O Quanto Vale A Sua Vida escrita por AutomaticLove


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eu escrevi essa fic ha uns 5 anos atras, e cheguei a postar ela aqui no nyah, mas na (ex)categoria de bandas, porem como nada é justo nesse mundo, a categoria foi excluida e junto dela minhas milhoes de fanfics, incluindo esta :D
eu gosto muito dessa fic, escrevi em um momento unico de inspiraçao que tive, e gostaria que mais pessoas a lessem, então apenas troquei os nomes pelos personagens de FT
(A HISTORIA CONTINUA SENDO MINHA, NÃO É PLAGIO CASO ALGUEM JA TENHA A LIDO POR AQUI EM ALGUM MOMENTO!!)

Boa leitura! :3



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Após receber a noticia, saí do consultório correndo. Estava revoltado, queria culpar alguém, mas quem eu culparia? Meus pais? A Deus? Ao Diabo? Ou eu culparia a mim mesmo? Quem eu culparia pelo fato de estar morrendo? Será que isso era um castigo, um castigo por ter pensado tantas vezes em tirar minha vida?

Ela estava esvaindo-se por meus dedos, estava a cada dia mais curta. Eu estou com os dias contados. Isso é aterrorizante. Estou assustado. Após correr por horas, eu parei no meio de um parque, eu não conseguia chorar, só sentia um ódio imenso, embora eu não saiba do que. Olhei em volta, a raiva aumentava a cada minuto. Eu sou Natsu, tenho 17 anos e sou um paciente com câncer em fase terminal, acabei de descobrir que tenho apenas mais 6 meses de vida. Mas se não posso escapar da morte, por que não terminar com essa agonia de uma vez? Será muito mais fácil morrer agora. Fechei meus olhos e sorri. É isso, é assim que ia terminar. Corri para casa, eu estaria sozinho não seria difícil por meu objetivo em pratica. Corri em direção a minha casa sem parar, já que eu não tinha saída estava com pressa para morrer.

Fechei meus olhos deixando a primeira lagrima cair, antes que eu pudesse abri-los novamente, senti meu corpo chocar-se contra algo, dei alguns passos para trás mais mantive-me de pé. Olhei nervoso para uma pequena garota levantando-se com dificuldade.

– Ei idiota você não olha por onde anda? - Gritei irritado, me surpreendi ao ver a garotoa sorrir com os olhos dispersos.
– Mesmo que eu quisesse não poderia. - Me respondeu com voz gentil e ainda com o sorriso.
– Por que? - Perguntei confuso sem tirar os olhos dela. Ela virou-se para mim com os olhos voltados para baixo.
– Sou cega. - Disse calmamente estas palavras, acompanhadas pelo sorriso mais lindo que já vi.
– O que? - Meus olhos se arregalaram e eu travei no lugar, a olhando chocado.
– Surpreso? Ou com pena? - Ela manteve o sorriso e eu não respondi. – Me desculpe, mesmo sendo cega eu não costumo trombar com as pessoas. - Ela disse calma.
– Sou eu quem pede desculpas, eu estava correndo sem prestar atenção. - Disse seco ainda a olhando, ela sempre mantinha o sorriso. – Como consegue? - Perguntei por reflexo.
– Como consigo o que? - Seu sorriso aumentou.
– Viver...desse jeito, com essas limitações. - Eu tentava ao maximo não ser indelicado.
– Limitações? - Perguntou em Natsu sarcástico. – Eu não tenho limitações.
– Não tem? - Perguntei incrédulo.
– Não, embora eu viva na escuridão, eu tenho uma vida, uma vida que Deus me deu para que eu realizasse meus sonhos, e mesmo sendo cega, eu acredito que tenho capacidade de alcançar meus objetivos. - Sorriu. Como ela podia ser tão confiante.
– Seu discursinho de alto-consolação não convence ninguém. - Disse com frieza.
– Auto-consolação. Eu não tenho razão para me consolar. - Ela ainda estava calmo. Será possível que ela estava falando serio? Aquilo não a afligia de alguma forma?
– Como se chama? - A olhei depois de um tempo em silencio.

