e sentimos que ali é o fim, que não vamos encontrar mais razão para ser feliz, que não importa o amor e o apoio que recebemos de alguns, ninguém entende sua dor, ninguém pode viver a sua vida. Dizem que Deus nos dá a cruz que podemos carregar mas duvidamos disso, pois as vezes a dor é tão forte, a visão do horizonte é tão pequena que não há o que nos console. A vida é um ciclo, alternando entre pura felicidade e sentir-se amado, para a parte da rejeição, desilusão, decepção, começar do zero. E esse ciclo só tem um fim quando paramos de respirar. Sofrer faz parte de estar vivo. É uma dádiva, os mais otimistas dirão.

Pensar demais cansa, de menos frustra... Tantas questões passavam pela cabeça da latina enquanto ela olhava para aqueles olhos verdes tristes e acariciava sua mão, mas tudo foi interrompido quando uma enfermeira de meia idade entrou no quarto.

– Ah que bom! Ela já acordou! – a mulher se aproximou da ruiva para examiná-la e Santana se afastou – Devia ter me avisado mocinha! – repreendeu a latina mas tinha um sorriso no rosto.

– Eu fiquei tão feliz ao vê-la acordada que me esqueci de tudo... – ela deu de ombros e olhou pra ruiva lhe dando uma piscadela.

– Entendo... – a enfermeira falava enquanto media a temperatura da garota e conferia se estava tudo ok com sua pressão arterial – Se sente bem? – perguntou pra ruiva que estava calada, observando seus procedimentos.

– Assustada... e com fome! – ela falou tímida.

– Quer que eu vá comprar alguma coisa pra você? – Santana prontamente se ofereceu.

– Não não... – a enfermeira ( Nancy era o nome bordado no jaleco ) já interrompeu antes que a ruiva respondesse – Ela precisa comer coisas leves... tenho certeza que você pensou em trazer uma pizza pra ela não é?

– É uma ideia... – a morena sorriu tímida – Mas acho que ela prefere hambúrguer não é Jess? – a ruiva concordou rindo.

O coração da latina até bateu mais forte ao ouvir o som daquela risada. Doía imaginar o tempo que ficou sem ouvi-la.

– Ela está muito bem pra quem passou pelo que passou... – fez um olhar cúmplice pra Santana – Volto já com uma sopinha bem típica de hospital pra ela saborear. Fiquem bem!

Ela saiu toda animada e Santana voltou a se aproximar da cama com um sorriso tímido. Jessica sentia um pouco de tontura e um gosto amargo na boca, mas viu a atitude da namorada e ficou curiosa.

– Você sabe o quanto eu te amo e quero que você fique bem não é? – ela começou falando e observava a ruiva dar um aceno concordando – Então por favor, não importa que maldita voz diga o contrário disso pra você, se é o Papa, se é a Madonna, se é a puta que pariu, lembra sempre que eu te amo! – ela segurou o rosto da ruiva quando terminou a frase e repetiu – Te amo! Muito, muito!

– Ah meu caramelo... sempre tão romântica! – Jessie brincou e com o braço livre puxou a latina pela nuca deixando suas respirações tão próximas , unindo seus lábios num beijo calmo, demorado, cheio de saudade. Santana estava numa posição estranha, meio agachada, meio apoiada na cama. Segurou na cintura da ruiva e com a outra mão fazia carinho em seu rosto. Sua vontade era subir de uma vez naquela maca e ficar em cima da namorada, mas conteve seus impulsos carnais, até porque a coitada ainda tinha hematomas pelo corpo e o braço engessado dificultava tudo. Ambas matavam a saudade de um beijo bem dado e não queriam que ele tivesse fim.

– Opa, olha o que consegui... – a enfermeira voltava com um carrinho com uma bandeja em cima e chegou sem bater na porta – Ops! Acho que interrompi algo...

Santana se assustou e desgrudou da ruiva com vergonha. Jessie olhava pra namorada vendo seu rosto ficar ligeiramente vermelho e olhava pra enfermeira, também constrangida por presenciar um beijo, ainda mais lésbico.

– Eu... hum... – ela não tinha palavras – Bom, eu já estraguei o clima mesmo, agora vou ficar! – deu de ombros e sorriu tentando descontrair, Santana deu uma relaxada ao ver que a atitude dela não tinha sido grosseira. Ultimamente só esperava o pior das pessoas.

– Desculpe... – a ruiva fez uma cara de inocente – Eu estava com saudade desse beijo, não pude evitar...

Santana mesmo com o rosto sério pela situação, sorriu por dentro ao ouvir isso da namorada. Ela parecia ter voltado a ser a Jess de sempre, carismática, apaixonada.

– Tudo bem queridas... sei como é o amor! – ela sorriu enquanto girava a alavanca da cama pra que a ruiva ficasse sentada para comer – E não ligo se ele é com meninas e meninas ou meninos e meninos. Antes eu ligava, mas depois que meu filho único sempre tão bom nos estudos, um menino precioso que nunca me deu trabalho, se assumiu gay pra mim, eu percebi que ele continuava sendo a mesma pessoa e merecia ser feliz como qualquer ser humano na Terra.