– Pode me chamar de Lucy. - Me estendeu as mãos delicadas e eu pude ver claramente seus lindos olhos castanhos. Seu rosto era meigo e seu cabelo um pouco comprido na altura dos omros, ela era pequena, embora tivesse curvas perfeitas, parecia tão frágil. No entanto, era mais forte que eu, mesmo cega, tinha mais força para viver do que eu.
– Prazer, sou Natsu. - Apertei levemente sua mão.
– Você tem um tempo Natsu? - Ela me perguntou sorrindo.
– Por que? - A olhei arqueando a sobrancelha.
– Não quero que tenha essa imagem decadente e penosa de mim, pode me acompanhar por algumas horas? - Me estendeu a mão ainda sorrindo. Pensei por um tempo, mas no fim, acabei indo com ela, talvez eu pudesse morrer mais tarde. Durante todo caminho ela estava alegre, cheia de vida, cheguei a sentir inveja.
– Hey Natsu, você nunca sorri? - Ela me perguntou enquanto caminhávamos.
– Como sabe que não sorrio?
– Não há variação na sua voz, é sempre o mesmo Natsu frio.
– Não tenho motivos pra sorrir. - Respondi serio.
– Precisa mudar isso. - Ela sorriu.
– É tarde demais.
– Nunca é tarde, não há nada que você goste de fazer e que lhe traz felicidade? - Ela esperou calmamente minha resposta, respirei fundo.
– Gosto de desenhar.
– Você é desenhista?
– Não.
– E por que não?
– Você pergunta demais.
– Desculpe. - Ela sorriu sem graça, fiquei em silencio. Mais um passo e chegamos ao clube de patinação.
– O que viemos fazer aqui? - Perguntei sem entender nada.

– Vim te mostrar que sou mais que um deficiente digno de pena. - Sorriu adentrando o lugar sem dificuldade. – Me espere aqui por favor. - Sumiu de minha vista, sentei-me na arquibancada, mexia com meus dedos, estava ansioso por alguma razão, logo ouvi uma musica e olhei para pista de gelo. Definitivamente não acreditei no que meus olhos viram, levantei e fiquei mais próximo a pista.
– Ela...ela está...patinando. - Fiquei de boca aberta. A treinadora gritava com ela a incentivando enquanto ela realizava as manobras, ela era ótima, inacreditável, nem parecia cega. Ela não caiu nenhuma vez, fiquei petrificado até o final de seu ensaio, então ela veio até mim, parando ao meu lado.
– E então? - Perguntou sorrindo e ofegando devido ao cansaço.
– Impressionante.
– Força de vontade faz qualquer coisa, a qualquer hora, se você quer alguma coisa, não espere que façam por você, faça você mesmo, independente do problema que você tenha, a vitória e a satisfação é maior quando temos obstáculos. - Ela sorriu e se afastou, fiquei em silencio. Era inegável o fato de que ela tinha razão, talvez eu devesse fazer alguma coisa proveitosa com o que sobrou de minha vida.

Após tomar essa decisão passei a ajudar Lucy com seus treinamentos, e ela servia de modelo para meus desenhos, pela primeira vez em minha inútil vida eu estava sendo feliz de verdade. Isso era tão injusto, a cada dia estávamos mais apegados, eu sentia vontade de mostrar o quanto eu tinha melhorado, eu não era mais o garoto revoltado e sem propósito, eu era um desenhista conhecido e respeitado agora, mesmo que por pouco tempo me senti realizado, tudo correu bem nesses seis meses, logo a doença começou a apertar, e eu mal via Lucy, inventava algumas desculpas, não queria que ela soubesse que eu estava no fim de minha vida.
– O que posso fazer por você Lucy? - Perguntei ao vento, olhando em volta. Pela primeira vez notei um imenso ypê rosa florido, era maravilhoso, sorri instantaneamente, eu já sabia que presente eu deixaria.
– Natsu? - Um chamado gentil me tirou de meus pensamentos.
– Lucy. - A olhei confuso, ela me abraçou.
– O que houve? Me diga por favor. - As lagrimas rolaram por sua face, molhando meu peito.
– Nada. - Acariciei seus cabelos.
– Soube que você esteve doente, não é nada grave não é? - Perguntou com a voz chorosa me abraçando.
– O que houve com você? Não chore assim, gosto mais quando você sorri.
– Estou preocupada. - Ela me apertou.
– Fique tranqüilo, eu não vou sair daqui. - Beijei o topo de sua cabeça e ela me abraçou forte.
– Por favor, não me assuste mais. - Ela soluçou. Não consegui dizer nada apenas a abracei.