– Que o seu pensamento se multiplique! – Santana falou entusiasmada. A mulher já tinha conquistado a simpatia da latina depois dessa declaração.

– Espero que um dia seja assim... – a enfermeira suspirou com um olhar triste – Meu filho quase morreu a alguns anos depois de ser espancado por alguns caras que estudavam na mesma universidade que ele.

– Meu Deus... – a ruiva colocou a mão na boca espantada, lembrando do que ela e Santana tinham passado a poucos dias – Minha fé na humanidade se esvai cada vez mais.

– Não deixe isso acontecer! Os bons ainda existem minha menina! – ela pegou na mão de Jess e sorriu – É a lei da selva, os mais fortes sobrevivem! Meu filho agora mora na Inglaterra com o marido e vive muito feliz. A melhor vingança é ser feliz, apesar de tudo, lembrem-se disso!

Santana concordou e nada falou, apenas refletia sobre aquelas palavras enquanto olhava orgulhosa para a ruiva que tanto passou e ali estava, firme e forte.

– Trouxe um pouco pra você também querida, deve estar com fome – Nancy tirou a latina dos devaneios entregando uma bandeja pra ela – Aí tem canja, pedaços de pão e gelatina de sobremesa, como podem ver! Está muito suculento, não reclamem!

– Está ótimo! Obrigada! – Jessica respondeu, surpreendendo a latina que ficava cada vez mais feliz vendo que a apatia da namorada parecia ter passado.

– Comam tudo, depois volto para conferir! – fez cara de brava - Vou visitar outros quartos, creio que mais tarde o Dr. Marcus virá lhe examinar, então, controlem-se – ela deu uma piscadela pra Santana e saiu do quarto puxando o carrinho.

– Afinal, ainda existe gente boa no mundo! – Santana falou e Jessica concordou enquanto já atacava com vontade seu prato de canja insosso que parecia maravilhoso diante da sua fome.

– Cadê minha mãe? – a ruiva pareceu lembrar-se do mundo lá fora só agora.

– Eu a convenci a ir embora descansar enquanto eu ficava aqui... – fez uma cara de desculpas – Ela não queria, quase tiramos par ou impar – ela fez a ruiva rir. – Quinn, Rachel e minha mãe também estavam aqui, você nos deu um susto!

– Eu sou uma besta mesmo... só dou trabalho pra vocês – falou desanimada.

– Você quase me matou de susto, não vou mentir... meu coração doía demais quando te vi lá deitada no chão! – ela queria ser sincera com a ruiva – Porque ficar longe de mim?

– Eu não sei...não tenho culpa pelo que estava sentindo... – ela deu de ombros um pouco triste – Desculpe...

– Não é sua culpa... por favor não se sinta culpada... – ela fez uma cara encorajadora – Só não faça isso nunca mais! Quase tive um treco!

– Não vou fazer... eu espero – deu um riso hesitante.

– Sei que não vai! – falou confiante – Você é a minha guerreira! – falava enquanto pegava o celular no bolso – E deixa eu ligar logo pra sua mãe antes que ela me mate por não tê-la avisado que você acordou e já tá batendo um prato de canja aqui – ambas caíram na gargalhada.

Eram 6:30 da manhã e Bella não tinha conseguido pregar o olho desde que chegara do hospital. Mil coisas passavam por sua cabeça e ela já tinha decidido o que faria para acabar com essa situação em que a filha se encontrava. Ficou deitada na cama até que ouviu um barulho vindo da cozinha e foi até lá, encontrando Maribel com um olhar de consolo.

– Conseguiu dormir? – ela perguntou enquanto fazia o café.

– Nem um pouco... – Bellatrix se sentou dando um suspiro fundo.

– Nem eu... imagino você que é mãe dela... – Mirabel colocou uma xícara na frente da mulher e sentou-se a sua frente com outra e esperou que ela falasse alguma coisa.

– Não dormi, mas em compensação pensei em muitas coisas sobre isso que aconteceu e acho que foi um sinal... – falava pensativa.

– Um sinal? – a mãe de Santana queria saber mais.

– Sim... um sinal para eu acordar e ficar mais atenta a minha filha! Lutei tanto por ela a vida toda e não posso deixá-la ao léu, vivendo sozinha.

– Concordo com você, ela não deve ficar sozinha depois de tudo que passou... mas tem os amigos, tem Santana que a ama muito...

– Eu sei, mas mesmo assim não fico tranquila – Ela passava a mão pelos cabelos presos num coque, tinha um ar cansado.

– Então... o que você pretende fazer? – a mulher começava a se preocupar com a ideia de Bellatrix.

– Vou levar Jessica comigo, de volta para o Brasil!


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Notas finais do capítulo

Admitam, esse até que foi mais animadinho não acham? Bellatrix ter essa ideia é só detalhe hauahu



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