Passeamos pelo parque e eu novamente vi o sorriso maravilhoso dela, meu peito se incendiou, e eu também sorri.

Mesmo que estivesse de mãos dadas com a morte eu estava feliz. Após passarmos o dia todo juntos eu a levei para casa, já era tarde e as ruas já estavam escuras. Paramos frente a porta e ela se despediu com um sorriso.
– Lucy . - Chamei antes que ela entrasse.
– Sim? - Ela se virou para mim. Eu peguei suas delicadas mãos levando ambas ao meu rosto, ela ficou surpresa mais logo tateou minha face.
– Eu sou assim. - Sorri.
– Você sorriu. - Seus olhos brilharam.
– Você me ensinou a sorrir, você me ensinou a viver Lucy. Devo muito a você. - A abracei forte, ela retribuiu o abraço. Separei o abraço olhando para ela novamente, meu anjo.
– Eu preciso ir. - Me virei para sair.
– Natsu? - Ela me chamou parada na porta.
– Sim? - Me virei para olha-la.
– Nos vemos amanha?
– Quem sabe. - Sorri, ela também sorriu.
– Até amanha. - Ela fechou a porta, encarei a porta fechada, me virei e segui pela rua deserta e escura, sem destino, sem pensamentos, apenas caminhei, apenas segui meu triste e solitário caminho, andando sozinho naquela noite que parecia não ter fim.
 

No dia seguinte Lucy recebeu a noticia de que o amigo falecera, vitima de uma doença terminal, a garota não foi ao velório, passou semanas trancado em seu quarto, apenas relambrando os bons momentos.

– Por que não me disse nada? - Seus olhos transbordavam, e seu sorriso já não era constante. A situação era preocupante, pois ela não comia, não fazia nada a não ser chorar e lamentar, abandonou até mesmo os treinos de patinação. Foi como se sua vida perdesse o total sentido. Depois de semanas nesse estado, a pequena recebeu uma noticia, havia aparecido um doador, e sua cirurgia já estava marcada, isso conseguiu anima-la um pouco, mas o fato de não ter o amigo ao seu lado, a entristeceu novamente. Após todos os preparativos, fizeram a cirurgia de substituição de córnea. Era grande a expectativa. Após alguns dias tiraram-lhe as vendas e a garota abriu os olhos lentamente, enxergando pela primeira vez os rostos das pessoas que amava. Chorou de emoção. A noite, quando estava sozinha em seu quarto Lucy lembrava do amigo.
– Como seria se você estivesse aqui? - Deixou uma lagrima escapar. Foi interrompida por uma leve batida na porta.
– Entre!
Uma pequena garota de cabelos longos e róseos adentrou o quarto um pouco tímida.
– Quem é você? - Lucy perguntou a olhando.
– Me responda, você pode enxergar? - A pequena a olhou com os olhos molhados, segurando fortemente um envelope.
– Posso. - Respondeu em meio a um sorriso.
– Então leia isso. - A pequena de mais ou menos 12 anos estendeu-lhe a mão com o envelope, Lucy o pegou abrindo cuidadosamente.
– Está em braile. - sorriu admirado e começou a lê-la.


Minha adorada Lucy ... o fato de você estar lendo esta carta, significa que tudo deu certo, fiquei com um pouco de medo que desse errado, mas seu medico me garantiu que tudo ficaria bem.

Eu queria estar com você, queria poder estar ao seu lado e ver aquele sorriso que me fez entender o quanto valia minha vida, mesmo esta sendo dolorosamente tão curta.
Você com todos seus problemas e limitações me fez entender que sonhos foram feitos para serem realizados, mesmo que seja difícil.

Eu sabia que morreria.

Sabia que meu tempo era curto. Fiquei desesperado quando soube, culpei todos ao meu redor, mesmo ninguém tendo culpa. Você me ensinou que não existem culpados e nem limitações, apenas uma vida para ser vivida ao maximo.

Não há palavras para descrever o quão fundamental você foi para mim.

Nunca poderia te agradecer o suficiente, obrigado por tornar meus sonhos realidade, obrigado por insistir em ficar ao meu lado mesmo quando eu tentava afastar todos, eu precisava desesperadamente de alguém. E você sempre esteve lá. Obrigado por dar sentido aos meus dias, aos meus últimos suspiros. Por isso, decidi dar-te este presente, agora mesmo que eu não esteja a seu lado, eu serei seus olhos, minha luz te guiará até o fim de sua vida. Pois de agora em diante não precisarei delas, pois te olharei com meu coração. Não perca seu amor pela vida por minha causa, vá para frente do espelho e veja pela primeira vez o sorriso que salvou minha vida. Você tem tantas coisas para ver, tantas coisas a realizar, espero que eu tenha tornado sua vida mais fácil e bonita, cuide bem de meus olhos, te dou total liberdade para usa-los como quiser, eu confio em você. Não chore minha ausência, pois eu sempre amei seu sorriso, se quer me alegrar sorria, realize seus sonhos e objetivos, pois assim minha paz estará completa. Talvez esta tenha sido a única coisa boa que fiz, eu não estou com medo de morrer, estou com medo de te deixar sozinho, por isso peço que cuide de minha irmã, ela era especial para mim assim como você, e acho que eu não teria ciúmes dela. Haha

Enfim, você nunca me viu, tirei uma foto para que colocassem na minha lapide, aquela é minha única foto sorrindo, então quando a saudade apertar vá ate lá. Não pense em mim como uma pessoa que não está mais ao seu lado, pense em mim como alguém que vai estar olhando por você de um outro lugar.Quando você estiver se sentindo sozinha e achar que nada tem jeito, eu te mandarei sinais de que tudo vai melhorar, mesmo que você não possa me ver, eu estarei aqui para você. Viva meu anjo... Viva tudo que eu não pude viver. E quando sua vida acabar mais uma vez eu estarei aqui, esperando por você, de braços abertos e com muitas saudades, Talvez eu tenha demorado muito para te dizer isso, mas eu te amo.

E sempre estarei aqui quando precisar de mim, pois embora eu esteja longe, em meu coração eu nunca estive tão perto, isso não é um adeus, é apenas uma breve despedida, um até logo de alguém que sempre estará esperando por você, não se esqueça de realizar nenhum objetivo, para que quando nós nos encontrarmos você não tenha arrependimentos.

Eu te amo... e é para sempre. Não desista da vida, não desista de você, pois problemas são constantes, perdas existem, mas a vida... a vida é muito para ser insignificante.

Do seu novo anjo da guarda que não te abandonará nem depois de morto

Natsu ...

Obs: Quando sair do hospital vá até o parque onde nos encontramos, olhe para o ypê rosa, e entenderá por que te dei meus olhos.


As lagrimas corriam insistentes pelo rosto da garota, ela pressionou a carta contra o peito e se permitiu soluçar, mas dessa vez o choro era acompanhado por um sorriso. Após receber alta no hospital, a pequena deixou o local caminhando até o parque, olhou para o ypê florido, ficou deslumbrada, aproximou-se, logo sua atenção foi desviada para o tronco da arvore e então a garota notou uma imagem entalhada detalhadamente. Era um coração abraçado pelas asas de um anjo, e dentro do coração tinham as iniciais N x L. Lucy sorriu passando a mão sobre a imagem, ela finalmente entendera que agora ela tinha um anjo da guarda.

– Obrigada Natsu. - Sussurrou deixando uma lagrima escapar. E permaneceu ali, parada olhando para a imagem feita pelo homem que lhe tirou da escuridão, o seu anjo, pelo tempo que lhe restava, ou quem sabe pela eternidade.


THE END!


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Notas finais do capítulo

Enfim é isso!
criticas e elogios serão sempre aceitos! :3